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sábado, 30 de junho de 2012

Amor e sexo – E como em rio de piranhas jacaré nada de costas.




Amor e sexo – E como em rio de piranhas jacaré nada de costas.

Esta é uma história feita de histórias de amor e sexo na zona do agrião. Devemos considerar, antes de ler, que em rio de piranha, jacaré nada de costas. E “zona do agrião” significa que é algo importante onde se decide a vida. É perto dos rios onde cresce o agrião que existem piranhas e jacarés. Portanto, cuidado ao ler. Estas pequenas histórias são fruto de informações recolhidas ao longo da vida e até mesmo de experiências próprias, mas nada é mentira. Uso a descrição na primeira pessoa para dar autenticidade.

Leia com moderação!

Eram os idos de 1970. As beatas infestavam as sacristias e os conceitos de moral eram terríveis. Tudo falso, mas tinham o seu poder. Recentemente ainda em 1968 as barricadas de Paris tinham sido levantadas para mudar essa falsa moral. Os alunos das universidades parisienses queriam, e conseguiram, que moças e rapazes pudessem visitar-se em seus alojamentos, que os banheiros fossem compartilhados independentemente de gênero. Alguns anos atrás, um amigo meu tinha sido obrigado a casar com a empregada por tê-la engravidado. Suspeitava-se que o pai da criança fosse o próprio avô dele, por ter sido o mais feroz defensor da moral naquela casa. O garoto tinha 14 anos e tiveram que emancipá-lo. Não havia ainda testes de DNA. Já com 25 anos, eu não queria complicações nem ser responsável por abortos em minhas companheiras de cama. Quando saía com mulheres casadas, ou aquelas “casuais” de oportunidade, que queriam uma aventura fora do casamento, nunca me preocupava com piranhas na zona do agrião e nadava de todos os modos naqueles rios de corpos sedentos, mas quando se tratava de moças tinha meus cuidados. As camisinhas de látex davam-me alergia e deixavam-me a cabeça inferior completamente irritada e vermelha, em fogo... Lurdinha, que entendia das coisas do prazer, ainda virgem, sempre me dizia sorrindo: - Isto aqui, é só para os trouxas!...(e apontava para a sua zona pilosa do agrião)... E isto aqui, gostosa como ela só, é para você... (e me apontava os glúteos fartos, redondos, carnudos).. Na verdade, sempre tive o cuidado, como bom jacaré, de nadar de costas em rios infestados de piranhas. Exceto uma vez!

Gilda era uma moça que há poucos dias tinha feito 19 anos. Tinha um filho e era tarada. Logo nos primeiros movimentos, levou minha mão para seu sexo e foi ajeitando, ela mesma, os meus dedos para que entrassem mais. Relaxava... Meus dedos foram entrando naquele mundo úmido como se fosse meu pênis. Cheguei a sentir um tesão como se já estivesse dentro dela. Aos poucos a minha mão foi entrando, entrando, até que estava toda dentro de sua vagina, e se não tivesse achado que poderia machucá-la, teria subido até o útero. Cheguei a pensar que, depois daquele ensaio, pouco poderia dar-lhe a mais de prazer, visto que meu membro não tinha o comprimento da ponta do dedo até o pulso, nem a grossura da mão. Mas enganei-me. Quando a penetrei, sua vagina contraiu e meu membro entrou por um tubo perfeito, lubrificado, e viajamos ao céu em teco-teco, bem devagar, até descermos de pára-quedas e aterrissarmos no paraíso. Quando se pôs de quatro e baixou um pouco o chassi, adivinhei que me oferecia o outro túnel, aquele que não era dos trouxas. Ainda fiz algumas viagens por essas águas infestadas de piranhas, mas como bom jacaré, fui nadando para outras bandas do rio. Voltar a casar nem pensar...

Quando namorei a Eugênia, em 1966, ela fazia de tudo. Eu também fazia de tudo. Não era raro que ela, com aquelas belas pernas, de frente para o espelho, pintando-se, já vestida, voltasse a despir-se para reiniciar a sessão de prazer como se nem tivesse começado. Um dia, pela primeira vez, lambuzou-se na minha glande. Divertiu-se como se fosse um gostoso sorvete. Lambeu-o de cima para baixo, dos lados, e por qualquer processo descobriu que sentia prazer em engoli-lo até o talo, todo, até tocar a sua glote. Tinha a garganta profunda. Sentia prazer nisso, e em dar-me prazer. Um dia, depois que me separei, voltei a encontrá-la por puro acaso. Resolvemos “voltar” a algo interrompido na juventude. Ficava em casa lendo, e todas as segundas feiras voltava ao Rio para as suas atividades. Isto durou mais ou menos uns três meses. Não cozinhava, não lavava, não fazia nada. Desaprendera toda a arte de agradar e ser agradada. Queria boa vida. Eu também. Por isso um dia partiu deixando até algumas roupas usadas. Não gostou de ouvir algumas verdades. Esta zona do agrião é perigosa, quando se lida com o presente em simultâneo com lembranças do passado. São grandes as decepções, e como bons jacarés, devemos estar sempre atentos às armadilhas que nos aprontam e por vezes começamos a aceitar, na zona do agrião.

Quando parei para abastecer o carro num posto da Shell, atendeu-me uma bela mulher, loura, olhos azuis. O lugar dela não era ali. Saltava aos olhos. Era muito evidente. No momento conversava com meu engenheiro de obra sobre assunto importante, e ela me chamou tanto a atenção, que não pude deixar de lançar-lhes uns olhares interessados. Quando ela acabou e foi olhar o valor marcado na bomba, meu engenheiro chamou-me a atenção:

- Você viu a moça? Estava com o pescoço com a pele toda arrepiada. Essa mulher está interessada em você!

Quando ela voltou com a informação de quanto era o valor a pagar, olhei-a nos olhos e no pescoço. Era verdade. Estava com a pele como o amigo dissera, e perguntei a que horas sairia. Seria às quatro e meia. Perguntei se poderia apanhá-la na saída. Disse que sim.

Levei-a para meu apartamento. Como toda a nudez deve ser devidamente apreciada, fomos tomar um banho quente porque era inverno. Ela primeiro. Esperou-me na cama.  Deitei-me a seu lado e vi sua pele rosada, em vários tons, mais rosados nos peitos, as pontas levantadas, indicando desejo. Era uma mulher perfeita. Seus lábios estavam entreabertos, esperando tudo. Sua aliança no dedo indicava que era casada. Não a tirara. Sinal de que não pretendia uma conquista, mas sim um bom momento. Beijei-lhe os lábios, sua boca com bom hálito. Nunca tinha deitado com nenhuma mulher que me despertasse tanto desejo, nem procurei saber porquê. Talvez devesse.
Quando Leila saiu de meu apartamento, seis horas depois, eu estava exausto. Pela primeira vez na minha vida, tinha penetrado aquela mulher por seis vezes em seis horas. Leila era única. Não quis que a levasse em casa. Entendi. Deixei-a num ponto de táxi. Não quis que lhe pagasse a viagem. Também entendi.Passei a noite pensando que logo pela manhã passaria no posto de gasolina para encontrá-la novamente. Mas nesse dia, a piranha era eu, e ela o jacaré que em zona do agrião toma cuidado e nada de costas. Fui ao posto pelo entardecer.
Já não trabalhava lá. Nunca mais vi a Leila. Se a tivesse encontrado novamente, a borboleta do caos, cujo vôo pode mudar o rumo das coisas no planeta, teria mudado minha vida e não sei o que poderia ter acontecido. Mas o que aconteceu ficou-me gravado na memória. Inesquecível. 


Obrigado, Leila, onde quer que esteja agora.

Rui Rodrigues

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