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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Big Bang sem explosão – Assista de olhos fechados.


O Big Bang sem explosão – Assista de olhos fechados.


Para poder entender (mais ou menos) como se deu o Big Bang, no caso de leigos como eu, é necessário ler com atenção o texto sobre a introdução à física quântica em  http://bardochoppgratis.blogspot.com.br/2012/07/facil-introducao-fisica-quantica-para.html e lembrar que sim, do “nada” pode emergir, consubstanciar-se “alguma coisa”. Isso é o que nos diz a Física Quântica. Bem... Do nada, do nada mesmo, não... Mas de algo muito parecido: O falso vácuo. É denominado assim, de “falso”, porque é “temporário”. Mesmo sendo parecido com o vácuo verdadeiro, e ao contrário deste, tem a propriedade de ser metastável, isto é, é extremamente instável. O vácuo comum você pode deixar quieto e esperar uma eternidade que não acontece nada.

Para que tenhamos uma idéia do vácuo verdadeiro, não temos no mundo um equipamento que possa extrair toda a matéria e a energia de, por exemplo, um cm3 de “espaço”, de forma a produzirmos o vácuo verdadeiro, extraindo toda essa energia ou matéria e deixar esse cm3 completamente vazio...  Devemos ter sempre em mente que uma teoria que tente explicar este nosso universo – e ou outros - é boa enquanto explica tudo o que vemos. Se não for assim, revisa-se, e se for o caso, abandona-se.

Mas se desejar continuar assim mesmo sem acessar o link que sugerimos,... Vamos lá...

Imagine-se “olhando” para o acontecimento, como se fosse um “deus” que fez a sua obra e cresceu tanto ou mais do que o próprio universo que está criando – desde quando este era apenas uma partícula, ou algo correspondente a 25 gramas, ou um pão francês – acompanhando o crescimento de sua criação. Isto lhe permitirá “ver” o que vai acontecendo ao universo desde sua “ultra mini-miniatura” até essa imensidão da qual só conhecemos uma pequena parte (O universo total é pelo menos 10 elevado a 23 vezes maior do que a parte que vemos atualmente, ou seja, 100.000.000.000.000.000.000.000 vezes maior).

Para poder fechar os olhos e viajar até a formação do Universo, peça que alguém lhe leia este texto, e feche os olhos... Mas não imagine nenhuma explosão porque não a houve...


Etapa 1 – O falso vácuo se desintegra

Vimos que no falso vácuo os campos de Higgs permitem prever o aparecimento de uma partícula, ou “Bóson de Higgs”, ou ainda como é mais conhecida, a “partícula de Deus”. O surgimento do Universo, ou de uma infinidade deles, pode ter partido da instabilidade do falso vácuo ao criar uma ou mais dessas partículas, mas não houve explosão nenhuma. Definitivamente não!  E antes que se pergunte sobre o que foi feito do “falso vácuo” que deu origem ao universo, ele ainda está lá... E como é fácil adivinhar, está produzindo mais universos, porque é “metastável”.
O nosso faz parte – provavelmente – de uma infinidade de universos, alguns tendo aparecido há um tempo infinito para “trás”, no tempo, e daí para cá, novos surgem a todo o instante, outros que estarão emergindo agora, neste instante, e outros que emergirão. O nosso somente pode ser “intuído” a partir de ínfimos instantes a partir de seu surgimento, quando era ainda uma pequena esfera de dimensões próximas do zero.

Então, olhe toda a escuridão do falso vácuo, e veja aquela pequena esfera escura (com dimensões tão pequenas, só mesmo sendo “deus” para conseguir vê-la, mas admitamos que a vê). Reduza também a medida de seu tempo bilhões, trilhões de vezes para poder ver tudo como se fosse em câmara lenta, porque essa ínfima esfera vai inflar tão rapidamente que a luz, que viaja a 300.000 km/s parecerá estar parada. Com a mesma medida de tempo que temos, não poderíamos “ver” nada.

Tenha em mente também que essa esfera, tão ínfima, tem volume quase igual a zero. Como a densidade é igual à massa (ou energia) dividida pelo volume, podemos avaliar que a densidade só pode ser infinita (qualquer número dividido por zero é igual a infinito). Ela é praticamente redonda nesse instante. Também, essa esfera deve ser uniforme, isto é, todos os pontos internos devem gozar das mesmas propriedades. A esfera é também extremamente quente, com temperaturas muito acima dos bilhões de graus kelvin – ou centígrados - não importa para nós, leigos, em qual unidade se mede a temperatura neste caso.

O falso vácuo tem outra propriedade: Ele apresenta o mais baixo nível de energia. Para que sua energia varie e atinja outros mais elevados, é necessário que algo aconteça nos campos de Higgs. Para os crentes, poderão dizer que foi o dedo de deus que lhe deu um peteleco. Para os estudiosos da Física Quântica, isso de deve à própria instabilidade do falso vácuo, fazendo com que os vetores do campo de Higgs mudem rapidamente de valores, de modo frenético, quer por tunelamento quântico, quer pela evolução dos estágios de energia. Para nós, que somos leigos, isso não interessa muito. O que interessa é que antes de decorrido um minuto, o universo – aquela esfera - já não é redondo. Vista do lado de fora, por você, verá que a fronteira do universo é praticamente plana. Não poderia ser diferente para uma esfera que infla de forma exponencial e que é homogênea, submetida a enorme pressão que a faz inflar tão rapidamente (imagine uma bola inchando. Sua superfície vai ficando menos redonda e mais plana na medida em que infla). A temperatura baixou consideravelmente, mas ainda não há luz. O interior é uma “pasta” sem luz, com densidade de energia constante. Tem que ser constante, porque caso contrário não estaríamos aqui para perguntar. Ademais, não haveria para onde mandar ou de onde retirar mais energia: O universo está nesse instante e neste também, rodeado de falso vácuo. O falso vácuo também infla. (Tente ver uma porção de esferas, ou de universos inflando a velocidades superiores à da luz, num meio que também infla, senão as esferas se chocariam e se aniquilariam).
Essa pasta do Universo no primeiro minuto de “vida” está sujeita a leis que não sabemos de onde surgiram. Uns dirão que foi deus que as imprimiu logo no início da formação do universo com um peteleco. A física não tem respostas, mas sabemos que tais leis são verdadeiras porque explicam o universo tal como o conhecemos, e ainda não descobrimos todas as leis. E=mc2 é uma dessas leis descoberta por Albert Einstein.

Como curiosidade, descobriu-se que há uma densidade crítica a partir da qual os campos de higgs não produziriam um universo como o nosso. Chama-se a essa densidade crítica de “Omega”. A densidade crítica Omega deve ser igual a um ou muito próximo disso. A do nosso universo varia hoje entre 0,1 e 2. No inicio do universo variava entre 0,999999999999999 e 1,000000000000001 (quinze casas decimais). Na medida em que infla de forma exponencial ( o volume aumenta rapidamente) e para que a densidade se mantenha é necessário que surja mais matéria. A matéria é retirada da energia gravitacional que é negativa. Na medida em que o universo infla e se expande, a temperatura baixa quase que na mesma proporção e mais massa surge.

2-  E  a luz se fez.

Até 300.000 anos após o inicio do big bang havia uma sopa de elétrons super agitados. Até aqui, ainda não havia luz, mas o universo já era tão extenso que tinha uma dimensão de 900.000 anos luz. È a partir desta fase que o universo já super resfriado permite a interação entre elétrons e núcleos atômicos para formar átomos eletricamente neutros. A luz se faz, e à velocidade de 300.000 km/s tem ainda um horizonte de 900.000 anos para conseguir atingir os limites do universo. O universo torna-se finalmente transparente. Essa luz ainda não chegou até nos porque o Universo inflou muito mais do que esses 900.000 anos. Estamos hoje a cerca de 13,9 bilhões de anos desde o inicio do big bang.   

A análise da radiação cósmica de fundo – os ecos do big-bang – ainda chegam até nós e mostram a uniformidade do universo.

Para entrar em detalhes sobre todas as dúvidas que ainda deve ter – este artigo serve apenas para “tentar visualizar” o big-bang e mostrar que não foi uma “explosão” – consulte, por favor, literatura relacionada com William G. Guth, Stephen Hawking, Albert Einstein e outros.

Rui Rodrigues











domingo, 4 de novembro de 2012

Goa, Damão e Diu – Outra verdade!




Notícias de Salazar sobre Goa, Damão e Diu

Goa, Damão e Diu – Outra verdade!
Vivíamos quase iludidos. Salazar falava dos ventos da história. Ele conhecia os ventos da história, mas sob a sua ditadura, as notícias que nos chegavam sobre tais ventos eram passados pelo filtro da vontade de Salazar, o “domador de lusos”, que os mantinha controlados no chicote. Porém, o pouco que se sabia era suficiente para sabermos quem tínhamos no poder.
Com Goa como capital do Estado português da Índia desde 1505, esta parte do território português incluía boa parte da costa de Malabar na península de Guzerate, incluindo Damão, Diu, a ilha de Angediva a sul de Goa, Dadrá e Nagar Haveli, Simbor e Gogolá, Bombaim cedida à Inglaterra como bodas de casamento de Catarina de Bragança, de Portugal e o rei Carlos II de Inglaterra. Em 1947 a Inglaterra, por ação do grande Mahatma Gandhi, reconhece a independência da Índia que pede a devolução de todas as possessões portuguesas. Levado o caso ao tribunal de Haia e às Nações Unidas, era evidente que deveria devolvê-los exatamente por aqueles ventos da história a que Salazar se referia. Salazar, domador de lusos, também queria domar estes ventos. Portugal manteve esses territórios até 1954. De 1954 a 1961, Portugal apenas conseguiu manter Goa, Damão e Diu. Nessa oportunidade Portugal tinha o maior exército ativo da Europa, e gastava os recursos da Pátria para combater ventos. Enquanto Portugal tinha cerca de dez milhões de habitantes, a Índia – ou União Indiana como se conhecia em Portugal – contava com cerca de 600 milhões. Era uma luta desigual, um David às avessas lutando contra 100 Golias que nem atacavam armados. Gandhi queria tomar posse do que era seu de forma pacífica tanto quanto possível.
Em 1954 eu tinha nove anos. Não entendia muito bem os acontecimentos, mas sabia o suficiente para me preocupar em crescer rapidamente para lutar ao lado dos meus patrícios. Quando me fui despedir de um primo, o Gabriel André, que partia num transatlântico mobilizado para transporte de tropas no Cais de Sodré, ainda lhe disse que um dia seria eu a entrar num navio daqueles. Eu leria todos os livros de Emílio Salgari, mas até aquele momento só tinha lido – Sandokan conquista um trono e achava a guerra colonial uma aventura a sério onde se podia ser herói vivo. Resolvi que logo que pudesse eu entraria para a marinharia da Mocidade Portuguesa. E um ano depois em 1955, sendo obrigatória a participação nessa Mocidade perdida, entrei, fui promovido a “arvorado em comandante de castelo” e no ano seguinte eu estava na marinharia. Meu primo continuava vivo por lá, na Índia, longe da família. Com onze anos eu já me preocupava em saber como minha prima, a mulher dele, conseguiria passar tanto tempo sem ter relações sexuais, se eu, com onze anos, já não podia passar alguns dias sem me masturbar. Achei que ela deveria fazer o mesmo.
Em 1960 eu já tinha 15 anos. Portugal já não tinha apenas o problema da Índia. Os ventos sopravam também em Angola, Moçambique, Guiné, em todos os territórios coloniais. Nas lanchas da marinha que me levavam aos sábados para a base do Alfeite, do outro lado do Tejo, de frente para Lisboa, a caminho da instrução militar da marinharia, ouvia-se de tudo, víamos fotos que jamais foram para os jornais. Eram atrocidades cometidas por ambos os lados em África: mulheres grávidas com os fetos arrancados e pisados, braços cortados com os seios nas mãos, um sem fim de gônadas cravadas em estacas ao longo das estradas, colares de dedos enfeitando o pescoço de falsos heróis.  
No Liceu Gil Vicente, comentavam os professores de forma velada, que a juventude portuguesa estava sendo enviada para a morte a troco de nada porque era irreversível a independência dessas nações, a exemplo do que estava acontecendo no mundo. Portugal não seria exceção. Um primo que morava em Luanda, Angola, chegou de férias a Lisboa. Contou-me o que era a vida nas “províncias” ultramarinas e como alguns dos donos de terras ou de empresas batiam de chicote nos negros trabalhadores. Quando associei este fato com os hindus que atacavam sem armas, as mulheres com macas percorrendo os campos para recolher os mortos e feridos, percebi qual era o lado errado. Eu estava do lado errado e comecei a lamentar estar na marinharia, pronto para defender não uma nação, mas um louco que subiu ao poder. Um ditador que domava lusos apoiado por bajuladores que sempre esperavam migalhas de sua condescendência.
Meu pai estava no Brasil desde 1951, e eu já começava a acarinhar a idéia de largar o país, largar os amigos, largar tudo, não para fugir por medo, mas para não participar dessa ultrajante “defesa” do território.
Em 1961 passei minhas últimas férias em Portugal, em Sesimbra. Lá comecei um namoro com uma moça, Luísa, que morava no Bairro das colônias em Lisboa, onde moravam também os ministros de Salazar. Contou-me algumas coisas, em Outubro, quando a fui visitar como cortesia. Nosso namoro fora apenas de férias. Antes das férias terminarem, ela já estava na garupa da lambreta de um francês. Eu não tinha lambreta e lá em casa ninguém tinha carro. Uma das coisas que me contou foi sobre a prisão do Ministro da Defesa Botelho Moniz em Abril, numa noite em que chegaram uns carros pretos, o tiraram da cama e o levaram. Nunca mais ela o vira até o final do mês de outubro. Eu já ouvira também sobre presos políticos, sobre a oposição do general Humberto Delgado, e já sabia que a maioria da população já não aprovava o Salazar. A população tinha medo da sua polícia, a PIDE. Eu continuei expondo as minhas opiniões de forma cautelosa.
Por outro lado, eram já bastantes e muitos os sinais de desobediência a Salazar. Uma delas, durante a segunda guerra mundial, foi a realizada por Aristides de Souza Mendes, descendente de judeus - como 40% da população portuguesa - ao conceder vistos desde Bordéus na França a judeus que fugiam de Hitler, contra as ordens expressas de Salazar. Várias revoltas, a apreensão do Vera Cruz, a revolta de Beja e outras. Apesar disto, para o qual não tenho explicação, Salazar permitiu que milhares de judeus se refugiassem em Portugal vindos de outras partes da Europa, e não alterou os estatutos de igualdade entre judeus e portugueses. Demitido por Salazar, o ex-cônsul perdeu a pensão e morreu na miséria. O motivo da prisão do ministro da defesa teria sido uma tentativa de golpe de estado.
Nunca entendi como pôde Salazar invocar a aliança entre Portugal e Inglaterra contra a Índia, sabendo-se que a Inglaterra reconhecera a independência daquela nação e que estava reconhecendo a independência de suas ex-colônias. Estaria Salazar louco ainda mais com Haia e a ONU reconhecendo as razões da Índia?
Não era à toa que corriam piadas pejorativas pelas ruas de Lisboa sobre Craveiro Lopes e Américo Tomáz, os dois presidentes da república fantoches e sem opinião, colocados no poder por Salazar. Do primeiro, as piadas eram sobre sua esposa. O segundo era conhecido como o “banana”.  Para onde eu fosse, quer no Liceu, no voleibol do Sporting onde joguei, na marinharia, em família, entre amigos, pelas ruas, o povo não gostava de Salazar. A PIDE não escutava nada disso porque tinha outras “particularidades” para resolver. A  FNAT – Fundação Nacional da Alegria no Trabalho – Era conhecida e reconhecida em todos os meios, como Fanantes Nacionais Agarrados ao Tacho. Para brasileiros, Fanantes é sinônimo de ladrões e Tacho é a velha “panela” de amiguinhos. Quem não agüentava ou suportava, e podia, emigrava.
Quando a 19 de dezembro de 1961 as tropas portuguesas saíram às pressas de Goa, Damão e Diu sob fogo da artilharia e da aviação da Índia, estava claro que a paciência de Gandhi se tinha esgotado e que a falácia de Salazar era ridícula. Isso estava claro até mesmo entre a tropa, e nós, povo, nos admirávamos da paciência de Gandhi. Fosse outro e já não estaríamos lá há muito tempo. O tempo do colonialismo estava chegando ao fim. Salazar continuava como sempre fora: vesgo de cérebro. Fiquei feliz por as tropas portuguesas não terem desperdiçado mais vidas numa guerra estúpida. 
Com 42% dos votos, em 2007 Salazar foi eleito – não sei como foi feita a votação nem de sua credibilidade – como a personalidade mais proeminente dos “Grandes portugueses”, através de enquête pela RTP – Radio Televisão Portuguesa, fundada por Salazar. Um dos mais votados foi exatamente o ex-cônsul em Bordéus que Salazar demitiu. Aqui de longe, eu afirmo que há muitos salazaristas ainda na RTP e que os resultados foram manobrados. De outra forma, eu que já acho que Salazar tinha seus laivos de loucura, me perguntaria: -O que querem os meus conterrâneos? Outra ditadura, desta vez remando contra os ventos da União Européia? Mas ainda acho que a história da cadeira, embora verídica em todas as versões, incluindo aquela em que não se tratava de uma cadeira, mas de uma banheira, não está completamente contada.
Para não se repetirem erros, Açores e Madeira deveriam fazer parte de uma Confederação portuguesa a exemplo da constituição da Suíça, em absoluta igualdade de condições com as demais províncias, nem mais nem menos.

Rui Rodrigues
Sobre democracia participativa, ver http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

sábado, 3 de novembro de 2012

Juntando mitos, crenças, crendices e polêmicas.



Juntando mitos, crenças, crendices e polêmicas.


Temos curiosidade na esperança (temos esperança mas não temos fé em que aconteça o que desejamos).Não todos, apenas uma boa ou grande ou maior parte de nós.

Não é necessário freqüentarmos os bancos de escolas e universidades por anos a fio para termos fé em qualquer coisa. A fé é inata ao ser humano. Se, para ter fé, fosse necessário freqüentar universidades onde pudesse ser aprendida, seríamos em nossa maioria analfabetos da fé e as igrejas estariam vazias. O curso seria muito caro, fora do alcance da maioria da população.

Com fé se nega e se prescinde do conhecimento, mesmo tirando fotos com celular, assistindo a televisão, vendo na TV naves teleguiadas andando em Marte. Com fé e sem instrução podemos até admitir que é “tudo filme”, que é mentira que tenhamos mandado sondas a Marte, ou no mínimo colocamos essa informação lá atrás, na parte posterior do cérebro onde nem cavoucando com Freud possa ser encontrada para não termos que lidar com o problema da confrontação de decidir se cremos ou não. Assuntos polêmicos são como uma crista de montanha, onde a água que cai escorrega sempre para os dois lados. Da mesma forma que a água nas cristas das montanhas, uns acreditam que as polêmicas são verdades, outras que não. Algumas polêmicas teimam em percorrer o imaginário popular ao longo de milênios, séculos, décadas, anos.

Parece-nos difícil imaginar como seria o “nível” intelectual ou de instrução dos povos da antiguidade, mas por incrível que pareça, nossos povos, em sua maioria, não diferem em nada dos de 12.000 anos atrás, principalmente entre classes menos favorecidas – a dos pobres e miseráveis – servindo para tal definição a que o Banco Mundial costuma utilizar: Quem ganha até dois dólares por dia (cerca de quatro reais em novembro de 2012), acrescida de um fator de correção elevando - por nossa conta - este valor para vinte dólares por dia. Isso coloca neste grupo cerca de sessenta por cento da população mundial, ou seja, cerca de cinco bilhões de pessoas. Sem instrução, as notícias que lhes chegam não podem ser entendidas, avaliadas, comparadas. Podem ter ouvido dizer que o homem já foi à Lua, sabem onde fica a Lua, sempre lá no alto à noite tal como anúncio luminoso, mas não têm idéia de todo o processo histórico e tecnológico para chegar lá, nem que é redonda, nem que mostra sempre o mesmo lado voltado para a Terra. Se souberem que a Terra é redonda, será por acaso. Ouviram falar em milagres, mas nunca viram nenhum. Nós mesmos que somos um pouco mais instruídos também não vimos.

O grande problema da fé, é que está associada à ignorância, e quando se tenta explicar algo a um ignorante cheio de fé, ele sabe que por esse caminho não terá escapatória e terá que ouvir uma verdade que não poderá “explicar” nem entender. Então se bloqueia nas torres da fé e não lê, não vê, não escuta nada que lhe possa abalar a fé. É assim com a ala mais renitente do partido político do PT, no Brasil, que vê no oportunista Lula o salvador da Pátria porque distribuiu meia dúzia de bolsas família, uma ninharia, enquanto ele mesmo enriqueceu usando o poder em causa própria. Se sacrificarem Lula no recinto da Lei, como merece, dirão a futuro que foi injustiçado e abrirão uma igreja em seu nome.

Então, analisemos a estória de algumas afirmativas que ao longo da história nasceram, caíram no gosto do povo de então – lá atrás no tempo – e acabaram por chegar a nossos dias de forma intacta ou ligeiramente modificada, sendo tomadas, essas afirmativas, como verdadeiras, ou pelo menos, no conceito da mais alta fé.


Herança celta

Os celtas viveram na Europa Ocidental entre 2.000 AC e 400 DC, em plena idade do ferro. Na península ibérica misturaram-se com os iberos dando origem aos celtiberos, base da população antes da chegada dos romanos. Não deixaram registros escritos, e o que sabemos origina-se de escritos romanos sobre eles. Sabemos que tinham mais de 300 deuses e algumas superstições, crenças.  Acreditavam no além o que se pode comprovar em seus túmulos onde os mortos foram enterrados com suas armas e outros pertences, além de canções celtas cujos “bardos” ou cantores, passavam suas lendas de boca em boca atravessando os séculos. Ficou-nos como uma das heranças, a comemoração do dia dos mortos, levando-lhes flores, tal como eles fizeram por milênios, no dia 1º de novembro. A igreja católica apoderou-se desta comemoração, que era famosa e corrente na Europa céltica, transformando este dia no dia de todos os santos. A história faz sua justiça e quando se fala em 1º de novembro, reconhece-se como dia dos mortos. Vamos todos aos cemitérios e não à igreja para ver todos os santos.

Herança egípcia

Já como civilização, temos notícia da existência da egípcia desde cerca de 3.000 AC. Uma das heranças é sem dúvida a cerveja que eles inventaram e servia como parte de pagamento para trabalhadores. Mas a mumificação causa mais impacto nos dias de hoje e nos chama a atenção.

Os egípcios foram dos primeiros povos a acreditar na vida eterna A alma ou Ká dos mortos era julgada no tribunal de Osíris, e se pesasse mais do que uma pluma era enviada para um inferno e se pesasse menos, a alma voltaria para o corpo dando-lhe nova vida. Em tantos milênios, creio que nenhum egípcio voltou a ver um morto ressuscitado, mas fé é fé. Então, para preservar os corpos para a nova vida, descobriram produtos que pudessem conservar o corpo por muito tempo, sendo necessário extrair o cérebro e as vísceras, porque não conseguiram aprender como conservar estas duas importantes partes do copo. Os egípcios nunca se perguntaram o que faria uma alma reencarnada num corpo sem cérebro e sem intestino estômago, coração, pulmões, mas isso não era importante – nem questionável, por que atrapalharia – a fé egípcia. Como os corpos passavam por um longo período de tratamento, e fediam realmente, desenvolveram a industria dos perfumes e cosméticos. Estes já eram uma preparação prévia, em vida, para a “preservação” do corpo visando a vida “eterna”. Os ricos eram todos muito bem embalsamados, crendo que suas almas não pesariam mais que uma pluma, seus túmulos cheios de iguarias, antigos servidores mortos para servi-los no além, cães e gatos, navios, cavalos, carruagens. Rico tinha fé de que não ia para o inferno. Ainda hoje os donos dos templos são ricos e não embalsamam ninguém, embora lhes extirpem o cérebro com instrumentos cirúrgicos de “fé” e lhes tirem todos os "trocados disponíveis". Mas como se vem dizendo, fé é fé, e pronto!

Também hoje, com operações plásticas que substituíram os embalsamamentos e os cosméticos, se vêm pelas ruas perfeitas múmias egípcias, cheias de fé de que rejuvenesceram e estenderão sua expectativa de vida, mesmo antes de enfrentarem qualquer tribunal... Olhem com atenção que vão vê-las.  


Herança romana

O pior dos legados romanos foi a lei romana – com base no direito romano – que embora tenha sido abolido constitui, em seus fundamentos, a base do direito no Brasil e em quase todos os países do mundo. Pior, porque foi feito para um povo constituído de patrícios, plebe, escravos e estrangeiros, e por famílias dominadas pelo “pater família”, mulheres ficaram mais uma vez de fora. Havia leis para os patrícios, a família, os escravos e os estrangeiros. O mundo mudou, mas as leis embora tenham mudado, bem devagar, têm em sua aplicação e interpretação o poder dos magistrados, gerando o dito popular “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. Quem está no governo, ocupa bons cargos ou é “amigo” do governo, não quer mudar nada. Assim está bom demais (para eles). Por essa razão a principal característica dos candidatos a cargos de governo é a ambição. Eles não têm realmente interesse em beneficiar as classes menos privilegiadas de quem extraem os impostos, dando-lhes apenas paliativos, como a bolsa família do Lula. Recentemente no Brasil vimos o julgamento do mensalão, com duas atitudes diferentes dos magistrados, sendo que um deles, Lewandovsky, em vez da imparcialidade adotou a postura de “defensor” dos réus, aliviando-lhes a sentença em favor dos “patrícios” do governo que estavam no banco dos réus e fora dele.

O pior, pior, pior do direito romano foi o desprezo pelas mulheres. Até hoje elas nos atazanam as idéias buscando a sua liberdade – com todo o direito – que lhes foi tirado desde a antiguidade. Para falar a verdade, desde os escritos sobre o “gênesis”... Elas merecem muito mais do que a simples igualdade!


Herança grega

A melhor das heranças foram os conceitos de cidadania e democracia plena, se bem que a própria democracia tenha sido contestada pelos próprios gregos sofistas que logo ao nascer deste belo conceito, o transformaram de uma democracia participativa (a verdadeira) em democracia representativa que nos chegou até nossos dias. Frustrados, vemos nossos “representantes” aumentarem os próprios salários, banquetearem-se com as verbas dos impostos dos quais distribuem uma parte entre os “amigos” de forma tal que nos deixam ainda mais perplexos ao vermos que apesar de ajudas como bolsa-família e coisas do gênero, nada de essencial muda. Aliás, a tal de bolsa-família não resolve o problema da pobreza, apenas a mantém calada, dando votos ao partido para que tudo continue como está. Como é uma questão de fé, em meio ignorante (não por culpa deles), acreditam que esse é o “caminho”.  

Na democracia participativa da Grécia antiga, o povo juntava-se em praças públicas e votava levantando a mão para concordar com o assunto que estava sendo votado. Hoje isso seria possível através de celulares ou redes sociais. Alguns países já fizeram isso, como a Suíça, a Islâdia, a Noruega, Finlândia e Súecia  Um dia chegará ao Brasil

 O Halloween

Chegando a certa idade já fica difícil arranjar companheiro ou companheira. Algumas, bastantes e muitas mulheres da idade média - antes durante e depois deste período - de forma isolada ou em grupos, reuniam-se para “aliviar” a tensão e o tesão. De certa forma ainda hoje sentimos dificuldades em arranjar alguém “confiável” com quem possamos fazer sexo. Naquela época era “muito feio” as mulheres andarem em bares, ou pelas ruas buscando companheiros. Por isso algumas delas associaram algumas ervas conhecidas, à base de beladona ou cogumelo “amanita muscarea” ou Canabis Sativa e outras drogas, a um pau de vassoura, besuntando-a com essas ervas. Como não usavam cuecas nem calcinhas, montavam na vassoura onde tinham passado esses unguentos. Em contato com a pele fina da vagina, os princípios ativos entravam no sangue e provocavam delírios que as deixavam completamente fora de si, em êxtase. A Diabólica Inquisição viu nessas mulheres um excelente bode expiatório e uma alavanca excelente para estender a perseguição religiosa a outros setores da sociedade, como judeus, gente rica, proprietários de terras, que mandavam para a fogueira e dos quais tomavam os bens para a própria igreja ou para distribuí-los pelos amigos e colaboradores. Os bruxos masturbavam-se e nunca foram importunados de modo geral. Evidentemente que em êxtase as bruxas se viam voando, nos píncaros do céu...

Hoje, “bruxos” e “bruxas” andam pelas ruas aos oitenta anos a caminho de encontros sexuais. Quando não têm ninguém, eles se masturbam ou compram bonecas infláveis para aliviar a tensão ou a tesão. Elas, as lindas e belas bruxinhas, quando não têm companheiro confiável usam vibradores de todos os tamanhos e formatos, cada vibrador como cesto que tem a sua tampa, adequado ao diâmetro e profundidade de sua vagina. A perseguição religiosa, a partir de 1783 foi alegremente contestada pelo movimento Halloween quando se comemora o dia das bruxas. Até criancinha sai pelas ruas, brincando de bruxa. Um dia ainda nos livraremos de outras crendices que igrejas espalham pelo mundo e mantêm para o próprio bem estar de seus dirigentes. Realmente é-lhes muito confortável. Nós homens, já poderíamos ter deixado de ser "machistas" há milênios, se desde esse começo tivessem ensinado a verdade e não superstições, crendices, mitos...

O problema maior é que muitos fiéis sabem que há algo de podre no “reino da Dinamarca” mas se não acreditarem, pensam que ficam sem “deus”. Então, alimentam a fé e continuam. Lá por dentro, na alma, só eles sabem as interrogações que se fazem sem coragem de pesquisar outras verdades, que apesar de contestarem, não negam a existência de D’Us.  Vêm D’Us de modo diferente, apenas.

Fim da parte 1 – (se gostou e espera a parte 2, por favor, junte-se aos seguidores do blog)

Rui Rodrigues

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Celulares grátis






Celulares grátis


Não é fácil acreditar, e mais difícil ainda admitir que não tendemos a ver este mundo de uma forma “estática”.

Ônibus se movem, transportam pessoas, mudam de modelo de vez em quando tendo já sido puxados a mulas e cavalos; ruas são asfaltadas, lojas modernizadas, alguns prédios se derrubam, outros novos se constroem com modernas arquiteturas; velhas televisões a preto e branco deram origem a monstros pesados e gordos de TVs que enchiam a sala e agora se reduziram quase a uma folha de papel, coloridas, alta definição, penduram-se na parede; para saber do atraso na chegada de amigos, ia-se ao demorado telégrafo, que logo foi substituído por telefones de dar à manivela, depois por telefones de mesa e agora se telefona de qualquer lugar, a qualquer instante, em contato com o mundo por redes sociais, e com esse mesmo aparelho que agora se chama celular, pode fotografar-se, controlar e vigiar a casa através de câmaras, fazer conferências; as longas viagens de trem, com máquinas a vapor que enchiam os passageiros de fuligem em túneis, foram substituídos por trens que atingem velocidades superiores ou iguais aos dos aviões, com motor a pistão, de turbina ou a jato.

Alguém deve ter dito, quando viram os primeiros navios e as primeiras locomotivas a vapor: - E se pusemos um motor desses numa geringonça com asas, isso não voaria?

Nossa vontade de melhorar o mundo – ou será a vontade de melhorar a nossa vida que acarreta a melhora do mundo - promove uma evolução, passo a passo, que faz o progresso, a mudança do que existe para algo que acreditamos ser melhor. Assim, quando pensaram em fazer uma geringonça com asas que voasse, verificaram que só o peso da caldeira para  água tinha peso tão grande que seria impossível fazer a geringonça voar. Os motores tinham que ser menores, mais leves. Quando o motor a gasolina foi inventado, chamaram de avião à tal geringonça com asas, capaz de voar.

A cada dia, olhando para nós mesmos ou para nossos filhos ou netos, vemos que do ventre da mãe com menos de meio metro de muda e cega vida, progridem até atingir quase dois metros, falando, vendo tudo, tomando conta do mundo. É o progresso da vida. Nós mesmos não somos o mesmo ser, a mesma pessoa que éramos ontem, quanto mais há vinte ou trinta anos atrás. Acompanhamos todo o progresso da natureza, das cidades, dos equipamentos e inventos disponíveis, e sabemos que em segredo se preparam outros em fábricas, que nem imaginamos.

Mas como tudo, também a política evolui. Ela é talvez a invenção humana que mais afeta o nosso progresso, a nossa vida, o nosso amanhã. E, da mesma forma que alguém pensou em pôr um motor numa geringonça com asas que voasse, atenta à possibilidade do benefício próprio ou da humanidade, assim também, com a mesma atenção, nos perguntamos para onde vai a política e o que podemos fazer com ela de modo mais evoluído.

A política também tem que mudar, porque estes sistemas em que meia dúzia de pessoas dirige milhões delas, há doze mil anos pelo menos, já parecem umas ditaduras eternas dos que estão no poder, lutando todos os anos para nele permanecerem.

Tentaram iludir-nos dizendo que os reis eram descendentes dos deuses, e muitos acreditaram. Disseram que nos representavam, mas ao redor do mundo vemos que nos decepcionamos com os que nos governam. São muitos mais os descontentes do que os que estão contentes com os governos que têm.  

E é tão fácil imaginar possível uma geringonça que nos permita votar a qualquer instante o que votam em senados e câmaras por esse mundo afora. Por acaso serão estes, os que nos governam, mais inteligentes e capazes do que nós mesmos dando nosso voto através de uma geringonça que até já foi inventada?

Por que não celulares grátis e que servem “apenas” para votar?...

Rui Rodrigues

OS - Sobre democracia participativa, por favor acessar o site http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

Good bye Romney!


                                                                                            Good bye Romney!

Neste blog, onde se fala sobre tudo, com ou sem opinião pré-moldada, ou cabeça feita, é indiferente a vitória nas urnas de Romney ou de Obama, em eleições que terão lugar dentro de poucos dias nos EUA. Nada mudará de essencial na política dos EUA. Como são apenas dois candidatos, quem apostar na vitória de um ou de outro tem 50% de chances de acertar. É o que nos diz a teoria das probabilidades, que no fundo é uma lei.  Mas, analisando a vida de cada um deles, o (aparente) perfil psicológico e o que dizem e fazem em campanha, pode-se adiantar que, não havendo esses tipos de sujeira na contagem dos votos que de vez em quando acontecem, Obama será o grande vencedor, e por tanto, Good bye Romney... So long!

Podemos até nos perguntar porque razão os EUA até hoje não usaram urnas eletrônicas para abreviar e simplificar a contagem de votos(isto me soa muito estranho, já que detêm a tecnologia mais avançada do mundo).

E porque razões assim será?

O mundo mudou nas últimas décadas, mas não tanto. Para a maioria dos americanos comuns as condições de vida pioraram, e é cada vez maior o numero de americanos “comuns”, ou seja, os que sem baixar o seu nível de conhecimentos ou de inteligência, se viram obrigados a baixar o nível econômico e necessitam mais de ajuda do governo. Ora isto é reduto de Obama que tem características de governo mais voltado para os aspectos sociais. Romney, pelo contrário, defende a volta – aparentemente a qualquer custo – do “American way of life”, que como sabemos dificilmente voltará com a aparência de glamour dos filmes de cinema dos anos 20 ou 50 ou mesmo 60. O mundo mudou bastante e esse modo de vida jamais será o mesmo, até porque os conservadores perderam a força dentro dos próprios lares com o crescimento do feminismo e já não apitam muito na opinião dos filhos e netos. Aliás, o american way of life era apenas no cinema. Pobres se aquecendo em latões nas ruas ou escarafunchando lixo é secular nos EUA e ao redor do mundo, mas ninguém vai para as televisões levantando bandeiras e vangloriando-se de ser um país pobre que cultiva as diferenças sociais.

Cerca de 17% de eleitores americanos de raiz latina, com bastante peso nas eleições, olham para os dois e o que vêm? Obama dirigir-se a eles em espanhol e Romney usando o filho que sabe falar espanhol por ter residido no Chile. Ambos demonstram ter atenção para com os latinos, mas enquanto Obama se dedicou a aprender espanhol, o Rude-Romney - dotado de uma teimosia de empedernimento mental republicano - mandou o filho falar, porque não tem tendências para aprendizado de espanhol, ou não teve tempo para se dedicar. Isto pesa bastante.

A braços com um furacão de que não há memória e que quase arrasa N. York, Obama fica dois dias sem campanha, mas Romney fica apenas um. Nesse segundo dia em que não fez campanha, Obama decidiu sobre a ajuda governamental a N. York e ganhou o apoio do prefeito na campanha. Romney demonstra ambição cega e interesseira achando mais importante a campanha. Obama também, mas aproveitou o seu ato de ajuda – mais do que normal – para fazer deste uma alavanca na sua campanha.

Na primeira campanha para a presidência, Obama disse: “Yes, we can”!

E ele “could”. Ele pôde fazer muitas coisas. Uma delas eliminar Bin Laden. Outra, retirar as tropas do Iraque e em breve as do Afeganistão. E outra ainda, aliviar consideravelmente a crise nos EUA. Isto pesa muito.

Todo mundo sabe – o mundo inteiro – que Bush distribuiu verbas públicas para ajudar três bancos a se livrarem da falência. Os banqueiros pediram desculpas, ficaram com o dinheiro e o seguraram porque têm medo de voltar a emprestar. Isto desencadeou a crise de 2.008. Estamos em 2012 e a Europa está agora com a crise que chegará aos latinos da América do Sul em breve. Mas Obama recuperou a economia que agora cresce a um por cento ao ano, o que é um feito que poucos países – já desenvolvidos – conseguem atingir, se é que algum deles detém esta marca. Isto também pesa muito.

E pesa ainda mais, na hora de votar – para os indecisos – a rudeza e a aparente firmeza na intransigência republicana no perfil de Romney. Mulheres e gays preferem Obama.

E Obama não dá “mancada” como Romney tem dado, demonstrando por atos falhos que é muito diferente do que diz ser:

  1. Em Londres[1], durante as olimpíadas, criticou a organização dos Jogos e mostrou ser pouco familiar com o inglês britânico.
  2. A fragilidade do plano de cinco pontos de Romney[2], que beneficia as classes mais ricas e mais poderosas.
  3. Embora se tenha declarado contra a afirmação de aliado sobre o aborto, Romney demonstra que dentro de seu reduto não há uniformidade de opinião e portanto representa uma dúvida para os eleitores[3] e num mundo em mudanças, com jovens que ditam o futuro, Romney une-se a conservadores.

O cidadão norte americano – é de sua idiossincrasia -  raramente aceita um mancada de um líder, ou de quem se propõe a sê-lo. Romney e seu grupo de campanha abusaram muito.

Good Bye Romney. Obama vai ganhar estas eleições!

Rui Rodrigues



O Facebook e a minha proteção




O Facebook e a minha proteção

Impressões de Rui Rodrigues – ver (ou não ver) em https://www.facebook.com/rui.rodrigues.5268?ref=tn_tnmn

Antigamente, no tempo dos reis, quando mandavam em tudo, a palavra deles era lei. Era impensável contestar alguma coisa. Luis Caroll expressou muito bem essa característica daqueles reis em seu livro “Alice no País das Maravilhas” naquela cena marcante em que a “Rainha de Copas” grita histericamente:

- Cortem-lhe a cabeça!

O Facebook é, evidentemente, uma rede social, e sem dúvida, interessante, mas não a única, e apesar de virtual, é comandada por um rei “real” que impõe a moral dos murais, e a “política” da virtualidade em sua rede, além, é claro, de em face à “economia” e à “gestão” de seu negócio, estabelecer os métodos e mecanismos de controle da “moral” e dimensionar as instalações, equipamentos e pessoal para o funcionamento do site e policiamento dessa “moral”. Em tempo de baixa do valor das ações, é costume fazer-se economia, robotizar-se o sistema, diminuir a supervisão, enxugar o sistema. Não é raro, e pelo contrário, até é normal ver-se que ao fim deste processo de enxugamento as empresas acabem por perder o interesse do mercado, serem vendidas para esperançosos que apostam em sua recuperação. Ás vezes dá certo, outras dão errado.

Mas são milhões talvez até mais de um bilhão de usuários usando essa imensa rede que é o facebook. Como “controlar”, deixando bem clara a “seriedade” da rede? Sim, porque num mundo pleno de injustiças, é nas redes sociais que se discutem as injustiças deste mundo, e por isso o seu enorme sucesso. Mas, repito:

Como “controlar” o facebook e seus usuários, deixando bem clara a “seriedade” da rede?


Entendeu o rei real do site virtual que se podem pedir amizades a quem julgamos conhecer, quer, por identidade de pensamento, quer por ser amigo de amigo, ou por que nasceu na mesma vila aldeia ou cidade, ou por que seja freqüentador de suas postagens. Em sua política, considera “assédio” quando a solicitação de amizade é indeferida pelo solicitado uma ou mais vezes. Este aspecto é fundamental para que o solicitante seja privado de pedir amizades por períodos crescentes de 10, 30 dias. Os usuários podem ter suas contas suspensas ou banidas por outros motivos, uns justos e outros duvidosos.

Governar um site de rede social é como governar uma nação. É difícil, reconheço, e exige bastante pessoal qualificado para geri-la. E, sobretudo de leis – e de seus mecanismos de aplicação - que sejam justas, inquestionavelmente justas! O contrário já temos muitas vezes na própria casa, e quase sempre nos governos de “reizinhos” que governam as nossas nações reais.

O usuário ingênuo como eu, mas não anormal, pressupõe que, quando se pede amizade no facebook, haja um mecanismo automático que, em sendo negada pelo solicitado, se impeça novo pedido para não “incomodar” ou “assediar” o usuário “incomodado” ou “assediado”, e isso acabaria com o problema. Afinal, com tanta gente com quem nos podemos identificar, e dados os nossos limites de memória real, é bem possível que por mais de uma vez se peça amizade ao mesmo usuário. Mas como dar a impressão de que o site é “sério”? E quanto custaria mudar o sistema de pedidos de amizade para esta nova situação? Nosso rei do facebook decidiu que continuará deixando que se peça amizades, incentiva a solicitação de amizades dando sugestões, mas ao limitar os recursos do site a quem vê rejeitado o seu pedido de amizade continua a render o conceito de “seriedade” do site limitando-lhe este recurso. Se este mundo fosse real, o usuário poderia até ser preso, pagar indenização por perdas e danos. Colocar mais gente real na administração do facebook para avaliar o grau de assédio ou de incomodo, deve estar fora de cogitação porque os custos levariam o facebook à falência.

Tal como na vida real, pretende-se que algumas injustiças que causam feridos e mortos resultando em baixas porcentagens de atingidos expliquem e justifiquem os meios utilizados.

E as denúncias?

Imagine um grupo de amigos, todos correligionários intransigentes do partido político PT, por exemplo, querendo tirar do ar um usuário de partido contrário ou até mesmo apartidario?  Com meia dúzia de denuncias tiram o sujeito ou a sujeita do ar...

No “Yahoo respostas” já aconteceu disto, e até pior, e muitos daqueles físicos, matemáticos, médicos, engenheiros, professores, artistas que fizeram parte desse site já o deixaram há muito tempo. Hoje, os melhores freqüentadores do “Yahoo Respostas” são curiosos, e muitos deles determinados a ganhar “pontos” para demonstrar que são “alguém” na vida. Na vida virtual, evidentemente. Já não o freqüento há mais de quatro anos nem pretendo voltar a freqüentar.

Pedir-me dados como CPF, Número da identidade, que são reais, num mundo virtual, onde sites são invadidos, deve ser coisa de site fajuto, de site invadido, ou de rei real idiota que pensa que eu sou ainda mais idiota usando um site virtual.

Obrigado, Facebook, por seus cuidados com a minha “proteção” virtual, sempre e quando não interfira com minha segurança real. De outra forma, dispenso e saio fora!

Rui Rodrigues

PS- O facebook pode ter dúvidas sobre minha identidade real, ou se minha página foi invadida por um “hacker”.. E eu, se o facebook também foi invadido. Como posso dar-lhe, então, os dados de minha identidade real sem abrir mão de minha inteligência, ainda que eventualmente menor do que a do rei do facebook? 

Em 23 de novembro de 2012, uma surpresa - outra - do Facebook. Minha segunda conta, com o mesmo nome e e-mail diferente tinha também sido bloqueada para "minha segurança", com uma indicação de que havia acessado de um site "similar" ao facebook. Depois me toquei: Eu mesmo costumo fazer o link de postagem quer dos meus blogs, quer do twiteer. Então tudo leva a crer que o facebook está com um grande problema e deve haver enorme quantidade de usuários insatisfeitos... Zuckerberg que se cuide com o facebook.. Suas ações podem cair ainda mais!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

1816 – Uma surpresa sem verão



1816 – Uma surpresa sem verão


Por volta de julho de 1815 chegou ao Brasil uma notícia sem muita importância: um vulcão, o Tambora[1], na longínqua ilha de Sumbawa na Indonésia, entrara em erupção em abril lançando toneladas de gases tóxicos, nuvens de poeira, pedras. Diziam que tinha sido uma grande explosão, enorme, a maior dos últimos mil anos, e que as nuvens do vulcão se espalhavam pelo hemisfério norte. Mas que, como tudo passa, a nuvem iria passar também. Era sempre assim e os comentários sobre o assunto cessaram em poucos meses.      


Em 1816, em Portugal e no Brasil não havia telefones nem linhas férreas, e apenas algumas ruas das principais cidades eram parcamente iluminadas com óleos de peixe – principalmente de baleia - ou mesmo com azeite. Em 1808 Hemphry Davy fez uma demonstração unindo dois bastões de carvão fazendo passar por eles uma corrente elétrica. No ponto de encontro dos bastões formava-se uma incandescência. Afastando um pouco os bastões a corrente elétrica continuava a passar, agora pelo ar, formando um arco luminoso e brilhante. Era o princípio para a fabricação de lâmpadas que serviriam primeiro para a iluminação pública, mas isto, no Brasil, somente aconteceria muito mais tarde em 1851. Entretanto, e até lá, a iluminação a óleo foi sendo substituída por iluminação a gás.


O Brasil em 1816 não era uma Colônia. Muito pelo contrário, era sede de um Reino, o principal, de vastas terras ao redor do mundo: Em sua capital, no Rio de Janeiro, residia o rei D. João VI – O clemente - de nome João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, rei de fato do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. No entanto, como sede do Reino, O Brasil era em 1816 a sede de um Reino Unido que também abrangia Angola, Cabo Verde, Guiné e Moçambique na África, Goa e outros enclaves na Índia, além de Macau na China. E esta situação de uma colônia se transformar em Reino, por aquelas épocas, tinha sua razão de ser, embora única em toda a história universal, e começara exatamente no ano em que D. João VI chegou ao Brasil: 1808, no mês de janeiro a Salvador e no dia 08 de março ao Rio de Janeiro. O mesmo ano em que se fizera a luz elétrica pela primeira vez. A grandeza do Brasil assemelhava-se ao momento da criação: “Fiat Lux”.


Era costume, durante uma guerra, que a vitória numa batalha só seria legitima se o exército vencedor ficasse no campo de batalha por pelo menos um dia, e para ganhar a guerra era necessário que o exército vencedor capturasse o Rei, assim como num bom jogo de xadrez. Em Portugal invadido por Napoleão, e com o apoio da Inglaterra, cuja marinha escoltou o Rei em troca de benefícios comerciais, D. João e cerca de 15.000 membros da corte, tripulantes, soldados, artesão, artistas entre eles o pintor Debret, médicos, engenheiros, embarcam para o Brasil, com as tropas de Napoleão no seu encalço, chegando a Lisboa horas depois. O Brasil começava sua época histórica de reino a caminho da independência como nação, de forma inusitada, única e inteligente.

Como vimos, sem telefones, sem vias férreas, sem iluminação pública, porque o progresso da civilização ainda não o permitia, com viagens marítimas demorando meses, as notícias entre os reinos e o mundo corriam muito devagar, a cidade deitava-se cedo, enquanto os acendedores de lampiões da iluminação pública passavam pelas ruas acendendo-os um por um. Nesse ano de 1816 D. João VI passara por um inverno em Lisboa e enfrentava outro inverno, logo em seguida, embora mais suave no hemisfério Sul, fato devido à inclinação do eixo da terra em relação ao plano da sua órbita ao redor do Sol. Lá na Europa, o povo português preparava-se para enfrentar o verão que prometia ser como sempre fora: quente, com ventos abafados soprando do Saara – o Sirocco - em África, secando os pulmões, mas raros e fracos. Quando fortes, as areias do Saara eram levadas pelos ventos e caíam nos campos do Algarve e Alentejo, imperceptíveis, trazidas pelo Sirocco. Já haviam chegado até a Inglaterra. Por toda o reino europeu os produtores de vinho e azeite faziam as suas contas à produção, quantos tonéis de vinho seriam produzidos e vendidos. Temiam, embora fosse raro, a “chuva de sangue”, provocada pelo Sirocco carregado de areia que em contato com o ar úmido da atmosfera produz uma chuva vermelha como sangue. Seria indício de um verão ainda mais quente do que o normal. Poderia afetar o vinho tornando-o melhor, ou quem sabe, até pior. Ao desembarcar no Rio de Janeiro, o rei abre os portos do Brasil a todas as nações amigas, exceto à França.


O mundo dos negócios, e da política, é baseado em informações. Por isso, a ambição levava banqueiros a Portugal se a economia ia mal por lá, para oferecer dinheiro a juros mais altos, ou ao Brasil, se a sua economia também ia mal. A Guerra com Napoleão e o custo com a ajuda inglesa tinham diminuído consideravelmente os cofres do Rei, que somente o tabaco principalmente rapé, o café, o açúcar, o algodão, o ouro e os diamantes produzidos no Brasil podiam equilibrar. Longe de Napoleão, vivendo em terra farta onde se plantando tudo dá, até mais de uma cultura por ano, sem as intrigas das cortes européias, sem invernos frios e difíceis, é fácil acreditar que D, João VI se afeiçoara ás terras do Brasil, às suas gentes e que se pudesse, transformaria o Brasil numa nação independente. Mas havia muitas e boas esperanças para o ano de 1816 e seguintes. Nesse ano de 1816, no Rio de Janeiro, a corte e o povo estranhavam a temperatura nos meses de Verão, incrivelmente baixa para a época do ano. Parecia inverno tropical, o que era uma benção que evitava aqueles dias de suor, trocando de roupa várias vezes por dia.  


Quando a notícia chegou da Europa, o tempo de verão em Portugal já tinha passado. Cada viagem ao Brasil demorava quase uma estação do ano. E com a notícia, trazida a bordo de naus, chegaram também os banqueiros e comerciantes. Disseram que, inexplicavelmente, as temperaturas no hemisfério norte tinham baixado de tal ordem, que não houvera verão. Havia fome na Europa. Até Portugal estava exportando o precioso trigo do Alentejo, azeite do norte para o resto da Europa onde a invernia havia sido mais forte. As uvas haviam amadurecido muito tarde e isso se refletira na qualidade do vinho. Traziam também notícias da América do Norte, com o mesmo problema. Em pleno verão surgiram as doenças inflamatórias de Inverno. No Brasil, o verão que iria chegar ainda, não chegou também. A economia de Pernambuco ficou abalada com a queda dos preços do açúcar e do algodão, provocada pela concorrência com as Antilhas e com os Estados Unidos. Além disso, a seca de 1816 arruinou o nordeste.

Naquele ano de 1816 não houve verão, e ficou conhecido na história assim mesmo: “O ano em que não houve verão”. Os efeitos da erupção do Tambora estenderam-se, embora em menor grau, até 1817.  Um padre e advogado da cidade de Braga, Portugal, reverendo José Manuel da Silva Tedim, comentou na época: “Tenho 78 anos e nunca vi tanta chuva e tanto frio, nem mesmo em meses de inverno”.

Naqueles tempos não se conhecia ainda o “inverno nuclear”[2], produzidos quando o excesso de CO2, poeiras, e outros gases impedem a passagem da luz Solar, baixando a temperatura do planeta. Há suspeitas de que um outro vulcão[3] também tenha entrado em erupção pela mesma época, provavelmente localizado na região do Equador já que existem estudos segundo os quais a alteração climática se produziu até 1819, tendo-se iniciado em 1810.  Se isto for verdade, explica-se o despreparo de Napoleão para enfrentar o frio inverno da Rússia quando a invadiu em 1812, incluindo o uso de botões de estanho nas fardas dos soldados. O estanho torna-se quebradiço a baixíssimas temperaturas. Sem botões nas fardas, os soldados alternativamente seguravam nas armas ou puxavam as roupas para se cobrirem do frio.  

D. João VI podia entender o amor do filho Pedro I ao Brasil, e este, o de seu filho Pedro II. A independência veio pouco tempo depois, a sete de setembro de 1822, um dos primeiros países do mundo a livrar-se da colonização, e sétimo[4] na América do Sul.

® Rui Rodrigues




[4] Chile – 1810; Colômbia – 1810; Paraguai – 1811; Venezuela – 1811; Argentina – 1816; Peru – 1821; Brasil – 1822; Equador – 1822; Bolívia – 1825; Uruguai – 1825; Guiana – 1966; Suriname – 1975