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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

FLAMENGO ATÉ MORRER !!!!!!!!!!!!



O que é ser flamenguista

O querido e amado Clube Regatas do Flamengo é um time carioca. Embora não seja necessário ser carioca, ou viver no Rio de Janeiro, para se ser Flamengo, o espírito tem que ser semelhante: Moderno, irreverente comedido, pluralista, bem humorado, gozador, esperto, inteligente, social, esportista, competidor, vencedor, e todos os demais adjetivos que fazem do time um time campeão, com torcedores campeões.  Tanto é assim, que o Clube tem a maior torcida[1] do mundo: São 39 milhões e cem mil torcedores e um dia seremos muitos mais.

É o maior clube do mundo!

E títulos [2]? São tantos, entre nacionais, internacionais, mundial de clubes, categorias de base, e tantos invicto, que não há como admirar – e até venerar – este clube. Mas isso nem importa...

É força, jeito, tradição, persistência, respeito, um clube campeão. Mas isto nem importa muito...

Jogadores mais famosos? Zico, Júnior, Índio, e tantos outros... Mas que importância podem ter, se entram e saem, mas nós continuamos sendo flamengo? E se deseja montar uma “seleção” do Flamengo com jogadores de todos os tempos, pode fazê-lo [3] em site montado para isso.

E que importam títulos, jogadores, bandeiras, se ser Flamengo é um estado de espírito?

Já foi num jogo do Flamengo, em pleno Maracanã? O agito, as cores, os gritos, os hinos, o ambiente, a torcida? Esquecer todo o dia a dia da vida, vendo o jogo, torcendo pelo Flamengo como o clube fosse tudo o que mais importa na vida, sair rejuvenescido (a) com a vitória, e confiante que se perdeu, amanhã ganhará como sempre foi? Não há nada comparável com esta sensação, em nenhum outro clube, porque não têm tanta certeza de ganhar muitas vezes, quase sempre. Por isso os trinta e nove milhões e cem mil torcedores ao redor do mundo, de Portugal á China, da América do Norte ao final da América do Sul. No Japão, na Austrália, e em breve na Lua e em Marte.

O Flamengo terá uma torcida no Universo!

Terá, porque o clube é maior do que seus presidentes, por maiores que os presidentes tenham sido. Um bom exemplo, talvez o melhor, é o de Márcio Braga [4], o presidente que mais vitórias deu ao clube.

E é o hino! O hino [5] que mora no coração de todo o flamenguista:
Uma vez flamengo,
Sempre flamengo.
Flamengo sempre, eu hei de ser.
É meu maior prazer vê-lo brilhar,
Seja na terra, seja no mar.
Vencer, vencer, vencer!
Uma vez flamengo,
Flamengo até, morrer!
Na regata, ele me mata,
Me maltrata, me arrebata.
Que emoção no coração!
Consagrado no gramado;
Sempre amado;
O mais cotado nos fla-flus é o 'ai, Jesus!'
Eu teria um desgosto profundo,
Se faltasse o flamengo no mundo.
Ele vibra, ele é fibra,
Muita libra já pesou.
Flamengo até morrer eu sou!
De vez em quando aparecem alguns presidentes, e agora uma presidenta, que não entende nada de futebol e afunda o time, mas o Clube de Regatas do Flamengo supera isso tudo. Patrícia Amorim passará, e o Flamengo continuará.
Que ela passe logo – flamenguistas não são machistas - antes que nos dê o vexame de um dia sermos rebaixados para a série B.

Há que honrar as duas camisas do Flamengo, desde o presidente ou presidenta à torcida !

Nobreza na vitória !!!!

E pra finalizar, o segundo hino do Flamengo que pode escutar em http://www.youtube.com/watch?v=eoca1Jb33Ts



Rh, ra, ra, ra, ra, ra, ra. 
Em homenagem a graça, a beleza. 
O charme e o veneno. Da mulher brasileira. 

Moro num pais tropical. 
Abençoado por deus. 
E bonito por natureza ah! 
Em fevereiro, fevereiro! 
Tem carnaval, tem carnaval! 
Tenho um fusca e um violão. 
Sou flamengo tenho uma nega. 
Chamada Teresa ah! (repete) 

Sambaby, sambaby! 
Posso não ser um band leader pois é! 
Mais lá em casa todos meus amigos. 
Mais camaradinhas me respeitam pois é! 
Essa é a razão da simpatia. 
Do poder do algo mais e da alegria. 

Por isso eu digo é que: 
Moro num pais tropical. Ah, Ah, ah. 
Abençoado por deus. 
E bonito por natureza ah! 
Em fevereiro, fevereiro! 
Tem carnaval, tem carnaval! 
Tenho um fusca e um violão. 
Sou flamengo e tenho uma nega. 
Chamada Teresa ah! (repete) 

Sou flamengo e tenho uma nega. 
Chamada Teresa ah. Eu sou flamengo 
E não desfaço de ninguém 
Mais em cinco brasileiros. 
Seis fãs o flamengo tem. Ra, ra, ra, ra. 

Mo, num pa tro pi. 
Abençoa por dê. 
E boni, por nature. “ma que balé” 
Em fevere. Em fevere! 
Tem carna, ye tem carna. 
Tenho um fu, e um vio. 

Sou flame, te um ne cama tere 
Sou flame, te um ne cama tere 
Sou flamengo tenho uma nega 
Chamada Tereza. 
Sou flamengo tenho uma nega 
Chamada Tereza. 

Sou flamengo 
E não desfaço de ninguém 
Mais em cinco brasileiros 
Seis fãs o flamengo tem 
Sou flamengo e tenho uma nega 
Chamada Tereza.




Rui Rodrigues, flamenguista até morrer!


terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Democracia Participativa, a única e verdadeira



Abaixo o texto de abertura do site sobre a verdadeira, única e real democracia,http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/ como funciona e como é fácil implantá-la. Nela não há lugar para a orgia política que conhecemos, nem desperdício de verbas públicas, nem para os perfis de políticos que conhecemos. Na Democracia Participativa, quem vota em tudo são os cidadãos e as cidadãs.


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Acreditamos na humanidade. Não acreditamos que a humanidade seja pecadora desde a nascença. Acreditamos na boa vontade entre homens e mulheres, Não acreditamos que a violência possa resolver algum conflito, porque nada nesta vida é eterno. A história Universal é prova do que dizemos.
Não representamos nenhuma ideologia em particular, nem partido político, nem nenhum político, filósofo, religião, empresa ou nação. Nem a nós mesmos nos representamos. Pelo contrário, cada um de todos nós, que compomos a humanidade tem a sua consciência do que deseja de bem para si mesmo e para a humanidade.
Acreditamos que o progresso do mundo, sem guerras nem violência de qualquer natureza, sem partidarismos, sem excessos, pode ser muito maior e proveitoso se os recursos dos impostos puderem ser canalizados para as maiores necessidades da população: Infra-estruturas, Saúde Pública, Trabalho, Transportes, Saúde, Pesquisa, Sustentabilidade, Educação. Tem sido enorme o desperdício de verbas em corrupção e guerras que atrasaram o progresso e a evolução da humanidade.
Não vemos outra forma efetiva de melhorar o mundo senão através da palavra de cada ser humano expressa pelo voto instantâneo, dado ou retirado a qualquer instante, podendo eleger/deseleger e aprovar/desaprovar.
Ideologias, algumas extremistas, e líderes que as seguem mais ou menos estritamente, demonstraram ao longo da história que não conseguiram resolver qualquer problema sério da humanidade.
A palavra deve ser dada à humanidade independente.
A humanidade espera a sua vez de falar e de se fazer ouvir.
O mundo tem que provar que pode ser melhor.

Como funciona a Democracia Participativa?

Se extraterrestres chegassem ao nosso querido planeta e comparassem as democracias que existissem tal como são hoje, com países onde se aplicasse a Democracia Participativa, não veria diferenças aparentes. Teria que se aproximar o bastante para ver o comportamento das populações nas ruas, no interior de suas casas, em seus ambientes de trabalho, no campo. As diferenças fundamentais entre as duas democracias estão na qualidade de vida, na felicidade dos cidadãos, na motivação, na alegria de saberem que estão construindo algo de útil sempre para o futuro da sobrevivência humana, do planeta, da vida em geral, e que não há diferenças sociais gritantes. Não há guerras, não há movimentos de reivindicação pelas ruas, que o policiamento foi reduzido, que os hospitais atendem normalmente e não há deficiências nos serviços. Nem em hospitais, nem nas escolas, universidades e centros de pesquisa. Nem há pobres mendigando pelas ruas. E que nesses países, onde  se aplica a Democracia Participativa, também existem grandes empresas, gente rica, mas não gente pobre nem miserável. Verão um planeta que sabe conviver com a biodiversidade, que tem as suas reservas para a vida selvagem, onde animais não são caçados nem maltratados.

Na Democracia Participativa, o governo se constitui dos órgãos que normalmente fazem parte de qualquer governo democrático do mundo. Cada povo poderá escolher qual o modelo que mais lhe convém, com os três poderes: Legislativo, Executivo e o judiciário. O sistema da democracia por voto direto pode ter quantos ministérios forem desejados pelos cidadãos.


Até aqui, valem os modelos democráticos tal como os conhecemos... o que muda?

 1.     Todos os membros são escolhidos por voto direto dos cidadãos interessados. Poderão eleger através de voto em Bancos 24 horas de Votação e por Internet grátis ou celular evitando-se assim “arranjos políticos” entre partidos ou proteção de qualquer natureza.
 2.     Os votos podem ser retirados (deseleger – desaprovar), o que amplia a cidadania democrática a muito mais do que votar apenas de quatro em quatro anos.

 3.    As leis são propostas ao Senado por qualquer órgão ou cidadão, para que sejam previamente aprovadas ou negadas por voto popular. Se a população achar que algum político ou ocupante de cargo no governo não atende os seus interesses, retira-lhe o voto dado e ele sai imediatamente sem necessidade de impeachment, quando a quantidade de votos que permanecem for inferior ao mínimo necessário para ocupar o cargo.

  4.   Qualquer lei ou ato de governo devem ser submetidos a voto, o que inclui mas não se limita a: declaração de guerra; percentuais de aplicação de verbas publicas em educação, centros de pesquisa, infra estruturas, preservação do ambiente, saúde, segurança pública, transportes;  taxas de impostos,  e tudo o que normalmente se vota nos senados, câmaras, governos estaduais, prefeituras.
 5.    O processo de implantação da Democracia participativa começa com a aprovação popular, via NET, item por item, de uma Constituição que somente poderá ser alterada também por voto popular, impedindo a manipulação de interesses escusos de políticos. 
Cada nação crescerá e se desenvolverá segundo sua capacidade e vontade popular de progredir, segundo o que acha mais importante.

Isto é a verdadeira, real e única Democracia que lhe merece o nome!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Uma extraterrestre como nunca tinha visto


Uma extraterrestre como nunca tinha visto

Um dia recebi aqui no Bar do Chopp Grátis uma carta deixada sobre o balcão. Não vi quem a deixou lá, mas estava dirigida ao Bar. Deixei para ler depois que encerrasse o expediente. Como eram apenas quatro da tarde e o Bar não fecha, ainda era cedo para lê-la. Deixaria para mais tarde não sabia ainda quão tarde seria. Não deveria ser importante. Se fosse, teriam me dirigido a palavra. Estranhei o papel. Não era papel, não era plástico, mas era diferente. Talvez um novo tipo lançado na praça e do qual ainda não tivera notícia. Foi a primeira coisa estranha do dia. Depois foi o movimento do salão, um pouco mais tarde. Eram mais ou menos umas dez horas e o bar estava cheio. O pessoal só costumava começar a sair por volta da uma da manhã, mas lá pelas onze da noite começou a chover torrencialmente. Podia ver-se pelas ruas as rajadas de vento empurrando cortinas de chuva uma atrás da outra. O pessoal do Bar começou a pedir as contas e a sair. Talvez temendo uma inundação. Provavelmente eu não receberia mais fregueses. Com uma chuvarada daquelas ninguém se arriscaria a sair de casa para tomar uns drinques, jogar papo fora, comer uns belisquetes. Ás onze e meia não havia mais ninguém, quando de repente...

A porta do bar se abriu e uma morena entrou. Usava uma capa do tipo gabardine, com um lenço de seda enrolado no pescoço. Mesmo vestida podia-se avaliar as curvas do corpo. Sempre me perguntei quem determina as medidas para a escolha de miss Universo, e se aquela morena não estivesse com as medidas certas para ser a eleita, então as medidas teriam que ser revistas. Entrou, deu uma olhada a toda a volta, fixou o olhar em mim, e dirigiu-se a uma mesa. Os garçons aproveitavam o momento para dar uma limpeza geral, discreta. Dirigi-me para a mesa dela. Eu mesmo receberia o pedido. Fiquei tonto com os olhos e a cor dos olhos dela. Eram olhos ligeiramente maiores do que o normal, ligeiramente alongados, e de cor entre azul claro e violeta.  A pele lembrou-me o envelope da carta que haviam deixado sobre o balcão, mas achei que era uma idiotice minha. Era parecidíssima com a Sheron Meneses, o mesmo jeito alegre e desprendido, mas discreta. Não pude evitar pensar que aquela mulher numa cama devia ser uma loucura. Ela sorriu-me. Seria demasiado pensar que lia meus pensamentos.

- Estou com fome – Disse ela –... E com sede...  Vamos ver (e olhou o cardápio).

Fiquei ali, pasmado, vendo a beleza da Sheron Menezes, isto é, daquela mulher do outro mundo, de olhos violeta, com voz que parecia a da Íris Letieri dos anos 80, aquela que anunciava as partidas e chegadas de aviões ao aeroporto do Galeão...  Não pude evitar me sentir um perfeito idiota, desejando aquela mulher como se fosse um objeto, mas não era isso. Acho que quando se fala em mulher ou homem objeto, é muito mais do que isso. É um desejo de compartilhar não apenas o corpo, mas também a voz, os sentidos, o tato, o odor dos perfumes, os sentimentos, as batidas do coração e as ondas cerebrais que passam pelos olhos e comandam os movimentos. Não se raciocina quando se está nos braços de uma mulher. Se raciocinássemos não estaríamos em seus braços: Faríamos sempre um contrato antes para evitar encrencas futuras. Mas isso era um pensamento machista e deixei de lado. Ela era um pitéu. Interrompeu meus pensamentos e deu-me um sorriso maravilhoso. Será que ela sabia o que eu estava pensando? Será que as ondas cerebrais funcionavam? Senti que daria vexame se eu deixasse aquele monstrinho inflar minhas calças e inclinei um pouco a minha coluna para frente de forma a minimizar os sinais sexuais que meu cérebro não podia conter. Imaginei uma faca caindo do alto e o bicho foi para o lugar, recolheu-se.  Negócios são negócios e o Bar é um negócio.

- Pronto... Decidi!... (Disse ela com outro sorriso que também devolvi)... Quero Uma porção destas lulas recheadas cortadas em fatias, com queijo roquefort, torradas de pão de centeio e um suco gelado de manga, mas sem gelo, com uma medida de vodka.   

Nunca me tinha acontecido uma coisa daquelas. Uma paixonite aguda, instantânea, amor à primeira vista, um desejo quase irreprimível, vontade de ir com ela para onde fosse, largar tudo. Foi assim que me dirigi ao bar para preparar o pedido. Junto ao caixa estava lá a carta esperando para ser lida. Toquei novamente no envelope, curioso pela semelhança com a pele da morena. Enquanto preparava o suco, esperando pelo pedido da cozinha, imaginei-me com ela no sofá do escritório, fazendo misérias, beijando-a, tocando-a em todos os recantos, gozar com seu gozo, ir ao delírio dos céus. Caí na realidade depois que retirei o gelo do suco porque a manga não estava gelada e ela não queria gelo. Senti que a enganava, mas para atender o seu desejo de suco gelado de manga sem gelo tinha que ser dessa forma: juntar gelo ao suco, sacudir muito bem no shaker, e depois despejar no copo.

Quando cheguei à mesa, ela tinha tirado a gabardine e estava... Nem agüento pensar... Linda, com uma pele maravilhosa, seios bem desenhados, duros, os mamilos mais assanhados que o meu monstrinho que eu assustara minutos atrás para não aparecer demasiado. O decote da blusa era generoso, e o peito dela arfava. Já não sorria, porque concentrava seu olhar nos meus olhos. Eu fora apanhado. Estava perdido. Completamente perdido. Certamente ela havia passado o tempo de espera pensando em mim. Talvez até me estivesse observando de longe. Coloquei os pratos sobre a mesa, o copo com o suco.

- Quer me fazer companhia? (perguntou ela, enquanto se servia cuidadosamente). Parece que o bar está vazio. Estamos sozinhos. E me olhou com aqueles olhos que me entonteciam, que me paralisavam os meus. Chamei um dos garçons, o que estava mais perto e fiz-lhe um sinal. Ele sabia o que eu queria e me trouxe uma caipirinha de limão galego. Começamos a conversar.

- Hoje estou só – disse a morena – Precisava sair, espairecer, sentir-me livre. Com esta chuva não podia haver lugar melhor. Sinto-me bem, na sua companhia. Não sei porquê.

- Bom... Sempre procuro transmitir tranqüilidade e paz para meus clientes (disse-lhe eu). E para você em especial. Não sei porquê, mas é como sentir o que sente e tentar atender. É incrível, mas sinto que desejo fazer-lhe todas as vontades. Você me desperta esse tipo de sentimento.

Ela pousou a mão sobre a minha e me olhou nos olhos. A pele era igual ou muito parecida com a do envelope. E a partir daí não me lembro muito bem do que conversamos. Lembro-me de algumas coisas. De ter ido para o escritório, de termos tirado a roupa, de nos abraçarmos, nos amarmos perdidamente, mas por flashes, não de forma contínua como num filme. Seus lábios, suas pernas se abrindo, os gemidos quase imperceptíveis e o tremor quando atingiu o clímax.

Disse-me antes de sair:

- Meu deus! Passei da hora. Tenho que ir-me.

Vi-a sair pela porta depois que virou o rosto para trás e me olhou pela ultima vez nos olhos. Estava feliz, talvez tanto quanto eu estava. Olhei o relógio. Era uma hora da manhã. Avisei o gerente que poderia ir para casa. No seu olhar nem sinal de que sabia – e sabia – o que se tinha passado no escritório. Tinha dispensado o pessoal por causa da chuva como combinado para dias como esse. Relaxado, passei pelo balcão e voltei a ver a carta. A morena havia saído há momentos e já sentia saudades dela. Abri a carta e fui lendo, cada vez mais surpreso a cada linha que lia:

“Gosto de dias de chuva. Se olhar lá para fora, verá que passou de chover (olhei e a chuva tinha passado). Gostei muito de você, e como gosto de ser desejada, nada melhor do que ser desejada por quem se deseja também. Dizem que isso é amor. Creio que não, mas fiz com amor com você. Com amor é muito mais agradável. Perceberá que não sou daqui, e para onde vou levarei uma lembrança sua. Uma lembrança viva. Pode ter certeza que cuidarei muito bem. Talvez nos voltemos a encontrar. Eu gostaria muito, mas não todos os dias. Um enorme beijo. Durma com minhas lembranças. Dormirei com as suas. Para sempre! Quanto às lulas recheadas cortadas em fatias, se usar um pouco de ovo batido no recheio, ele se mantém dentro do anel de carne da lula. O resto, o queijo roquefort, as torradas de pão de centeio e o suco de manga com vodka, estavam também maravilhosos. Beijos! – P.S. - se desejar me escrever, escreva e ponha dentro do envelope. Espere uns minutos e abra novamente. Poderá ter uma resposta minha“.

Nessa noite não dormi.  

Rui Rodrigues




sábado, 10 de novembro de 2012

Como começa uma guerra mundial – Sinais



Mobilização alemã para a guerra de 1914

Como começa uma guerra mundial – Sinais
(Uma visão da atualidade com foco na segunda guerra mundial).
Somos uma humanidade muito complexa. Entre nós temos pessoas que por falta de oportunidade ou interesse não acompanham as notícias diárias; outras que acompanham mas não lêem as entrelinhas das notícias nem o que deveria ter sido dito e não foi; outras que sabem de tudo porque estão nos bastidores do teatro da política mas não dizem nada. Neste último caso, para nós, cidadãos comuns, é como estar sendo representada uma peça no teatro e não termos bilhetes para entrar. Por outro lado, e da mesma forma, ns oficinas bélicas constroem-se e projetam-se equipamentos, ferramentas, das quais não temos a mínima notícia, e quando aparecem num cenário de guerra nos admiramos dos enormes progressos.
Vivemos num mundo sempre atrasado em relação às invenções, inovações, e principalmente em relação à política. “Experts” formados em ciências políticas normalmente discutem sobre os fatos consumados e quando fazem previsões estão normalmente longe da realidade. Da mesma forma os futurólogos, principalmente os de desenhos animados, que sempre vêm o progresso num futuro muito perto no tempo.
Para começar pelos sinais de inicio de guerras, começaremos por 1918 para tentar explicar o que poderia ter sido notado e foi negligenciado. Por causa disso, a guerra foi uma surpresa, e o mundo virou do avesso em busca do tempo e do progresso perdido. A guerra poderia ter sido evitada, mas aparentemente havia quem tivesse muito interesse nela. Se você, leitor(a) reparar em sinais semelhantes ou em outros, não se apavore. O mundo progrediu muito para permitir uma nova guerra mundial, mas pelo sim, pelo não, caldinho de cautela não faz mal a ninguém.
Guerra de 1914-1918.



O tratado de Versailles[1].

Assinatura do tratado de Versailles


A idiossincrasia alemã, ou parte dela é de conhecimento de um bom público. Caracteriza-se pelo empreendedorismo, povo alegre para a vida, silencioso para os negócios. Pensam constantemente no dia de amanhã. Podem ir para o abismo, mas vão juntos, unidos, e a hierarquia é absolutamente importante. O povo inteiro é um enorme exército da vida civil. Quando perdem numa negociação ou em qualquer aspecto da vida, não podem ser tratados como perdedores comuns. Devem ser tratados com todo o respeito e consideração.
Não foi isto que se viu quando a Alemanha assinou o tratado de Versailles em 1919 após ser derrotada na primeira grande guerra mundial[2].
O tratado de Versailles assinado em 28 de junho de 1919 estabeleceu:
  1. Perda de parte do território para as nações fronteiriças.
  2. Perda de todas as colônias sobre os oceanos e sobre o continente africano
  3. Reconhecimento da Independência da Áustria (ela, a Hungria e a Alemanha faziam parte do Império austro-húngaro, uma reminiscência do Sacro Império Romano Germânico)
  4. Restrições ao tamanho do exército alemão.
  5. A Alemanha reconhecia sua culpa pelo início das hostilidades que originaram a primeira guerra mundial.
  6. Pesada indenização de guerra. O tratado foi ratificado em janeiro de 1920 pela Liga das Nações que correspondia às Nações Unidas de hoje, e que esta substituiu, e finalmente em 1921 foi estabelecido o valor da indenização: 33 milhões de dólares ou 132 bilhões de marcos alemães. Parece pouco, mas era extremamente excessivo para a época. A França, por a guerra ter sido realizada em maior parte em território francês era a nação mais intransigente com a Alemanha. Era tão excessivo que China e os EUA de Woodrow Wilson negociaram a paz em separado com a Alemanha e não entraram para a Liga de Nações.
As terras perdidas pela Alemanha foram as seguintes[3]:
- Alsácia-Lorena, os territórios cedidos a Alemanha no acordo de Paz assinado em Versalhes em 26 de Janeiro de 1871 e oTratado de Frankfurt em 10 de Maio de 1871, seriam devolvidos a França (área 14 522 km², 1 815 000 habitantes, 1905).
- A Sonderjutlândia seria devolvida a Dinamarca se assim fosse decidido por um plebiscito na região (toda a região da Schleswig-Holstein teve o plebiscito, sendo a Sonderjutlândia a única região a se decidir separar) (3984 km², 163 600 habitantes, 1920).
- As províncias de Posen e Prússia Oriental, que a Prússia Ocidental tinha conquistado nas Partições da Polônia eram devolvidas após a população local ter ganho a liberdade na Revolução da Grande Polônia (área 53 800 km², 4 224 000 habitantes, 1931).
- Hlučínsko, região da Alta Silésia, para a Checoslováquia (316 ou 330 km² e     49 000 habitantes)
- Parte leste da Alta Silésia para a Polônia (área 3214 km², 965 000 habitantes) apesar do plebiscito ter apontado que 60% população preferia ficar sob domínio da Alemanha.
- As cidades alemãs de Eupen e Malmedy para a Bélgica.
- A região de Soldau da Prússia Oriental a Polônia (área de 492 km²).
- Parte setentrional da Prússia Ocidental, Klaipėda, sob o controle francês, depois transferida para a Lituânia.
- Na parte oriental da Prússia Ocidental e na parte sul da Prússia Oriental, Vármia e Masúria, pequenas partes para a Polônia.
- A província de Sarre para o comando da Liga das Nações durante 15 anos.
- A cidade de Danzig (hoje Gdańsk, Polônia com o delta do Rio Vístula foi transformada na Cidade Livre de Danzig sobre o controle da Liga das Nações (área de 1893 km², 408 000 habitantes, 1929).
- O artigo 156 do tratado transferiu as concessões de Shandong, da China para o Japão ao invés de retornar a região à soberania chinesa. O país considerou tal decisão ultrajante o que levou a movimentos como o Movimento de Quatro de Maio, que influenciou a decisão final chinesa de não aderir ao Tratado de Versalhes.


Os reflexos imediatos do tratado de Versailles


Protesto alemão contra o Tratado de Versailles 
O povo alemão sentiu-se ultrajado não tanto pela perda dos territórios, mas principalmente pela pesada indenização, praticamente impagável. Os EUA e a China atestavam tal exorbitância. Como principal reflexo, cai a república alemã de Weimar em 1933 e Hitler sobe ao poder. Embora seja questionável se Hitler subiria ao poder mesmo sem a pesada indenização, o certo é que se referiu ao tratado em sua campanha e denunciou as causas da humilhação. Mas o certo é que a política internacional de Hitler, logo que assumiu o governo, foi reaver, um a um, os itens cedidos no Tratado de Versailles.
Para piorar a situação, em 1923, o governo francês avaliou mal as dificuldades alemãs para pagar a indenização de guerra e invade o Rhur com numeroso exército disposto a aumentar o valor. O maior problema da Alemanha e que a impedia de pagar a dívida era uma inflação galopante como nunca se viu, tendo os alemães que usasr carrinhos de mão para levar o dinheiro para fazer uma "feira" normal.  A Grã Bretanha foi contra esta atitude da França, e o aumento desejado. A França, também com graves problemas econômicos – imagine-se a Alemanha - retira-se do Rhur em 1925, reconhecendo o seu fracasso. A truculência da primeira guerra mundial estava ainda presente no espírito de toda a Europa e faziam-se acordos para evitar novos conflitos tendo a Alemanha como ponto principal.
França invade o Rhur

Assim, em 16 de outubro de 1925 assinou-se o tratado de Locarno[4] na Suíça, com o nome de “pacto de Estabilidade”, a zona da Renânia passaria a ser desmilitarizada dando os aliados em troca a garantia de que a Alemanha não seria invadida. Quiseram os aliados (Alemanha, Bélgica, França, Reino Unido e Itália) fazer um tratado semelhante em territórios orientais da Renânia, mas sem êxito.  De qualquer forma, para mostrar boas intenções sob o espírito do pacto de Locarno, a Alemanha foi admitida na liga das Nações em 1926. A França e a Tchecoslováquia firmaram tratado em separado para o caso de invasão por parte da Alemanha. Em 1930, os aliados saem da Renânia Ocidental. Justamente neste ano, Hitler assume o governo da Alemanha.
 Tropas alemãs invadem a Renânia
Em 07 de março de 1936, a Alemanha de Hitler com um pequeno exército invade a Renânia. Outros indícios de transgressão do Tratado de Versailles, por parte da Alemanha, vinham sendo observados desde 1930, tal como manobras com tanques de madeira, construção de navios de guerra de última geração, treinamento de aviadores em Portugal, projetos de fabricação de novos tanques (Panzer). Mas quem acreditaria que a Alemanha iniciaria uma nova guerra 20 anos depois de perder a primeira?

Em 1939, a Alemanha começou a invasão da Europa rumo a Paris, depois de reaver territórios que havia perdido pelo Tratado de Versailles, começando pela Polônia. A impressão que se tem é a de que a Primeira Guerra Mundial passou do campo de batalha físico - pelo tratado de Versailles - para o campo de batalha dos acordos e dos papéis dos tratados, recomeçando em 1936.
Mas como dissemos no inicio, há quem não veja porque não pode, porque não quer, porque não se interessa, ou vêm e “deixam pra lá”. Outros estão interessados, participam dos preparativos e os cidadãos nem sabem. É o que chamam de "segredos de Estado". Quando nos damos conta, nosso governo invadiu outro país - dizendo que nos representam - e estamos em guerra mesmo sem concordarmos. Dizem que é para o bem da nação. Imaginem se não fosse ... 
E por vezes nem se trata de guerra mundial. Pode ser uma simples revolução interna. Basta olhar para os indícios.
Rui Rodrigues.


[2]  Aliás, esta guerra deveria ter sido a II Guerra mundial, e a primeira, a Guerra dos 30 anos, que envolveu, além de boa parte da Europa, também a Alemanha. Ver emhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Trinta_Anos


Fim da Saga. Zeca Vamporra vai em cana !



Zeca Vamporra vai para o xilindró – Já lhe pediram o passaporte!
(ou a Saga de Zeca Vamporra e da tribo de vampiros chega ao fim)

Se não se lembra dos capítulos anteriores que foram escritos antes do julgamento, aqui pode relembrar para não perder o fio da "merdada", lendo primeiro os artigos desde o final desta página. O conjunto perfaz a saga completa.

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Zeca Vamporra é um vampiro muito teimoso. Pediram os passaportes a todos os julgados, mas ele foi o último a entregar o seu, que até deve ser verdadeiro porque deve ter outros falsificados ou conseguidos com seus amigos de exterior.

Ele é o espertalhaço que um dia tropeçou na ambição e caiu na armadilha. Para quem não sabe, o Taumaturgo Bode é um vampiro bigodudo, tanto ou quanto mais ambicioso mas que escolheu a política para se governar, deixando o seu estado natal, o Mangalhão, na miséria, entregue à filha que também é vampira do tipo sanguessuga, espécie xupacabra, sub ordem xupaqualquer coisa... São sarnentos também.

Não ficou claro na primeira vez que Zeca Vamporra falou sobre o sócio mas está claro agora: É o famoso vampiro “Quatro dedos Cachaça”, sócio em maracutaias para dominarem o reino e arredores.  Foi uma vez quando Zeca Vamporra esteve em Cuba - passou um tempo lá – e escutou de Infidel Casto, outro vampiro teimoso, a célebre receita para o sucesso: Disse Infidel Casto:

- É todo mundo corrupto em qualquer lugar. Se usted conseguir roubar o dinheiro, compra todo mundo no congresso. Um dia, muda o regime – como eu mudei depois de Serra Maestra – e o povo não pode fazer nada porque já tem a polícia cuidando, as leis já foram mudadas... Não olvida isto, hein?

E o Zeca Vamporra não olvidou. Deu a dica para o Quatro dedos Cachaça e se incumbiu de agir – sempre na sombra – enquanto o Cachaça ficava como bonzinho mostrando como que a ignorância pode sobreviver numa boa em meio a políticos corruptos e interessados na grana.

Quando a polícia bateu em cima, estava tudo gravado, filmado e já não podia ser negado.

Todo mundo para os costumes... Antes disseram todos que foram presos pela ditadura... Agora não têm essa desculpa. Deveriam ter ficado presos desde a ditadura...

Segundo depoimento, num dia encachaçado de novembro de 2012, de um outro vampiro genuinamente genuíno: Maracus Chequério (não mete vale, só usa cheque) O chefe anda calado, quieto, para não levantar poeira e ver se a justiça o esquece. 

Rui Rodrigues

PS- Lugar de condenado não pode ser na cama, no escritório ou em casa. Isso é para gente boa. Lugar de condenado é nas galés ou na prisão.



 Taumaturgo Bode e Zeca Vamporra



     
Zeca Vamporra, dizem, nunca teve mãe.  Não teve mãe, também dizem, porque se sentia rejeitado por ela. Como andam sempre dizendo, e nunca assumem quem disse, passo adiante: Ele não era filho do pai dele. Era filho de um outro pai, e a mãe não sabia quem era por razões óbvias. Nada de reprovável. O problema é que a mãe sempre o via como “o filho do desconhecido” e não como filho dela. Zeca Vamporra suportava tudo com estoicismo. Um dia provaria que tudo estava na medida certa para ele. Passaria a perna em todo mundo e ninguém notaria. Não é que a mãe dele que era mãe, nunca percebeu que ele a odiava? Se a mãe não percebia, o mundo também não!

Zeca Vamporra era um revoltado, daqueles que aprendeu a esconder a sua revolta para ter tranqüilidade em casa... Sofria mil martírios, sempre calado, desde que conseguisse atingir os seus objetivos. Na escola era medianamente aplicado. Aos 19 anos já era líder estudantil. Não porque soubesse alguma coisa das matérias, mas porque estava na moda reclamar de tudo e ser da esquerda, Tcheísta mais que Fidelista. Socialista não era mesmo. Gostava muito de ouvir o hino da “internacional socialista” e se arrepiava todo. Curtia uma boa vida, desde que paga pelos outros. Não precisava ser “expert” em qualquer matéria. Conhecia as pessoas e sabia do que era capaz.

Um dia trancafiaram o Zeca Vamporra, ao tentar fundar uma espécie de Congresso Estudantil contra a ditadura. Como tinham seqüestrado um embaixador, ele e mais um grupo foram libertados e deportados em troca do político. Chegou até Cuba e fez uma plástica lá. Nunca acreditou que um dia a ditadura acabasse. Não acreditava no seu próprio movimento, nem em Che, nem em Fidel, e tratou de mudar a cara para não ser reconhecido. Mas continuou gostando muito de dinheiro, e de não dar o corpo aos abutres em batalhas. O negócio dele, como profundo conhecedor das pessoas, era gerir. Gerir qualquer coisa.

Foi aí que se perdeu o rastro do Zeca Vamporra.

Dizem uns que morreu na Serra Maestra com o Che. Dizem outros que Zeca Vamporra é falso e que é outra pessoa, e que por isso alegaram a tal operação plástica em Cuba. Outros dizem que foi o Pitanguy que lhe fez a plástica quando visitou Cuba.

Eu não sei de nada.

O que sei é que Zeca Vamporra tinha um comparsa político em ascensão enquanto eram vivos: Taumaturgo Bode! ... O temível Taumaturgo bode. Morreram, ou sei lá, na mesma época. E passaram a agir em surdina. Cada um para um lado. Taumaturgo até lhe facilitou a vida quando por sua influencia aprovaram uns documentos que deixavam o dito por não dito, o passado enterrado sem vencidos nem vencedores, um helicóptero jazendo no fundo do mar com o sujeito que não queria deixar as coisas em banho Maria.

Zeca Vamporra funda então um Partido com um sócio. O sócio, a principio, era muito honesto de princípios, mas o Zeca destruía as bases de qualquer um e disse-lhe.

-Cara... Sem dinheiro não podemos fazer nada. A URSS está nas últimas. Vai quebrar. Cuba está com bloqueio e a China não se mete nisso. Vais apanhar dinheiro onde para levarmos o Partido adiante? Você quer um Partido quebrado?

Diante das evidências, o sócio aquiesceu. Na verdade fez um contrato com o diabo, ou um representante dele, com assinatura em branco. Nunca mais se separaram.

Então Zeca Vamporra começou a aparecer. Como fantasma. Arrecadou dinheiro para a causa usando uma conta ns Ilhas Jacaré já defloradas por tantas contas internacionais. Ajudou a empichar um alto membro do governo que mais tarde, em revanche, lhe atrapalharia a vida ajudando os inimigos que fizera a porem-no para fora do cargo que tinha. Nisso o Taumaturgo Bode ajudou um bocado, porque cada um tinha um dossiê mais grosso que a Barragem de Três Quedas e se respeitavam mutuamente. Se um dia um deles resolvesse abrir os dossiês, acabariam com a vida de ambos.

Mas afinal, estão vivos...

Eu não sei de nada. É tudo o que contam outros fantasmas que andam por aí, de menor expressão, loucos para subir no podium e assumirem a chefia da Congregação Nacional dos Fantasmas, tendo até várias ONGs que defendem tudo na propaganda, mas não fazem nada de útil para defender: O dinheiro que recebem é todo gasto em notas frias que nunca expressam nada do que foi gasto. Aliás, com as notas frias, nem gastam dinheiro. Só distribuem o que recebem do governo.

Dizem, não sei, que uma vez quando se encontraram, o Sócio, Zeca Vamporra e Taumaturgo, comentaram e assentiram que o povo era burro mesmo.  E que os empresários, em troca de uns favores, pagavam a peso de ouro. Eles eram apenas intermediários entre a burrice popular e a avareza dos empresários. Sempre tinha sido assim. A revolução afinal tinha ganho a batalha contra a ditadura, porque agora estava no poder!!!!

Riram a bandeiras despregadas, estourando as pregas anais de tanto rir. Gritavam:

- Companheiros! ... Ganhamos!... Estamos no poder, e os trouxas estão lá... O povo pastando e os empresários pagando até barato.  O idiota do Fidel está lá com a sua Revolución o muerte!... Todo bloqueado, caquético, pé na cova, o povo vivendo numa crise eterna!..  O Che está morto, o otário... Morreu pelos camponeses que continuam na merda de sempre...

Quando Zeca Vamporra e Taumaturgo Bode atacam as vítimas, sempre como fantasmas, o mundo de um lado treme, do outro toma champanhe, do outro fazem festas em Paris com muitos guardanapos, de outro enchem os alforjes de dinheiro, o outro, o maior, agora está convencido que é classe C e já não é pobre...

Zeca Vamporra ganhou este apelido porque era uma palavra comum na época. Se suas comunicações fossem grampeadas, tudo o que ouviriam como referencial era um “Porra” bem colocado.

Vampiro raiz do nome Vamporra é porque sempre viveu à custa do sangue dos outros. Anda sempre com uma pasta cheia de dinheiro que os outros pensam ser de documentos.

Rui Rodrigues



Espiões e contra-espiões fantasmas.


ESPIÃO CONTRA EXPIÃO E EXPIÃO CONTRA ESPIÃO DO CONTRA
(Ou com quantos “paus” se faz a política)

Sempre que chove aparecem-me os fantasmas aqui no Bardo Chopp Grátis. Hoje chovia a cântaros e estava eu com a minha amiga atrás do balcão, dando uma rapidinha, ouvimos a porta abrir-se.

Chegavam os fantasmas! Novamente... Eu não acredito em fantasmas e muito menos no que dizem, mas minha avó dizia: Não creio em bruxas. Mas que as há, lá isso há... E nunca desprezei nenhum ventinho esquisito na minha espinha. Crendices!

Primeiro vi o Zeca Vamporra, depois o Taumaturgo Bode, e finalmente a bela fantasminha camarada Verônica Dúbia. Não vi o Karl Kaskat, mas Verônica me explicou sua ausência, entregando-me um pacote de notas para pagar a dívida que ele me deixara pendurada da última visita: Ele fora preso para depor numa CPI - Comissão Para Idiotas - que decorria lá na casa dos homens de pouco juízo para ajuizarem dos sem juízo sem qualquer jurisprudência (nenhum caso anterior acabou com condenação e devolução das verbas evadidas)


Sentaram-se à mesa, pediram o de costume e confabularam na sala reservada. Liguei logo o meu equipamento de “vigilância” para não perder a conversa, mas como sempre só peguei algumas partes que transcrevo a seguir.


Zeca Vamporra – Muito bom o depoimento do Karl. Não abriu a boca nem pra tomar um cafezinho. Só tomou água pra não ficar nervoso.  Não entregou ninguém...

Taumaturgo Bode –  Já o avisei que eu cuido da armação. Ou confia ou não confia. Se abrir o bico, morre assado. Em Boca calada não entra mosca nem bichinhos de que ele gosta tanto. Consegui desviar a atenção para a casa vendida. Pra despistar. Agora vão perder 15 dias discutindo o sexo dos anjos, se a venda foi legal, se não foi... E no fim pega uma cana leve por não ter pago impostos ou coisa assim.

Zeca Vamporra – Mas a grana,os milhares, milhões de 'paus' não podem ser devolvidos... Eu não devolvo nada... Essa grana é para as eleições.

Verônica Dúbia – Me engana que eu gosto. Durante as eleições, a maioria das despesas são por doação a fundo perdido e sempre sobra, e outra maioria delas vocês não pagam... E sempre sobra grana. O que fazem com ela, além de comprar votos?... E não são os votos de campanha que eu falo... São os votos dos que votam lá na arena das discussões...

Taumaturgo Bode – Não voltem a falar disso... O Zeca aqui fica todo nervoso quando se lembra do PC. Até já me perguntou se eu Faria...

Verônica Dúbia - E os juízes?

Taumaturgo Bode – A minha gente já fez contatos. Como sabem, os maiores partidos já estão agindo juntos. O expião já os contatou. Outros expiões também... Segura pião! (disse isso olhando para o Zeca Vamporra)

Verônica Dúbia -  Andam dizendo que o partido das estrelas quer fazer uma revolução e tomar o poder.... Outro grupo meio atucanado (este é um termo gaúcho que significa sob pressão, atarantado) diz que as Forças Armadas devem prevenir-se para derrubar o poder.

Taumaturgo Bode – Boa manobra de dissuasão e dispersão... Boa  manobra. Sabemos como é a monovisão do pessoal das forças armadas. Se fosse nos tempos das ideologias, lá pelo inicio dos anos 60, até nos poderíamos preocupar, porque elas, as forças armadas iriam prender e arrebentar sem dó nem piedade. Porém, com estes tempos pós-modernos, o que interessa são as “massas”, com quantos paus se compra um iate e não com quantos paus se faz uma canoa. Elas sabem que tanto a esquerda quanto a direita lhes vão dar o mesmo tratamento. Não se mexem. E a minha comida, Zeca Vamporra! Onde está?

Zeca Vamporra – Está na mala que eu trouxe. É sua. Pode levar a comida para os animaizinhos de sua fundação. O meu já está guardado (Taumaturgo deu um sorriso maroto para os demais).

Verônica Dúbia (ainda com os olhos grudados na mala que o Taumaturgo Bode já segurava no colo, com os braços á volta para evitar que alguém a levasse) – E a outra Comissão Para Idiotas que vem a seguir? Como fica?

Zeca Vamporra – Já estamos tratando disso (disse olhando para Taumaturgo Bode). Ninguém vai falar nada, vão negar o que disseram, e vamos controlar tudo para dar em nada.

Verônica Dúbia – Fico feliz com a nossa “Intel-igência”, parece até chip de computador... Tudo perfeito. E se der Zebra?

Zeca Vamporra e Taumaturgo Bode rindo a bandeiras despregadas – hahahaha... Então temos que chamar o Karl Kaskat e mandar colar esse resultado no poste !!!!!!


E saíram todos depois de me deixarem uma grana que dava pra comprar um iate de dois pés de comprimento por meio pé de largura, como pagamento. Taumaturgo atrás de todos, com sua maletona de alto executivo... Ainda vi a Verônica passar a mão na bunda do Zeca Vamporra apertando-a com força, e ele tirar-lhe a mão, incomodado.

Rui Rodrigues
(Tradutor e intérprete de vampiros, fantasmas e outras assombrações que nos assombram com seus assombramentos quando passam pelo Bardo Chopp Grátis).


Armando a Roubalheira



Armando a Roubalheira


Taumaturgo Bode, Zeca Vamporra e Verônica Dúbia se encontram no Bar do Chopp Grátis.


Chovia a Cântaros. As ruas da cidade estavam praticamente inundadas por falta de interesse público em resolver qualquer problema. Parecia que os céus desabavam sobre a cidade e que os deuses patrões a humanidade, já que nos condenaram ao trabalho eterno, estavam ausentes. Os governantes que elegemos para nos representar nem apareciam na TV para se defenderem dos ataques verbais lançados na mídia e pelas redes sociais. Estávamos em época pré eleitoral. Ninguém faz nada e tinham feito muito pouco. As denuncias públicas de roubalheira estavam pelos jornais, impregnavam até os poucos banheiros públicos ainda existentes. Sem banheiros públicos, velhinhos mijam nas calças ou nas ruas. A sociedade condena, mas já urinou em algum lugar e nem sofre de continência urinária. 

Fui até à porta para fechar o Bar. Tinha havido alguma freguesia pela tarde, mas agora à noite não havia ninguém na área, e até os automóveis eram poucos. Já junto à porta, vi parar um táxi. Percebi que a noite seria longa. Nada mais nada menos que um homem que eu não conhecia, gordo, avantajado, estava acompanhado de três personagens que eu conhecia muito bem. Eram os fantasmas Taumaturgo Bode, Zeca Vamporra e a linda e gostosa Verônica Dúbia esta a mais linda fantasminha, minha camarada. Voltei a pousar o gancho da porta de correr a um canto e com uma vênia, indiquei-lhes o caminho da sala principal do Bar. Cumprimentaram-me com acenos de cabeça e entraram.

Verônica Dúbia pediu que lhes disponibilizasse a sala reservada. Acompanhei-os e preparei-me para anotar os pedidos.

(Verônica Dúbia) – Deixe-me apresentar-lhe um amigo nosso, o senhor Karl Kaskat. Ele gosta muito de animais e tem uma ONG que só cuida de bichinhos. Ele faz muita propaganda para defender o seu zoológico. Sai por aí grudando propaganda em todos os postes da cidade. É muito rico e poderoso e a ONG é auto-sustentável. (E olhando para eles) - O que vamos traçar?

(Taumaturgo Bode sorrindo) – Um traçado mesmo!
(Zeca Vamporra) – Um Bloody Mary...
Karl Kaskat – Uma garrafa de champanhe para mim e para ela (apontando para Verônica Dúbia)

Os outros dois se insurgiram (Taumaturgo Bode e Zeca Vamporra): -Péraí (disse o Zeca). Nesse caso não vamos destoar. Vamos todos de champanhe... (Verônica Dúbia arrematou): - Nacos de lagosta na manteiga com limão, torradinhas com caviar e rodelas de ovo e bolachas champanhe, pela ordem para acompanhar.  

Discretamente saí e fui preparar os drinques. Olhei em volta para ver se alguém estava vendo, e liguei o meu programa de “vigilância” do interior do Bar, mais especificamente da sala reservada e cliquei em “gravar”. Preparei as bebidas e os petiscos e levei pessoalmente, em duas viagens, até a sala. Não quis que vissem uma amiga escondida atrás do balcão. Se vissem eu estaria numa encrenca dos diabos. 

Conversavam em voz baixa e estavam muito animados, as cabeças sobre a mesa, umas na direção das outras demonstrando confiabilidade, aliança, congraçamento. Por via das dúvidas face ao tipo de petiscos, supri a mesa com bastantes guardanapos.

Ficaram lá por longo tempo, pedindo mais champanhe. Então decidiram sair. 


- Quem paga o táxi? - (Perguntou Verônica Dúbia).
- Eu pago, disse Karl Kaskat. Já paguei a conta também. Sabem que comigo não há problema de dinheiro... (todos assentiram com a cabeça).

Eram duas da manhã quando finalmente saíram do Bar.

Ao efetuar a limpeza da mesa, verifiquei que tinham escrito nos guardanapos. Estavam todos rabiscados, cheios de contas, pontos de interrogação, cifras envoltas em círculos. Deduzi que os valores se referiam a moeda nacional e pelas siglas que se tratava de uma distribuição de um botim,um tesouro, e pelos valores anotados, deveria ser o tesouro nacional.

Pensando já em não dormir, assegurei-me mais uma vez que as portas do Bar estavam bem trancadas e assisti à gravação. Para meu desespero, a gravação estava deficiente e cheia de lapsos. Não tinha explicação para isso. Mas pude entender o que se segue:

-...O resumo é o seguinte: Com o grau de insatisfação da direita e da esquerda, face aos escândalos da política, pode acontecer do TERSOL ganhar as próximas eleições. Nas anteriores já conseguiram mais de vinte milhões de votos. Precisamos de muito dinheiro para as eleições, para comprar os votos e obrigar ao voto de cabresto (disse o Zeca Vamporra).

-... O Karl Kaskat tem que ficar calado o tempo todo durante os interrogatórios. Não pode entregar ninguém senão damos um jeito e tem que levar chumbo... Internamente eu asseguro o imbróglio para demorar até vencer as oposições pelo cansaço. Os que recebem mensalmente vão negar tudo que disseram e vão ficar calados também (Taumaturgo Bode e virando-se para o Karl, disse): - Entendeu direitinho?

(Karl Kaskat engoliu em seco).

-... Não se esqueçam que as licitações são sempre de “mão na cumbuca”. Por isso todas as outras empresas estão angariando fundos porque ganharam obras no programa como num pacote. A minha empresa ganhou umas obras, elas ganharam outras. Dinheiro não vai faltar. Minha OGN sempre tem dinheiro, não é tanto, mas posso arranjar algum. (disse Karl Kaskat, o único que não era fantasma, além de mim, é claro, mas todos nós virtuais).

.-... Vão ser mesmo as eleições mais caras de toda a história. Já estou pensando no que fazer com as sobras de campanha. Não quero levar uns tecos como o PC. (disse Zeca Vamporra, e voltando-se para Taumaturgo Bode, complementou:) – Não farias isso comigo, Taumaturgo. Farias?

Taumaturgo balançou negativamente a cabeça várias vezes de forma enfática, dizendo: - Eu? que é que eu tenho a haver com isso? (ninguém respondeu nem sim nem sopas).Mas podem deixar que vou falar com ela para impor sigilo nisso tudo e ainda aumentar o valor das obras para não prejudicar o andamento dos negócios. 

-... Sei que os Bancos vão contribuir com uma baba muito grande! (Verônica Dúbia), e com verbas do Banco de Desenvolvimento através de “empréstimos” que depois viram pó com os prejuízos, os esquecimentos e os Contadores que sempre dão um jeito na contabilidade do Banco... Grana no bolso e barra limpa!

-... Não !!! está tudo bem (disse Taumaturgo Bode). Só tem meia dúzia de gatos pingados nas ruas de vez em quando. Revolta popular igual à do impeachment está fora de cogitações. Ninguém sabe de nada destas tramoias embora todos desconfiem. Até lá no meu meio eles aprovam qualquer coisa sem nem ler o que aprovam. Estão lá só para ganhar grana e obedecer aos partidos. Na hora de assinar olham pra mim e já me conhecem. Aprovam direitinho. Eu acho que aquela cena do Impeachment foi lamentável. Nunca deveria ter acontecido.

-... Ideologia já era (disse Zeca Vamporra). A classe C já se julga da classe média, quer ganhar mais e gastar mais. Como ganha mais um pouco do que o nada que ganhavam, estão quietos e sob controle. Um dia se dirão capitalistas. (pelo vídeo vi que todos abanavam a cabeça afirmativamente)

-... É. O caminho parece que é o capitalismo mesmo. (Taumaturgo Bode). Quem não gosta de ter algumas coisas básicas como automóvel, computador, celular, bolsas caras, dinheiro para sair do SUS, morar em bairros sem esgoto a céu aberto, etc... No comunismo, no socialismo e no capitalismo sempre houve e ainda há bairros melhores e bairros piores que são ajuntamentos de restos de lixo. Nem diferença há nas proporções. Por isso que fiz a transição daquela dura para esta mais mole.

Começaram a se arrumar nas cadeiras, apanhando os seus pertences. Iam sair. 

(Karl Kaskat se adiantou)... Nada disso! Podem deixar que eu pago a conta! 

A ultima imagem gravada foi a do Karl Kaskat segredando em meu ouvido que depois passaria pelo Bar para pagar a conta porque no momento estava desprevenido. Assinou num guardanapo.

Minha amiga saiu detrás do balcão e veio para os meus braços, ali mesmo no sofá. Já tinha esperado tempo demais.


Rui Rodrigues

Taumaturgo Bode, o terror do Sobrenatural de Almeida





Taumaturgo Bode – O fantasma

Taumaturgo Bode assusta assombrosamente, e costuma atacar nas noites claras ou escuras, de manhã cedo, tarde ou ao meio dia. Ninguém o vê, mas sente um arrepio, um vento, uma carícia, um toque, quando ele está por perto.

Nada mais tenebroso que ver fantasmas ao meio dia e nenhum dos fantasmas conhecidos é tão fantasma quanto Taumaturgo Bode. Nos tempos de Nelson Rodrigues até o Sobrenatural de Almeida – o famoso fantasma que explicava os gols contra o fluminense - tinha medo do Taumaturgo Bode.

Quando aparece é morte certa, prejuízo irrecuperável, perda total. Quando deixa sobrar alguma coisa de aproveitável, ou um indício, fá-lo para criar a cizânia, espalhar a confusão, provocar raivas sem conforto. Uns dizem que é o próprio diabo, mas se fosse estaria no inferno. Está em Brasília de onde não sai nem que a vaca tussa, espirre, grite ou se exploda.

Taumaturgo Bode divertia-se em Brasília quando era vivo. Foi lá na primeira leva de visitas ao canteiro de obras quando Juscelino Kubitschek de Oliveira fez iniciar as obras pela “Novacap”, nos idos de 1956. Era um mero político desconhecido então, mas muito ambicioso, capaz de matar a mãe para ir ao baile do orfanato.

Iniciou um plano fazendo o maior numero de amigos. Não era propriamente amizade, mas troca de favores. Começou a construir uma imagem de patrono, alguém confiável com quem se podia sempre negociar. Começou a delegar funções e tarefas aos que lhe deviam algo, e em conseqüência, a dividir-se entre o homem que realizava o seu trabalho como político, e o homem que agia na sombra como um fantasma. Dividiu-se em dois.

Ninguém mais o reconheceu! Aquele político morrera.

Ninguém sabia que ao dividir-se em dois, ganharia super poderes, membros de polvo, cheios de ventosas. Nas horas de confusão para o seu lado, desaparecia, ficava invisível. Um dia escreveu um livro sobre os colibris bigodudos e uma academia o elegeu como membro. Ninguém relacionou esta “elegição” com o fato da Academia ganhar um prédio novo, imenso e moderno, cheio de janelas e mármores e granitos no centro da cidade, tão grande, que poderia abrigar todas as academias de garranchos do mundo. O dinheiro doado para a construção do prédio não era dele.

Taumaturgo Bode usava sempre uma capa preta, farda, fardão, camisola de dormir, tudo com muitos bordados, que lhe caiam muito bem com suas frases meio assobiadas, dignas de filhinho de papai que nem se formara na Sorbonne.


No período de maior influência no governo – ele tinha influências – causou o maior rebuliço na economia: exauriu as reservas cambiais, as exportações diminuíram quase a zero e as importações aumentaram a jato. Enquanto a população ficava pobre a cada hora do dia que passava, uma parte pequena, amigos do Taumaturgo Bode enriqueciam com a inflação cavalar...

Pensam que foi responsabilizado? Que nada!... Ainda foi eleito para cargos importantes nos anos seguintes, até hoje!

Mas então, Taumaturgo Bode está vivo ou morto e é um fantasma?

Aí que o bicho pega... Para uns morreu lá atrás e agora é só fantasma. Para outros, nunca morreu e é um bom sujeito. Para outros ainda nem sabem quem ele é nem do que é capaz. Só quando o Taumaturgo Bode fantasma lhes aparece pela frente fazendo “buuuuuuu”... As lavanderias de Brasília ficam cheias de calças sujas no dia seguinte.

Taumaturgo Bode é um fantasma capaz das mais impossíveis façanhas, deixando sempre dúvidas no ar. O apelido Bode deve-se a uma promessa de seus tempos de estudante. Se conseguisse formar-se na Universidade assistindo a tão poucas aulas por ter muito que fazer: Participar da política, ser jornalista, fazer bico na polícia. Seus amigos davam-lhe presença, faziam-lhe os trabalhos, davam-lhe cola nas provas. Já nessa época era muito admirado por fazer tanta coisa, mas ninguém sabia como “não fazia” nenhuma delas: tudo por ajuda de amigos que prometeu ajudar durante a sua vida. Lavavam-se bem as mãos entre si.

Conta-se que uma vez havia um candidato a um posto muito importante. Taumaturgo Bode fez de tudo para tornar-se seu suplente e tomar o seu lugar. Usando os favores que fizera e pedindo o pagamento desses favores, conseguiu o apoio necessário e conseguiu. O próximo passo era afastar o eleito. Uma pílula foi dissolvida no café e ele foi mandado para o hospital. Uma equipe médica competente tratou do eleito que logo se recuperou. Então recaiu. Depois de várias operações, chegou até a dar entrevista. Dois dias depois, durante a noite, entraram no quarto e fizeram o serviço. Bateu as botas, finou-se, morreu. Muitos viram Taumaturgo Bode no velório. Muitos juram que estava presente no enterro.

Dizem uns que foi o próprio Taumaturgo Bode que dissolveu as pílulas no café e pôs o eleito em contacto com os agentes biológicos. Dizem outros que apenas deu sinal com um acenar de cabeça para que alguém desse as ordens a alguém, que comunicasse essas ordens a quem executasse essas ordens. Outros disseram que foi a CIA. O certo é que o eleito morreu, e Taumaturgo ocupou o seu lugar.

Dizem até que é capaz de derrubar helicópteros sem tocar neles, só para abafar as tratativas para a aprovação de cláusulas em documentos importantissimos.

Mas nunca deixou rastro, nem mostrou o rabo preso. Tudo coisa de intrigas, dizem uns, que não é nada disso, outros e indecisos e que não sabem de nada, o resto. 
Até que se descobriu que ele tem um grande competidor: Zeca Vamporra, um vampiro esfomeado, vingativo. Cada um atua do seu lado.


Rui Rodrigues

Verônica Dúbia - a fantasminha - e Ronaldinho






De vez em quando passo aqui no Bar do Chopp Grátis para espairecer. É um bar mágico. Aparece de tudo, acontece de tudo. E como é virtual qualquer semelhança com a realidade é pura ficção. Ficção dos que veem como querem e não como as coisas são. De vez em quando se fala de política, outras vezes de política e até de política, porque neste mundo tudo é uma questão de política. Muito raramente se fala de outras coisas, mas tudo é realmente uma piada, visões, miragens. Contam-se piadas e ri-se muito. Fantasma para mim sempre foi fantasma e não merece o mínimo crédito. Se merecesse não seriam fantasmas.

Por vezes quando entro, e olho para a mesa que fica mais perto do bar, vejo a minha amiga, uma fantasminha muito camarada que gosta de caras mais velhos, maduros sem estarem podres, como eu. Então começo a pensar em Fantasmas de outro jeito. Ela é muita da gostosa. Nunca me disse o seu nome verdadeiro. Disse que a chamasse de Verônica Dúbia. Achei estranho o nome, pensando que havia alguma mensagem que ela me quisesse transmitir. Afinal, Verônica lembra a palavra “verdade” e Dúbia lembra dúvida, ambigüidade, e isso me deixa sempre em dúvida quando me conta alguma coisa...

Hoje ela me recebeu com esta...

- Vem... Senta aqui ao meu lado... Tenho uma pra te contar!

E lá fui eu, sem pestanejar, beijar aquela linda face. Virtualmente consistente, macia, cheirosa. E continuou sem nem me dar tempo de pedir um chopp (Aqui no Bar, chope não é grátis, chopp é).

- Sobre o Ronaldinho e o Flamengo, (Apurei os meus ouvidos virtuais), Sabe que saiu do Flamengo?
- Sei, mas isso já foi há alguns dias, mais de uma semana...
- Mas ele saiu e acionou o Flamengo na justiça... (e pousou sua mão sobre o meu braço, começando a mexer os meus cabelinhos, ao mesmo tempo em que eu me arrepiava. Não de medo, mas de pura vontade de convidá-la para irmos ver o que a Teresinha tinha perdido na horta)... E ganhou a causa! Sabe porquê?
-Não, respondi pousando minha mão sobre a dela.
- Porque o Flamengo fez uma troca: Deixava o Ronaldinho transar á vontade crendo numa  troca dos juros nos pagamentos que devia ao jogador. E era uma grana alta, daquelas de corromper qualquer vereador, deputado. Senador não sei, porque eles cobram mais caro... Uiiii. Bem mais caro. (ela tinha um agradável sotaque de francesinha ingênua, se é que na França existe alguma).

E continuou...

- Começaram dizendo que “semana que vem a gente acerta”, depois passaram para mês que vem, e Ronaldinho não parava de comer as suas mulherzinhas sempre que tinha oportunidade. Claro que de vez em quando bebia umas e outras, mas isso fazia parte do clima sexual. Havia umas com quem ele transava que eram as próprias tanajuras... Feias de cara e boas de bundas... 


Venônica Dúbia continuou - Já estive do lado dele, tocando-lhe em tudo que é peça, mas ele não sabe ver fantasmas. O negócio dele é vem cá e créu, sem muita conversa. Diz que é pra não dar na pinta, sempre correndo. Marca um gol, e sai pro abraço. Diz que aprendeu com um galinho lá do Quinteiro e que não se quer desgastar muito. Quando não dá a dele como galinho, dá como coelhinho, mostrando a dentuça. O mulherio delira com isso... He he he ..

- Mas, disse eu, se ele saía com mulher durante a concentração estava errado.
- Estava certo, Barmaninho (ela me chama carinhosamente de Barmaninho e nem sou o Barman)... Errado estava o Flamengo acreditando no advogado do clube: ele mandou vídeos mostrando Ronaldinho com as mulheres durante a concentração e caracterizou perseguição ao atleta. O Atlético mineiro percebendo que o jogador ia ganhar aquela, contratou logo o craque. Ronaldinho é um craque. Ainda marca muitos gols e dá passes certinhos para outros muitos mais...(ela entendia de futebol, e sua mão já andava vasculhando o meu corpo inteiro. Eu não sabia se a escutava ou se a arrastava para os fundos do bar. Nunca transei com fantasma).
- Quase todos os clubes fazem isso com os jogadores e alguns botam gente pra dentro do quarto e nem todos que entram são mulheres. Os clubes têm vídeos deles todos para exercer pressão na hora de negociar... (Fiquei abismado. Como seria isso possível? Era de deixar corado qualquer general das forças armadas e arredores).

Arrisquei:

- Mas dentro de campo...
- Hiii, meu filho.. hihihih ... Lembra do Roberto Carlos baixando para arrumar a meiazinha na hora do time da França bater o escanteio? Isso é lá hora pra fazer isso. Veio o Zidane e créu! Gol da França.
- E lembra do faniquito que o Ronaldão teve, que desestabilizou o time todo do Brasil na copa anterior, contra a mesma França? Ali, uns sabiam da tramóia, outros não. Por isso um treinador dizia que tinham que escalar o Ronaldo, e o outro dizia que não... Tudo armadilhado. Copas funcionam assim. Ora agora ganha um, ora depois ganha outro... Tens isto gostoso! (E me afagou o meu artilheiro de modo sensual e prazeroso. Passei-lhe a mão na cintura e comecei meu trabalho de meio campo. A coisa estava ficando boa. Ia acabar tudo ali mesmo, lá nos fundos do bar).

- Perguntei: Quem te contou isso?
- Foi o Taumaturgo Bode (disse ela. Eu fiquei lívido imediatamente, parecendo um fantasma)... E continuou - Ele se mete em tudo, até em futebol. Onde pode ganhar uns trocados ele se mete. Não foi ele que segredou no ouvido os nomes dos Ministros dos Esportes para serem nomeados? E não se encontra com eles de vez em quando para trocar impressões?
- Arrisquei outra vez: Ele que te contou? ...O Taumaturgo Bode ? Você e  ele... Ele e você...Vocês não... Sim?
- Naaada, (disse ela). O Taumaturgo é boiola. Subiu na vida política assim. O outro fantasma que costuma vir aqui, o mais esbelto, o Zeca Vamporra também, mas este é fêmea. Já foram amigos no passado. Mas isso da sexualidade não importa. Não vou falar sobre isso. Nem vou falar mais, senão teria que te contar que o valor do passe dos jogadores é subfaturado e o resto é pago por fora para não pagar imposto. Essa grana do “por fora” é que enriquece os carinhas...

Quando pensei que o papo iria mais longe, ela me deu um beijo impressionantemente quente nos lábios, um selão, levantou-se e já na porta disse-me:

-Tchauzinho!!!... Depois passo aí.

Senti-me como Zico perdendo o pênalti naquela copa do mundo... Pior ainda do que naquela época em que tentou empurrar jogadores do seu clube particular para o Flamengo.

O futebol está com a bola furada. Uns jogam futebol outros não. .

Estou achando que Verônica Dúbia é filha do Sobrenatural de Almeida que o Nelson Rodrigues detestava por estar sempre azarando o Fluminense. Verônica Dúbia também adora um jogo. Futebol é detalhe.

Rui Rodrigues