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sábado, 16 de novembro de 2013

Relembrando Chico Anísio - (Salomé)

1 - Salomé e a exumação de corpos



Hoje vou ligar para a Dilma, para lhe dar os parabéns pela exumação do corpo do João Goulart. S. Borja não era lugar mesmo para ele, porque lá faz muito frio. Brasília é um lugar mais quente e deve ficar muito mais quente em breve...

Trimmm... Trimmmm... (ela não sabe usar celular...O toque é de telefone fixo)

- Alô? Dilma? Mas bah, tchê... Estás mais magra... Perdeste bastantes neurônios com essa coisa toda da inflação, mensalão, né? A inflação sobe e a gordura baixa...
- Não... Não... Não te irrites, guria, pareces cordeiro guacho, daqueles que não sabem quem é o pai, sempre ausente, e a mãe morreu... Calma guria... Te liguei para te dar os parabéns pela desarrumação do corpo do Goulart. Vocês eram muito amigos, né?
- Sim.. Sim.. Não precisas agradecer... Ah, foi ele que te colocou em contato com o Fidel Castro... Então estás pagando favores, né ? A família vai ganhar uma boa grana de indenização... Um grãozinho de chumbinho e já está, né? Vai dar envenenamento na certa.. Mas tu não vais levar nada por fora, né, tchê? Só ideologia...
- Não pensei nada.. Estou afirmando que tu não levas bola... Só na Copa e na inauguração de cada estádio de futebol... Mas precisas chutar melhor os resultados do PIB, da Inflação, dessas coisas de economia que não é mesmo o teu forte... O povo não gosta.
- Claro que entendi, Dilma.. Mas tchê, me ademirei que não pusestes os mensaleiros a segurar o caixão do Goulart... Como são treze por enquanto, podiam ter se revezado nas alças, e o Zé Dirceu timonava os doze apóstolos...
- Como não houve mensalão, Dilma? Não foram vocês que elegeram os 9 dos 12 ministros do Supremo? E eles não condenaram as duas dezenas e mais alguns? Não vais me dizer que eles desobedeceram ordens porque ninguém acredita...
- Não sabes de nada.. E o Lula também não... Vindo de ti, tchê, nem me admira que não saibas de nada.. Não sabes de nada mesmo..
- Não te irrites, tchê.. Na...

Desligou... Ela é muito estourada tchê... Ultimamente anda insuportável. Tem que trocar o assento da moto... Nem me deixou falar sobre o Celso Daniel...

₢Rui Rodrigues


2 - Salomé – Mensalão





Mas bah, tchê, que hoje vou ligar para a Dilma para saber sobre a prisão dos mensaleiros... Sei que ela vai ficar irritada, mas acho que posso controlar, convidando-a para um “chá de moto”: Convido uns empreiteiros de estádios de futebol, e cada um trás uma moto para ela...

Trimmmm....Trimmmmm... (ela não sabe usar celular, por isso sempre atende de telefone fixo)

- Alô, tchê... Dilma? ... Sou eu... Salomé, tua amiga lá do Rio Gran...
- Sei que sempre te lembras de mim, desde os tempos das minas e daquela energia toda do Rio Grande... Hoje as minas e as energias andam meio baixas, né? Os gaúcho tudo, anda mais angustiado que barata de ponta-cabeça, né?
- Ta... Não falta de apagão, mas apaguinhos tem de montão, né...
- Ta bom... Não vou discutir contigo. Não te quero ver contrariada como gata a cabresto, tchê...
-Olha, tchê.. Te liguei para te dar minha solidariedade – não te zangues com o nome solidariedade que não tem nada a ver com a magrela tua concorrente – pela prisão de teus amigos, os ex-terroristas Genoino, Zé Dirceu....
-Não te zangues... Já sabemos todos que não são teus amigos, nem do Lula, que aliás vocês nem sabem ainda que existe mensalão, né ? Trilegal, como o esquecimento ou a ignorância resolvem tantos problemas.. Dá até vontade de nos esquecermos que devemos aos bancos... É só chegar no gerente do Banco e dizer: Não sei de dívida nenhuma minha, isso nunca existiu e pronto... Livramos nosso nome da Serasa... E se o gerente não concordar, chamamos os juizes que esses nos livram logo. Basta ter uma estrela na vida, né? Vermelha...
- Não.. Dilma.. Sem gozações... Tchê.. Mas bah que tem hora que parece que tu não entende, tchê...
-.. Sim.. Sim.. Só não entendi como que vocês do PT nomearam 9 dos 11 juízes e mesmo assim eles condenaram a prisão os vossos amigos... Será que a intenção era condená-los mesmo, tchê?

- Hiiiiii... Desligou... Logo agora que a conversa ia ficar interessante, tchê... E nem lhe falei do novo time de Brasília, o “Mensaleiros 171 XV de Novembro Futebol Clube”, fundado na véspera do dia em que os 23 foram mandados cumprir pena com camisetas listradas de preto e branco, listras horizontais...

Ela anda impossível nestes dias de TPM ministerial... Nunca mais chega à menopausa..

₢ Rui Rodrigues



quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O mercado de drogas. Como combater.

O mercado de drogas. Como combater.

Sei o que todo mundo sabe, vejo o que todo mundo vê, sinto o que todos sentem: O mercado de drogas tomou conta das cidades, os governos estão completamente impotentes para impedir, o dinheiro das drogas deve comprar muitas coisas porque é um mercado muito rico, e onde aplicam os lucros? Apenas em comprar mais drogas, é pouco. Devem estar comprando a moral de policiais, de generais, de políticos e provavelmente em algum lugar do mundo já elegeram seus presidentes. A lei explode em miseráveis interpretações, a moral e a ética se transformam numa urna crematória cujas cinzas são jogadas na privada.

O que está dando certo - ou errado – nesse mercado de drogas?

  1. Fluxograma do sistema

O “sistema” de cultivo da matéria prima, a produção, o transporte e a distribuição de drogas, é muito simples, mas devemos olhá-lo como se fosse um chapéu de chinês. Aliás, como se fossem muitos chapéus chineses, um para cada tipo de droga para cada centro de cultivo da matéria prima, como na imagem a seguir. De notar que o grau de complexidade aumenta da ponta do chapéu até a sua aba. Quanto mais longe da ponta, mais difícil de controlar.




O que a imagem nos diz, é que em algum lugar do mundo se cultiva a matéria prima (a ponta do chapéu). O produtor distribui sua matéria prima para “fábricas” de produção da droga (ele mesmo pode cultivar e produzir) e dessas fábricas saem as drogas prontas para uso ou para serem “beneficiadas” nas cidades, onde se instalam os pontos de distribuição (venda). Para cada produtor, uma rede com vários fabricantes, cada um com vários distribuidores, cada um com vários traficantes que as vendem pelas ruas das cidades do mundo.

  1. Como eliminar o sistema, ou reduzi-lo a tal ponto que seja “aceitável” pelas populações?

Se ninguém se incomodasse com as drogas, o problema estaria resolvido, o crime invadiria as cidades que ficariam reféns dos traficantes. Por algum tempo eles permitiriam que alguns de nós não usássemos drogas. Depois obrigariam todos a usá-las. A ambição humana em qualquer campo das suas manifestações, como religião, política, riqueza, etc, funciona dessa maneira: Quantos mais melhor, o infinito é o limite. Mas não é por aí o caminho nem do crime, nem dos cidadãos.

Criar cidades especificas para drogas ou bairros para drogados não resolve o problema. Os bairros seriam tomados um a um pelos traficantes,

Atacar, controlar, os pontos de distribuição e venda parece impossível. São tantos, com tantos “chefes” de tráfico, muitas vezes se desconhecendo as rotas de chegada das drogas, que é humanamente impossível controlar. Se parte de uma cidade é controlada pelas forças da ordem, os traficantes vão para outros bairros, mudam de cidade. O problema deles não é ter ou não ter dinheiro, e são tantos os pontos de venda, os bairros, os traficantes, que não haverá dinheiro público suficiente para cobrir todos os pontos, e o dinheiro da iniciativa privada não costuma ser utilizado para cobrir esse tipo de falta de verba pública.

Interferir nas rotas desde o local de fabricação e distribuição até os pontos de venda nas cidades, é infrutífero... Não se controla grande coisa, por que são muitos os métodos de transporte, desde vasos de flores despachados de avião, passando por estômagos cheios de pacotes de plástico cheios de drogas, por interiores de cadáveres trasladados, barcos que desovam latas perto de locais das costas marítimas, portos, aeroportos, rodas e fundos falsos de automóveis... Este setor ocupa aproximadamente o mesmo numero de cidadãos envolvidos quanto os pontos das cidades. Quer na distribuição nos pontos de venda, quer desde a fabricação à distribuição, o sistema envolve a compra da moral e da ética, por parte dos traficantes, das forças políticas e de servidores públicos das nações. Sem a cooperação mútua, o tráfico não existiria. O alto lucro das drogas compra qualquer coisa, desde pessoas corruptíveis, a armas e pontos de comércio. 

O ponto mais fraco do sistema de drogas são as plantações, por serem localizadas, com relativamente menos “funcionários”. Plantações de Coca, plantações de heroína, de maconha, se bem que maconha para muitos não seja considerada droga pesada. Seu custo é inferior ao de heroína e cocaína, mas se estas duas drogas acabassem, o preço da maconha iria aos céus em flecha. Mercados funcionam desta forma. Como acabar então com as plantações?

Parece que não acabamos de redescobrir a roda... O raciocínio é lógico. E somos levados a pensar facilmente que, se os pontos de plantação não estão sendo atacados, é porque há gente por importante nos governos das nações que as impedem de atacar o tráfico de forma frontal na origem dos problemas: As plantações. Quando os EUA invadiram o Afeganistão, na época o principal exportador de heroína e ópio, exultei, mas aparentemente nada mudou. Filmes de Hollywood chegaram a sugerir que membros do alto escalão das forças armadas estivessem unidas ao tráfico, transportando heroína dentro de caixões ou cadáveres de soldados americanos abatidos em combate. Uma das coisas mais absurdas que nos passa pela cabeça é: Como que países muçulmanos produzem drogas se o bom muçulmano nem bebe bebidas alcoólicas?  A resposta parece ser simples: Porque crêem que as drogas derrubarão os “infiéis”... E não deixa de ser verdade, só possível com a cooperação ou omissão das forças de ocupação, as quais, aparentemente, não estão lá para evitar o cultivo da papoula. 

Mais uma prova do interesse dos próprios governos em dificultar o ataque a plantações de matéria prima para as drogas, e de que isso é um problema do “Ocidente”, que derrubará o capitalismo e os EUA, é o presidente eleito da Bolívia, um “cocalero”, pessoa que cultiva, transporta ou vende folhas de coca. 


  1. O combate efetivo às drogas.
Uma das desculpas que dão para a dificuldade de controlar o tráfico é a enorme extensão das fronteiras, mas podemos garantir que se os governos estivessem interessados, umas flotilhas de Drones estrategicamente espalhados em ações de vigilância e destruição de alvos poderiam resolver o problema, aliados a uma vigilância por satélites e forças terrestres, aéreas e navais, como se fosse uma guerra. E deveria ser uma guerra!... Porque atualmente parece mais uma desculpa dos governos para distribuírem verbas públicas por órgãos públicos: Nenhuma das medidas que estão sendo tomadas ao redor do planeta são realmente efetivas. As plantações não estão sendo atacadas. 

Existe tecnologia, as forças armadas das nações estão quase todas em fase de descanso bélico, e estão sendo pagas. O mesmo acontece com os serviços de espionagem. Seria natural que se dedicassem à destruição de plantações, mas há algo que “emperra” a decisão de iniciar este tipo de ofensiva. O povo deseja isso, mas nem lhe perguntam. O sistema político que temos prescinde da opinião popular, o que os tornam ditatoriais de forma disfarçada. Se estivessem unidas, as nações acabariam com o tráfico de drogas.


Não é apenas o governo e os políticos do Brasil que são corruptos. São-no de certa forma ativa ou cooperativa ou mesmo omissa, em todas as partes do mundo. Não como uma teoria da conspiração, mas como decorrência das malhas da rede de lucros fáceis com pessoas controláveis através das drogas, que lhes dão os ingressos financeiros inerentes ao “negócio”.

O mundo tem conserto, tem remédio para todos os males. O que falta são duas coisas: Vontade popular de caminhar até à sede dos governos e lhes dizerem que querem acabar com as drogas, e vontade política dos governantes que elegemos para nos “representarem”...

Alguns certamente já representam traficantes e produtores de drogas.

© Rui Rodrigues

Se de seja ser ouvido(a), ter voz ativa no governo, leia http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/ 
   

sábado, 9 de novembro de 2013

Crônicas de Cabo Frio (O E-mail do meu velho tio francês).

Crônicas de Cabo Frio
(O E-mail do meu velho tio francês).


Eu não tenho nenhum tio francês. Se tivesse seria inglês, mas o sujeito é um dos poucos franceses que conheço, que não tem o nariz empinado. Chamo-o carinhosamente de tio, porque aos 75 anos de idade ainda chega a ter torcicolo só de se virar para olhar uma bela francesinha com lábios fazendo biquinho quando dizem “Je t’aime”...

O tio era socialista e agora é não sabe ainda o que será. Anda enraivecido com os impostos na França, com as perspectivas futuras de um socialismo que se demonstrou mais nazi-capitalista do que se poderia imaginar algum dia. Arrebentaram com os serviços sociais franceses, o povo economiza em tudo como se fosse nos velhos tempos da segunda guerra mundial e não conseguem manter as “vitórias” do passado. Pior ainda, vêm a Alemanha cheia de dinheiro, com uma economia fortíssima, e quando vão ao Panteón ver o túmulo de Napoleão, já há quem reze por uma nova revolução francesa, desta vez para implantar de uma vez por todas o tri-termo “liberdade, igualdade, fraternidade”, tão falado e tão pouco usado. Para ele o mundo está ficando cada vez mais complicado, o champanhe impossível de comprar, as Coquilles-St Jacques cada vez mais envergonhadas nos pratos de acepipes dos restaurantes do Quartier Latin. Em alguns podia até comer uns escargots nos bons tempos, e não raro levava umas meninas simpáticas para transar no Maxims, na boa e velha rua Censier.  ‎Sempre sob as vistas da Catedral de Notre-Dame, construída lá pelos anos de 1212. Onde estava a França? O que fizeram com ela?  Já nem as ruas se lavavam com jatos de água, porque a água estava muito cara. Estava quase ao preço do vinho. Um dia lavariam as ruas com vinho, e tomariam porres com água.

Meu tio francês, o Gilles Gorge D’Auvergne iniciara seu e-mail pela política provavelmente para que eu tivesse uma noção do “estado” geral da nação e de seu próprio estado de espírito, mas o assunto era outro. Queria vir para o Brasil. Parece que o estou vendo falar com aquele seu sotaque de “francêsguês”: Dizia-me:

“As mulheres recatadas, essas não sei onde andam. Não é que não existam, mas não consigo encontrar nenhuma adequada ao meu desejo. As que encontro são todas da minha idade ou mais velhas. Aquelas das quais se podia esperar um certo recato, um pouco de amor, romance para levar pelo menos por um par de anos, sem correr o risco de sentir o perfume de outro macho ao beijar-lhes as coxas, ou ver escorrer esperma antes que as penetrássemos, naqueles encontros de supetão, às pressas... As mais dadivosas agora competem com as putas e quase não se diferenciam umas das outras. Para as putas é uma competição desleal.

Para as dadivosas, a prostituição tinha que acabar para não serem confundidas com as putas. Algumas perguntavam se podiam levar uma amiguinha e ficavam lá, se beijando uma à outra. Ele transava com as duas, mas era diferente de antigamente. Maridos já nem se importam se as mulheres transam por fora, pais e mães, idem. Dizem que o negócio é ser feliz. Acabou-se aquele espírito de aventura sexual em que se saía com a mulher dos outros, ou a com a filha santinha preservada com todo o esmero dos dentes dos lobos-maus... Esse tesão do “perigo” acabara, e o sexo fora banalizado. Por isso queria vir para o Brasil. Segundo ele, as brasileiras são mais “família”, mas amorosas, mais compreensivas. Queria casar.

Fiquei preocupado com o velho tio. Aos 75 anos, querendo casar, mudar de vida, vir para o Brasil, encontrar um amor... Isso era aventura pura. O velhinho ainda ia partir o coração de muitas mocinhas. Eu não acreditava realmente em suas tão nobres e límpidas intenções. Além do mais as coisas por aqui também já andavam mudando muito. Não sabia se ele encontraria o que buscava. Mandei-lhe um e-mail de volta, perguntando em que estado ele pretendia viver. Disse-me que pelo clima, o melhor seria Cabo Frio, além de que ficava perto do Rio de Janeiro, e tinha muitas variedades de peixe e mariscos. Queria construir um barco e velejar para suas pescarias.


Chegou semana passada. Fui apanhá-lo no aeroporto e à noite, depois de o levar para a pousada de uma amiga minha, o apresentei a umas amigas de bom caráter. O velhinho fez o maior sucesso. Elogiou o perfume das mulheres, a simpatia, os sorrisos francos. Senti que ele teria bastante tempo ainda para escolher a que lhe arrumaria as flores no caixão...

Mas pelos vistos, Gilles Gorge chegou bem disposto, alegre, pronto para uma nova vida. E nós teríamos tempo para trocar algumas idéias. Eu aproveitei a oportunidade e fiquei aquela noite em Cabo Frio na pousada da amiga. Provavelmente ficarei alguns dias. A vida é uma criança, Gilles é um neném, eu sou um recém–nascido e as mulheres são todas meninas bem dispostas, cabeças feitas, descomprometidas e com larga experiência na vida.

Segura peão, que o mar não está morto e a tainha está pulando! Vamos ver como meu tio francês se comporta por aqui...



© Rui Rodrigues

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

N. York e o Lindy Hop - Pintando Outro quadro.



É comum que pintando um quadro sobre um motivo não se pinte o segundo e o terceiro, como que para matar as saudades e melhorar o que se fez. Assim, comprei duas telas menores, estas com 40 x 50 cm, para rever o ambiente do Lindy Hop... Nos anos entre 1930 e 1943, em New York. O quadro foi iniciado em 07 de novembro de 2013. 

Eis o esboço 

Fase 1- Esboçando 



As  distorções na verticalidade dos edíficos se deve ao efeito de minha câmara, marca "rasca"...

Fase 1-a - Esboço dos personagens





Fase 2- Pintando os planos de fundo 




Claro  que sem a Sarkye eu não conseguiria pintar quadro algum desde 2002... Ela me orienta... 




É preciso que saibamos o que estamos pintando e o que queremos realmente pintar. Se pintamos algo de época, é interessante que sejamos o mais fiéis que nos seja possível, mesmo que nossa arte seja desconstrutora  a exemplo de Picasso quando pintou Guérnica ou suas belas mulheres. Lindy Hop pe uma dança nascida nas ruas do Harlem de Nova Iorque e que teve seu ponto máximo – passando a disseminar-se pelos EUA e pelo mundo – quando um sujeito comum que dançava de forma incomum, inventou um passe aéreo para um tipo de swing que se dançava por lá, e que evolucionara a partir do Charleston.  Isto foi pro volta de 1929. O dançarino chama-se Manning, ainda é vivo, e depois que largou a dança, porque a moda se foi, passou a trabalhar nos correios de N. York.
Se os anos 20 foram os “anos loucos”, de completa reviravolta social, mulheres exigindo pelas ruas do mundo o seu direito de votar, as ruas se enchendo de automóveis movidos a gasolina, aviões de passageiros mais confortáveis, geladeiras e televisões invadindo os lares, os anos 30 foram de apreensão. Vivia-se uma crise econômica sem precedentes surgida em 1929. Em 1939 eclodiu a segunda guerra mundial.

É preciso entender o povo americano, assim como é preciso entender qualquer povo deste planeta. Fundado por dissidentes religiosos que fugiam de perseguições também religiosas – das fogueiras e das torturas da inquisição – sua ânsia de liberdade é indescritível.  Chegam a pensar que são responsáveis pela liberdade do mundo, embora seu gosto pela guerra tenha outras componentes, como o desenvolvimento bélico, a manutenção de uma indústria que mantém o emprego em épocas de crise, lhes dá segurança. Devemos-lhes, dentre outras coisas, além do desenvolvimento cientifico, a libertação do mundo das garras de Hitler, o nazista – sendo “nazi” o nome do partido político dos trabalhadores que Hitler fundou e o levou ao poder.  Políticos, de modo geral, mentem. Por isso não creio em nenhum partido dos trabalhadores, quando muito no britânico.

Em 1943, os EUA já estavam na guerra desde 1942, mas agora a indústria florescia, não havia desemprego, as mulheres ocupavam o lugar dos homens que haviam partido para  frente de batalha – assim como muitas mulheres – em fábricas de automóveis, de aviação, em trabalhos que geralmente eram reduto exclusivo dos homens. As viúvas, muitas com filhos, tiveram que aprender a sobreviver. O mundo das “oportunidades” do American Way of Life, progredia a pleno vapor. A morte era uma questão certa, era preciso viver, e em plena guerra, no final dos anos 30 e década de 40 foram ainda mais loucos do que os anos 20. A indústria cinematográfica de Hollywood progredia com estrelas famosas, e só no ano de 1943 foram lançados os seguintes filmes [1].

Documentário
 1943
 Drama

 1943
 Comédia / Musical

 1943
 Drama

 1943
 Suspense
 1943
 Documentário
 1943
 Guerra
 1943
 Guerra

 1943
 Clássico

 1943
 Drama / Romance
 1943
 Terror
 1943
 Faroeste

 1943
 Drama
 1943
 Ação
 1943
 Musical

 1943
 Comédia
 1943
 Aventura
 1943
 Musical / Drama

 1943
 Romance / Drama
 1943
 Drama / Guerra

 1943
 Comédia

 1943
 Ação / Aventura
 1943
 Terror / Clássico
 1943
 Terror
 1943
 Comédia

 1943
 Clássico
 1943
 Clássico

 1943
 Comédia / Romance

 1943
 Guerra

 1943
 Drama
 1943
 Ação / Drama / Guerra
 1943
 Policial

 1943
 Ação / Aventura
 1943
 Ação / Aventura

 1943
 Musical

 1943

De notar os filmes sobre Hitler e os nazistas em profusão, e em espeial Sherlock Holmes e a arma secreta, O fantasma da Ópera, Jane Eyre, Por quem os sinos dobram e Lassie e a força do coração que daria origem a uma série vista ainda nos anos 60.

Este é o ambiente em que pinto meu quadro, sem esquecer um filme de época chamado “Verão de 42”, lançado um par de décadas depois.

E com a ajuda da Sarkye, a fase 2-a está assim...



Hoje é dia 09 de novembro. Não se pinta durante todo o dia. Somente quando se tem muita vontade, e isso depois de olhar para o quadro, perguntar o que ele quer que se pinte, como, com que cor e tom, e mesmo assim, a pintura só se inicia depois que consulto a minha gata Sarkye... por enquanto pinto janelas de prédios... E está assim

Fase 2-b



A Sarkye avisou-me que era melhor dar umas pinceladas nos personagens a modos de fazer um estudo de cores. Aceitei a ideia  depois que ela me deu umas lambidas, e olhou para mim com aqueles olhos transparentes, amarelos. E ficou assim a fase 2-c

Fase 2-c



Esta é a fase em que não dá mais para parar.. Todos os minutos disponíveis são para olhar o quadro à minha frente- sempre -e ir retocando conforme as suas solicitudes, os conselhos da Sarkye, e minhas opções... 

Eis a fase 2-d



E ainda hoje, 10 de novembro, dei mais umas pinceladas... Pintar um quadro tem que ser como beber um bom vinho... Aliás... Ainda não parei de tomar alguns goles de vez em quando... A Sarkye arregala os olhos, mas entende. Ela é abstêmia. Completamente. 

Hoje ela nem quis ver como ia a pintura... Devo ter pintado alguma coisa errada. Amanhã vejo!


Fase 2-e -




Em 12 de novembro o quadro está assim.. (parece jogo dos sete erros, para descobrir o que mudou em relação à imagem anterior)...



Quase pronto, faltam retoques nos rostos, algo mais que me tenha passado desapercebido, mas o quadro está chegando ao final...

Fase 3 - finalização 

  


© Rui Rodrigues





[1] Extraído do Site que fornece a lista de lançamento de filmes ano a ano    http://www.interfilmes.com/listaporano_1943_1.html