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segunda-feira, 16 de maio de 2016

Uma moto de 45, Free Marlboro e sexo nos pulmões.




Uma vida se faz de sonhos, não de realidades, pois que quando a realidade é por demais boa, sempre a equivalemos a sonhos, e quando as realidades são ruins, dizemos tratarem-se de pesadelos. O comum e corriqueiro cai-nos no esquecimento.

A moto era esverdeada, assentos de couro marrons, os niqueis brilhantes, uma Harley-Davidson modelo de 1945, o maço de cigarros, de Marlboro, era grátis. Nem a moto nem a mulher com cara de intelectual na garupa eram minhas. Nem o isqueiro “ronson”. Nada era meu naquele sonho exceto as “sensações” adotadas de outras passadas, daquelas que se transformaram em sonhos por pertencerem a boas realidades. Nem sequer fumo atualmente. Também nunca dirigi moto. A vida, a minha, sempre foi mais importante que uma demonstração de desprendimento idiota montado numa moto. Mulher decorei. Não existem duas iguais nem parecidas. 





Acendi um cigarro. A mulher a meu lado mostrou-me dois dedos juntos, e dei-lhe um aceso. Tinha um olhar fatal de Marlene Dietriech. As fumaças se juntaram no ar. Não fumo desde que fui parar no hospital por falta de respiração, seis dias atrás. 


Em pouco menos de três dias fiquei com 10% de minha capacidade pulmonar, com febre, tendo delírios com motos, mulheres, tabaco e sexo. 
Entre realidade e sonho, tive a nítida impressão que antigamente as enfermeiras eram muito mais sensuais, até mesmo quando se vestiam de freirinhas. Sem poder respirar, a moto parou de funcionar, a mulher da moto ficou fumando, eu joguei a guimba fora, o filme parou de rodar. Fiquei assim por três dias, os pulmões cheios de sexo, a cabeça febril... Marlene Dietrich todos os dias deveria enjoar. Poderia misturar com Greta Garbo, Ingrid Bergman, Marilyn Monroe, de vez em quando ou com algumas mulheres que passaram em minha vida, daquelas que não possuí. 

Fiquei sabendo de noticias da politica. O novo governo não tem nenhum politico do PT. Excelente noticia. Aquele partido quebra qualquer nação. Querem e não sabem como conseguir, fazem e não medem consequências, pensando que depois consertam. 

De vez em quando é bom ficar "adoentado", mas em minha vida isso aconteceu muito poucas vezes. Nunca perdi trabalho ou aulas na universidade ou escola por estar doente. A ultima vez que fui ao médico eu era 16 anos mais jovem e assim mesmo foi para fazer exames de rotina. Quem nunca estudou história da França ou história da Europa,vai perder tempo e dinheiro indo a Paris. A unica coisa que vai entender é que por alguns dias ou horas estará percorrendo uma "vila cenográfica" chamada Paris, cheia de "cartões postais". Há quem a visite para poder dizer: Já trepei em Paris!

Larguei a moto, a mulher, o cigarro e o isqueiro em algum lugar de Paris, provavelmente na Ile-de-France, num daqueles dias em que meus pulmões começaram a voltar a inchar e ressuscitei para a vida. Nada como respirar. Já trepei em Paris e senti a falta (histórica) dos limpadores de chaminés, e dos cantares dos pregoeiros, dos vendedores ambulantes.    

® Rui Rodrigues

             


      

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