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domingo, 6 de janeiro de 2019
Sobre a crendice fiel de Ponce de León
Há sempre um modo de contar histórias reais como se fossem contos sem compromisso, mas continuando a ser rais.
Se não vejamos...
Juan Ponce de León (Santervás de Campos, 8 de abril de 1460 — Havana, julho de 1521) tinha um Rei e uma Rainha. Só que não. Quem "tinha" alguém eram o Rei e a Rainha que tinham Juan Ponce de León como súdito fiel. Foi o primeiro governador de Porto Rico e acredita-se que tenha sido o primeiro europeu a ter visitado a Flórida (foi ele que deu o nome à região, pela sua abundância de flores).
Nunca se soube se ele acreditava ou não, mas os Reis acreditavam numa "coisa". Disseram-lhe em 1514:
- Olha, ó Ponce... Soubemos que há uma fonte da juventude lá nas Índias (era o Caribe e a América do Norte, pra se ver como estavam equivocados)... Vai lá, descobre onde fica, e traz-nos uns tonéis, porque os padres e bispos daqui benzem a água mas não funciona nada.
- Sim majestades!
- Mas não demores muito, senão crescem-te as barbas, ficas velho, nem viajas mais e perdes a oportunidade...
Crente e lógico que deveria ser, porque se a água rejuvenesce basta aumentar a dose, só retornou à Flórida e arredores em 1521, quando os filhos já tinham barbas e os pais tinham ido definitivamente para o cemitério.
Mas ele deveria ter ido em 1514. Talvez estivesse vivo até hoje. Mas como só foi em 1521, não encontrou a fonte, e um índio da tribo de Calusa enfiou-lhe uma flecha envenenada e o homem morreu.
Moral da história
"nunca digas dessa água não beberei porque se deixares pra amanhã o que podes fazer hoje, podes dar com as trombas na porta e até morrer porque santos da porta não fazem milagres, sendo que crendice e água benta cada um toma a que quer.
Rui Rodrigues
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