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terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Tempo , para leigos Quânticos como eu.




O Tempo [1], para leigos Quânticos como eu.


Nada como um grande “desastre” na vida para nos fazer refletir sobre o nosso passado, o presente e o futuro. Nessas horas de apreensão, costumamos pensar no que fizemos durante toda ela para que ocorresse o “sinistro”, o desastre em nossa vida, e pensarmos se tivéssemos agido de modo diferente, se o poderíamos ter evitado. Podemos até pensar se Deus nos castigou, se nos castigamos, ou se foi um acaso que determinou o acontecimento, o fato. Crentes e ateus pensarão de modo diferente, mas não é sobre Deus este tema.

Telmo Lunardi é um grande amigo que conheci há 37 anos atrás, na Tijuca, Rio de Janeiro. Costumávamos tomar nossos chopes nos finais de semana no condomínio onde morávamos, à beira da piscina, ou em saídas com as famílias para distrair. As duas famílias são amigas até hoje. Com minha separação matrimonial, perdi o contacto até porque vivemos em cidades diferentes e Telmo dedica boa parte de sua vida a velejar. Lá por 1996, Telmo teve um problema nos rins e precisou ser operado. Um corte dado de forma deficiente provocou um problema ainda maior e ele necessitou de uma longa recuperação. Quase que Telmo nos deixou caminhando sozinhos no tempo. Recuperou-se, e quando já estava em convalescença, caminhando devagar, empurrando uma mesinha com rodas onde se encontravam o soro pendurado, os remédios, uma bolsa para a urina que lhe saía por uma sonda, rosto meio amarelado, tivemos uma conversa inesquecível: Telmo me dizia, dentre outras coisas, que Deus sabia tudo, que o futuro estava predeterminado, e que, fizéssemos o que fizéssemos, tudo aconteceria como previamente determinado. Mesmo que Deus não existisse, era como se a vida de cada um fosse um filme a que estamos assistindo: Conhecíamos o inicio do filme, o momento atual, mas não conhecíamos o final, embora já estivesse “realizado”, e nada o pudesse alterar. Em tal situação, pedir alguma coisa a Deus, como, por exemplo, a sua própria melhora, de nada adiantaria. O futuro estava traçado.


Minha visão era completamente oposta. Sempre acreditara que poderíamos mudar alguma tendência do futuro de acordo com os nossos atos, o nosso caminhar na vida, isto é, no tempo. Hoje não tenho tanta certeza.  Albert Einstein me deixou em dúvida, mas em compensação, as alternativas são excitantes.

Quando passei no vestibular para a Universidade de exatas, em 1967, escolhi engenharia porque tinha uma enorme vontade de viabilizar enormes projetos, de difícil cálculo, modernizar o presente, e queria ganhar bons salários. Foi nessa época que comecei a me interessar por física, e, em especial, pela física quântica. Minha profissão me empurrou pela vida e só nos tempos vagos continuava lendo alguma coisa a respeito. Meus conhecimentos de matemática ficaram por ali, limitados aos da Universidade de Engenharia, e por isso meu entendimento desta Física tem os seus problemas: Falta-me conhecimento matemático para desenvolver cálculos, mas tenho uma razoável percepção. Com esta percepção, igual á de quase todos nós, três fatos sempre me intrigaram:

1-     Porque razão o tempo parece andar mais devagar quando esperamos que algo de bom, que sabemos irá acontecer aconteça realmente?(como em vésperas de uma festa, de um passeio, receber o salário, esperar que chegue sexta-feira).
2-     Como será possível viajar no tempo de forma “diferente”? (já que viajamos no tempo enquanto estamos vivos, parados ou em movimento).
3-     Porque razão, viajando nós para norte, sul, oeste, ou em qualquer direção tridimensional, o tempo sempre flui, aparentemente, numa só direção, isto é, no sentido do futuro, para frente, sem uma direção fixa?
4-     Haverá um espaço-tempo, ou um tempo que flui continuamente, ou não haverá nenhum tempo, ou, finalmente haverá vários “tempos” em “camadas” ou como vetores?

A matéria tal como a conhecemos se comporta fisicamente de dois modos: No microcosmo das partículas, o da física quântica, elétrons dão saltos quânticos, mudando de uma órbita para outra sem percorrerem o espaço entre elas; não se pode determinar a posição exata de um elétron, mas o local onde “provavelmente” está, um mundo louco do qual sabemos quase tudo e não sabemos quase nada. No macrocosmo da força de gravidade, para moléculas e massas maiores, tudo parece resolvido e determinado. Se a gravidade somente se apresenta mensurável em grandes massas – relativamente às partículas – o que dizer do tempo em relação às partículas atômicas? Estará o lugar entre as camadas de elétrons não sujeito ao tempo e espaço?  

Isto me parece fazer sentido (a mim que sou leigo) porque não havendo espaço a percorrer entre camadas de elétrons, também não existe tempo, e o elétron pode dar o seu salto quântico quando desejar ou se sentir “excitado” energeticamente, Mesmo embora sabendo que, onde não há espaço nem tempo teríamos uma singularidade, ou seja algo parecido com um buraco negro, mas a física quântica é louca, maluca e fora de nossa capacidade – ainda – de dominá-la.  

Se tivéssemos um aparelho capaz de medir o tempo decorrido entre o momento em que um neutrino começa a atravessar um átomo, fazendo-o obrigatoriamente pelo “espaço” entre camadas de elétrons, talvez se chegasse à conclusão que o tempo gasto seria de exatamente zero, com pelo menos quinze ou vinte casas decimais.

Nossos telescópios são cada dia mais potentes. Vêem estrelas e planetas como eram até há bilhões de anos, e um dia chegarão até o momento em que nosso universo tinha cerca de 300.000 anos e aí irão parar porque nessa oportunidade o universo não era transparente e a luz ainda não existia. Se tivéssemos telescópios ainda mais potentes poderíamos ver o que acontece na superfície dos planetas e estrelas que estão a apenas alguns milhares de anos-luz, e se neles houver vida, o que estiver acontecendo por lá – naquele tempo – e se tivéssemos naves que viajassem acima da velocidade da luz, poderíamos ir lá, intervir na evolução a fim de preparar uma ocupação futura e voltar a tempo de assistir ao ultimo documentário na International Geographic. Era disso que meu amigo precisaria quando foi operado. Não creio que isso seja possível, porque a velocidade da luz não pode ser ultrapassada, mas para quem acredita, já poderiam ter feito isso com nosso planeta.

Ao nível de partículas, o entrelaçamento quântico (quando duas partículas se aproximam e ficam “dependentes” uma da outra mesmo que depois sejam afastadas a longas distâncias), permitiria o “teletransporte”, e já se fazem experiências nas ilhas espanholas de La Palma e Tenerife. Extrapolando, uma partícula poderia ter sido deixada em Alpha de Centauri e sua entrelaçada viajado até nós, depois de quatro anos de viagem.  Se um dia se puder fazer isto com equipamentos humanos, ou com pessoas, nos permitiria fazer o caminho inverso de forma instantânea través de teletransporte quântico. .


O problema é que ao se criar uma “cópia” real, idêntica, o original se destrói. Há vertentes filosóficas a respeito, tema que já se discute desde as discussões entre Albert Einstein e Niels Bohr, e que podem levar a uma revisão das leis da física, ou ao seu desenvolvimento em mais um grande passo da ciência.  Mas repare-se que, ao se destruir o original, isto é como a nossa morte. Morremos, mas a nossa outra parte continua viva no tempo. É a esta segunda parte nossa que chamamos de alma, e que não julgamos ser material porque ainda não a identificamos nem medimos (como o gato de Schrödinger)?
Curiosamente, a grande questão que ainda persiste, tal como no tempo de Einstein e de Bohr, em 1935, é que ao medirmos uma partícula, ao analisá-la, ela se comportaria como se tivesse “vontade” e quebraria o encanto. Em outras palavras, só haveria uma forma de  saber se temos alma: Seria ir até onde ela provavelmente estaria, mas ao fazermos isso, e então voltarmos, poderíamos encontrar o morto, absolutamente vivo ou seu cadáver destruído como se nunca tivesse existido...


Física Quântica e tempo são coisas para loucos, mas funcionam perfeitamente e as interpretamos corretamente com as equações que já possuímos.

Rui Rodrigues.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Deus, religião e ciência – A ultima verdade .




Deus, religião e ciência – A ultima verdade.

Para se entender o que segue é necessária isenção, e, a haver, como deverá haver, um julgamento sobre o texto, deve ser feito ao seu final. De outra forma, nem adianta continuar lendo, a não ser que se abdique do julgamento e se leia por simples curiosidade. Mas creio que podemos chegar a um consenso sobre a existência de Deus, se será único, o que faz Deus todos os dias, seu tamanho, consistência. Tudo à luz do simples entendimento pelo senso comum.

Convenhamos que para ter fé não é necessário freqüentar uma universidade, conhecer matemática, física, línguas, química, geometria, biologia, paleontologia. Podemos sentir-nos os donos do universo sem termos freqüentado universidades por anos.  E de fato somos os donos do Universo. Viemos para colonizá-lo. No entanto, para quem não freqüentou as universidades, não pode entender as ciências. Ou se entende, entende de forma limitada, restrita.

Para ter ciência, saber das ciências do Universo, não precisamos ter fé. Basta estudarmos. Estudar anos a fio todas as ciências. Temos feito isto por séculos, buscando Deus, querendo saber como Ele é e o que deseja de nós, e no fundo, usamos a ciência para explicar Deus, suas características e desejos.

Então, vamos tentar desfazer essa enorme confusão que gira em torno deste assunto: Deus, o Universo, as religiões e a ciência, acabar com as divergências, com as lutas entre religiões, entre os homens e mulheres: Paz na Terra e no Universo aos de boa vontade.

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São milhares de religiões apregoando sua forma de entender Deus. Todas dizem que seu, ou seus deuses são únicos e os melhores. Todas elas têm “fiéis”.  Fiéis vão a templos. Dão as suas oferendas, fazem parte de uma sociedade. Mas se cada deus ou a forma de entendê-lo são únicas, qual delas mostra o Deus tal como ele realmente é? Se deuses estivessem à venda em estatuetas em amplo mercado, cada um escolheria o seu de acordo com seus anseios. Anseios de justiça, de uma verdade que não mude com o tempo. Ora, Deus, para ser único e construtor de universos, não pode ser igual a nenhum dos que nos apresentam as religiões. Admitamos que Deus existe. Mas não como nos tentam mostrar que seja. A existir tem que ser muito melhor e maior do que nos mostram. Vejamos porque razão...

Depois de mais de 40.000 anos estudando teologia e as ciências, chegamos a uma conclusão na ciência: O universo é produto de um fenômeno a que chamamos de big-bang, originado por uma partícula ínfima que se pode identificar como um buraco negro. Isso é mais do que certo pela simples razão que pode explicar todas as forças conhecidas, as partículas, a energia, a matéria, as Galáxias, as estrelas, os planetas, todos os corpos celestes, a vida na Terra. Não há o que discutir. Se buscamos uma verdade, já a encontramos. Como no interior de buracos negros não existe tempo, não há nada a explicar do que havia antes, porque sem o tempo, não havia nada, e nem a hipótese se levanta. E neste caso, onde estaria Deus? Dentro, ou fora da partícula que proporcionou o Big-bang?

Dentro do buraco negro primordial – ou branco, aquele em que nada entra, nem a luz, e tudo sai, e onde também o tempo começa a existir – Deus poderia existir, mas então, teria que existir também antes, para fazer a sua Obra, construir seus universos. O universo, uma obra sua. Então Deus existiria antes e imprimiu ao Universo as suas leis. Stephen Hawking afirmou que, como o tempo não existe dentro de buracos negros – e nem duvidamos – Deus não precisaria necessária mente existir antes, porque sem o tempo, nada poderia existir. Porém, no falso vácuo onde se originou o big-bang, outros universos ainda devem estar nascendo desde um tempo infinito para "trás". Neste universo o tempo se iniciou no Big-Bang e em outros universos em seus respectivos Big-Bangs. Se pensarmos num único Big-Bang que deu origem a outros, nada muda.   

Mas esta produção deve estar sendo levada a cabo desde o “inicio de todos os tempos...” desde o primeiro universo a ter sido formado, há um tempo infinito atrás.  Talvez Stephen Hawking se tenha esquecido que o tempo começou a ser contado, para o nosso universo, para nós, mas não para Deus, e a existirem 11 dimensões neste Universo, pelo menos, sendo algumas delas muito grandes e outras extremamente pequenas, não sabemos se alguma delas é “comum” aos demais universos, como se fosse um “elemento de ligação”, assim como "buracos de verme" ou "túneis de minhoca". Sabemos ainda muito pouco sobre tudo o que nos envolve.

A conclusão final de Stephen Hawking é que não teria sido necessária a intervenção divina para construir este universo. Ao que parece não considera a teoria das probabilidades, e dentro dela, qual a probabilidade de acontecer um universo como o nosso com toda a infinidade de leis que o regem, afinadas, intemporais, em perfeita harmonia umas com as outras, porque herdadas e constantes desde o inicio dos tempos. Suas leis, tal como nas da natureza viva que observamos, permitem a evolução, seres vivos com aparente “deficiência”, cor de pele variada, formas diferenciadas de pensar, e até universos com aparente “defeito”, que colapsam ou se expandem indefinidamente. No entanto, as aparentes deficiências podem ser apenas aparentes por fazerem parte de sua grande obra e para ela sempre contribuírem.

Quem quiser acreditar em Deus, como eu, que acredite. Temos a liberdade total para escolhermos, mas uma coisa é certa: Não pode ser como nos dizem que é, em qualquer uma dos milhares de religiões que existem, porque diferem entre si... E não acredito que uma só delas seja a certa, a correta, que explique Deus de forma insofismável, sem contestação, e nos dê a conhecer, dizendo: Olha... Aí está Deus!

Deus, ao que me parece, constrói universos e é exterior a eles, podendo estar também no seu interior. Presumindo que não haja nada fora do espaço que contém os universos, então Deus não estará lá: Deve provavelmente estar em cada partícula, em cada quanta de energia, dentro de cada um de nós. Se dividirmos o Universo em matéria, energia e espírito, poderíamos dizer com grande aproximação que matéria se transforma em energia e vice-versa, e que o espírito de Deus, inseparável, paira sobre tudo. Deus se confunde muito mais com sua obra, o universo e a vida que contém do que qualquer outra estátua, ou ser vivo endeusado. De qualquer forma, Deus não pode ser aquele Demiurgo que puxa os cordéis do tempo e dos temporais, das árvores e dos animais, controlando-os dia a dia, interferindo, porque quem faz isso são, em absoluto, são as suas próprias leis. Deus não é um trabalhador do Universo. Deus o fez! Deus é.

E é no espírito que residem as leis. Por isso, como Deus está em toda parte na forma de seu espírito, e também dentro de cada um, é que é possível o aparecimento de pessoas como Albert Einstein, Stephen Hawking, e muitos outros e outras, capazes de desvendar, conhecer as leis que regem este Universo...

Cada um de nós entende, ou não entendemos, ou nos recusamos a entender, porque queremos ou não, porque podemos ou não. Vivemos num mundo dominado pela fé cega seja ela religiosa ou não. Milhões de bandidos atuam nas cidades do mundo, acreditando que não serão apanhados pela polícia.  A razão ainda é um bom caminho para evitarmos conflitos e difuldades, e acabar com a ignorância neste mundo   

Rui Rodrigues

domingo, 25 de novembro de 2012

Os Espíritos e o Universo – De Stonehenge a Einstein.





O Universo e os espíritos – De Stonehenge a Einstein.

Todas as religiões se baseiam em espíritos. Num continente afastado da civilização por mais de 40.000 anos, como as tribos da América do Norte, esse sentimento da existência de espíritos estava também presente. Faziam suas orações a Manitu, o Grande Espírito. Como atravessaram da Ásia para as Américas há cerca de 42.000 anos atrás, é mais do que provável que tenham levado essa noção espiritual consigo quando passaram pelo Estreito de Behring. Em todos os livros da civilização ocidental se podia ler até há bem pouco tempo atrás, que “com nosso espírito aprendemos”. Na Idade Média muita gente foi para a fogueira porque “falava” com os espíritos – uma aparente contradição, porque para a Igreja Católica, Deus é um espírito – e nas civilizações orientais, os deuses e os humanos também têm espírito.

Stonehenge é produto do povo Celta, que, como sabemos, sempre esteve voltado para o “divino”, as artes, os espíritos da floresta.

Parece que toda a humanidade acreditamos na existência de espíritos. Eu também, por fé. Creio que até a formação deste e de outros universos se deve a uma intervenção do Espírito Divino pela miríade de leis que o regem, tão estritas, tão bem delineadas que interagem entre si, que, buscar uma casualidade como explicação demonstraria uma completa ignorância de uma das principais leis deste Universo: a das Probabilidades. Seria impossível que tantas leis “ocasionais” se juntassem para fazer este e outros universos. Mas, assim como a existência de Deus e de sua essência demonstra divergências de sociedade para sociedade, com muitos cismas ao longo da história, também no espiritismo se questiona a real função do espírito e de suas manifestações. Acreditar para pertencer a um grupo, uma filosofia, uma religião, e adquirir pela adesão dos seus benefícios, pode até ser normal como hábito social, mas não justifica a razão. Crianças ensinadas desde pequenas na religião dos pais é como “fazer a cabeça”, moldar a mente para a aceitação irracional. Fosse Deus adepto do “mérito próprio”, ou seja, o mérito de aceitar porque se está convencido de forma racional, e poucos de nós teríamos tais méritos: Somos ensinados como qualquer animal doméstico a termos um comportamento e uma religiosidade dos quais raramente nos podemos livrar por hábitos e tradições adquiridas desde a tenra idade.

De forma racional, longe de demonstrações e outros sinais que possam ser confundidos com “mágica”, até pelos mais jovens, que sinais temos da existência do espírito, que todas as sociedades, de modo geral, aceitam?

 Nos primórdios da civilização

Mesmo antes de Stonehenge, na idade da pedra lascada, desde cerca de 2.000.000 de anos atrás até cerca de 10.000 anos AC, nossos ancestrais enterravam seus mortos em posição quase fetal, com suas armas e utensílios que utilizavam, e, fato curioso, flores. Sem dúvida que acreditavam em algo “sobrenatural” que permaneceria no entorno do grupo a que haviam pertencido os mortos, mas de forma “imaterial”, talvez num mundo paralelo, ou de mais fácil compreensão, o “espírito” dos mortos manteriam uma “presença” benéfica aos remanescentes. Por isso os enterravam nas próprias cavernas ou em suas imediações. Os ”espíritos” viveriam no ‘além “, um mundo desconhecido, mas uma coisa era certa: era o mesmo espírito que havia habitado o corpo do defunto que não morria. O espírito deveria ser eterno e” protegeria “os remanescentes. É fácil depreender que, assim como o grupo tinha um chefe nesta vida, lá no além deveria haver um chefe maior, o chefe dos espíritos que lhes dava o” alento “, a vida tal como a conheciam. Estavam chegando, ou haviam chegado, à definição, ainda que rudimentar da” essência “de Deus, e, aparentemente, havia pelo menos dois: O que  movimentava o Sol todos os dias e todos os anos, e o que apagava o Sol durante os eclipses.Um era bom, outro era ruim. Suas orações e oferendas tanto podem ter sido dirigidas ao Deus bom para repor o sol, como ao Deus ruim para que deixasse voltar o Sol.
                            
Stonehenge é da idade do bronze, mas construída com pedras e madeira, e foi começada a construir cerca de 3.100 AC, com uma vala circular com 97,34 metros de diâmetro, com uma única entrada. Internamente havia um banco de pedras e uma construção de madeira. O circulo estava alinhado com o por do Sol do último dia de Inverno e com as fases da Lua. Cinqüenta e seis furos externos continham cinzas de corpos humanos cremados. A construção continuou e em cerca de 1.250 AC (novecentos anos depois, veja-se a persistência e a convicção desse povo), foi realocada a construção de madeira no interior, erigidos dois círculos com pedras azuladas. O externo com 35 pedras que pesavam toneladas, sendo que quatro delas pesam quatro toneladas cada e foram trazidas de Gales, a 42 km de distância. Construíram uma avenida alinhada com o sol nascente no primeiro dia de Verão. Em 2075 AC resolveram por lá fazer nova reforma: Derrubaram as pedras (monólitos) azuis e ergueram pedras enormes, agora com cerca de 25 toneladas cada, transportadas do Norte por 18 km. Um esforço muito maior. Precisavam que isso fosse feito. Entre 1.500 e 1.100 AC, resolveram restaurar 60 das pedras azuis. Juntaram essas 60 a mais 19 e, dentro do círculo interno, as dispuseram em forma de ferradura. A partir de 1.100 parece que a estrutura deixou de ser utilizada. Todos os dias 21 de junho, de todos os anos, o Sol nasce sobre a pedra principal em Stonehenge, exata e precisamente. Perto dali existem as ruínas de uma aldeia neolítica, que existiu ativamente entre 2.600 e 2.500 AC: A aldeia de Durrington, situada em Durrington Walls, no Condado de Salisbury, onde foi encontrada uma réplica de Stonehenge construída com madeira.  

Tudo isto não é coincidência, mas uma decorrência da observação da natureza comparada com forças e fatos inexplicáveis por esta originados, de forma repetitiva, ao longo dos anos. Parece claro que para os habitantes e construtores de Stonehenge havia um espírito superior que regia os dois mundos (o real e o espiritual) e os espíritos particulares, dos seres humanos, cada um com as suas características bem definidas, evidentemente em função da imagem e do comportamento em vida. Da observação do comportamento humano surgiria mais tarde Sigmund Freud para dar aos seres humanos o conforto de se sentirem protegidos, capazes, importantes, confortáveis, fortes, tal como nossos ancestrais se devem ter sentido em Stonehenge, há cerca de 5.000 anos atrás.    

De Stonehenge ao advento de Giordano Bruno.

Qual a inteligência e a consciência que existe na matéria do Universo que a faz transformar-se de energia em matéria, e esta se distribuir em galáxias, estrelas, planetas, cometas, preenchendo espaços, destruindo-se para formar novas estrelas, novos planetas, sempre em transformação? Não será isto um tipo de “inteligência” que ainda não detectamos? O Universo em si, mesmo sem a vida tal como a conhecemos, já demonstra, por si só, ter uma inteligência incomparável. Se não fossemos tão inteligentes, poderíamos ter visto há muito tempo atrás, que seria o Universo a ter o título de Rá – como os egípcios num continente ou os Incas em outro, ambos sem comunicação entre si – E não o Sol como estes pensaram. Que entidade ou Deus teria imprimido no Universo, e, por exemplo, que a massa da matéria se transforma em energia numa quantidade equivalente á sua massa multiplicada pela velocidade da luz multiplicada por si mesma? Hoje podemos fazer-nos estas perguntas, mas no tempo da construção de Stonehenge não. Podiam fazer-se perguntas mais simples. O sol era o responsável pela luz e calor e sempre ocupava a mesma posição quando o tempo começava mudar trazendo-lhes o Inverno ou o Verão. Gelos no Inverno e frutas, culturas, vida, no verão. Assim como para carregar uma pedra até Stonehenge era necessário realizar um trabalho usando a força humana, assim também para mover aquela coisa lá em cima, brilhante, que tinha tanto calor que lá de longe conseguia chegar à Terra, seria necessário que “alguém” fizesse esse trabalho todos os dias todos os anos... Só um Deus poderia realizar tal façanha. Mas onde estaria esse Deus invisível? Sabiam que existia, não o podiam ver ou ouvir. Seria um espírito que poderia até estar vendo o que faziam, poderiam ser julgados por seu comportamento. Teriam que fazer-lhe sacrifícios para acalmá-lo, torcer-lhe a vontade para que lhes mandasse invernos amenos, verões normais, comida, alegria, tranqüilidade. Construíram Stonehenge e lhe oraram orações e fizeram sacrifícios. Deus continuou dando-lhes invernos intermitentemente entre terríveis e até amenos, Verões quentes a ponto de queimar culturas, outros normais, mas eles não repararam que Deus não atuava em função de suas orações. Quando tudo era normal, diziam que Deus lhes tinha sido fiel. Um dia chegaram os normandos e invadiram a ilha. Os normandos pensavam de modo diferente.



Poderia a religião ser uma mera função da forma de pensar de uma nação, um grupo étnico? E algum desses grupos pode ter a religião mais certa? Ou Deus é ainda mais diferente do que todos nós pensamos, em qualquer lugar do planeta?

Mas é-nos confortável ir aos templos, encontrar tantos pensando como nós, acreditando num Deus – e o mesmo deus comum pode ser entendido de forma muito diferente de etnia para etnia - todos formando uma comunidade maior que, pelo número, pela quantidade de fiéis, nos sentimos seguros, confortáveis, importantes, com uma função específica, construtora, na Terra.

Foi assim que apareceram religiões por toda a face da Terra como se Deus tivesse imprimido ao Universo, dentre tantas leis, uma em especial: Deus existe num outro mundo diferente deste, intangível, um mundo de espíritos, para o qual poderemos ter acesso em função de nosso comportamento. Grupos assim, coesos numa forma de pensar, têm tido sucesso ao longo da História, mas por pouco tempo relativo. As religiões não duram mais do que quatro a cinco mil anos. Depois apagam-se porque o prometido pelos videntes e sacerdotes, os quais alegam que Deus lhes teria feito tais promessas, não se materializam, não acontecem. É como se “aquele” seu Deus estivesse ausente, fosse inconsistente ou nunca tivesse existido. A humanidade reza mas não consegue mudar-se a si mesma nem o mundo que a rodeia, para aniquilar com os seus problemas fundamentais de existência. Então joga fora os deuses e buscam outros novos.
Quando iremos encontrar Deus, o verdadeiro, aquele que seja comum a todo a humanidade, a todos os povos? Onde estará?

Um dia apareceu na Terra um sujeito chamado Giordano Bruno, dizendo e demonstrando que a Terra é um planeta que tal como tantos outros num universo infinito, gira em torno de um Sol, uma estrela, e não estas que giram em torno de planetas. Foi mandado para a fogueira pela Igreja Católica que também lidava com os espíritos – O Espírito Santo é um deles - sem saber realmente qual o espírito do universo, ou o espírito dos espíritos. Parece que Deus não fala com sacerdotes ou não são apenas estes que entendem laivos da inteligência divina. Deus tem outra linguagem que teimamos em não reconhecer. Basta olhar à nossa volta e entender qual a sua linguagem. 

Entre Stonehenge e Giordano Bruno haviam decorrido cerca de 4.700 anos. O que se aprendera sobre Deus e os espíritos, com tantas religiões espalhadas pelo mundo, todas elas com um deus espiritual?

A partir dos estudos de Hendrik Lorentz e Henri Poincaré.

Henri Poincaré e Hendrik Antoon Lorentz revolucionaram o mundo da física. Em 1895 Lorentz introduziu um conceito novo, para resolver um outro problema: A concepção de “tempo local”. Isto foi em 1904. No ano seguinte, Albert Einstein publicava a sua teoria especial da Relatividade. Lorentz ganhou um prêmio Nobel e vários outros prêmios, através de seus estudos que já desenvolvia desde 1878. Henri Poincaré desde 1881 desenvolvia seus estudos e se juntou a Lorentz sobre a relatividade. Por essa época, Sigmund Freud já expunha ao mundo as suas teorias sobre a mente humana, e é neste cenário de relatividade e mente humana que vive Alan Kardec (1804 – 1869), o fundador do movimento espírita. Estudiosos modernos do Espiritismo já buscam na Física Quântica novos rumos para o espiritismo, que, ou se reforçará, ou sofrerá cismas. Parece que religião e ciência estão intimamente unidas, e, por mais que sacerdotes o possam negar, são frutos do mesmo “espírito”.  

Independentemente de dizermos que esta ou aquela religião estão mais perto do entendimento de Deus, que progressos fizemos para encontrar esse entendimento, se as religiões se fecham hermeticamente em torno de conceitos, associados intimamente à ciência, e dos quais não abrem mão, lendo sempre os mesmos livros sagrados como se estivéssemos vivendo ainda aqueles tempos de ignorância natural? Não será natural que as religiões evoluam na medida em que o conhecimento evolui? Não constatamos que as “verdades” apostas aos livros – interpretando ou não ao “pé da letra”, estão ficando ultrapassadas?

Porém, desde Stonehenge até esta data e ainda mais além, os cientistas foram perseguidos pela Igreja Católica, e no mundo muçulmano a ciência se calou, sofrendo atraso milenar: A ciência descobria a linguagem de Deus, mas os chefes religiosos não evoluíram para entender e julgam que a ciência contesta as palavras divinas. O problema é que as palavras não eram de Deus. Eram de videntes. As provas estão por todos os lados, em muitas das suras, em muitos dos versículos. 

A partir da nova cosmologia de Albert Einstein


Da matéria ao espírito, visto a um microscópio especial, veríamos na medida em que fossemos aprofundando a análise, que uma célula, como, por exemplo, um ovo, é constituído de pequenos órgãos, e que todo ele é composto de moléculas. Cada molécula composta de átomos. Cada átomo de prótons, nêutrons e elétrons, e todos estes, compostos de quarks. Einstein nem sabia da existência dos Quarks, embora se desconfiasse que algo, ainda material, deveria compor estes elementos que os compõem. Higgs, nas últimas décadas, provou que sim, todos os elétrons, prótons e nêutrons são compostos de pequenas partículas, a fronteira entre a energia e a matéria, chamados de partículas de Higgs. Era tão difícil comprovar a sua existência, que lhe chegaram a chamar popularmente “partícula do diabo”, mas por questão de lógica, mudaram-lhe o nome para “partícula de Deus”, por estarem presentes na formação de tudo o que conhecemos. Será esta a última fronteira entre matéria e espírito?


Passando ao campo dos espíritos, nossa fé nos faz ver coisas que podem ou não existir. Fazem parte do mundo da fé, da fé com ou sem razão. Porém, se o campo aberto pela partícula de Deus puder explicar o “espírito”, nova corrente aparecerá nos próximos anos em todas as religiões do mundo. Não há uma só que até hoje explique Deus, ou sua essência, ou o que realmente quer de nós, se até o Sol já está programado para começar a apagar-se em cerca de mais quatro bilhões de anos, e terminar como uma estrela anã branca em mais sete bilhões, depois de ter engolido os planetas Mercúrio, Vênus e Terra, se sem poder mais manter a vida no Sistema Solar.

Temos que encontrar Deus, a salvação, antes, muito antes dos próximos quatro bilhões de anos, e parece que somente conseguiremos isso se todas as religiões esquecerem as divergências e se unirem para agregar entendimento e cooperação entre os povos. Não há nenhuma “melhor” do que a outra.Deus existe, sim, o espírito também, mas não são, ainda, como pensamos que sejam.

A humanidade agradece que continuemos pensando, estudando, descobrindo. 
 Eu me valho das leis do Universo... Morreu acabou-se tudo! É assim em toda a natureza, e ninguém fica por aí aparecendo ao vivo falando por si mesmo... É tudo através de "intermediários" sucessores... Desculpem, mas é minha opinião... Quando me aparecer um espirito falador por si só, que enfrente uma plateia para ouvi-lo, acreditarei em escritores de livros que não precisam comprovar nada 

Rui Rodrigues

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Proteção Solar - Corre humanidade, corre!...



Corre humanidade, corre!...

Algures, em muitos lugares deste planeta, a juventude diverte-se em algum show com artistas populares, amigos e amigas jantam num restaurante ou em suas casas, crianças vão para a escola, adolescentes para as universidades, em algum lugar de nosso planeta algum líder, sem consultar a opinião popular declara ou está em guerra com algum grupo revoltado ou com uma nação, governantes distribuem verbas públicas como acham melhor, veículos se movimentam nos ares, em terra, nos mares, casais de namorados dividem seus momentos, mas nem sempre será assim...

Haverá um tempo em que o Sol que nos proporciona a vida irá crescer milhares de vezes, ficará avermelhado e mais quente ainda, até engolir as órbitas de Mercúrio, Vênus, e tornará a Terra inabitável até a engolir também. Ainda temos cerca de quatro bilhões de anos para pensar nisso, época em que o Sol iniciará seu aumento de tamanho, se nenhuma catástrofe natural não nos aniquilar antes, ou algum governo não decidir iniciar uma guerra nuclear, mas há uma pergunta que temos de nos fazer:

- Teremos tempo, nestes quatro bilhões de anos que nos restam, para prepararmos uma saída e evitar essa catástrofe? Vejamos a seguir:

Ao aumento espetacular do tamanho do Sol, seguir-se-ão explosões parecidas com as de supernovas, que inviabilizarão a vida em Marte, também. Se a humanidade pretende uma solução definitiva para a sua sobrevivência, poderá, entretanto, usar Marte e outros planetas do sistema solar para experiências visando a colonização de mundos futuros, mas deve concentrar a sua atenção em planetas fora do sistema solar que não corram o mesmo rico do Sol em futuro tão próximo. Afinal, logo após as explosões, o Sol encolhera novamente, mas não emitirá luz nem calor como agora. A solução está, portanto, fora de nosso sistema solar. Sob este pressuposto, e com o que temos nos dias de hoje, não podemos esperar nenhum planeta mais próximo do que 4,2 anos luz. Algo como uma distância correspondente a cerca de 40.000.000.000.000 de km. Como nossas naves atuais não atingem mais do que 77 km/s, uma viagem até lá duraria cerca de 50.245 anos... Como nossa população é de cerca de 7,5 bilhões de pessoas, para salvar todas teríamos de construir uma nave gigante onde coubessem todas, em ambiente auto-sustentável e fazer uma viagem só. Sendo assim, teríamos tempo suficiente e poderíamos até dormir sossegados... Não fossem os problemas de termos que, bem antes, preparar o planeta para que possa ser habitado, e não podermos construir uma nave com esse tamanho sem pensarmos em como manter tanta gente viva durante tanto milênios de viagem com controle rigoroso de natalidade... Temos que começar a pensar nessas viagens, porque a possibilidade começa a ficar difícil. E isto nos faz surgir outra pergunta:

- Salvar-nos-emos todos, dos que então habitarem a Terra, ou apenas uma pequena parte? Somos uma pequena nave espacial amarrada ao Sol, sem mecanismo de direção controlável, e está ficando cheia, repleta, transbordante...

Precisamos construir motores mais eficientes e velozes, sem dúvida, e com a velocidade de desenvolvimento tecnológico em que caminhamos, já estamos bem atrasados. Melhor começarmos a pensar numa visita tripulada a Marte para treinarmos – como se fossemos um exército com alvo bem definido - e ao planeta Europa. Através de telescópios, identificar a existência de planetas que estejam a uma distância habitável de sua estrela e tenham a dimensão e composição similares às da Terra. Ao mais confiável, enviar uma nave de exploração. O tempo urge e contrariamente ao numero tão amplo representado pelos quatro bilhões de existência adicional prevista para o nosso Sol, o tempo já é curto.

Fixemo-nos em Alpha de Centauri, o sistema mais perto que existe – imaginando que seja lá o nosso destino – só para vermos o tamanho da encrenca em que já estamos com quatro bilhões de anos de antecipação...

Imaginemos que somos capazes de construir naves com velocidade mil vezes maior, ou seja, que viajem a 77.000 km/s (uma impossibilidade para os próximos duzentos anos). Cada nave levaria cerca de 50 anos para ir e para voltar. Poderíamos construir 1.000 naves dessas? Creio que sim, mas cada uma não poderia levar muito mais do que 100 pessoas, que seriam enviadas aos vinte anos e teriam setenta quando chegassem lá, mas já seriam avôs e avós com uma descendência que atingiria o total aproximado de 200 pessoas com todo o cuidado. As naves teriam que ir e voltar, num ciclo de ‘100 anos, levando de cada vez 100 pessoas. Como somos 7,5 bilhões, levaríamos cerca de 750 anos para salvarmos a todos. Somando a este tempo, o necessário para o desenvolvimento das tecnologias necessárias, e a preparação adequada do planeta, poderíamos esperar algo como uns 1.500 a 2.000 anos para a operação total, na melhor das hipóteses. Seria como ter começado a operação quando Jesus Cristo nasceu e só agora termos evacuado o nosso planeta...

Mas tudo isto é mera hipótese otimista, porque talvez o planeta que buscamos não esteja por lá. Pode estar mais longe do que isso e exigir uma preparação ainda mais longa. E, além disso, conhecemos bem os governos que temos. A continuarem assim, desviarão verbas para onde sempre desejam e os preparativos para a salvação serão negligenciados. Então, premidos pelo tempo, entrarão em guerra para ver quem tem mais direito a um lugar fora da Terra agonizante. Farão seleções, enfrentarão revoltas. O planeta pode “arder” ainda antes de iniciado qualquer projeto de evacuação, e as naves serem destruídas antes de lançadas.

Ou então, darão aquelas soluções improvisadas, de última hora: Enfiam um cérebro num recipiente ligado a suprimento de açúcar, a um rim e a um coração-pulmão artificiais, montam tudo sobre um exoesqueleto resistente ao calor, à corrosão e à pressão, e mandam para o planeta juntamente com uma farta munição de provetas e espermas e óvulos congelados. O cara que se vire por lá, no planeta, para fazer tudo funcionar. Com controle à distância podem até mandar um robô para cuidar da prole de bebês de proveta...
Ou podem fazer alterações genéticas em seres humanos, transformando-lhes o corpo até para voarem, ou com guelras para poderem submergir...

Histórias em quadrinhos tornando-se realidade. Mas se deixássemos a imaginação correr frouxa, não pararíamos por aqui.


Rui Rodrigues

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cada vez mais perto de encontrarmos Deus


Deus e o Big-bang – para físicos, religiosos e leigos


“Penso, logo existo”.


Como poderíamos aceitar que alguma entidade nos proíba ou limite o pensar sem que, imediatamente, temamos por nossa existência?  Que entidades seriam essas que poderiam pensar em limitar-nos o pensamento se elas também “pensam”?

Não é difícil deduzir que, nesse caso, o que existiria seria uma divergência na forma de pensar. Parece ser isso o que acontece em termos de religiões – todas elas – e a ciência. No entanto, enquanto a ciência se apóia em fatos matemáticos, físicos, químicos, e evidencias, seguindo teorias e abandonando-as quando não explicam a nossa existência, as religiões baseiam-se em livros escritos há milhares de anos por pessoas que, a pretexto de terem tido inspiração divina, não tinham os conhecimentos que temos hoje. Mas está em causa, também, a inspiração divina. Afinal, são tantas as religiões que já imperaram na humanidade no passado e que já jazem no pó, e tantas as que ainda existem, cada qual com seus livros sagrados mostrando deuses que dizem ser “único” mas que se interpreta de forma tão diferente, que, excluindo os aspectos sociais de “ter” que fazer parte de uma religião, fica difícil escolher em qual “deus” acreditar, ou que livro sagrado contém mais verdades sobre seja o que for. De modo geral, cada religião se julga melhor do que a outra, assim como nações, regiões, partidos políticos e torcidas de times de futebol.

Chega a parecer, para não se afirmar, que “religião” é um assunto social idiossincrático, transmitido culturalmente, por tradição, cuja adesão se dá desde criança por ensinamentos, não sendo possível a cada criança negar sua adesão por força das circunstâncias.

Têm sido os nossos cérebros humanos, dos que se têm preocupado ao longo dos séculos de civilização, que descobriram a matemática começando pela soma e subtração, a qual serviu de pilar para a descoberta da física e da química. Descobriu-se, e isto é uma verdade insofismável, que todo o universo conhecido se rege por leis físicas e químicas suportadas pela matemática. Admitindo que não houvesse até hoje nenhuma religião e aparecesse um profeta, possivelmente diria:

- Deus fez o Universo por sua vontade, segundo as suas leis da física, da matemática, da química e da biologia, quando provocou o Big-Bang e nele as imprimiu. Depois, para descansar, foi embora e deixou o mundo entregue às suas Leis.

A tradição levaria essa fé por milhares de anos. Adeptos fundariam uma igreja após a sua morte, por fé ou por ambição, e passados anos haveria dissidências e novas religiões se formariam. Apareceriam novos profetas para novas religiões. Pensando num futuro ainda mais distante, estes novos profetas e aquele primeiro seriam considerados ignorantes pela nova leva de profetas do futuro, agora mais instruídos após novas descobertas da matemática, da física, da química e da biologia. As religiões acompanham a ciência. Os magos (físicos) do faraó conseguiram reproduzir algumas pragas iguais às de Moisés. Sacerdotes judeus fizeram curas iguais às de Jesus. Com 80.000 visitantes por mês à gruta de Lourdes na França, ao longo de décadas, apenas 66 milagres foram confirmados, e nenhum deles ressuscitou alguém, refez uma perna perdida em acidente, regenerou os movimentos de tetraplégicos. Em algumas TVs no Brasil escutam-se notícias de “milagres” todos os dias, mas não de regeneração de membros, como se quem tiver uma perna extirpada não faça parte das atenções de Jesus, sendo, portanto descriminados.

E voltamos ao inicio de raciocinar sobre se o Universo faz parte da Obra de Deus ou apareceu por acaso, mas não podemos raciocinar sobre nenhum dos livros sagrados religiosos, mas sobre todos, porque todos interpretam Deus de forma diferente. Sendo assim, Deus, a ser único, não pode ser nenhum daqueles e tem que ser diferente. Não sendo único, temos um grande problema: Quem os comanda e é o Deus dos deuses?


Sendo assim, temos o Big-Bang e um Deus Único – que tem interpretação diferente das que conhecemos – e precisamos definir se o Big-Bang foi ou não uma conseqüência divina ou se poderia ter aparecido por acaso. Não que realmente precisemos, mas acreditamos que seria bom se tivéssemos uma definição. Somos uma humanidade curiosa que gostamos de pensar e, logo, de existir. Se não pensarmos, acreditamos que seriamos iguais aos outros animais que conhecemos, os quais não parecem estar preocupados com a existência e suas causas.

É fato que as leis da física que conhecemos não se aplicam ao primeiro instante do Big-bang. Aplicam-se apenas a partir de algo como 10 elevado a -37 segundos, ou seja, 0,00000000000000000000000000000000000001 segundos. Entre 0 (zero) segundos e este tempo, ou há leis da física que não conhecemos ainda, ou foi nesse período, ou antes, que Deus teria dado origem ao Big-bang ou o adaptado para que pudesse conter vida tal como a conhecemos. Se o Universo não tivesse sido criado para a vida, seríamos uma conseqüência aleatória de suas leis, e teríamos outro grande problema: Deus existiria, mas nossa existência não teria sido por sua opção determinada. Deus teria intervido na formação do Universo e depois se teria retirado, deixando-o entregue a suas próprias leis que tudo comandam por si só. 

Mas apenas esta forma simplista de analise não basta para definir se Deus interferiu ou não no Big-bang, ou para determinar se Deus existe ou não. Temos que nos debruçar sobre as leis da física, da matemática, da química, da biologia, e, principalmente, nos fixarmos na quantidade de leis que sabemos hoje serem absolutamente válidas neste universo.

A pergunta é: Que fatores determinariam um universo com tantas leis interligadas, que explicam, definitivamente, o Universo em que vivemos? O que a teoria das probabilidades nos diz é que, quer em função da “densidade crítica” do universo que no inicio do Big-Bang se aproximou de 1 (um) com incríveis 15 casas decimais, quer pela totalidade daquelas leis existir e interagirem de forma a explicar este universo, a probabilidade de existir o Universo e conter a vida que contém, seria como tentar equilibrar um lápis apontado em pé sem o segurar. Poderíamos ficar a vida inteira tentando e não conseguiríamos.


Diz a Física quântica que o falso vácuo – de onde surgem os universos - é metastável, isto é, seu tempo médio de vida é tão curto, que se esperarmos alguns segundos veremos um big-bang aparecer, mas isto nos remete exatamente para o ponto original com umas perguntas adicionais:

- Estaria Deus no falso vácuo, teria Deus feito o falso vácuo, ou o falso vácuo é parte de algo ainda muito maior?

Ainda que não tenhamos a certeza da existência de Deus – afinal ainda não O vimos ou  ouvimos – acreditar em sua existência é absolutamente plausível. Mas já podemos ter certeza, também absoluta, que somente por acaso alguma das religiões que conhecemos O tenham descrito como realmente deve ser. E a probabilidade de o ter descrito exatamente é tão pequena ou ainda menor do que a probabilidade de um big-bang dar origem à vida tal como a conhecemos.

Rui Rodrigues





terça-feira, 20 de novembro de 2012

O empacotador de lembranças do Mali



O empacotador de lembranças do Mali

Modibo Keita não acreditava na sorte nem em seu meio-irmão, o azar. Um dia, em 1961, caminhando ao lado de seu camelo pelas areias que levavam a Tombuctu encontrara uma ferradura. Nessa época tinha oito anos e ia com sua mãe e seu pai à cidade para fazerem compras. Apanhou a ferradura e jogou-a fora imediatamente porque “sabia” que jamais teria um cavalo. Sua família sempre fora mais ou menos pobre, dependendo do tempo, dos ventos do deserto e do rio Níger. Teriam que ir pelo menos uma vez na vida a Meca, mas jamais teriam dinheiro para a viagem, e Meca ficava muito longe. Tinha certeza que nisso falharia com Alah. Por isso a ferradura não lhe iria servir. Seu pai que o vira apanhar e jogar fora a ferradura, parou o seu camelo, foi até ela, apanhou-a, passou-lhe os dedos para retirar uns pequenos e soltos grãos de areia e disse-lhe que talvez um dia precisassem dela. Guardou-a carinhosamente no saco de algodão colorido que a mulher tinha tricotado para ele.

Modibo Keita tinha apenas oito anos mas já percebia quando uma pergunta podia deixar alguém encurralado, procurando forma de responder de forma superior e inquestionável, sem contudo o conseguir. Sabia que quando se fazem perguntas dessas a um superior ou a um pai, se ele tiver resposta, ficará orgulhoso e com ares de superioridade, mas se não tiver, criança sempre fica arriscada a apanhar. Mulheres não podem perguntar nada. Aprendem desde crianças a não perguntar. Os que falam em nome de Alah e dizem que o interpretam, não permitem que se pense e muito menos às mulheres que os parem. Mesmo assim perguntou:

-O senhor já foi a Meca, Pai?


Como esperava, a resposta demorou a vir. Contou as passadas do camelo desde que fizera a pergunta até obter a resposta. Na sexta passada o camelo começou a evacuar. Na oitava passada o pai respondeu-lhe.

- Quase que fui, meu filho, mas as despesas com o teu nascimento foram muitas e não pude ir. Alah vai entender se um dia eu não puder ir a Meca. A vida está muito difícil, e o que vendo mal dá para pagar a comida e os impostos. Quando os franceses andavam por aqui, de 1855 até 1960, ainda havia alguns postos de trabalho bem pagos. Depois que saíram os impostos aumentaram, houve mais empregos porque o governo os distribuiu entre amigos, mas cada vez mais mal pagos. Um dia me ajudarás a ir a Meca. Iremos juntos. 

Modibo Keita pensou na mãe. A mãe jamais iria a Meca, e se os heróis iam para o Paraíso onde encontrariam sete virgens à sua espera, pensou que se tivesse nascido mulher e quisesse ir para o Paraíso teria que ser virgem até o final da vida. Não havia outra forma de uma mulher ir para o Paraíso, nem sua mãe que tanto amava.

Lembrar-se-ia, no futuro, desde momento porque era importante, e tudo o que era importante Modibo Keita guardava em pacotes que carregava ao longo do tempo. A importância deste pequeno pacote eram a lembrança de seu bom pai, de sua boa mãe cujas ponderações só eram ouvidas no lar e entre as amigas, mas jamais de viva voz nas ruas. Se futuramente algo mais acontecesse relacionado com isto, acrescentaria a este seu pacote de lembranças.

Modibo Keita cresceu. Aprendera na escola que seu país já fora o mais rico de África, o maior de todos os Impérios medievais africanos, nos séculos XIII e XIV. O Império Mali.  A riqueza se fez pelo tráfico de escravos, ouro, sal, peixe, cobre, couro de animais, noz de cola e cavalos. O maior território imperial, maior ainda do que o Império de Gana ou Songhai. Dizem que o grande Imperador Mansa Mussa, que trouxe o islamismo para o Mali, em sua peregrinação a Meca levou cerca de 15.000 homens e cem camelos carregados de ouro. Naqueles tempos conviviam muito nem com cristãos e judeus. Depois veio o declínio por causa dos descobrimentos portugueses que lhes tomaram o comércio, e o golpe de morte por ataque marroquino que desfez o Império no século XVI. Depois vieram os franceses que ficaram de 1855 a 1960. Com estes até havia algum emprego que era distribuído pelos mais amigos do governo e os “mais crentes ou fiéis seguidores do Islã”, mas havia alguns aspectos que não estavam muito claros, e de vez em quando a fé batia de frente com a justiça.

Este passado de glória de suas origens Modibo Keita também guardou num pacote especial que sempre carregava consigo. Sabia que o Mali jamais voltaria a ser um Império, a ser rico como foi no passado. O que fizeram eles, com o dinheiro, os que dão ordens e dizem que religião seguir e como interpretar o que diz Maomé ou Alah? Acaso são essas vozes de Maomé ou de Alah? Gastaram em pompas e nada fizeram pelo povo que continua até hoje com muita fé e poucas condições de sobrevivência, porém fiel, sempre fiel, como se aprende na Universidade de Sankore, a Mesquita. Este era um pacote inesquecível.



Sua mãe falecera há pouco tempo. Tinha poucas conversas com sua mãe, o que lhe tornara a educação desbalanceada. Felizmente, em meio a tanta dor de a perder, ela não assistira nem ouvira notícias da localidade de Aguelhok, ao norte do Mali: um casal amigo de Modibo Keita tinha resolvido viver junto sem serem casados.  Invejosos e extremistas que só entendem de Maomé e Alah o que desejam entender, apedrejaram o casal até a morte. Modibo imaginou se tivesse sido com sua mãe. Era impossível que um deus bom como Alah e um profeta como Maomé determinassem, eles mesmos, um castigo como esse. Modibo tinha certeza que entre as mãos que seguraram e atiraram as pedras havia muitas cujas cabeças a que pertenciam não concordavam com o apedrejamento, mas tinham que mostrar que eram fiéis: Fidelidade de conveniência, frustração de não poder reclamar sem castigo e sem perder o apoio da comunidade: Os líderes mandavam, impunham, mesmo contra o Corão, mas se julgavam sempre certos. Isto acontecera no Norte do Mali tomado por extremistas do Islã, ligados ao grupo Al-Qaeda, ao qual pertencera Osama Bin Laden. Este grupo destrói a história e os monumentos do Mali. Destrói a fé de seus habitantes. Destrói lares e vidas. O casal, como Modibo sabia, não fazia restrições a ter filhos. Ela provavelmente estaria grávida. Os bons se vão no Mali, gente ruim fica. Gente ruim não deveria herdar o mundo, mas normalmente dominam pela força, procriam e têm descendência. Gente fiel perde a vontade de construir uma nação, em meio tão hostil.


Modibo não sabia onde colocar este pacote de lembranças: Se na sua fidelidade ao Corão, ao governo, a seus pais, à humanidade, ou ao povo Mali. Resolveu colocá-lo em um espaço especial, como num corredor onde busca lembranças sempre que precisa comparar alguma coisa, algum fato, julgar com justiça, abre a porta correspondente e entra. Guardaria juntamente com as lembranças de seus amigos tuaregues, alguns deles - do lado errado-  a serviço dos extremistas da Jihad.

Modibo tinha um computador escondido, configurado na Costa do Marfim e uma máquina fotográfica digital. Conhecia a Internet e a Primavera Árabe. Só precisava recarregar as baterias de seu computador portátil e as pilhas recarregáveis da máquina fotográfica. Juntou todos os seus pacotes empilhados ao longo dos anos, seu camelo, e partiu para o campo de batalha. Daria a conhecer ao mundo o que se passava no Mali, o que faziam com sua gente, e como é falha a justiça dos homens que falam em nome de seus deuses e profetas. São esses mesmos os que menos condições têm de ouvi-los. Modibo Keita levaria ao mundo a palavra da verdade.

Rui Rodrigues