(Texto Ficcional mas nem tanto...)
... Durante toda a vida procurou sinais dos "almantes" no Universo macro com telescópios mas não viu nenhum. Se viu, não conseguiu perceber que eram eles, os almantes nem qualquer sinal seu. Depois procurou-os no Universo micro com microscópios, estetoscópios, fórmulas químicas, nada! Almantes são agentes que colocam almas em tudo que nasce para que tenham "ânima", alma e vivam. Mas tinha que ser algo muito simples porque tudo no Universo é simples e elegante, assim do tipo E=mc2 do Albert Einstein, a fórmula que transforma matéria em energia e vice-versa. Passou anos a fio, estudou DNA Mitocondrial, e nada. Nunca percebeu o momento em que óvulos, ovos espermatozoides, fetos e sementes passavam realmente a ter vida... Alguns haviam dito que a vida se iniciava imediatamente após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, outros diziam que somente quando davam à luz. Outros ainda que a partir do coração começar a bater, e outros ainda por analogia com a "morte cerebral", consideravam que a alma era criada no ser quando o cérebro começava a pulsar. Mas uma coisa era certíssima: Como todas as religiões nem tentam provar de tao certas que estão, Deus é responsável por tudo o que acontece no Universo e cuida de tudo a todo instante... Cérebros pulsam. Preocupava-o este tipo de problema sobre o momento de inicio da vida desde que se sentira um ser pensante, em que momento se podia dizer de alguma coisa com toda a certeza:
- Vive! É um ser Vivo!
Ele acreditava na verdade que a vida não poderia ser transmitida por algo inanimado e animar esse algo como se fosse motorizado, com a dificuldade extra de se poder reproduzir. A alma, o acionar do motor da vida teria que vir "de fora", algum ser superior que desse a "partida" a esse algo.
Naquela noite, enquanto manipulava o microscópio eletrônico a vista toldou-se-lhe de repente e não sabe o que aconteceu. Despertara deitado no piso do laboratório, as pontas dos dedos ardendo. Tudo estava escuro, exceto perto das lâmpadas de emergência distribuídas estrategicamente pelas paredes. Levantou-se com dificuldade, dirigiu-se a uma delas e olhou as mãos. Estavam queimadas. Procurou uma bisnaga de remédio numa gaveta e uma luva cirúrgica. Passou a pomada, vestiu a luva, e tateou até encontrar o comutador da luz. Acionou-o e a luz voltou. Pegou uma cadeira e sentou-se. Sentia-se cansado. Reviu todos os procedimentos de seu trabalho até sentir a vista turvar-se e tentou ir mais além. Então se lembrou de ter visto o espaço-tempo minusculo como se fosse uma malha maleável, como a dos cristais, a nível atômico, sub-atômico e mais pequeno que a menor das coisas que nossos olhos não podem enxergar. Viu uma abertura e no fundo uns seres ligados por cordões abastecedores e um braço terminando numa mangueira abastecedora como as dos postos de gasolina. Dela saíam pequenos grãos menores que átomos que eram introduzidos na ADN mitocondrial de cada célula de cada corpo nascente. Estes abastecedores, em forma de malha, estavam espalhados por todo o Universo. Onde houvesse algo nascente, era transformado imediatamente em vivente. Então, distraído, o laboratorialista tentou segurar-se na abertura para poder entrar no recinto de distribuição de almas, mas sentiu um choque e queimou os dedos. Desmaiou no recinto...
Quando acordou, teve certeza que o Universo é todo interligado, automatizado e que Deus saiu de férias... E coisa interessante, pela simplicidade das leis deste universo, todas as partículas para inicio da vida eram iguais, independente de espécies ou reinos da natureza. Os seres morrentes iam largando as partículas de vida que eram recolhidas em qualquer lugar e reaproveitadas pelas mangueiras espalhadas pelo universo, como se fossem cordas, em todas as direções e no tempo também. A matéria visível "flutuava" na matéria escura. A matéria (energia) da alma não se vê. Mas existe!
Rui Rodrigues
(O autor é um engenheiro de formação luso-brasileira, de excelente carreira de sucesso como engenheiro, mas que um dia se indignou com umas "paradas", parou de engenheirar e se dedicou a tudo o que gostaria de ter feito na vida menos um infinito de muitas outras, porque uma vida apenas não permite fazermos grandes coisas a menos que se seja um Einstein. Se formos um Jesus Cristo nos pregam numa cruz e perdemos até a vontade de voltar).