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quarta-feira, 9 de maio de 2012

O sputnik e o comportamento de massas




O Sputnik
(Minha primeira experiência freudiana sobre comportamento de massas)



Dia 04 de Outubro de 1957, uma sexta-feira.

Eu estudava no Liceu Gil Vicente em Lisboa, e num dos intervalos veio a notícia: a URSS havia lançado um satélite que seria visível nos céus pelo brilho da incidência dos raios solares sobre ele. Viajava a uma velocidade espantosa, dando 15 voltas por dia ao redor deste já insignificante planeta. Não me lembro em absoluto de nada do que foi ensinado no Liceu naquele dia. Não se falava em outra coisa. Queria ir para a rua para ver o Sputnik. Eu tinha 12 anos e cursava o segundo ano dos Liceus. Já sabia alguma coisa de física, mas era ainda muito pouco. De qualquer modo era um grande feito da humanidade.

O Sputnik 1 (em russo “Спутник-1” ou Satélite 1) era uma esfera de alumínio de 58,5 cm de comprimento e peso de 83,6 kg, na qual estavam acopladas quatro antenas e dois transmissores de rádio. Projetado pelo gênio astronáutico soviético Sergei Pavlovich Koroliov (1907-1966)- pelo menos os URSSianos diziam que sim - o satélite artificial foi lançado na ponta de um foguete R-7 do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, às 22h28, hora de Moscou.

Olhei para o céu na saída do colégio e não vi nada. Olhei em todas as direções. Meus companheiros também não viram nada. Descartamos assim qualquer deficiência de visão. Não poderíamos ter ficado todos cegos ao mesmo tempo assim tão de repente. Pessoas pelas quais passávamos falavam sobre o Sputnik. Comunistas e socialistas falavam mais alto. Os pró-ditadura de Salazar encolhiam os ombros e os democratas capitalistas diziam que não era nada demais. Eu sabia que era algo demais sim.

Em 03 de novembro de 1957, num domingo, a URS soltou outro satélite, desta vez com uma cadela chamada Laika, mas cinco horas depois do lançamento os técnicos pararam de receber os sinais vitais da pobre cadela. Morreu congelada e seu cadáver foi incinerado na reentrada da atmosfera cinco meses mais tarde. Um grande tributo de um pequeno animal empurrado á força para dentro da cápsula espacial, morto por erro técnico da equipe de controle de qualidade dos apressados técnicos URSSsianos, coisa que se repetiria anos mais tarde, por diversas vezes e com seres humanos nas investidas espaciais dos técnicos americanos, também por pressa e por erros técnicos da equipe de controle de qualidade da NASA. Os nasianos também erram, mas os americanos – dizem eles – jamais. E para pedir desculpas não usam o “apologize” mas o simples “I’m sorry” que já não tem o mínimo significado.

Na segunda feira, com a Laika já morta, saímos do Liceu e olhamos o céu. Nada!. Não víamos nada. Tinha que ser ao amanhecer, e não sabíamos disso, mas resolvemos fazer nosso teste, lembrando do “milagre” de Fátima.

Paramos na confluência da Rua das Colônias com a Avenida Almirante Reis, onde sempre passava muita gente a pé e fizemos um circulo apontando com os dedos para o céu. Murmurávamos interjeições de admiração e dizíamos: É o Sputnik... É o Sputnik!...  

(quem quiser ouvir o “bip” do Sputnik, ouça em http://idgnow.uol.com.br/estaticas/mp3s/sputnik.mp3)

E sem qualquer admiração ou surpresa, constatamos que muitos dos transeuntes, bastantes por sinal, paravam para olhar e concordavam que viam o satélite. Chegavam a dizer que o viam um pouco mais para a esquerda, ou para a direita, ou acima ou abaixo do lugar para onde apontávamos. Devia ter sido assim em Fátima: Para não se passarem por ignorantes, concordaram que viram o que a natureza não permite, e neste planeta nada é permitido que não seja natural ou feito pela humanidade, ou pela vida que a povoa. É uma Lei de Deus que não pode ser contrariada nem por Ele mesmo, porque não se arrepende das Leis que fez.

A corrida espacial começara.

O lançamento de um satélite artificial era muito mais do que alguma coisa técnica, coisa de cientistas. Na verdade era um projeto que começara ainda durante a segunda guerra mundial quando cientistas foram salvos do nazismo por russos, americanos e ingleses. Eram em sua maioria alemães e judeus alemães. Von Braun, por exemplo, foi salvo por americanos e comandaria mais tarde o programa espacial americano. Einstein era judeu e tinha desenvolvido as teorias da Relatividade geral e restrita, tão simples que pode ser traduzida numa fórmula: E=Mc2, origem do desenvolvimento das bombas atômicas, contra sua vontade.

Mas, muito mais do que isso eram os horizontes da humanidade que se abriam.

Havia esperanças de partir logo para a conquista do espaço e ter a oportunidade de largar este conturbado planeta, assim como famílias inteiras de perseguidos religiosos haviam demandado a América do Norte e o Nordeste do Brasil em busca de paz e tranqüilidade para viverem, mas os senhores do mundo – insistem, teimam que vivemos numa democracia – gastam o dinheiro público de forma independente e unilateral e muitos ainda o roubam.

Quanto á Laika, seu olhar potencialmente humano não deixa dúvidas: Sabia que estava numa grande encrenca... Nós também estamos com esses governos que não aplicam os dinheiros públicos como devem. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

os 22 amigos


                                                                      Os 22 amigos

Nossa introspecção sobre nossos atos e o meio que nos influi faz com que nos movamos no tempo, hora a hora, minuto a minuto em plena transformação e evolução. Não somos os mesmos de anos atrás, como não somos os mesmos de um minuto atrás. Muitos de nós não percebemos essas alterações e juramos que sempre fomos assim. Convivemos com os nossos “agora” como se fossem sempre os mesmos e eternos.

Em 1961 eu tinha 16 anos e nascera num país habituado a descobrimentos, conquistas, colonialismo. Parentes meus contavam como alguns dos capatazes em Angola submetiam os trabalhadores negros “no chicote” em pleno século XX.  Não faziam o mesmo em Goa, nem em Damão, nem em Diu, nem em Timor. Perguntávamo-nos porquê.

Éramos 22 amigos que, residindo no mesmo bairro ou em outros adjacentes ao de Arroios, deixáramos de freqüentar a Igreja por sua inconsistência na pregação: Pregava paz, a moral, a ética e se colocava ao lado de governos colonialistas como a relação entre o Cardeal Cerejeira e Salazar atestava.  Alguns de nós freqüentávamos o Liceu Gil Vicente, outros o Liceu  Vaz de Camões. As guerras pela independência tinham começado em 1960, e As maiores potências do mundo as apoiavam. Salazar remava duramente contra o que chamava de “ventos da história”, e arrastava a juventude para guerras perdidas. Salazar já não pensava. Transformara-se num obcecado pelo narcisismo de sua figura pública, o homem que salvara Portugal das finanças, e que, usando o dinheiro de depósitos de emigrantes, gastava tudo o que juntara em guerras perdidas. Era um ditador, vestindo sua capa de homem de bem, de paz, calçando velhas botas negras polidas de seus vetustos tempos de seminarista frustrado. Sua voz afeminada e abafada já nos irritava em seus discursos, mas nossos comentários, entre os 22 amigos, ainda eram comedidos em 1961. Algum poderia tornar-se um delator.

Como currículo escolar era obrigatória, por todos os alunos da rede de ensino, a participação na Mocidade Portuguesa, com fardas verde e bege, compradas com o dinheiro de nossos pais, e um cinto com um S em bronze que diziam significar “Somos Soldados de Salazar”. Eu ficava impressionado como que a comunidade internacional não intervinha na nação, porque aquilo era uma volta ao Nazismo, ao Fascismo, ao “ave César”, e destoava completamente do que se entendia por democracia, mas percebíamos que, por exemplo, os EUA relevavam isso em troca da cessão de umas bases aéreas nas ilhas dos Açores, a Inglaterra em troca dos benefícios da comercialização do vinho do Porto. Face a isso, pessoas eram presas, torturadas, leis absurdas de exceção publicadas todos os dias ou todas as semanas, proibindo até que se acendessem isqueiros se não fosse “debaixo de telha”.

Política e igreja, diziam uma coisa e faziam outra. Passei a não acreditar em nenhuma delas e rezava ao meu Deus, o Pai de todos nós, e não nenhum outro, muito menos de filho de homem, para que salvasse a paz das guerras estúpidas.  Mas, por preservação de meu futuro, entrei para a Marinharia, uma extensão da Mocidade Portuguesa, preparando-me para a guerra, já que nenhum dos meus patrícios parecia ter competência para acabar com o governo que as mantinha... Os poucos que tentaram estavam exilados, presos, feridos ou mortos. Meu pai que me mandava uma carta de vez em quando do Brasil, onde residia há 9 anos, não se pronunciava sobre a minha ida para lá. Nem eu já pedia. Tinha perdido as esperanças.

Treinava aos sábados na canhoneira Diu, recebendo instruções de manejo de armas descarregadas (isso era raro), natação pulando do convés do navio, código Morse, sinais com bandeiras, nomenclatura de cada peça da embarcação. Levávamos o nosso próprio almoço, o que eu julgava ser um absurdo. Salazar era duro, pão duro, sovina, mas no Palácio de S. Bento, não !. Suas botas negras polidas, faziam parte de uma ‘imagem” pública e tirava fotografias com bandos de meninas puxa-saco, também como imagem pública. Seus ministros viviam à “tripa forra”, falava-se que a FNAT – Fundação nacional da Alegria no Trabalho (só rindo) era uma empresa do Estado e que significava “Fanantes nacionais Agarrados ao Tacho”.

No meio dos 22 amigos, Salazar tinha uma outra imagem, completamente diferente, mas se fossemos entrevistados, diríamos que era o “Nosso Senhor”, que éramos os seus “solados”, que tinha feito muito bem pela Pátria. Deve ser assim ainda em Cuba. A população pensa uma coisa, vê-se obrigada a dizer outra para sobreviver...

Quando em 1962 meu pai me mandou uma carta de chamada para o Brasil, agradeci aos meus dois Pais: o do Céu e o da Terra. Lamentei pelos que ficavam. Larguei as divisas que ganhara como participante da Mocidade Portuguesa – todos queriam ser ‘comandantes de Castelo”, e as da Marinharia. E embarquei para o Brasil, levando na memória as fotos que eu vira das atrocidades cometidas em Angola quer por portugueses quer por Angolanos, com mulheres grávidas extirpadas, mulheres abatidas com os seios cortados e colocados em suas mãos abertas, inertes no solo. E outras igualmente horríveis, como estacas ao longo da estrada com testículos espetados como aviso e vã glória.

Em 1983, depois de longos anos ausente, e após pesquisa nas páginas amarelas, voltei a Lisboa com um endereço certo: o do amigo Pedro, que ficara cego aos 7 anos de idade, e que de vez em quando o levávamos a passear para distrair as idéias. Foi um encontro como se o tempo não tivesse passado. Soube então que dos nossos 22 amigos, um falecera de ataque cardíaco ainda muito jovem, e os outros, todos, sem exceção, tinham morrido nas guerras.

Creio que para tudo é necessário um tipo muito especial de “sorte”... A sorte de nunca estar no lugar errado, numa hora errada. Mas isso não é sorte. É escutar e sentir a vida a cada momento, tomando atitudes que nos desviem das horas erradas e dos lugares errados.

Exceto para os heróis.

Esses morrem na hora certa, no lugar certo, da forma certa. Já os mártires, não. Esses são fabricados pela mídia.



sexta-feira, 27 de abril de 2012

A violência no Mundo - o que poucos admitem






VIOLÊNCIA NO MUNDO
(O que poucos admitem)

Qualquer regime político tem provocado mortes e sofrimentos entre as populações por ação direta de suas “forças”. Nos de “esquerda” e “extrema esquerda” de forma violenta na vã tentativa de fazer calar o povo ou parte dele, e nos de “direita” e “extrema direita” de forma mais cínica apoiados pela lei do “quem pode pode, quem não pode se sacode”, tentando iludir-nos que as oportunidades são iguais para todos, como em loterias. Nestes regimes quem não for puxa saco se estrepa, é perseguido ou ignorado, morre de fome ou por doenças. Todos os regimes têm causado dor, sofrimento, inconformação.

O segredo do “bem governar” parece ser a manutenção de um certo equilíbrio entre o contentamento e a indiferença em contrapartida com o descontentamento e a necessidade da mobilização popular. O mundo caiu desta forma na Queda da Bastilha e na revolução russa. Caiu de outra forma quando o mundo comunista finalmente atentou que sem dinheiro não se faz nada.

Mas nem as esquerdas nem as direitas democratizaram ou socializaram o capital. Democratizam ou socializam tudo, exceto o capital.   

Estes regimes que conhecemos são muito antigos e têm resistido à evolução deste planeta. Datam de épocas em que a população mundial andava por volta das centenas de milhões de indivíduos, ou um pouco mais tarde por volta do bilhão de seres humanos. O planeta se encheu até os 7,5 bilhões, e os sistemas de governo não mudaram. Quem ascende a um posto no governo fica lá, tranqüilo, armado de policiamento e exército, sem ter a mínima obrigação de fazer alguma coisa decente em nome do povo. Mesmo que roube, o sistema o protege e mesmo perdendo o posto não perde o dinheiro que roubou.

Hoje os sistemas produzem pobres, porque são em imenso maior número. Não fosse o medo que tolhe os movimentos dos insatisfeitos, a humanidade já poderia ter uma democracia que a representasse realmente, votando leis de forma direta, retirando do governo – também pelo voto - quem não lhe agrada. É necessário um sistema que não se auto-alimente de verbas públicas e não veja o futuro como uma cenoura que balança em frente aos seus olhos cansados, sempre inalcançável.

Em função do aumento populacional, a justiça tornou-se “morosa”, com casos - aos milhões – arrastando-se pelos tribunais aguardando julgamento. São muito poucos os juízes para darem conta e o Estado diz sempre que não tem dinheiro para novas instalações e contratações. Estados baseados no dinheiro não têm dinheiro, por mais absurdo que possa parecer e os impostos sejam exorbitantes. Muitos reclamantes na justiça morrem antes que os casos sejam resolvidos. Mas o aumento da longevidade faz aumentar a insistência por justiça e o número dos que reclamam.

A economia mundial não cria novos empregos em número suficiente para atender o aumento populacional. Isto gera crises de insolubilidade financeira, criando crises bancárias como retorno. Essas crises bancárias não raro se transformam em crises mundiais. Os lucros das companhias são cada vez maiores. Companhias e Bancos retêm capital para comprar novas empresas, novos Bancos. Este dinheiro parado, retirado do meio circulante, do capital de giro, provoca a queda da produção e a falta de empregos. Capital “encaixotado” não gera nada a não ser fome e revolta. Mas os bancos cobram juros exorbitantes acreditando que ainda há espaço para tal e que as populações não se revoltarão. Bancos, empresas e governo estão protegidos por leis – ou pela sua negação - por exércitos e polícia. O povo está sempre desarmado e não tem quem o defenda, nem aqueles que elegeu exatamente para isso. Quando dão algo, como ajuda de qualquer tipo, é sempre aquém das necessidades e do que poderiam dar se governo e empresariado não se mancomunassem para governar, ditando as leis, aprovando seus próprios lucros e salários, solapando os ganhos dos assalariados, fazendo faltar condições aos serviços públicos.

Com salários insuficientes, desemprego, falta de atendimento nos serviços de educação, saúde, justiça, segurança pública, aumenta o número de insatisfeitos que pagam com impostos desperdiçados pelos que os recebem.

Creio que estamos á beira de uma convulsão mundial. Basta o povo perceber que não existem lugares em prisões para todos, e que se parar de cooperar não haverá impostos a recolher. Em algumas sociedades a convulsão durará dias e será pacífica. Noutras não será assim infelizmente, mas a humanidade já tem demonstrado longo histórico de abnegação em prol de um mundo mais justo e melhor.             

sábado, 21 de abril de 2012

A agonia da decência









A agonia da decência

(Por Alex Solomon para publicação neste Blog) 



No zoológico, os animais são geralmente decentes, exceto os macacos. Sente-se que o homem não está longe — sentenciou o pensador Cioran. Esse vínculo, no quesito ignomínia, ao qual fazia referência Cioran – ele não devia estar pensando em Darwin - se faz notar na nossa vida pública, onde a decência parece viver, a todo instante, seus últimos momentos, resistindo em um ou outro indivíduo ou comunidade, que juntos, formam um arquipélago precário, prestes a ser submergido pelo mar de lama. Não é preciso ser um Narciso às avessas, prestes a cuspir na sua imagem para chegar a essa conclusão. Nunca antes neste país, a divisa comtiana “ordem e progresso” esteve tão próxima de se tornar uma curiosidade desprovida de significado. Possivelmente, o núcleo resistente seja mais amplo. Em todo caso, isso não fez muita diferença.
O “sucessão” (o grande sucesso, antes que impliquem com o artigo “o”) de indivíduos medíocres, protagonizando uma série interminável de desmandos, e que por fim acabam absolvidos por aparentes ataques de imperdoável amnésia coletiva – traduzida pela recondução a funções que jamais deveriam ter ocupado -, quando não por algumas filigranas ” juridículas” não parece ter fim, ou será que agora será diferente? “Vedoinadas”, “Demostenadas”, “Valdomiradas”, “Severinadas”, “Arrudadas” e outras “Mensaladas indigestas” sucedem-se ad nauseam. Uma verdadeira cachoeira de detritos. O comentário oficial é que tudo será devidamente investigado e os culpados punidos, mas na prática, nada disso ocorre de maneira perceptível. Nossa especialidade parece ser um neo-dostoievskiano crime sem castigo. Não existe culpado, logo não há punição, portanto, vamos à praia aos domingos, ou às sextas, ou mesmo às quintas, já que a semana de menos de 30 horas impera no mundo encantado de Brasília. Pois se alguma culpa for cabalmente demonstrada, por acaso acontece algo? Joga-se fora o sofá sobre o qual o adultério foi cometido e la nave vá. Ou impugnam-se as provas. Pronto.
Todos ficam felizes quando surge a diarista que tudo varre...debaixo do tapete. Aparentemente, não existe pecado do lado de baixo do equador; trata-se apenas de maquinações de uma elite – na qual, nem sempre, se perfilam os “justos”-, inconformada com “isso que está, esteve e, infelizmente, parece que estará aí”. 
Uma imprensa vendida, composta por “bandoleiros de plantão”- na (in)feliz expressão de uma sumidade, estaria fazendo o possível para infernizar a vida de abnegados eleitos pelo povo, que só não fazem mais (ainda bem! ) por ter que reagir às aleivosias de uma oposição insubmissa. Será? Salvo os portadores de antolhos ideológicos ou de consciências alugadas, alguém aceita essa patranha? E, por acaso, a oposição de ontem ou a de hoje merece que se lhe entoem hinos de louvor?
“Mas o que ocorre agora sempre aconteceu, caixa dois é algo mais antigo do que andar pra frente, o valerioduto já foi inaugurado na gestão passada, logo faz parte da herança maldita “, o problema é o financiamento das campanhas etc. retrucam, à guisa de defesa, os “aloprados “ flagrados, as falsas vestais, os pudibundos de araque. E arrematam: “Vocês” fizeram igual. Tudo isso na esperança de ver malfeitos escabrosos se diluírem no lodo de estripulias praticadas pelos da banda de lá. Melhor do que discorrer a respeito da desproporção entre “ deslizes” presentes e passados, é preferível dizer que nem todos somos os tais “vocês”. A indignação é apartidária, assim como a deterioração dos padrões éticos não é privilégio exclusivo do PT. Trata-se de uma pandemia mundial, mas sua manifestação, ultimamente, extrapola todos os limites, cá, em Pindorama. Trocar o rótulo transformando crimes em ‘malfeitos’ não é a solução. Será que estabelecemos um padrão mundial contra a corrupção como disse a Secretária de Estado Hillary Clinton, ou aprendemos a conviver com um padrão de indecência que bate recordes?
O misto de incompetência que se manifesta nos órgãos comprometidos pela política da entrega ao saque, dentro dos padrões de outorga em regime de porteira fechada a bem da governabilidade, associado à ausência de escrúpulos, que somente a certeza da impunidade pode justificar, não deixa alternativa, a não ser a indignação de “tanto ver triunfar as nulidades”. Pior ainda, chega-se a descrer das virtudes da democracia representativa, atitude que pode levar a uma verdadeira tragédia. 
A essa altura, parece não importar haver provas acachapantes contra esse ou aquele homem público. Ele negará até a morte e, caso não haja saída, contará com a morosidade de um Judiciário lento – aparentemente, por ser a justiça cega. A prescrição acaba sendo a repugnante solução. A subseqüente farta distribuição de narizes de palhaço — mesmo sem terem sido necessariamente superfaturados — remove, na prática, qualquer esperança de sair do atoleiro.
Se os ventos favoráveis da economia mundial conseguiram por um tempo jogar poeira nos olhos do distinto público, nada justifica assistir placidamente ao contínuo processo de degradação que, longe de se atenuar, parece oferecer no relaxogozismo ao qual somos intimados a participar, a única saída desse imenso lodaçal. Quando algumas marolinhas interrompem o ciclo de bonança festejado como coroamento de uma sábia maneira de governar, a saída é simples: jogar a culpa nos outros. Nós estaremos sempre certos, o problema (inferno) são os outros. Sartre já dizia isso.
Todos são inocentes até prova em contrário, mas nem todos são ingênuos a ponto de presenciar, inertes, o naufrágio dos valores morais. Indignar-se, mesmo se nocivo à saúde das coronárias é um passo necessário.
Talvez não saibamos votar, mas aprenderemos, antes que seja tarde. Antes que se implante o “habeas mídia”.
Em qualquer país minimamente civilizado, nenhum movimento poderá dispensar um aparato jornalístico, já dizia Lênin. Então, ao invés de quebrar o termômetro que acusa a febre, antes de rotular de reacionários aos que se insurgem contra a podridão, a incompetência, a ineficácia e a omissão, é de todo desejável que a logorréia oficial e das siglas que compõem uma volúvel “base aliada” seja substituída por uma postura responsável, mesmo que isso implique em menos aplausos de platéias domesticadas. Mesmo que alguns mitos se desmanchem, mesmo que algumas biografias fiquem tisnadas para sempre. “A verdade está em marcha, nada a deterá”. Não é preciso ser Zola, para acreditar nisso.
Estamos diante de uma oportunidade histórica de passar o país a limpo, para usar um bordão banal cujo significado não deveria nos escapar.

MAS PASSAR A LIMPO QUANDO CANALHAS QUE NEM DEVERIAM PODER SE CANDIDATAR O FAZEM E SÃO ELEITOS É ALGO QUE MEU CARDIOLOGISTA REPROVARIA.

Alex Solomon

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Carta al malparido rey de España





Carta al malparido rey de España.


Señor rey,


No puedo aceptar su pedido de disculpas por matar cerdos salvajes sin defensa, elefantes distraídos, antílopes flacos y sin armas para defenderse de usted.

Sabemos que no ha luchado contra Franco en las líneas donde cayeron los que han muerto en defensa de la libertad, mientras usted la pasaba de buenas en su exilio, comprando armas de caza para distraerse matando indefensos animales mucho menos salvajes que usted.

Sabemos también que usted no manda nada en España, que eso lo hace el primer ministro que tampoco es suyo, ya que pertenece al pueblo español a quienes les sirve.

Por lo tanto, sepa usted que los animales - mucho menos salvajes que usted no pueden servir para blanco de sus recalques de personalidad destorcida... Un psicólogo es lo que le hace falta, señor, y además, renuncie a su cargo porque ya no vale un comino....



Sepa aún más - porque seguro que no lo sabe - que el respecto de un pueblo por su presidente, primer ministro, o rey, es directamente proporcional a lo que de bien hace, indirectamente proporcional a lo que gasta con su proprio bien estar desde que no se quiebre las costillas y gaste aún más en hospitales que no paga usted, pero el pueblo sí. 


Quédese usted con esta por toda su vida, hasta que entienda lo que significa gobernar, pero recuerde que el pueblo no puede perder tiempo con aquellos que todavía tienen que aprender en vez de enseñar ...


y era usted presidente del WWF... Es usted también un mentiroso conveniente  


Rui Rodrigues, Ibérico.    

Pequenas notícias pequenos negócios




Pequenas notícias pequenos negócios
(notícias que ninguém lê nem dá a mínima...)


Notícia #1

A papelaria Beto, há mais de 23 anos na Rua Dias Ferreira, no Leblon, fechou as portas: o proprietário que cobrava 4.000,00 Reais por mês pediu 11.000,00. A justiça entendeu que o proprietário estava certo, ou o os donos da papelaria acharam que nem valia a pena consultar a justiça. Ninguém que eu conheça, juntamente com mais duzentos milhões de brasileiros se preocupou com os proprietários e ninguém saiu pelas ruas dizendo que não podem ficar sem papelaria naquele local do Bairro do Leblon. Pensando bem... Papelaria para quê? Para derrubar mais árvores na Amazônia? Se formos por aí tem que fechar todas... Visto por outro ponto de vista, a moça do supermercado agradece: menos um para perguntar se troca uma nota de 50 reais em uma de vinte, duas de dez, duas de cinco, duas de dois e uma de um real... Os fiscais da fazenda e do INSS estão curiosíssimos para saber quem irá arrendar a loja agora disponível.

Notícia # 2

“Eu Tarzan... Tu Chita!...” Foi uma frase que percorreu as mentes de todos os que assistiram á série de Tarzan na década de 30, e pela cabeça de muitos deve ter passado que a Chita tinha um carinho muito especial, tipo amizade colorida com o solitário Tarzan. Nunca editaram a série “os filhos de Tarzan” por causa da imoralidade latente que assolava a TV. Se soubessem que a Chita era macho, não pensariam besteira. Chito – temos que corrigir o nome para que não se revolte no túmulo – morreu com 80 anos, feliz da vida, porque não sabia ler e não entendia os diálogos dos filmes da série. Quem inventou o personagem Tarzan, foi um tal de  Edgar Rice Burroughs. Tarzan era protagonizado por Johnny Weiss Muller (1904-1984), primo talvez de Peter Weissfudr, o bandido da série, ambos já falecidos.  Curiosamente, Chito se foi com a mesma idade do Muller. Tinham muita coisa em comum. Como Chito era contra o cigarro e o álcool, prenderam o sujeito numa instituição onde ficou 40 anos preso. Morreu de falha renal por falta de cerveja que faz urinar e acaba até com cálculos nos rins.

Notícia # 3

As favelas pacificadas poderão ter 1.500 quartos para receber em 2013 os estudantes estrangeiros que vêm para a Jornada Mundial da juventude com o Papa Bento XVI. Um empresário e a Associação de Operadores de Turismo estão na jogada. Evidentemente que os estudantes nacionais também têm direito, mas pelos vistos os custos de aluguel devem ser muito altos e dormirão em barracas na praia. Esperam todos que o Papa Bento XVI ainda esteja vivo, senão vai ser uma furada monumental. Fugindo sempre de zonas violentas, espera-se também que os turistas não se vejam confrontados ao descer os morros, quando os bandidos estiverem subindo. Estes não resistirão á tentação por que não são muito católicos. Como o Papa Móvel não sobe ladeiras tão altas será içado por helicóptero da empresa “mosquitos associados”. Serão proibidos os voos de asa delta, asa alfa, asa gama e asa Analfa-Beta, para evitar atentados ou que algum despenque em cima do Papa. A vista, prometem, será maravilhosa. Vê-se Leblon, Ipanema, Copacabana, e não se vê Vicente de Carvalho, Irajá, Méier e Tijuca onde o pau come solto...
Mesmo sendo ateus, ou de outras religiões, políticos beijarão a mão do Papa, esperando todos que não seja do tipo de coçar saco...

Notícia # 4


Cristina Kirchner, presidente da Argentina tem família que é dona de uma empresa de petróleo e se associou a uma empresa espanhola para prospecção de petróleo. Esta semana, decretou a encampação dos 51 % da companhia espanhola e ficou dona dos 100% alegando que esta estava fazendo corpo mole. Mandou então um representante ao Brasil para pedir participação da Petrobrás nesse setor da prospecção. Visto assim, parece que já tinha tratativas anteriores com este governo do tipo: “Logo que eu os expulsar vocês entram...”. Cristina Rica e Bela Kirchner já tinha se atracado com a Inglaterra pelo atraque de um vaso de guerra inglês nas Mal-vindas, em vez de lhe dar as Boas-vindas...
Espera-se no futuro a encampação dos investimentos da Petrobrás na Argentina, e o perdão do governo assim como já perdoou a dívida da Bolívia que importa carros roubados do Brasil aos milhares, e a encampação de uma empresa de petróleo – não por acaso da Petrobrás – no Peru. Esta é do peru mesmo !!!!!!


Notícia # 5

Nos tempos do boom econômico americano, sobrava dólar pra tudo que é lado. Compravam tudo com meia dúzia de dólares. Não compraram o Acre porque ficava meio isolado nem o pré-sal porque ainda não existia. Os agentes da CIA, dessa época, amavam seus presidentes não porque fossem republicanos ou democratas, se bem que todo o republicano é democrata e todo o democrata é republicano e nunca se entendeu porque razão brigam tanto nas eleições...

Agora, com o dólar em queda, seis agentes da CIA resolveram comprar os serviços de seis - meia dúzia - de prostitutas em Cartagena por 28 dólares a-m-e-r-i-c-a-n-o-s, quando elas pediam 800 dólares cada uma. Eles deveriam cuidar do Obama que não tem curso de ninja, não faz esportes radicais, e nem tem tanto músculo assim, mas em vez disso, passaram a noite na fuzarca com as moças.

Nos velhos tempos, a CIA tinha moral e todo mundo lhe tinha medo, mas agora, depois de tantas guerras perdidas, o moral da moçada cresceu e as moças deram parte na polícia... Os guarda-prostitutos foram demitidos.

Depois reclamam da segurança nacional e pressionam turista em aeroporto...

Dilma também esteve lá e não teve problema nenhum com seus guarda-costas.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Esquerda ideológica e Comunismo - Brasil




(foto da Universidade de Coimbra)




Comunismo e esquerda ideológica no Brasil
(da possibilidade de vingar )

A idiossincrasia das nações – que identifica e une os cidadãos – constrói-se ao longo de séculos, milênios. No caso do Brasil podemos dizer que começou a ser construída há dois mil anos. Pela idiossincrasia se distinguem umas nações das outras, e por isso sabemos que franceses são distintos dos ingleses, dos alemães, dos malgaxes, russos, egípcios, chineses...

O Brasil é uma nação com forte componente nacionalista. Nós brasileiros amamos o Brasil e temos o ideal comum de ver esta grande nação progredir no seio de todas as outras. Embora possamos identificar um nordestino de um sulista, a unidade e homogeneização da identidade brasileira é um fato e está profundamente enraizada. Muito mais do que possamos pensar.

A idiossincrasia brasileira começou a formar-se na época de César, o Imperador romano quando invadiu a península Ibérica. Ali viviam os descendentes de uma mistura de raças com base celta que deram origem aos lusitanos. Conhecemos os celtas e os lusitanos por sua bravura e tendência para as artes e o espiritual. Viriato foi um chefe guerreiro lusitano que resistiu por anos aos assédios de César onde hoje se situa a serra da Estrela. A vitória de César só foi possível depois que tratou para a morte de Viriato com um traidor que o assassinou. 

Bem mais tarde, no ano de 1093 DC, já na era feudal, começaram a aparecer reinos por toda a Europa. Um dos primeiros foi o da Galícia, que entregou a um conde, o Conde D. Henrique, um feudo chamado Portucale ao sul da Galiza entre os rios Douro e Minho.  O feudalismo era aprovado pela Igreja Católica que aprovava ou indicava reis. O filho do conde D. Henrique contrariando o sistema feudal e a autoridade do Papa declarou a independência do feudo aos 18 anos de idade, em 1193. O antigo feudo passou a chamar-se Reino de Portugal desde então. Até aqui se pode constatar como é forte o sentido de independência dos portugueses e brasileiros, herdado de celtas e lusitanos, mas não só, como veremos a seguir.

O reino foi ampliado até o sul, o Algarve, completando o mapa atual. A partir de 1300 começaram as navegações em busca de caminhos que levassem os portugueses ás fontes de comércio de que tinham notícias: Terras visitadas por Prestes João e Marco Polo. Buscavam na realidade os caminhos das especiarias e o da seda. O norte de Portugal sofreu influência judaica desde 300 AC, e aumentou com a expulsão dos judeus da palestina em 70 DC, e o fim do Império Romano do Ocidente em 1476 DC. O povo judeu foi responsável pela fundação de inúmeras universidades por toda a Europa, tendo participado da de Coimbra, fundada em 1290. Em 1500, Portugal atingia as costas do Brasil para reconhecimento. A experiência de terras invadidas dos índios nativos e da escravidão de povos africanos trazidos para o Brasil gravaram profundamente a idiossincrasia brasileira, criando aversão completa à exploração do ser humano, e o respeito ás fronteiras internacionais.

Em 1807, o rei D. João VI de Portugal veio para o Brasil para não perder a guerra com Napoleão em cooperação com a Inglaterra com quem tinha uma aliança desde 1218 e que mantém até hoje. Este fato, de uma imensa terra na América do Sul ser a capital de um Reino europeu, fortaleceu a personalidade do povo brasileiro, que até então se julgava português, e o era com toda a propriedade. Napoleão perdeu a guerra mostrando que D. João VI estava certo em sua estratégia. Voltou a Portugal após a derrota de Napoleão, deixando o filho, D. Pedro I no governo do Reino sul americano – o Brasil. Como a inquisição fazia suas vítimas de forma atroz em toda a Europa e em Portugal também, famílias  descendentes de judeus, outras que professavam diferentes religiões, ou que ansiavam por liberdade e novas oportunidades, começaram a chegar ao Brasil. Eram motivadas principalmente pela liberdade religiosa a exemplo das famílias inglesas que emigraram para os EUA.

Quando a corte de Lisboa resolveu que D. Pedro II, filho de D. Pedro I teria que voltar a Portugal e aumentou os impostos para 20%, o povo brasileiro teve o mesmo sentimento que os portugueses tinham tido em 1193 ao separar-se de Castela. A unidade em torno de uma pátria comum de mesma idiossincrasia explica porque razão a America do Sul espanhola se separou em muitos países de língua espanhola, e a unificação do território brasileiro numa língua única portuguesa. Uma só nação, íntegra.

A partir da primeira guerra mundial em 1914, o Brasil começou a ser complementado com habitantes de toda a Europa e Japão, principalmente, que buscavam novas oportunidades de vida, dispondo-se a trabalhar arduamente, com muito mais empenho do que trabalhavam em suas terras de origem, para construir uma jovem nação onde havia liberdade de expressão e essas tão sonhadas oportunidades.

O povo brasileiro, descente de celtas, suevos, alamanos, vândalos, iberos, lusitanos, romanos, árabes, judeus, godos, ostrogodos, índios sul americanos, negros africanos, e gentes de todas as raças da era moderna, sempre fez questão de ter liberdade, novas oportunidades de trabalho, fortíssimo senso de independência, tino comercial, dentre outras virtudes.

Cansados de tradições guerreiras e de perseguições, não fogem à luta os brasileiros, mas tentam resolver sempre pela manutenção da paz.

Seria impossível, com esta tradição e idiossincrasia, que o povo brasileiro estivesse disposto a ser liderado por um Stálin, Fidel Castro, ou qualquer ditador que lhe tire a liberdade de expressão, as oportunidades de empreender, de crescer profissionalmente, de ter o seu próprio negócio, a sua casa, o seu pedaço de terra onde se julga independente e livre.

Por isso, quando em 1964 sofreu os efeitos de pesada ditadura importada do medo ao comunismo, não apoiou os movimentos comunistas. Preferiu sofrer a ditadura, contornando-a tanto quanto podia, esperando que terminasse.

O Brasil é hoje a sexta economia do mundo, e a esquerda já não é ideológica nem tem oportunidade de voltar a ser porque o comunismo morreu. Foi uma pena, porque a ideologia era excelente. Os líderes é que não prestaram. Preocuparam-se com o sistema e esqueceram o povo, para quem deveriam governar. Esses líderes colocaram a ideologia como alvo principal e relegaram os anseios populares em suas nações. Mataram  e calaram em nome de uma ideologia. O povo deixou de produzir.

O alto moral do povo brasileiro, a estoicidade de resistir ás adversidades, o forte senso de unidade e de independência, o espírito empreendedor e a alegria de viver nestas condições, que muito para além de serem ideologia são a mais pura das realidades, mantém esta grande nação no rumo de suas próprias vontades.

Rui Rodrigues


Oração ao Deus Único




Oração ao deus único

Olhai por todos nós, senhor... Olhai por todos nós...

Sabemos que és único, onipotente, o construtor de todos os Universos,
Que és onipresente, bom e que por seres Deus não precisas de ajuda de ninguém, nem dos sacerdotes, porque não dizem a mesma coisa entre eles.

Sabemos que não te manifestas de forma que te possamos reconhecer,
E por isso ninguém, de nenhuma religião já te viu ou ouviu,
Porque vibras como Deus e tua linguagem não é sonora.

Não és homem ou mulher.

Conhecemos muito pouco de ti, quase nada, mas Olha por nós,
Porque todos te amamos, independentemente de cor, raça, gênero, etnia ou nação.

És a nossa esperança, porque todas as esperanças que nos têm mostrado,
todas elas se revelaram perenes ou insuficientes. Não são essas esperanças que esperamos de ti. Nós, por nós mesmos, não nos resolvemos.

Por termos inteligência, ou julgar que a temos, descobrimos que existes,
Mas precisamos ainda ser mais inteligentes para ir ao teu encontro,
tendo sido vãs as palavras de que te seguem e querem o bem da humanidade.

Tu és o Deus único de toda a humanidade.

Só tu podes cuidar de nós, para que não nos percamos na estrada da evolução, em eternas lutas de poder entre indivíduos, empresas, sociedades e nações. Ensina-nos a competir sem nos destruirmos.

Ajuda-nos a não jogarmos palavras ao vento dando e frustrando esperanças.

Sabemos que não deténs exércitos nem a destruição, porque essas são escolhas nossas, desta triste humanidade em que cada um, cada nação, sempre pensa que é a melhor, a maior, a mais correta, mas somos todos fruto da mesma origem e tudo é temporário.

Olhai por todos nós, Senhor, porque nós não sabemos olhar por nós mesmos e podemos perecer.  

Apontam-nos para uma vida no além, mas a que nos deste foi esta, neste planeta, e mesmo existindo essa vida, precisamos cuidar da que temos consciência de nos teres dado.

A esses, perdoai-lhes senhor, porque esses e nós não sabemos o que fazer.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Contrato de Convivência Consentida



O contrato de Convivência Consentida

Todo contrato deve atender ambas as partes de forma a que se satisfaçam, fiquem satisfeitas. Se ficarem mutuamente satisfeitas, melhor ainda.

Foi o caso de Isabel de Garcia y Albuquerque, de sessenta e oito anos ao assinar o “contrato de convivência consentida” com Pedro da Cunha Alves, um sexagenário de 69 anos. Para todos os efeitos um casal moderno que assistira até às barricadas de Paris por uma melhor educação e ao festival de Woodstock pela liberdade total e indiscriminada.

Ambos viviam solitários, nestes duros tempos de falta de credibilidade interpessoal, cada um em sua casa, mas ainda sentiam fôlego para uma relação final até que a terra os comesse. O passado de Isabel contemplava dois maridos, três amantes e segundo suas contas, mais ou menos uns setenta e cinco casos eventuais na base do supetão: a presa passava por seus olhos, ela lançava-lhe todas as suas armas físicas, gestuais e intencionais, e depois de uma rapidinha que não demorava mais do que uma hora, lavava-se, arrumava-se, ajeitava-se, perfumava-se, passava batom e ficava com a nítida sensação de que “lavou tá novo”.

Pedro da Cunha casara uma vez só, e segundo sua contabilidade já meio duvidosa pela memória que a idade ainda permitia mais de duzentas, e não se lembrava se alguma delas teria sido realmente sua amante, ou caso eventual simples ou casualmente repetitivo. Uma coisa era certa e comum aos dois: Não gostavam muito de viver sós e precisavam juntar-se a alguém, mais que não fosse para terem motivos para arranjar novos amantes, novos casos eventuais, como que num processo de rejuvenescimento que só as cirurgias plásticas também proporcionam. Ambos eram muito experientes de vida. Ambos sabiam também que a discussão dos termos do contrato de convivência consentida não seria coisa fácil.

Perante um escrivão do cartório que a cada termo do contrato se emocionava, sentia raiva, sorria de puro gozo ou apresentava discreto olhar de incredibilidade ou admiração, os dois se sentaram para acertar alguns detalhes e finalmente assinarem o documento que lhes garantia a independência na dependência, a liberdade nas limitações, e a convivência sustentável nas constantes divergências que logo começariam a aparecer.

- Concordo com a divisão em partes iguais das despesas da casa – disse Isabel – mas temos que ter uma geladeira grande e duas pequenas. Na grande, os alimentos comuns. As outras são uma para mim e outra para você guardarmos o que cada um comprar só para si. Podemos até dividir, mas há coisas que você gosta que eu não gosto e vice-versa. Assim não haverá discussões. Virou-se para Pedro da Cunha e lançou-lhe um olhar interessado, deu-lhe um sorriso simpático e perguntou: - Concorda?

Pedro da Cunha assentiu com a cabeça, devolveu-lhe o sorriso e passou ao ponto seguinte. Disse: Cada um tem a sua conta no banco para despesas particulares e uma para as despesas comuns. Quanto aos bens adquiridos a partir de hoje, serão sempre adquiridos meio a meio e no caso de um de nós se ir antes do outro – o que é mais provável- o outro fica com a parte do que se foi... Concorda? Isabel pensou um pouco. Não pretendia adquirir nada. A vida tinha sido difícil e pretendia gastar tudo antes de se ir. Foi franca com ele. Concordava, mas não pretendia comprar nada de imóvel. Só trocar de carro e alguns móveis para inaugurar o apartamento novo que estavam alugando. Viveriam nele enquanto vigorasse o contrato.


- Querida, sobre nossas relações íntimas... Temos sido muito francos um com o outro e isso deve transparecer no Contrato -Disse Pedro da Cunha- Creio que temos que garantir um mínimo de relações. Sabe como é... Dor de cabeça, indisposição, tudo bem, mas imagine que a partir de certa altura isso aconteça todos os dias de todas as semanas do mês, meses a fio... Ou que eu mesmo negue fogo da mesma forma... Salvo motivo de força maior... Como ficaríamos?

- Nós não precisamos dar desculpas um para o outro como se fossemos casados “normalmente” ou como antigamente. Se isso acontecer, e não pudermos aguentar a desgraça, abrimos o jogo e denunciamos o contrato. Separamo-nos e damos o trato como acabado.

Isso fazia sentido para Pedro da Cunha. Foi assim, em pleno entendimento, que se acertaram nos outros itens contratuais:

Art.8º - Se qualquer um dos dois passar a roncar, o outro tem o direito de dormir com quem não ronque ou ronque menos ou de forma menos desagradável enquanto persistir a roncação.

Art.9º - Todos os anos se trocará de gênero de empregado. Um ano uma empregada e no outro um empregado para agradar a ambos os Conviventes. Se o empregado ou a empregada consentirem, podem passar a mão à vontade.

Art. 10º - Cada uma das partes terá direito a um(a) suplente, de sua livre escolha, para os casos de discórdia por incompatibilidade de gênios ou vontades, como por exemplo ir a um baile ou tomar chope com os amigos. Se uma das partes quiser fazer algo do gênero e a outra não quiser acompanhar, usa o suplente ou a suplente.

Art- 11º- Conceito da “semana um semana outro”. Este artigo dispõe sobre as alternativas nas responsabilidades. Se um dos membros do casal lava a louça numa semana, o outro a lavará na semana seguinte. Aplica-se este artigo a todas as atividades do dia a dia.

Elege-se o Foro Íntimo de cada um para resolver as pinimbas decorrentes da aplicação dos termos deste Contrato, que em casos extremos dispensa o Julgamento arbitral. Casos denunciados por ele serão julgados na cidade de Amsterdam, e denunciados por ela em Timbuctú para assegurar que a união teria uma última oportunidade de continuar.

E nem sei se foram felizes por muitos anos ou algumas horas. Sei apenas que buscaram a felicidade durante toda a vida, experimentando todos os caminhos possíveis para garanti-la. Até por um contrato de intenções.

No testamento dos dois constava bem claramente que os vibradores que ela deixara eram legado para a neta e que a bonequinha inflável que se chamava “Minha gostosinha” ficaria para o neto dele...

 Rurodroguix

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Cenário – 2018


Cenário – 2018

As guerras a que o mundo estava acostumado tinham líderes, nações, exércitos. A vida nas cidades, desde que não estivessem sob ataque direto, transcorria sempre numa paz latente. Tudo funcionava como era habitual.

Isso se lia nos livros de história.

Os generais costumavam ler os livros que descreviam as batalhas, estudando as táticas de guerra. Elaboravam cenários nos quais seriam hipoteticamente atacados por determinada nação, ou as atacariam. Cada general das forças armadas de cada nação do mundo juraria a seu rei, presidente ou primeiro ministro que estava preparado. Tinham, porém, na história universal, alguns poucos exemplos daquilo a que chamavam “guerra não convencional”, ou de guerrilha, e que haviam gorado as intenções de muitos generais. Napoleão era um bom exemplo: Vitorioso em muitas batalhas perdeu para a guerrilha russa e ibérica, e já enfraquecido perdeu a última batalha. A final, a decisiva. Há sempre uma batalha final, decisiva, que termina uma guerra, mas os generais sempre apostaram que a ganhariam, porque não podiam negar que estavam preparados. Perderiam o posto, seriam execrados, chamados de traidores.

Não havia maior exemplo de guerra “não convencional” do que a batalha de Leningrado, travada entre russos e alemães, pela posse desta cidade. Foi uma guerra travada de porta em porta, no meio de ruas e praças, semi destruídas por bombardeios. A história conta da ação dos exércitos, mas muito pouco sobre o sofrimento dos civis. Isso tem uma explicação: Justifica os exércitos, preserva o moral para futuras guerras. Esta visão, que oculta o sofrimento das populações, preserva também a necessidade, sempre questionável,  de ações violentas por parte dos exércitos e os justifica.

A partir das barricadas de Paris nos anos 60, quando a juventude esclarecida dos estudantes se insurgiu contra o estado e a educação francesa, mudou-se o comportamento das forças policiais no mundo. Não podendo mandar o exército contra a população, que aumentaria a revolta, armaram este setor das forças armadas com escudos, roupas especiais, e as muniram com veículos ligeiros de segurança reforçada, além de granadas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, cassetetes reforçados, rádios de comunicação, e todo um arsenal que não consegue esconder o alto grau de eficiência da policia como força paramilitar. Novas técnicas foram desenvolvidas para conter e dominar populações revoltadas. Contudo, as forças policiais são sempre diminutas em termos de porcentagem da população porque tais movimentos de revolta nas ruas eram sempre localizados num bairro de uma cidade, quer por protestos contra o governo local, geral, ou reuniões de entidades que não eram do agrado geral, como as do FMI, ou do G8, dentre outras.

Não se poderia acreditar que algum general tenha sido o primeiro a aconselhar o início de uma guerra. Eles sabem que tanto podem ganhá-las como perdê-las por fatores aleatórios. Em geral as guerras se haviam iniciado sempre por problemas financeiros, obtenção de matérias primas, ou ideologias políticas ou religiosas, e como dissemos acima, sempre havia líderes, nações que as declaravam, mas quem dava a primeira palavra no sentido de declarar guerra, eram sempre os setores econômicos da nação, ou os ideólogos e religiosos. Esses setores detinham a moral geral da nação, a produção bélica e o controle sobre as populações. O setor da economia fabricava os equipamentos, as armas. Fabricava tudo. Em extrema necessidade ideológica, religiosa ou econômica, pediam, exigiam a guerra. Os generais simplesmente diziam o que necessitavam para que estivessem preparados.

Outra característica fundamental das guerras convencionais, é que sempre começavam por uma nação contra outra, e por um setor das fronteiras, por uma cidade atacada. As limitações faziam com que raramente se atacassem duas cidades ao mesmo tempo, ou se avançasse ao longo de toda a fronteira.

Foi assim que quando começou a crise financeira de 2008, nenhum general se preocupou além do normal. Estavam debruçados sobre enormes dossiês que estudavam a diário destrinchando hipóteses de ataque e defesa, conforme devessem atacar algum país em particular, ou defender-se de outros. O povo começou a ir para as ruas na Grécia (enfrentamentos violentos com a polícia), na Espanha (ocupando praças), na Inglaterra (quebrando o que encontravam), nos EUA (ocupando Wall Street), e de repente, a primavera árabe, com revoltas que derrubaram antigos e tradicionais ditadores. Todos pediam democracia e lisura na forma de governar.

Os generais não se deram conta do tamanho da crise. Os banqueiros não se deram conta do sacrifício que estavam exigindo das populações para pagarem os altos juros e diminuir a administração pública – para economizar e pagar esses juros e essa dívida – os governos não se deram conta de que tinham caído na mão de agiotas legalizados pelo título pomposo de “banqueiros” em nome de suas respectivas nações. Também não se deram conta do “lero-lero e vem cá que eu também quero” que sucedeu à doação de dinheiros públicos aos bancos para evitar ou minimizar a crise que se estendia desde 2008. Depois dos Bancos, as construtoras, e em geral as empresas que forneciam fosse o que fosse para os governos, começaram a aumentar o valor de seus preços. Também queriam participar do botim, já que os governos estavam distribuindo dinheiro recolhido por impostos, e essa era a sua fonte de enriquecimento mais viável. Mais viável do que o próprio comércio competitivo, onde já era impossível reduzir ainda mais os custos. Uma coisa gera outra, e a corrida para um futuro traçado de forma inconseqüente pelos governos da terra, foi se desenvolvendo, agindo uns à semelhança dos outros, como castelos de dominó, sobre os quais uma pedra inicial tomba primeiro.

Em 2011-2012, começou a segunda fase da crise de 2008. Até então, o iceberg da crise mostrara apenas a sua já importante e enorme ponta: a necessidade de desviar dinheiros públicos para evitá-la. Isso levou ao esvaziamento dos cofres públicos, e diminuiu drasticamente a capacidade dos governos atenderem a função para a qual foram eleitos: cuidar da população através do fornecimento de serviços públicos, justiça, segurança, saúde, transportes, infra-estrutura, educação... As cidades começaram a se deteriorar e maior carga de trabalho e de impostos foi gerada.
Chefes de Estado começaram a cair em Portugal, Grécia, Itália, não por semelhança com a primavera árabe, mas por administração deficiente de suas nações, onde a corrupção atingiu limites de sufocamento financeiro.


Quem pode adivinhar a capacidade de resignação, os limites de pressão que uma sociedade pode suportar? E se essa pressão se exercer sobre uma grande parte das sociedades do globo?

Uma forma consciente de reduzir os preços de matéria prima ou produto essencial a um estilo ou necessidade de vida, é produzir mais e mais. Produzindo mais, os preços caem. Outra forma é fazer tratados vantajosos com os países que as produzem quer por pressão política, quer por trocas comerciais, ou invadir o país que as produzem. Neste último caso, qualquer pretexto mais ou menos plausível serve para iniciar uma invasão.  Os EUA, necessitando de petróleo para sua população crescente, garantindo o condicionamento do ar em residências e o transporte, tinham invadido o Iraque alegando a posse de armas de destruição em massa. Foi um erro que o mundo logo esqueceu, mas tal como marido ou mulher que trai, nunca reconheceu o erro. Quando em 2014, o Irã estava em vias de construir o seu primeiro artefato nuclear, já possuía mísseis que poderiam atingir Israel e muitos países bem além de suas fronteiras. Prometido há pelo menos uma década, o Irã fora finalmente invadido nesse ano, assegurando o preço dos combustíveis nos EUA e a manutenção dos patamares da economia americana, que embora desgastada pela crise, ainda crescia a um ritmo de 1 a 2% a.a. Já numa fase anterior, forças européias tinham invadido a Líbia, o que proporcionara os benefícios dos preços baixos de petróleo principalmente para a França. Europa e EUA dividiam o poder sobre o mundo. Isso também era convencional. A história universal demonstrava isso em várias épocas de sua evolução, juntando gregos e romanos dividindo o mundo, Portugal e Espanha, Inglaterra e EUA... Mas no cadinho de uma crise econômica mundial, com os governos sendo questionados quanto á sua democracia e representatividade, em geral e em todo o planeta, esse era um panorama completamente diferente de tudo o que jamais tinha acontecido na história da humanidade.

Com o calote da Grécia, de Portugal, da Itália e da Espanha, a crise se alastrou pela Europa. Houve uma enorme deflação, empresas fecharam. As potências mundiais, que haviam experimentado duas décadas de crescimento dos países emergentes que vendiam seus produtos manufaturados e matérias primas a baixo custo para poderem crescer, lutavam agora com uma agravante. Em crise, compravam menos dos países emergentes que não podiam baixar ainda mais os seus custos, e reduziam as suas importações. Faltava dinheiro - que estava imobilizado com os Bancos - mas estes estavam com um problema enorme. Sem garantias, não emprestavam dinheiro. O dinheiro estava entalado, jazendo em cofres á espera de oportunidades. Sofriam com a própria crise que haviam criado em 2008 ao secarem a fonte das verbas governamentais. Sem emprego, a população mundial, com cerca de 9 bilhões de habitantes, ganhou as ruas do mundo. O estalar das movimentações de rua aconteceu primeiro e inesperadamente nas principais cidades dos países da Europa, sem que alguém o ordenasse. Em menos de uma semana já se  espalhara pelas Américas, Ásia, África. Os governos foram caindo um a um e plebiscitos foram rapidamente implementados para definir novas constituições dando poder ao povo para decidir através de voto.

Quando a poeira assentou, contaram-se os prejuízos num mundo devastado.
Aproveitando-se da convulsão mundial, o regime da Coréia do Norte caíra definitivamente, e o Irã já não representava perigo nuclear com suas instalações explodidas numa ação relâmpago do exército de Israel. O mundo árabe reclamou, mas não reagiu. Cuba era capitalista finalmente, o povo comemorava nas ruas. Os restos mortais de Fidel foram transferidos para lugar ignorado.

Começara uma nova era mundial.

Rui Rodrigues