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sábado, 11 de junho de 2016

Eu e minha Vida

1- Como a conheci




Talvez andasse pelos quatro ou sete anos quando percebi sua existência. Eu ardia em febre. Se foi aos 4 anos, a febre vinha de uma pneumonia dupla. Se foi aos sete anos, foi pela caxumba. Mas foi nesse instante que a senti. Andava triste, preocupada com meus pensamentos. Disse-me que eu deveria ser forte, muito forte, que me poderia curar a mim mesmo. Bastava levar uma vida de forma atenta,cuidadosa, mas sem cair em processos de TOC ou ser hipocondríaco. Se eu sofresse disso, me obrigaria a constantes e diárias consultas a ela, desde o que comer e beber, até qualquer relação em todos os meus atos, para saber o que posso ou não fazer. Eu teria que ser independente dela. Mas ela me diria o que eu fizesse errado para que não repetisse esses erros. Percebi que eu e ela éramos um só. Tínhamos que amar-nos para toda a vida até que a morte nos separasse. Ela cresceu junto comigo. Temos a mesma idade a nível de microssegundos. Cuidaríamos um do outro, e a melhor forma seria a de realizarmos entrevistas periódicas para avaliação. Fizemos muitas durante nossa existência, o que me fez muito mais feliz do que alguma vez tinha imaginado. Agora precisamos de uma outra. Uma que nos permita ir até… Até…

2- Até que a morte nos separe.

Lá estava ela de pernas abertas, a vagina exposta na beirada da cadeira, um olhar e sorrisos mistos - e misticos - de Esfinge egípcia com Mona Lisa, sentimento constante que ela me devora, que eu nunca a decifrei ou decifrarei como se nos tivéssemos amado muito no passado e no presente nos respeitássemos: Ela é a minha própria vida. Nascemos e morreremos juntos. Nem um dia a mais. Temos que conviver juntos. Perguntei-lhe se ela era a minha alma ou o meu espírito. Disse-me que era apenas a minha vida. Assim simplesmente, sem mais nada nem mistério, e me deixou tranquilo. Ela é a vida que levei desde que nasci. Eu não seria nada sem ela, nem ela existiria sem mim. Somos independentes. Uma espécie de secretária bem mandada, que tem arquivos e memórias sempre atuais, mas que nunca interfere em nossas decisões. Quando muito me alerta, chama-me a atenção, mas jamais decide alguma coisa. Quando me dirigi a ela para iniciar mais uma entrevista cruzou as pernas, sorriu e disse-me:

3- Como queres que te diga?...Com sinceridade, condescendência, ou em tom de crítica?

- Com sinceridade… De preferência que seja aquela sinceridade Freudiana, sem muita conversa. Como estou indo nos meus 70, quase 71?

- Vais bem… Nada garantido, nunca, mas vais bem. O passado não te pesa e dormes tranquilo porque o futuro não te preocupa. Poderias ser um idiota em não te preocupares com o futuro, mas sempre estiveste preparado para enfrentar dificuldades. Nasceste e conviveste com elas desde garoto e vives sem sustos. Quanto a respostas freudianas, sei que admiras muito o Freud, mas não tens diploma. O que te salva é que sempre pensas em todas as hipóteses antes de dares um passo. Quem te vê nem percebe e chega a pensar que és mais um desses que "se julga". 



- Esquece o Freud… Não creio que seja assim tão fácil, apenas por estar preparado para as dificuldades. Creio que estou preparado, sim, mas apenas para aceitá-las e com disposição para enfrentá-las… Freud estudei a fundo. Freud desvendou os íntimos da humanidade, que ago
ra conheço também.  

- Conheces... Assim como “Ave-César, que os que vão morrer te saúdam”? (E deu-me um lindo sorriso)

- Sim… Mais ou menos isso… Como um gladiador que sabe o que o espera entre gritos de uma Babel anônima, indiferente e absurda… Mas também pode ser como aquele grego que foi obrigado a tomar cicuta. Todos eles para satisfazerem a demanda do poder.

- Sim. Mas no nosso caso, teremos que atender algo muito maior, com o maior poder do Universo… As leis, aquelas imutáveis, que valem para todos e tudo…

- Sei. Creio que nunca ninguém se atreveu a formular a lei que mais assusta quem vive neste mundo e que o rege…

- E qual seria? (Perguntou-me ela, na esperança de ouvir algo brilhante, que ficasse na história da humanidade)

- Que no Universo, incluindo-o, tudo nasce, se desenvolve e morre… Ele mesmo morrerá, esse imenso universo. Esse não... Este...

- Creio que nunca ninguém disse isso, generalizando tanto, e coloca uma dúvida sobre o que significa a vida e a morte. Se tudo o que “nasce” vive, como o Universo também nasceu, seria um “ser vivo” e estaria também sujeito à morte… Mas não me parece que seja já o tempo de falar sobre a morte. O que achas? ( E me sorriu mais uma vez com aquele olhar de malandrinha)


- Acho que "fama" pode ser muito  intensa, o trabalho profícuo, o conhecimento algo transcendental de infinito valor, mas que... Não valem nada ao final de tudo quando este tudo acabar... Ninguém se lembrará, de nada vale o que passou, nem todo o esforço... Então a minha pergunta é: PARA QUÊ?

E minha vida não soube responder nem, com toda a razão, admitiu que alguém, quer fosse profeta, mentiroso, filósofo, politico ou também charlatão, pudesse responder de forma cientifica e cabal de forma insofismável.

4- Uma nova entrevista a marcar?



Perguntei-lhe finalmente, porque razão a via como uma mulher de perna aberta, provocativa, escrachada... Ela me respondeu que a vida deve ser agradável e interessante, e não havia coisa nesta vida mais agradável e interessante que uma mulher muito gostosa, me provocando para viver a seu lado para "toda a vida", até que a morte nos separe...  

Marcamos um novo encontro. Se acha que devo atender, por favor deixe mensagem aqui ou no face. Para falarmos de coisas sobre a vida...Sempre faço propostas indecentes a minha vida e ela nem é casada com outro nem com outra.  

 ® Rui Rodrigues 

sexta-feira, 10 de junho de 2016

O que está acontecendo no Brasil com o Brasil.


Vejo assim os nossos problemas principais. Uma visão individual e particular.

O Brasil sofre os efeitos de duas crises: 1)- Uma crise econômica internacional, e 2)- Uma crise interna, devida a um processo de “transição” ou “travessia”.

A crise internacional chegou em 2008. O capital internacional de giro foi recolhido por um mercado receoso, verbas públicas foram legalmente desviadas para Bancos particulares a pretexto de salvar países de crise ainda maior. A montanha deu um “pum” e todo mundo pensou que era uma erupção vulcânica. O rato já saiu, mas ninguém reparou que foi parido pela montanha que nunca saiu do lugar. Os Bancos estão muitíssimo bem, quem está mal é o comércio internacional em quase todos os países do mundo. A economia parece hoje com a de 1929, provocada por Bancos, também, e não se sabe como nem quando acabará. Em 1929 ela se estendeu até 1939 quando surgiu Hitler e iniciou a segunda guerra mundial e depois ate 1945 quando a guerra terminou. Agora surge Trump no horizonte da crise de 2008, alguns paises europeus guinam para a direita, mas agora temos bombas atômicas. “Brincar” de guerras poderia ser uma catástrofe. Numa economia de guerra guarda-se dinheiro “para o que der e vier”, porque ninguém pode prever o que vem por aí. Com reducao do comercio internacional exporta-se menos, fabrica-se menos, vende-se menos, recolhem-se menos impostos. Não se pode pedir dinheiro emprestado por causa dos juros, os serviços públicos em quantidade e em qualidade devem e têm que diminuir. São estas as núvens que assolam o mundo e o Brasil.

O que assola o Brasil internamente é bem diverso e tem explicação nos seguintes fatos:

1- Tradiçao corruptiva – Colônia de Portugal, e durante os últimos anos de colônia como Sede do Império, os politicos portugueses residentes no Brasil cedo pensaram em desviar impostos, retendo-os no Brasil. Quantificar que parte dos impostos ficava para os politicos e que parte era gasta para melhorar as condições da Colônia-reino não pode ser aferida exatamente, mas a julgar pelo desenvolvimento do Brasil nos reinados de D. João VI, D. Pedro I e II, e na república, deve ter sido muito pequena a parcela desviada por corrupção. Depois da segunda guerra mundial, o mundo se preocupou, finalmente, com o problema do “apartheid”, da independência das colônias. O Brasil já era independente desde 1822. Mas até a independência não havia “roubos” da Metrópole em impostos. O que havia era uma cobrança exagerada e nem tanto assim. Hoje se pagam cerca de 40% do que se ganha em impostos e naquela época eram os “quintos dos infernos” ou seja cerca de 20%. Sabe-se que cada partido politico – e cada político – tem sua zona de influência, quer seja uma região, uma empresa estatal, um ministério, um órgão público, um poder. A partir do fim do regime militar a corrupção aumentou em escala crescente. Não se deve desprezar a influência de José Sarney nesse processo de “transição” que iniciou. No governo Collor de Mello a corrupção atingiu índices muito altos e o presidente sofreu impeachment. Deixou no STF um indicado seu até hoje, o Juiz Marco Aurélio de Mello e o sobrenome não é coincidência. É nome de famÍlia.

2- O Processo de “Transição” Interrompido.

Militantes do partido dos Trabalhadores – PT, que o abandonaram sao unanimes em afirmar e isso ficou muito patente, que os revolucionários dos movimentos armados no Brasil, antes e durante o regime militar, queriam implantar uma ditadura comunista. Lula conseguiu finalmente ser eleito com a ajuda dos empresários aos quais representara quando era o chefão dos sindicatos do ABC paulista em 2002. Isso somente foi possivel depois da experiência que os empresários tiveram com Fernando Collor a quem tinham ajudado a eleger, e que depois de eleito, apelando para sua posição de mandatário-mor do Brasil os extorquio com pesadas participações em empreendimentos. O tesoureiro PC Farias sabia demais. Celso Daniel sabia demais. Vaccari Neto deve estar com os lábios colados com super-bonder. Eleito Lula, começou a pagar a conta do apoio nas eleições. Os problemas maiores e principais nestes casos de “corrupção participativa” são três: 1- Todo mundo fica sabendo da corrupção (todos querem também), 2- Forma-se uma associação de partidos para dividir as verbas públicas, e 3- Com todos cada vez querendo mais, falta dinheiro para os serviços públicos, aumenta a inflação, o comércio cai, aumenta o desemprego e o quadro geral é conhecido: Deu no impeachment de Dilma e a derrubada do PT. Isso se viu também no governo Collor.
Lula teve que buscar gente experiente na educacao, na economia, e em todos os ramos do conhecimento. Foi apanhá-los na esquerda militante e na esquerda da “filosofia” política pensando que enganaria todo mundo na transição – ou travessia – para um regime ditatorial de esquerda nos moldes castristas, de Stálin, de Mao Tse Tung… Quando os “filósofos” de esquerda perceberam que Lula e os agora já qualificados asseclas pretendiam tomar o poder de forma “democrática”, saíram do partido. Dilma estava destinada a dar o golpe fatal na democracia brasileira.

3- A situação de momento

Na tocaia

O governo brasileiro destina verbas públicas para a subsistência de partidos politicos. Ter partidos políticos passou então a ser um lucrativo negócio. Marina Silva por exemplo, fundou vários e “secretamente” deve estar em todos eles. Recebendo apoios financeiros para vários partidos, pode aplicar todas as verbas em um deles apenas, o mais promissor, e se eleger presidenta!… Por isso ela fica calada, não se envolve. Muitos politicos do PT se candidatarão nas próximas eleições por partidos de Marina, e muitos deles serão posteriormente chamados por ela caso se eleja. Ela faria a tal transição ou passagem, ou travessia, que Dilma não fez. Marina observa o resultado de “Dilma ou Temer”.

Temer e Dilma

Para o Brasil, o governo Dilma foi tão drásticamente ruim (ela parece em quase todas as suas expressões e a qualquer momento que sofre de lesão cerebral, que na lingua inglesa se traduz por “abnormal”) que fez fracassar qualquer tentativa de consertar os erros de seu governo. Aliado dela por 14 anos, Temer assistiu impávido ao declínio da aliada a partir do segundo mandato no qual há sérias dúvidas na lisura do processo de apuração de votos, por que jé nessa altura a rejeição à presidente era extremamente alta. Dilma queria um governo “acordado” entre os partidos, todos batendo palmas pelo “bem comum” que imaginava para o “Brasil”, um povo cordato, educado na “Pátria Educadora”, tudo levado na lábia… Afinal, a maioria esmagadora dos partidos políticos são de cunho comunista, trabalhista, socialista… Pelo menos na lábia marqueteira. Na prática querem o poder, “viver à tripa forra” com o dinheiro roubado dos quintos dos infernos. Esta busca pelo acordo mútuo entre partidos é a responsável pela indefinição política, corruptos ainda soltos, economia ainda parada, inflação em alta, desemprego aumentando, tudo como dantes na casa da Marquesa de Abrantes.

Temer enfrenta o mesmo atoleiro (ou brejo) de Dilma, que Lula e ela criaram como principais responsáveis… O Brasil mudou e os “representantes” do povo devem representar o povo. Que povo Temer e os politicos da velhaca guarda acham que devem representar? Aquele que gritava discursos ideologicos, ou o novo, este, que quer um Brasil grande como deve ser, pode ser, e sempre se quis ser?


® Rui Rodrigues  

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Diário de um viajante que gosta muito de viajar.





Não se pode exigir que nos entendam mesmo esgotados todos os nossos recursos nesse sentido. Há gente que se recusa a entender. Não quer, não pode, acha que perde algo se quiser entender. No entanto, parece fácil entender-se que nem todo viajante gosta de viajar, e que existem muitos modos de fazê-lo. Viajei de todos os modos nesta vida, exceto em submarinos, trem e avião supersônicos. Não escrevi diário porque não interessaria a ninguém. Esses tais “ninguém” que se poderiam interessar, passariam a ser “alguém” e meu diário perderia o interesse. Quanto mais raro mais interessante, mais caro. O importante é sempre interessar a “ninguém” (os mais difíceis de agradar). Outro detalhe do “viajar” é o aspecto de ser alguém, publicar livro, despertar o interesse do mundo, tal como se gostaria de um dia podermos mostrar a nossos pais. Dizer-lhes: - Olhem! Sou alguém na vida, e antes não era ninguém...Mas que estupidez… Como somos tão lineares e simplistas. Por exemplo, foquemos nossa atenção em William Shakespeare. Apesar de haver gravuras com o rosto dele, as imagens não são suficientes para “definir” completamente o ser humano “William Shakespeare” que escreveu todas aquelas obras maravilhosas que nos legou. Poderiam nos apresentar milhões de pessoas daquela época, ressuscitadas, parecidas com Shakespeare, e somente por acaso se acertaria no verdadeiro, porque não temos todos os elementos necessários para identificar. Mas… Não temos amostras de gente ressuscitada da época de William Shakespeare. Então como identifcar o homem? Impossivel… O que admiramos é uma “imagem”, uma idealização, do que deve ter sido William Shakespeare e cada um que pensar nele o verá de forma diferente dos demais. Agora imaginem alguém se interessar em saber quem fomos, se apenas têm uma fotografia que descobriram no Google do século XXXIX ... Jamais saberiam quem fomos realmente. Permitam-me tentar explicar...

Vamos dizer que quiséssemos mandar uma mensagem, através de um carteiro, para William Shakespeare, dizendo-lhe:

- Admiro muito você…

Evidentemente descreveríamos William Shakespeare segundo o que sabemos dele, tal como o imaginamos. Como nosso conhecimento sobre ele não é completo, total, o carteiro jamais o encontraria mesmo sabendo que ele morou em Stratford-Upon-Avon. O carteiro encontraria alguém muito parecido, talvez, mas se diria: - Não … Este não é o que me descreveram para que o procurasse.
E passaria batido…

Somos pequenas estrelas que brilham num universo muito limitado pelo alcance de nosso brilho. As primeiras pessoas para quem brilhamos, e talvez quase as únicas, são nossos pais e alguns familiares. Depois brilhamos para as pessoas de quem gostamos. Com muita sorte e esforço, poderemos brilhar para outros como o William Shakespeare, mas por pouco tempo, entre os que nos conhecem. Depois o brilho da imagem do ser total vai se esvaindo em raios cada vez mais fracos com o passar do tempo. Nossa imagem, a de cada um de nós, e nossas lembranças raramente passam de uma ou duas gerações, e mesmo assim, bem distorcidas. Bem… Ficam os livros, como o do Einstein… Mas quem foi o verdadeiro Einstein, se nem bem o conheciam os que conviviam com ele? Admiram-se as obras e não os indivíduos que, ao fim de décadas, milênios, nada mais são do que um nome associado a datas e feitos que podem ter sido notáveis ou deploráveis. Uma forma de viajar no tempo, para o passado, é consultar os livros de história juntamente com os de geologia e paleontologia. Uma forma de viajar para o futuro, é mantermo-nos vivos tanto tempo quanto nos seja possível. Viajamos a uma velocidade de cerca de 24 horas por dia em direção a um futuro desconhecido, mas muitas vezes previsível. Amanhã, por exemplo, você tem consulta médica. Conhece a cara do médico(a), sabe como irá chegar lá (carro, táxi, ônibus, etc.) e poucos “imprevisíveis” poderiam acontecer. Pode até fazer um filme prévio dessa viagem ao médico. Seria como viajar ao futuro, a menos de imprevistos.



Viajar para qualquer lugar você pode, a qualquer momento. Basta ter dinheiro e saúde, e não almejar sair de nosso planeta. Um dia poderá fazer passeios a Marte, Europa, Lua… E, se um dia foi o primeiro a chegar a Marte, jamais poderá escrever: “...Terra maravilhosa que em se plantando tudo dá...”, porque o planeta Marte ainda terá que ser preparado para se poder plantar. Muita gente morrerá nesse esforço, porque a vida neste universo não nos oferece almoços grátis.



O que se deve fazer - quando se quer ter um nome a zelar – para viajar para o futuro, depende do que queremos ter nesse futuro, mas com a certeza de ser efêmero. Viver é mais ou menos como caminhar numa estrada que nós mesmos vamos pavimentando, direcionando, construindo. Alguns têm tempo para construir jardins e lagos nas margens, parar de vez em quando, descansar, viajar pelo mundo. Cuidado, porém, porque se quiser muito viajar a Marte, agora, vai se frustrar, ficar doente. Há coisas que não vamos conseguir nunca e se viajar ao Brasil do passado através dos livros de história, assim pelos anos de 2002-2016, verá uma estrelinha e um número 13 amarelos numa bandeira em fundo vermelho, um par de dentes que parecem de coelho, e uma mão com nove dedos, símbolos da mais negra da história da nação brasileira, mas ninguém se lembrará dos nomes dos proprietários desses símbolos… Eles queriam brilhar e ficar ricos e famosos, deter recordes de “mais tempo” no governo, como nunca dantes na história deste país e construir uma nação de faz de conta, tal como idealizada nas trevas do conhecimento…

® Rui Rodrigues

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Mórbidos Nojentus, mas Elucidatis.


(O Google diz que “Mórbido, Nojento mas é elucidativo” se escreve assim em latim: “Morbidus, foeda est, sed non docet”. Vou pensar se acredito ou não) e consultar minha amiga Manuela que é italiana e mora em Milão).



Um cais é sempre um lugar de chegadas e de partidas. Gera saudades. Ou de pessoas, ou de lugares, ou de diversão com pessoas em certos lugares. Um cais é sempre um lugar de comércio.

J.N. sentou-se à beira de um cais para sentir o calor do sol. Era um dia nublado e mergulhou em suas próprias lembranças enquanto a água do mar marulhava cadenciada e suave. As ondas do mar lembram sempre o útero materno quando mergulhados em líquido amniótico passeávamos com nossas mães pelas ruas da cidade a cada passo que ela dava.Perguntou-se porque lhe acontecia essa nostalgia de pensar sobre o passado… Era raro, mas acontecia. Então, como sempre, perguntou-se o que desejava naquele momento. Talvez uma transa, mas com quem? Transar não é uma coisa que se tenha no armário ou na geladeira à disposição pra quando se queira. Transa é mais pro lado da agricultura: Tem que plantar a vontade numa mulher, agradar-lhe, e depois transar sempre que ela tiver vontade. Se ela não estiver com vontade… Bem aí… Há quem use música em plantação para as plantinhas crescerem, mas mulheres preferem palavrinhas gostosas sussurradas nos ouvidos e muitos elogios. Mas se assim mesmo não funcionar, a vontade de transar não lhes aparecer, não se desespere. Se sair por aí atrás de outras mulheres, vai perder o mesmo tempo ou mais, e se arrisca a perder aquela outra que já estava treinada em você. E regra muito importante: Se você for marido e quer manter sua mulher, seja banana. Elas adoram marido banana, mas se for amante, seja machão. Elas adoram amantes machões.

O tempo não deveria parar. A vida tinha que continuar sempre. Ficar ali parado no cais, pensando no passado era uma perda lamentável de tempo. Aliás, aquilo nem era um cais de embarque de passageiros. Era um canal aberto para o mar, natural, que servia para barcos pesqueiros. Um dia chegou a ser boulevard para mulheres da vida.

Levantou-se do banco de madeira e orientou seus passos para a saída daquela zona. Quando um dia passara por ali, havia muito tempo atrás, e perguntara onde encontrar lugares “sociais” para conhecer pessoas, indicaram-lhe clubes, cinemas, teatros, praças… Porém, para seu neto, agora há poucos dias, tinham informado lugares de funk, de balada… Muita coisa tinha mudado na cidade. Não apenas naquela cidade. O mundo era outro, e como sabia muito bem, um mundo como o nosso não se pode parar. Nunca se pôde parar, desviar para outros rumos… A mocidade é que o empurra. Não enquanto ainda é mocidade, mas quando amadurece e sente que chegou sua vez de mudar o mundo. Então alguns percebem que remaram para o lado errado, outros que estão no lado certo, muitos nem percebem que existe lado para escolher, e outros nem sabem onde estão. De certa forma, e em sua maioria, felizes. Basta perguntar, que quase ninguém diz ser infeliz. Mas se mentem ou não, apenas eles podem dizer, e mesmo assim se perguntados de forma confidencial e segura…

Quando J.N. “aterrizou” de seus devaneios, tinha atravessado, absolutamente sem se dar conta umas três ruas e uma avenida. Nem se lembrava de as ter cruzado. Poderia até ter morrido e estar vivendo agora uma nova vida, quem sabe, num universo paralelo. Mas não. Isso não poderia ser. Continuava vendo as mesmas pessoas, e quem morria mesmo, de forma irreversível, não se via mais. Segundo o Lavoisier, quem morre se transforma em extrato, subtrato, e geralmente fede muito. Se queimado até os ossos, sobram cinzas. Um desperdicio de carne que poderia alimentar peixes, leões e outros carnívoros em extinção.
Imagine-se num testamento: “… E que meus restos mortais depois de lavados e sem qualquer perfume, sejam jogados às feras na reserva de N`Gorongoro, sem tempero... Isso sim, seria a maior demonstração de desprendimento material, porque se a matéria realmente não importa, o que vale mesmo é a alma, o espírito, e então… Podia até fazer-se ração para peixes, com rótulo indicativo de calorias, causa mortis, nome do “fornecedor”, do empacotador, distribuidor, etc, e que tipo de dieta usava em vida: Mediterrânica, vegana, carnívora, onívora, insetívora – agora muito em moda- vegetariana…. Os peixes prefeririam certamente os frequentadores de restaurantes japoneses.



Carpe Diem, aproveitem enquanto o bicho tá de pé, Enquanto a moqueca tá quente, a panela precisa de tampa pra conter o vapor do vulcão, e não fale mal do alemão, o tal de Alzheimer… Quanto mais se treme numa hora dessas melhor… A vida é cheia de boas surpresas e nada é ruim de todo, porque para alguma coisa serve. Tente descobrir quando precisar transformar algo ruim em algo melhor.

® Rui Rodrigues


Rui Rodrigues “é eu”, formado pela UFF, mas isso não importa porque me aposentei, e escrevo desvinculado do que aprendi por não se aplicar a literatura.   

terça-feira, 7 de junho de 2016

Sobre os Empregos e como neles se trabalha.


Arquivo 1001- Gerenciando a felicidade.

Você chega em casa e diz para sua mulher, bracos abertos, um sorriso nos lábios, os dentes todos reluzindo, com a melhor e mais confiante voz:

- Querida(o)… Acabaram nossos problemas financeiros!… Hoje fui promovido(a)a chefe do Setor…

Bacana, né?

Claro que é sempre bom uma promoção, mas você tem que saber se tem ou não as qualificações para ocupar o cargo oferecido. Porque lhe teriam oferecido o cargo? Porque você tem mais conhecimento, capacidades em geral, do que quem o ocupava antes, por simpatia, ou porque você é cordato com os chefes, os atende em seus quase mínimos desejos? Porque se você não estiver preparado para o cargo, pode estar em maus lençóis numa promoção. Isso não acontece de repente. Vai acontecendo aos poucos. Pode começar por um pedido para que assine um documento, ou propondo-lhe que tome uma ação. Os primeiros pedidos, caso não os entenda, podem ser benéficos para a empresa, para seu chefe, para você e sua equipe, mas um dia, de outras ações futuras pode vir uma fatura apenas para você: Assinou um ou mais documentos que deram prejuizos no caixa e/ou na credibilidade da Empresa… Por vezes basta uma vez só, um deslize só, para muitos ficarem ricos e você sem emprego…

Não seja tão vaidoso nem tão ambicioso a ponto de ficar cego! Não se julgue "importante"... 

Um dia chamam você para uma comunhão em maracutaias, para não perder o emprego você diz que sim, mas com vice não dividem nada... Pedem apenas que "assine"... Assim como Dilma Rousseff que pelos vistos não se conteve apenas em "assinar" para o bem da Partilha... 

Não se pode permitir que bandidos com faixa ou sem faixa, eleitos ou substitutos,tenham privilégios de roubar e seguir "felizes" na vida sem castigo exemplar e devolução dos "rombos".

® Rui Rodrigues

(De experiência internacional - e nacional - em empresas de gerenciamento de constru
ção)

A Nau do urso



(Antes de iniciar esta crônica, ou o que quer que seja que vocês, queridos leitores, entendam que estas linhas sejam – pode ser uma historieta do tipo da Nau Catarineta, ou um besteirol qualquer – deixem-me avisar-lhes que por aqui (no Bar do Chopp Grátis) passam umas pessoas “diferentes” que nos contam umas fábulas “do arco da velha”. O que importa é o “paladar”… Se gostarem, voltem sempre!)



Não havia engano. Aquele barulho constante não era apenas do vento. A chuva tinha chegado também. Haveria água suficiente para mais uma semana a julgar pela intensidade dos pingos caindo sobre o convés. Quem alertou o comandante foi o “Urso”, um cachorro malvado, preto, sorridente, bonachão, bem-mandado, mas que quando resolve brincar pula no peito de qualquer um, incluindo o do comandante. Por isso e somente por isso Urso era um cachorro malvado. Mas compensava de muitos modos. Por exemplo, ele sempre avisava quando chovia. Corria de um lado para o outro do convés chapinhando na água, e nessas ocasiões os marujos já sabiam o que fazer, e colocavam barricas vazias sob as enormes velas para recolherem a água da chuva. Urso tinha apenas um ano de idade, mas era inteligente e competente. Descendia de uma “labrador” e de pai desconhecido. Sua vida Urso a leva entre vários aspectos:
1- Delirante, despreocupado e alegre como cachorro da “muy nobre Vila do Peró”, muito a norte do Reino de Nichteroy. Uma vila onde todos são seus amigos, como responsável pela alegria e bem estar de seu mais recente amigo Rui, o comandante de alguma coisa importante que ele urso não tem idéia do que seja, mas que parece que tem que obedecer, senão ele o comandante, vocifera coisas como “- Seu cachorro malvado...Não pula no meu peito senão vou te quebrar ossinho por ossinho com uma marreta!!!” E seu amigo diz isso com uma bengala preta que ele mesmo fez, com a cabeça de um cavalo com olhos brancos enormes, crina e dentes dentuços e tudo, no empunhamento. Se o comandante tinha feito isso com um cavalo, reduzindo-lhe a cabeça ao tamanho de um ovo de codorna, Urso imaginava o que poderia o comandante fazer com uma cabeça do tamanho da dele, um simples cachorro...

2- Preocupado, delirante e alegre, quando o comandante, (nem sabia de que seria ele comandante) a quem chamavam de Rui, ia ao posto médico, ao supermercado, à peixaria. Montava guarda, sentado ou em pé, gania inconformado com a ausência do amigo, e impaciente “proferia” frases ininteligíveis. Depois deitava-se com a cabeça sobre uma das patas, o olhar daquele jeito, de gente meio intrigada, pidona e observadora, resultando numa tristeza de derreter coração de capitão do mato.

3- Livre, leve e solto, quando participa de aventuras com seu amigo Rui, numa nau imaginária cheia de aventuras, onde ele pode fazer qualquer coisa. Os dois podem. As aventuras permitem tudo. Sonhar é o limite.

Afora estas três atitudes, Urso se sente tão deprimido que senta de preferência em frente à janela ou porta do amigo e fica ali parado, deitado, esperando um ruído revelador que lhe indique que “vão sair”. Seu amigo vai sair e Urso vai junto. Ou isso ou uns restos gostosos de comida. Mas estava chovendo na nau, (lembram-se?) e chovia também agora na rua quando saíram para o posto médico e isso não era coincidência. Eram seis e meia da manhã. Para que se precisa de um cachorro destes numa nau capitânia como essa do Peró? Porque quando os piratas invadem naus assim pela calada da noite, os cachorros latem, ladram e depois os mordem. E quando os piratas se aventuram durante o dia, o melhor são três cachorros. Dois ficam quase de frente para o pirata, um mais para a direita e outro mais para a esquerda, obrigando-o a se preocupar com os seus flancos. O terceiro cachorro ora fica na frente ora atrás do pirata. Numa dessas, morde o bandido por detrás, nas pernas. Urso, pelo contrário, quando sai gosta de mostrar a força que tem. Na voz! Onde sente que tem cachorro, ladra forte como um trovão, não se importando se recebe em troca algumas “ladragens” com voz ainda mais tonitroante. Ele sabe que os outros cachorros estão presos, mas quer impressionar seu novo amigo homem. Os da rua são sempre mais tranquilos, e quando vê outros tão ou mais fortes que ele, dá-lhes uma cheirada e passa adiante. O Urso não é trouxa!



Encontramos um sujeito a meia nau, que tinha apanhado Chikungunya… Disse que durante mais de 30 dias o corpo lhe doeu de nem poder andar ou sair da cama. Ele gosta de frequentar os bailes de salão e deve ter uns 70 anos. O pai dele tem mais de 90. urso ficou muito impressionado quando o amigo dele disse “ Que bom que com essa idade você ainda tem pai”, e o bailarino respondeu… - “Que bom?! Quê que é isso… Ele nunca foi um pai que me tivesse dado algo assim de importante, ou feito algo por mim… Só que agora tenho que cuidar dele. Com mais de 90 anos, já estava na hora de Deus o chamar...”. urso e o amigo ficaram sem saber se o bailarino tinha filhos e se fez alguma coisa por eles ou lhes deu algo de importante. Melhor que tenha dado e feito.

Depois de longa espera até às 08:30 da manhã, o amigo de Urso não conseguiu marcar médico no SUS, embora a pressão já se tivesse normalizado e a urgência não parecesse tão urgente. A nau do Peró sente muito a queda da economia. Todo mundo sente, e o pessoal do posto é muito simpático. Não pode acontecer o que aconteceu no Jardim Esperança: O pessoal invadiu e quebrou o posto.



® Rui Rodrigues 

sexta-feira, 3 de junho de 2016

A pieguice dos idosos com a natureza e a natureza que nos faz idosos.


(Há histórias que não são nossas,nem de nossos empregados do Bar do Chopp Grátis, mas que poderiam ser. Por questões de identificação de sentimentos. Se algum cliente reclamar autoria, retiramos o texto.) 




Meu pai não era piegas. Nem eu sou, mas na época pensei que ele fosse. Foi quando começou a escrever uns versos sobre a vida na Terra, a ver programas de TV com paisagens, enfim, a dar mais importância ao mundo que o rodeava e do qual se escondera desde 1918 para cumprir seu programa de vida: Trabalhar duro para ter o suficiente para o que “desse e viesse”… E pela primeira vez na vida tirou fèrias. Isso foi apenas em 1970. Nessa oportunidade, no dia do jogo Brasil x Itália, em partida pela Copa do mundo, vi o avião em que ia levantar voo do aeroporto do Galeão onde eu supervisionava uma obra para o Jorge Anacoreta, meu professor de Resistência dos Materiais na UFF. O Brasil foi campeão. Minha familia campeã, eu campeão. A partir daí meu pai não parou de tirar férias.

Depois de uma certa idade começamos a olhar com outros olhos para a natureza, de forma mais romântica, contemplativa. Outras vezes perdemos até a vontade de questionar alguma coisa dando a impressão de ignorantes ou “desligados”, parecendo não termos respostas, mas não. Não… A verdade é que temos muitas respostas, nenhuma certa com exatidão porque a vida nos vai mostrando como tudo pode mudar. As únicas coisas certas são as leis da ciência, as que se podem comprovar, mas poucas são de domínio público e menos ainda de fácil entendimento. Então os idosos se calam. Como avisar que aquele atalho escolhido tem muito mais chances de dar errado do que os outros dois caminhos? São muitos anos – e casos - de experiência para explicar em meia dúzia de curtos minutos por vezes sem predisposição a serem ouvidos.

Na juventude não queremos escutar muitas coisas porque achamos que podemos fazer muito melhor e que em breve o “mundo vai mudar”… Depois da juventude e a meio caminho da vida, ficamos imprensados entre as mudanças da juventude que melhor parece se adaptar – do que nós- a um mundo em mudança, e os avisos dos idosos mostrando que eles também pensavam que o mundo mudava, mudaria, mas nunca para onde pensavam que deveria… E na fase do encerramento da vida, abre-se uma janela para a paisagem, porque as outras não se entendem (ou abrem) muito bem. O que se vê? Natureza. O que se vê é a natureza, e o que mais nos chama a atenção. Pássaros, seres marinhos, rios, oceanos, cidades, artes,mamíferos, árvores, serras, desertos, pessoas, família, uma neta que tal como ave, se soltará na vida e percorrerá um dia o seu próprio caminho, talvez acompanhada, talvez sozinha, que nesta vida temos sempre que estar preparados para tudo. Tudo ou quase. Pelo menos no que pudermos.

A natureza. Como explicar que nela tenhamos vivido a vida inteira sem repararmos como ela realmente é... O que vemos normalmente são “coisas”, como fotos, umas com muito movimento parecendo filme, quando assistimos a uma corrida de cavalos pelo campo, ou com pouco movimento como uma janela aberta para um campo de arbustos e árvores com o mar ao fundo, ouvindo pássaros cantando, as folhas adejarem pela brisa, as nuvens esgueirando-se e mudando de forma muito devagar para não nos tirarem a atenção da paisagem.






Hoje tirei do “sótão” meu cavalete. Também passei pela loja de materiais para pintura e comprei alguns vidros e pincéis. As telas ainda tinha: Três. Vou falar com minha filha para escolher um tema. As duas últimas telas que pintei, ela escolheu o tema e gostei. Meu afilhado partiu ontem para Milão, Itália. De mudança. Ele e a esposa. Desejo-lhe sucesso! Meu filho me disse que pensa em voltar para a Europa. Provavelmente Noruega ou Barcelona. Quando me convidou no passado para ir visitá-lo, não fui. Desta vez irei. Quem sabe, nem volto... Quando nos estragam o país, tudo nele perde o sentido, é outra “nação”. Mas o que mais dói, é que quem agora quer sair são gentes de todas as idades… Quando o Lula disse que tinha pago a dívida externa do Brasil e que 50 milhões tinham saído da pobreza, muitos voltaram do Exterior… Para constatarem que a dívida externa passara a ser interna e triplicara, decuplicara… E que os 50 milhões não eram 50 milhões e que não há dinheiro para manter fora da pobreza os 40 milhões que voltaram para ela… Aliás… Só de desempregados agora temos 12 milhões...



Como se podem evitar compras de votos e fraudes nas urnas? E sobretudo, como se pode dizer a um partido Politico: Não queremos esse candidato? Não se pode “inventar” um meio simples, internáutico, de evitar que nos empurrem sempre aquela “gentalha profissional” do costume?
Depois da “Copa das Copas”, vamos ter a “Odisseia das Olimpíadas”, vaiando sempre… Ir para as ruas e vaiar é tudo o que nos resta? Não parece ser lá grande coisa para uma “democracia”...
O novo governo tem gente que não deveria estar lá. Não estão ouvindo as ruas…


® Rui Rodrigues

quarta-feira, 1 de junho de 2016

O Cadillac… Um cavalo!





Um cavalo simpático, tranquilo, quarto de milha ou manga larga, que não conheço muito de cavalos, embora tenha andado muito pelas bandas do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, Terras de Maragatos e Farroupilhas, de confidentes e de outras correrias históricas, cada uns a seu tempo, que a cavalo dado não se olha o dente, e nunca encilhei nenhum, nem mesmo as mulas que em dia de visita familiar subiam a serra do Marão – no Norte de Portugal-desde Fornelos até Paradela, terra de minha avó paterna Pinto Nogueira onde tinha casa abastada. Com 4 anos de idade jamais me permitiriam encilhar mulas. Mas foi com mulas subindo a Serra que tive meus primeiros contatos com equinos. O que mais me impressionou foi aquele tipo de olhar “meio perdido” que parece estar olhando para todos os lados e para nenhum em particular, que me chamou mais a atenção, principalmente quando escorregavam em pedras soltas na apertadíssima e íngreme trilha, a paisagem já pequena, lá em baixo, as casas de Fornelos como se fossem de presépio. Àquela altitude, Fornelos não tinha som. Era como uma paisagem de televisão com o som desligado. Mas nem televisão ainda existia no mundo por aquele ano de 1949, para que se veja o quanto evoluimos desde então. E é aqui que me voltei a lembrar do pobre Cadillac que passou a noite em sua nobre funcão de cortador de grama em frente à minha janela. Sua dona sempre quis ter um cavalo. Ganhou o Cadillac, com pedigree, com menos de um ano de vida. Poderia ter sido um corredor, ter procriado, mas não… Cadillac foi encarregado de comer toda a grama de um terreno de oito mil metros quadrados como parte de sua dieta completada com ração. Nunca transou na vida, nunca puxou carroça e de frutas apenas come cascas. Atualmente tem como que uma verruga no abdómen esperando a chegada de um veterinário. Tanto quanto sei, Cadillac deve ter uns nove anos de vida. Progredimos muito. Já temos televisão, mas os cavalos já não transam livremente. Precisam de permissão particular de seus cuidadores, zeladores… Cadillac, através de seus olhos castanhos enormes, transparentes e lúcidos desabafou:

- Cara… (Disse-me com certa tristeza no olhar, uma lágrima escorregando-lhe pelo canto do olho onde já se formava um rio)- Cara… Se me dessem banho e me escovassem, trocaria um ano de lavagem por uma boa trepada… Deve ser muito bom… Também gostaria de poder correr, mas não tenho espaço nem companheiros para desafiar na corrida. Me solta, vai….

Mas ele, meu amigo Cadillac, nem imagina o mundo que existe lá fora, para lá dos muros da propriedade. E indeciso entre fazer-lhe a vontade e deixá-lo preservado de um mundo ainda pior, vou conversando com ele, apenas através dos olhares, cada um se vendo nos olhos do outro. Progredimos muito. Nós, humanos, aprendemos a falar para os cavalos, damos-lhes nomes, mas não queremos saber o que pensam, e por isso, o eventual “chip” de tradução que poderia ser implantado permitindo troca de informações, talvez venha a ser uma das últimas coisas a serem feitas por esta civilização fantástica que ainda não aprendeu o que é mais importante.

Quem disse “Meu reino por um cavalo” foi um rei, perdeu a batalha e já morreu. A importância dos cavalos mudou muito, talvez tanto quanto a dos reis. O cadáver do rei foi encontrado quando se fizeram escavações perto de uma estação de Metrô em Londres. Como tal rei era um déspota, a oposição se movimentou para exigir a aprovação da Magna Carta Inglesa, vigente até hoje… Qualquer semelhança com regimes sul-americanos déspotas também, por compra da moral e da ética de deputados, senadores, juízes e vereadores, é valida na história de nosso Brasil…

Pátria Educadora não passou de uma patranha para eternizar um regime, um partido, uma idéia de jericos para estabelecer "referenciais" de acordo com essas jericagens desgastadas da história. O muro era em Berlim e caiu faz muitos anos!




® Rui Rodrigues

Crônicas de Istojabasta- CF

1001, uma Odisséia na Estrada.

(Istojabasta fica no primeiro distrito do Reino Lagunar de Nichteroy, exatamente onde o Cabo é Frio, um pouco antes do terreiro onde se jogam Búzios, na estrada a caminho do território do Espírito Santoro. Um Reino de Faz de Conta)


Aqui você chega – também - em ônibus da 1001. Se for idoso, com direito a passagem grátis, os moços e moças da companhia de transportes de carne humana colocam à sua disposição ônibus sem ar condicionado nem cadeiras estofadíssimas em horários selecionados de acordo com a disponibilidade da 1001, que vê nesse serviço uma “condescendência” de sua empresa aos idosos servos do reino, e não uma obrigação republicana. Para esta companhia de transporte de carne humana a granel,a 1001, cidadãos com mais de 65 anos não falam, não reclamam, são isso mesmo: Carne humana rodo-transportável, porque devem ter alguém em algum lugar que lhes garanta o pensar e o agir. A maioria dos aposentados realmente se cala, como minha amiga Carmem de Boticabal Y Arzinares, para não se meterem em “confusões”, não vão ser depois perseguidos por perfeitos, imperfeitos, Califas e Burgomestres, ou por asseclas. Três famílias têm dividido ultimamente o reinado. Governam como se fossem os donos escrachados do poder. “Libertas Quæ Sera Tamem” um dia chegará ao Reino onde não se dá nada, não se economiza nada, onde unidades de Saúde são fechadas, a insegurança ganha da segurança, não se paga a professores, o lixo fede pelas esquinas, o turismo some dia a dia, cidades cheias de anúncios de “vende-se”, “passa-se ponto”. O “Inferno de Dante” veio de férias e chegou nas praias chupando sorvete de manga, assim como o cão das histórias de Suassunga.




Pega Gigamal - Num tá vivo, tá  morto!


Os anúncios, a propaganda mostram sempre gente de dentes brilhantemente brancos, sorridentes, caras de felizes, e as palavras usadas parecem de marqueteiros de partidos políticos vencedores ou de grandes empresas de moda. Está na moda o 4G, e ainda se pensa que neste país todo mundo quer ser “branquelo”. Recém chegado ao Reino do Paraíso onde se extraía pré-sal em busca de petróleo, procurei uma empresa de “Modems”, daquelas que fazem parte do Cartel das Comunicações, onde todas as empresas podem ser ruins sem temor de temer a lei que as protege. No dia 30 de maio de 2016 comprei um Modem 4G da Vivo, levei-o para casa, e esperei até a tarde do dia 31 para ouvi-lo cantar. Necas!… O efeito foi o mesmo que colocar uma banana numa gaiola de passarinho e esperar que ela cantasse… Então fui na Vivo e escutei a estarrecedora verdade escondida, vinda da mesa do lado onde uma madame-senhora, daquelas que herdaram as riquezas do falecido e trabalhador marido, reclamava também, mas por outros mootivos. Dizia ela que o seu plano era de duzentos e poucos reais e a conta veio com quatrocentos e cinquenta e queria saber das razões do excesso se o 4G dela nunca funcionava direito. A moça da Vivo respondeu que “onde” a vivo tem cobertura 4G funciona plenamente, mas que em Cabo Frio, o reino onde também reina a Mil e uma Viagens para o Reino das Mil e uma Noites, nem todas as áreas têm cobertura. Estava aí a explicação que não me tinham dado, e por isso pedi o “distrato” do contrato. Foi dificil. Quiseram até argumentar que quando a Vivo não tem 4G funciona com 3G, ao que eu respondi que meu contrato, agora em distrato, não era para 3G e sim para 4G, mas é assim que “se nos enganamos”… O “funcionário” (idiota) que hoje nos engana no balcão de uma companhia, é o cidadão que é enganado em outra companhia de vendas quando se “desuniformiza” e vai comprar outro produto.

Estas coisas pegam muito Gigamal, mas O povo tem que aprender a não trocar voto por meia duzia de reais, e aprender a dizer aos partidos politicos: Não, senhores, esse candidato que nos estão empurrando, nós não queremos”…

® Rui Rodrigues