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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Amazônia – Uma solução


Amazônia – Uma solução

Já se disse que judeus comiam criancinhas,
Que negros não tinham alma, e outras mentiras,
E hoje, que somos uma nação,
Continuamos a dizimar as nações índias[1].
Rui Rodrigues


Precisamos mudar o enfoque sobre a Amazônia, o “Pulmão do Mundo”.

A natureza é. Existe. Nossos doutores em ambiente não dominam ainda muito bem os segredos da natureza. Se dominassem não haveria tanta destruição com tsunamis, terremotos, tufões, furacões, deslizes de morros, vulcões, meteoritos. Sabemos muitas coisas sobre ela, mas temos poucas certezas e raras previsões acertadas sobre o comportamento da natureza. Parece que a natureza nos aceita, não nos ignora, mas não nos dá a mínima importância. Para ela, seres humanos inteligentes ou dinossauros inteligentes, é a mesma coisa. O que nossos doutores dizem e sabem morre nas bancadas do Congresso Nacional, e por falta de instrução, são poucos os que entendem o que dizem.

Mas a natureza, essa sim, é muito inteligente. Precisamos aprender a vê-la como uma “coisa viva”. Quando as condições ambientais mudam, por influência de uma catástrofe de qualquer tipo, ela se recupera. Só precisa de tempo. Seria idiotice nossa querer manter um pedaço da Amazônia dentro de pequenas fronteiras desenhadas em papel. A Amazônia é um pedaço vivo, ainda auto-sustentável, que sobrevive apesar de apreciável parte de sua biomassa já ter sido destruída. Não sabemos até onde a poderemos destruir sem que desapareça como a mata atlântica a qual, apesar de órgãos e leis que a deveriam proteger, vê a sua extinção em curto prazo. A Mata Atlântica está hoje reduzida[2] a cerca de 12% do que era em 1.500 DC (de 1,8 milhões de km2, reduzida a 149,7 mil km2). Exatamente porque ela pertence a “Estados”, e estes Estados são governados por seres humanos e leis factíveis de corrupção ou incapacidade para julgar, planejar, projetar, cuidar, vigiar, governar.

Organismos internacionais e nacionais têm mostrado preocupação com o “pulmão do mundo”, ou seja, a Amazônia, incluindo a plataforma continental. Este artigo tem a mesma preocupação, e é despido de qualquer interesse que não seja o de apontar uma solução, embora se reconheça que a Amazônia não é, apenas ela, o pulmão do mundo. As plataformas continentais produzem muito mais oxigênio, as matas de outros continentes também, e se não produzem mais é porque já foram destruídas. Havia muitos pulmões neste planeta sacrificados em nome do “crescimento” e da “evolução”.   

A solução é simples: Desvincular a área verde da Amazônia dos Estados e criar uma área sem cidades, vilas ou aldeias que não sejam aldeias índias. A supervisão dessa área seria função do governo do Brasil, como de fato nos pertence, ao povo brasileiro, com presença efetiva das forças armadas e da Polícia Federal que vigiariam a área com aeroportos estratégicos, instalações militares e de marinha. Seria uma enorme reserva protegida, repositório da diversidade, com direito a turismo e centros de estudos auto sustentáveis. A Amazônia pagaria os custos de sua própria manutenção.

Esta área verde, atualmente dividida por estados, proporciona, numa democracia representativa, a oportunidade de especulação e ganhos pessoais com a sua exploração que corre ao sabor das instruções dos Partidos a seus representantes no Senado, nas câmaras, nos palácios de governo e prefeituras. Não pode continuar sob alçada de políticos que dela possam dispor fazendo vista grossa para a lei, exaurindo recursos para a fiscalização e depois de invadidos os locais alegue que não teve meios para fiscalizar. Também não pode ficar entregue a ONGS que não demonstram aplicação de recursos nem emitem boletins transparentes de suas atividades. A Amazônia nunca precisou de nós para sobreviver, nem as tribos índias que ainda vivem por lá. Deixemo-la como ela é e sempre foi. Ou, conforme vertente de uma linha de ambientalistas que afirmam não ser a Amazônia o pulmão do mundo, que se estabeleça um projeto de ocupação da Amazônia de forma auto-sustentável, mas que seja bem melhor e mais eficiente do que os que foram adotados por países que acabaram com suas florestas para poderem desenvolver-se e mantêm hoje pequenas reservas como amostra do que um dia tiveram e destruíram. Muitos países de primeiro mundo, das maiores economias do planeta estão neste grupo.

O que não se pode é ficar na dúvida e no desgaste diário de notícias contraditórias sobre desmatamento e ocupação, tribos índias que perdem suas terras, assassinatos como no tempo da ocupação das terras litorâneas da estrada Rio-Santos nos idos dos anos 70 quando jagunços assassinavam pescadores para lhes ficarem com as terras. Nem com a ocupação da Barra da Tijuca, efetuada da mesma forma, entre tiros e facadas. Isso só serve a governos complacentes que fecham os olhos para distribuir terras. Dirão que em caso de improbidade se movem ações na justiça e se prendem os corruptos. Temos visto que não costuma ser assim. Roubam-nos as verbas públicas, e mesmo quando vão para a cadeia, não devolvem o dinheiro desperdiçado. Além do mais, os cargos são distribuídos por políticos “de confiança” e não por gente competente. “Confiança” de quem?
Por estes motivos é mais seguro que os Estados cuidem vigiando a área da Amazônia pelas fronteiras, do lado de fora, do que “governá-la” estando nela instalados. Permissões especiais podem ser concedidas para estudos por tempo limitado renovável por períodos. O custo dessa manutenção é da União, não dos Estados. E a própria Amazônia se paga de forma auto-sustentável.

No que respeita a populações índias[3], havia em 1500 cerca de 5 milhões de indivíduos, reduzida para cerca de 2 milhões até o ano de 1800 (Brasil tornou-se independente em 1822). De lá para cá sobraram apenas 280.000 indivíduos.

Além dos povos indígenas, a preservação da Amazônia deveria ser encarada sob o ponto de vista da riqueza de sua diversidade, de forma a que não se extinga antes de ser desvendada por completo. A maioria dos políticos não tem instrução acadêmica para entender o que isto significa, e votam leis sem a mínima noção do desastre que provocam por sua ignorância e ambição, quando participam direta ou indiretamente de atos que atentam contra a natureza. Muitas vezes nem sabem o que votam, como se pode constatar neste vídeo http://www.youtube.com/watch?v=ZbCB5pv33wE (repórter é agredida)




Breves informações sobre a Amazônia

Amazônia Legal – Com uma área de 5.217.423 km2, correspondente a cerca de 61% do território nacional, compreende a totalidade dos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, e parte do Mato Grosso e Maranhão (a oeste do meridiano de 44º de longitude oeste, onde residem 55,9% da população indígena ou seja, cerca de 250.000 pessoas. Equivale a quase a metade da superfície da Europa e possui 11,5 mil km de fronteiras. A bacia do Amazonas escoa cerca de 20% da água doce do planeta. Não há razão para o alto custo da água no Brasil.
Solos - Há milhões de anos, a área onde está localizada era um mar apresentando solos geologicamente pouco férteis e arenosos. A floresta derruba seus galhos, frutos, folhas, animais morrem, etc. formando uma camada superficial de matéria orgânica que se decompõe e se transforma em húmus que, por sua vez, alimenta a vegetação. É um solo frágil.
Bioma [4] – Embora somente cerca de 10% das espécies da Amazônia sejam conhecidas, pesquisas indicam que na Amazônia existem cerca de trinta milhões de espécies animais. Nas águas amazônicas estão 85% das espécies de peixes de toda a América do Sul. Todos os anos milhares deles migram tentando encontrar locais adequados para reprodução e desova. É a Piracema. São 1.200 espécies conhecidas de aves. A lista oficial da fauna ameaçada do Brasil inclui 58 espécies da Amazônia – 9% do total.
Tribos índias [5]- O Brasil possui uma imensa diversidade étnica e lingüística, estando entre as maiores do mundo. São cerca de 220 povos indígenas, mais de 70 grupos de índios isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo menos, são faladas pelos membros destas sociedades, que pertencem a mais de 30 famílias lingüísticas diferentes.
Rui Rodrigues











quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Humanidade encurralada !!!!



Humanidade encurralada como gado para abate

Humanidade encurralada.
Quando se abrem os jornais ou se escutam notícias, e se verifica que há instabilidades, corrupção, crimes, crises econômicas, parecendo que o mundo está virando do avesso, que o mundo está descontrolado, desabando, podemos acreditar que está mesmo, de verdade. Notícias que são ruins para todos, normalmente são publicadas quer pela mídia “amiga” quer pela “inimiga”. É vala comum, e merecem crédito. São fatos. O problema é o que está por detrás disso, e é aí que nos perdemos sem sabermos exatamente o que é exagero e o que é descrença. Por vezes nos contemos em aprofundar os assuntos para não cairmos no fosso da “teoria da conspiração”. De certa forma nos sentimos encurralados, perdidos, sem sabermos o que fazer. Mas como sabermos o que fazer se não sabemos o que está por detrás do “momento” porque passamos, suas causas, origens?
Vejamos onde raciocinar sobre o assunto nos pode levar, mas parece que temos um grande problema para resolver, nós, que fazemos parte da humanidade! Pelos índices de ignorância que varrem o planeta, citar filosofias ou filósofos, não adianta muito. O que o povo, o cidadão comum entende, é se há trabalho, se a lei é justa, se tem segurança, ou se no caso de falhar (e muitas vezes por culpa do “mercado”) tem alguma ajuda da comunidade ou do estado. A esmagadora maioria nunca ouviu falar de Keynes, não sabe o que o tal de Karl Marx escreveu, e Napoleão era um cara famoso que tinha um cavalo branco. Acham que era frânces.

A crise de 2008[1] e o socorro aos Bancos[2] com dinheiro público[3]

O socorro aos Bancos – eram apenas três no inicio – se deu para “evitar” uma crise. Se o mesmo conceito de ajuda se aplicasse a qualquer empresa, não haveria impostos suficientemente altos que pudessem gerar tanto dinheiro para ajudá-las. Em vez de deixar falir, como se faz com qualquer empresa, o dinheiro foi-lhes cedido, arrecadado, e encofrado: Agora os Bancos têm medo de emprestar dinheiro e não receberem. Além do rombo nas contas públicas gerando queda na qualidade dos serviços do Estado, podemos adivinhar que quando o governo vender os títulos dos Bancos, será quando valerem menos do que o valor pelo qual foram comprados. Governos não sabem lidar com dinheiros públicos porque os cargos são de confiança (de partidos, eleitos, etc, mas jamais dos cidadãos).
A febre da “ajuda aos Bancos” [4]atravessou os “oceanos da cidadania” e chegou à América do Sul, África, Ásia, Europa. Os cidadãos vêm agora uma vida tenebrosa. Quando a poeira assentar e se fizer o balanço, se verá quantas famílias foram desfeitas, quantos lares foram retomados por Bancos, quantos pobres mais se criaram no mundo, quantos suicídios, quantos cidadãos deixaram de nascer – e outros que morreram - por falta de atendimento na saúde pública, quantos assassinatos por falta de segurança, quanta miséria sob o olhar benevolente ou complacente do Estado. O mundo está em crise desde 2007/2008 e não há data prevista para sair dela.

O aumento da criminalidade no mundo[5] e o Estado de S. Paulo[6]

“Quanto maior a nau, maior a tormenta”. È um ditado popular que tem muito sentido de propriedade. S. Paulo como a maior cidade brasileira deve ter naturalmente seus problemas em maior grau comparativamente com cidades menores. Entre Outubro e o inicio de novembro (dia 6), ascendia a cerca de 90 o total de policiais assassinados de forma covarde por indivíduos geralmente montados em motos em operações relâmpago. Dizem que tais assassinatos são comandados pelo tráfico de drogas, e em especial pelo PCC, uma facção do crime que atua em todo o Brasil. Já vimos coisa parecida na Colômbia, e talvez esteja acontecendo também no Brasil. Com tanto dinheiro gerado no tráfico de drogas e que “precisa” ser lavado, é bem possível que até vereadores, deputados, senadores, juízes, governadores, ministros, já tenham sido eleitos ou comprados pelo tráfico de drogas. Não deve ser o Brasil caso único no mundo, mas provavelmente um dos afetados por essa “onda” crescente que já virou tsunami mas que continua sendo empurrada para debaixo do tapete da consciência.
Além deste fator, é a falta de instrução que produz mais “cidadãos” que crescem em meio carente de tudo ou quase, e pela lei da reprodução animal fabrica mais “desinstruídos”, desinformados, sem trabalho normal num mercado que não consegue proporcionar postos de trabalho suficientes para todos, cercados de tráfico e drogas. Imagine-se que nos EUA, um dos candidatos, Romney, pretendia acabar com a ajuda do estado – incipiente nos EUA – em meio a uma crise que não gera empregos suficientes. Seria natural perder as eleições. Perdeu.
No que respeita ao Estado de S. Paulo, o mal deve ser combatido pela raiz, sem tréguas, sem concessões. É uma guerra e os bandidos devem ser julgados como determina a constituição brasileira para tempos de guerra: Pena máxima, inapelável. Não há bandidos deste tipo que sofram de doença mental.
Em meio a uma crise descomunal que a cada dia produz mais pobres, não há previsão para alívio desta situação de insegurança. A ação da polícia, por si só não será suficiente. Há que consertar, reparar, a nação como um todo e dar importância ao que é realmente importante. Sucessivas CPIS sem solução de retorno das verbas desviadas e sem efetivas sanções contra os corruptos, não há previsão de solução nem a curto nem em médio prazo. Política é coisa séria, não é cargo para se ficar rico e ser poderoso. Chegará o dia em que ninguém quererá ser político por falta de “espaço” para corromper e ser corrompido. Isso virá com a Democracia Participativa.

Os Bilderberg[7] na conjuntura mundial e a morte de um presidente[8].

Correm na NET, nestes tempos de indignação mundial contra as “falhas” – premeditadas ou não – dos responsáveis pela administração dos Estados, e contra algumas entidades que se julga estarem por detrás dos acontecimentos ou contribuindo para a depressão econômica em quem nos encontramos. Uma dessas entidades ou organizações é o grupo Bilderberg.  Aparentemente destina-se a debater as relações EUA x Europa. Como as reuniões são secretas – realizam-se desde maio de 1954 com eminentes representantes da economia e da política destas duas exclusivas regiões – existe a tendência de achar que, pelo “peso” dos participantes, se trate de uma eminência parda que dita os destinos do mundo. Pode ser que sim, pode ser que não. O possível vazamento de um ex-participante do grupo, um banqueiro suíço, pode ter apimentado a especulação sobre as reais intenções do grupo. No entanto, não podemos eliminar a possibilidade de grupos como este existirem com a clara intenção de ditar as regras na forma de governar, e, pelos resultados até agora, a ser verdade, com clara vantagem para esses grupos. Tenhamos em conta que já cedemos muitas verbas públicas necessárias para os Bancos se livrarem de uma crise que veio da mesma forma e que provavelmente nem existiria se os tais três primeiros bancos tivessem ido à falência.
Algo para vermos no futuro e ficarmos atentos, entretanto já sabemos de antemão que reuniões “secretas” se podem fazer em qualquer gabinete de qualquer ministro de estado, governador ou até mesmo um simples vereador, ou, de forma mais garantida e isolada, durante um jogo inocente de golfe ou até mesmo em qualquer lugar. E isto pode acontecer com os donos do tráfico que nem se conhecem.

A maçonaria[9] a nível mundial

A verdade é que não se sabe quando começou o movimento maçônico que uns atribuem á época do Templo de Salomão, outros à época da idade media quando pedreiros se associaram sob a benção de alguns participantes do clero católico, aos “iluminatti [10]” que promulgariam a “Nova Ordem Mundial” dentre outras origens, e que têm por base a humanidade, a igualdade, a fraternidade, a liberdade e a democracia. Embora os números não sejam muito confiáveis, existem no mundo aproximadamente 6 milhões de integrantes espalhados pelos 5 continentes. Destes 3,2 milhões (58%) nos Estados Unidos, 1,2 milhão - (22%) – no Reino Unido e 1,0 milhão (20%) no resto do mundo. No Brasil são aproximadamente 150 mil maçons regulares (2,7 %) e 4 700 Lojas. As lojas são os lugares onde secretamente se reúnem. Existem vultos históricos, muito famosos, incluindo D. Pedro I que eram maçônicos. Impressiona como, ao longo de tantos séculos, os adeptos não sejam em número infinitamente maior.
Porém, até se afirmar que fazem parte de um grupo que possa ser o único responsável pela crise mundial e pela desorganização dos governos, seria um passo muito longo, uma temeridade. Quando muito, poderiam fazer parte dos que contribuíram para a crise e o desgoverno, mas não há como provar, e desconfiar, apenas, é insuficiente para construir uma consciência sobre o assunto.
Há muitos mais banqueiros, donos de empresas, políticos corruptos querendo que a humanidade trabalhe de graça e pague altíssimos impostos do que pequenos grupos secretos que podem até desejar o mesmo. Será isto uma simbiose entre os cidadãos e o poder, ou trata-se de uma usurpação de poder que deve ser tratado com altas doses de democracia participativa[11]? Até lá, somos uma humanidade encurralada pelo poder que faz o que quer e não nos consulta para absolutamente nada. Vivemos num engodo político.

Rui Rodrigues


[2] Veja país por país com fontes dos Jornais Gazeta Mercantil O Estado de S. Paulo emhttp://www.passeiweb.com/saiba_mais/atualidades/1230920795
[7] Site aparentemente oficial  com participantes, conferências, etc.http://www.bilderbergmeetings.org/index.php
[11] Democracia real, verdadeira, participativa em http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Os "neo escravos" do século XXI








Os neoescravos do século XXI


“Neo” significa novo! Novo deveria entender-se por “diferente”, sem perder a essência. Podemos entender muito bem o significado e o entendimento de “neo” à luz do termo “neoliberalismo econômico”, que significa literalmente o “novo liberalismo econômico”, mas dadas as evidências e as circunstâncias sou levado a concluir que neste caso o termo correto deveria ser algo diferente porque não se trata de “economia”, mas de aparente legalização do desperdício que se traduz por democracias na divisão das verbas públicas e numa ditadura na aplicação dos impostos. Por isso governos como o da França, Itália, Portugal, Espanha, Grécia caíram, e outros cairão ainda como produto da verificação do desperdício de verbas públicas e deficientes políticas econômicas. Pior do que isso, por cooperação com a ambição dos que detêm e manejam o capital. Se o leitor pensou que este texto é socialista, comunista, ou tem qualquer ideologia implícita, peço antecipado perdão, mas deve ter-se equivocado. É pura constatação.

Muito semelhante é o termo neoescravos do século XXI, relacionado com o esclavagismo, um assunto que nos vem desde os primórdios da civilização quando se agrilhoavam seres semelhantes mas que falavam língua diferente em outros locais do globo, em outras tribos, outros povos, para fazer escravos que fizessem o trabalho de graça a troco de um conforto mínimo duvidoso e local seguro para viver[1]. E muitas vezes dentro da própria tribo, grupo ou nação. Os neoescravos do século XXI não fazem “trabalhos” forçados. Mas continuam existindo a título de “cidadania democrática”, “fazer a sua parte” como cidadão, cidadã. A maioria da população não se preocupa com as contas públicas, pede a deuses que lhes dêem bons governantes: O governo lá em cima, intermediário entre deuses e humanos, os cidadãos cá em baixo como azeite sobre a água. Um bom exemplo do passado é o Império Romano onde somente patrícios, isto é, autóctones descendentes dos fundadores de Roma faziam parte do governo. Os plebeus eram descendentes de gentios, isto é, forasteiros, e além destas duas classes, havia os escravos e os clientes. Os patrícios, que faziam as leis e eram o próprio governo, eram o azeite sobre a água de todas as outras classes das quais se beneficiavam para recolher impostos, aproveitar-se do trabalho. Em troca dava muito pouca qualidade de vida, porque o dinheiro era gasto em corrupção e campanhas bélicas para engrandecer o Estado. Mas que estado engrandecia? Evidentemente que o “Estado neopatrício”.

Nos dias de hoje muitos governos do mundo, senão todos, ou com raras exceções como nos países nórdicos, Islândia e Suíça, já não são os patrícios que governam e constituem o poder, mas um grupo chamado governo, que decide em nome dos cidadãos e escravos, coleta impostos, aplica como quer, corrompe como acredita ser necessário, sem a mínima hipótese de que os cidadãos os tirem do poder enquanto não terminar o mandato. Quem chega a ser eleito, normalmente com falsas promessas, e ganha seu posto no poder, contribui para a perpetuação do sistema. Governos hoje são como confrarias de amigos onde tudo se acerta sem o conhecimento público. Governo de "neopatrícios"

A impressão que se tem é que se trabalha para os patrões e para o Estado na condição de neoescravos, onde a democracia se resume a eleger “patrícios”. Neste aspecto, a “democracia” limitou-se a tornar iguais os plebeus, os escravos e os clientes, os explorados pelo grupo de “patrícios” a que chamamos governo democrático. Passar milhares de anos desenvolvendo a democracia e chegarmos a este ponto no século XXI é decepcionante.

Todos estes governos “neopatrícios” apelam para o nosso sacrifício alegando a causa pátria, o seu engrandecimento, o seu progresso. Pode entender-se sempre e quando isto represente o bem estar dos neoescravos do século XXI, mas não é o que se vê, face à quantidade destes que não têm acesso ao conhecimento nas universidades, nas escolas de segundo grau, a água tratada, a rede de esgotos, a rede de águas pluviais, a trabalho devidamente remunerado, a comida, a roupas, a serviços sociais, a saúde pública, a segurança no ir e vir diário. Paremos para penar, porque 60% da população mundial não tem nada disto. Algo deu errado em nosso caminho para a democracia. A nova classe emergente da "neolata" aumenta em número a cada dia.

Talvez seja o brilho do ouro recolhido dos impostos com base em taxas fixas de impostos que enchem os cofres públicos todos os dias de todos os anos, e não um orçamento prévio de gastos, mostrado e demonstrado aos neoescravos do século XXI e sobre os quais se definam as taxas prévias de impostos de ano para ano. Para fazer cobram-se impostos. Para não fazer, os neopatrícios nem precisam cobrar. Talvez assim os neoescravos possam passar um ou outro ano afastados do sufoco dos impostos, ou pelo menos com uma pequena folga que seja, para respirar.

Mas se você, leitor, tiver dúvidas, porque está confortável em sua cadeira, sua casa, leia, por favor, no link a seguir para saber se é pobre, rico ou nada disso. O amigo leitor decide! http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/index.php?pagina=1290857238 

Mas não se esqueça... Se for para fazer nada ou muito pouco, o Estado não necessita de impostos tão altos.... Basta polícia, juizes e um alfarrábio com leis, e isto não custa tanto assim.

Rui Rodrigues


Para leitura sobre o tema, pode também consultar:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/artigos/o-que-e-cidadania.php




[1] Efésios 6:9 Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas. 
Colossenses 4:1 Senhores, dêem aos seus escravos o que é justo e direito, sabendo que vocês também têm um Senhor nos céus. 
Deuteronômio 15:12 Se seu compatriota hebreu, homem ou mulher, vender-se a você e servi-lo seis anos, no sétimo ano dê-lhe a liberdade. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Big Bang sem explosão – Assista de olhos fechados.


O Big Bang sem explosão – Assista de olhos fechados.


Para poder entender (mais ou menos) como se deu o Big Bang, no caso de leigos como eu, é necessário ler com atenção o texto sobre a introdução à física quântica em  http://bardochoppgratis.blogspot.com.br/2012/07/facil-introducao-fisica-quantica-para.html e lembrar que sim, do “nada” pode emergir, consubstanciar-se “alguma coisa”. Isso é o que nos diz a Física Quântica. Bem... Do nada, do nada mesmo, não... Mas de algo muito parecido: O falso vácuo. É denominado assim, de “falso”, porque é “temporário”. Mesmo sendo parecido com o vácuo verdadeiro, e ao contrário deste, tem a propriedade de ser metastável, isto é, é extremamente instável. O vácuo comum você pode deixar quieto e esperar uma eternidade que não acontece nada.

Para que tenhamos uma idéia do vácuo verdadeiro, não temos no mundo um equipamento que possa extrair toda a matéria e a energia de, por exemplo, um cm3 de “espaço”, de forma a produzirmos o vácuo verdadeiro, extraindo toda essa energia ou matéria e deixar esse cm3 completamente vazio...  Devemos ter sempre em mente que uma teoria que tente explicar este nosso universo – e ou outros - é boa enquanto explica tudo o que vemos. Se não for assim, revisa-se, e se for o caso, abandona-se.

Mas se desejar continuar assim mesmo sem acessar o link que sugerimos,... Vamos lá...

Imagine-se “olhando” para o acontecimento, como se fosse um “deus” que fez a sua obra e cresceu tanto ou mais do que o próprio universo que está criando – desde quando este era apenas uma partícula, ou algo correspondente a 25 gramas, ou um pão francês – acompanhando o crescimento de sua criação. Isto lhe permitirá “ver” o que vai acontecendo ao universo desde sua “ultra mini-miniatura” até essa imensidão da qual só conhecemos uma pequena parte (O universo total é pelo menos 10 elevado a 23 vezes maior do que a parte que vemos atualmente, ou seja, 100.000.000.000.000.000.000.000 vezes maior).

Para poder fechar os olhos e viajar até a formação do Universo, peça que alguém lhe leia este texto, e feche os olhos... Mas não imagine nenhuma explosão porque não a houve...


Etapa 1 – O falso vácuo se desintegra

Vimos que no falso vácuo os campos de Higgs permitem prever o aparecimento de uma partícula, ou “Bóson de Higgs”, ou ainda como é mais conhecida, a “partícula de Deus”. O surgimento do Universo, ou de uma infinidade deles, pode ter partido da instabilidade do falso vácuo ao criar uma ou mais dessas partículas, mas não houve explosão nenhuma. Definitivamente não!  E antes que se pergunte sobre o que foi feito do “falso vácuo” que deu origem ao universo, ele ainda está lá... E como é fácil adivinhar, está produzindo mais universos, porque é “metastável”.
O nosso faz parte – provavelmente – de uma infinidade de universos, alguns tendo aparecido há um tempo infinito para “trás”, no tempo, e daí para cá, novos surgem a todo o instante, outros que estarão emergindo agora, neste instante, e outros que emergirão. O nosso somente pode ser “intuído” a partir de ínfimos instantes a partir de seu surgimento, quando era ainda uma pequena esfera de dimensões próximas do zero.

Então, olhe toda a escuridão do falso vácuo, e veja aquela pequena esfera escura (com dimensões tão pequenas, só mesmo sendo “deus” para conseguir vê-la, mas admitamos que a vê). Reduza também a medida de seu tempo bilhões, trilhões de vezes para poder ver tudo como se fosse em câmara lenta, porque essa ínfima esfera vai inflar tão rapidamente que a luz, que viaja a 300.000 km/s parecerá estar parada. Com a mesma medida de tempo que temos, não poderíamos “ver” nada.

Tenha em mente também que essa esfera, tão ínfima, tem volume quase igual a zero. Como a densidade é igual à massa (ou energia) dividida pelo volume, podemos avaliar que a densidade só pode ser infinita (qualquer número dividido por zero é igual a infinito). Ela é praticamente redonda nesse instante. Também, essa esfera deve ser uniforme, isto é, todos os pontos internos devem gozar das mesmas propriedades. A esfera é também extremamente quente, com temperaturas muito acima dos bilhões de graus kelvin – ou centígrados - não importa para nós, leigos, em qual unidade se mede a temperatura neste caso.

O falso vácuo tem outra propriedade: Ele apresenta o mais baixo nível de energia. Para que sua energia varie e atinja outros mais elevados, é necessário que algo aconteça nos campos de Higgs. Para os crentes, poderão dizer que foi o dedo de deus que lhe deu um peteleco. Para os estudiosos da Física Quântica, isso de deve à própria instabilidade do falso vácuo, fazendo com que os vetores do campo de Higgs mudem rapidamente de valores, de modo frenético, quer por tunelamento quântico, quer pela evolução dos estágios de energia. Para nós, que somos leigos, isso não interessa muito. O que interessa é que antes de decorrido um minuto, o universo – aquela esfera - já não é redondo. Vista do lado de fora, por você, verá que a fronteira do universo é praticamente plana. Não poderia ser diferente para uma esfera que infla de forma exponencial e que é homogênea, submetida a enorme pressão que a faz inflar tão rapidamente (imagine uma bola inchando. Sua superfície vai ficando menos redonda e mais plana na medida em que infla). A temperatura baixou consideravelmente, mas ainda não há luz. O interior é uma “pasta” sem luz, com densidade de energia constante. Tem que ser constante, porque caso contrário não estaríamos aqui para perguntar. Ademais, não haveria para onde mandar ou de onde retirar mais energia: O universo está nesse instante e neste também, rodeado de falso vácuo. O falso vácuo também infla. (Tente ver uma porção de esferas, ou de universos inflando a velocidades superiores à da luz, num meio que também infla, senão as esferas se chocariam e se aniquilariam).
Essa pasta do Universo no primeiro minuto de “vida” está sujeita a leis que não sabemos de onde surgiram. Uns dirão que foi deus que as imprimiu logo no início da formação do universo com um peteleco. A física não tem respostas, mas sabemos que tais leis são verdadeiras porque explicam o universo tal como o conhecemos, e ainda não descobrimos todas as leis. E=mc2 é uma dessas leis descoberta por Albert Einstein.

Como curiosidade, descobriu-se que há uma densidade crítica a partir da qual os campos de higgs não produziriam um universo como o nosso. Chama-se a essa densidade crítica de “Omega”. A densidade crítica Omega deve ser igual a um ou muito próximo disso. A do nosso universo varia hoje entre 0,1 e 2. No inicio do universo variava entre 0,999999999999999 e 1,000000000000001 (quinze casas decimais). Na medida em que infla de forma exponencial ( o volume aumenta rapidamente) e para que a densidade se mantenha é necessário que surja mais matéria. A matéria é retirada da energia gravitacional que é negativa. Na medida em que o universo infla e se expande, a temperatura baixa quase que na mesma proporção e mais massa surge.

2-  E  a luz se fez.

Até 300.000 anos após o inicio do big bang havia uma sopa de elétrons super agitados. Até aqui, ainda não havia luz, mas o universo já era tão extenso que tinha uma dimensão de 900.000 anos luz. È a partir desta fase que o universo já super resfriado permite a interação entre elétrons e núcleos atômicos para formar átomos eletricamente neutros. A luz se faz, e à velocidade de 300.000 km/s tem ainda um horizonte de 900.000 anos para conseguir atingir os limites do universo. O universo torna-se finalmente transparente. Essa luz ainda não chegou até nos porque o Universo inflou muito mais do que esses 900.000 anos. Estamos hoje a cerca de 13,9 bilhões de anos desde o inicio do big bang.   

A análise da radiação cósmica de fundo – os ecos do big-bang – ainda chegam até nós e mostram a uniformidade do universo.

Para entrar em detalhes sobre todas as dúvidas que ainda deve ter – este artigo serve apenas para “tentar visualizar” o big-bang e mostrar que não foi uma “explosão” – consulte, por favor, literatura relacionada com William G. Guth, Stephen Hawking, Albert Einstein e outros.

Rui Rodrigues











domingo, 4 de novembro de 2012

Goa, Damão e Diu – Outra verdade!




Notícias de Salazar sobre Goa, Damão e Diu

Goa, Damão e Diu – Outra verdade!
Vivíamos quase iludidos. Salazar falava dos ventos da história. Ele conhecia os ventos da história, mas sob a sua ditadura, as notícias que nos chegavam sobre tais ventos eram passados pelo filtro da vontade de Salazar, o “domador de lusos”, que os mantinha controlados no chicote. Porém, o pouco que se sabia era suficiente para sabermos quem tínhamos no poder.
Com Goa como capital do Estado português da Índia desde 1505, esta parte do território português incluía boa parte da costa de Malabar na península de Guzerate, incluindo Damão, Diu, a ilha de Angediva a sul de Goa, Dadrá e Nagar Haveli, Simbor e Gogolá, Bombaim cedida à Inglaterra como bodas de casamento de Catarina de Bragança, de Portugal e o rei Carlos II de Inglaterra. Em 1947 a Inglaterra, por ação do grande Mahatma Gandhi, reconhece a independência da Índia que pede a devolução de todas as possessões portuguesas. Levado o caso ao tribunal de Haia e às Nações Unidas, era evidente que deveria devolvê-los exatamente por aqueles ventos da história a que Salazar se referia. Salazar, domador de lusos, também queria domar estes ventos. Portugal manteve esses territórios até 1954. De 1954 a 1961, Portugal apenas conseguiu manter Goa, Damão e Diu. Nessa oportunidade Portugal tinha o maior exército ativo da Europa, e gastava os recursos da Pátria para combater ventos. Enquanto Portugal tinha cerca de dez milhões de habitantes, a Índia – ou União Indiana como se conhecia em Portugal – contava com cerca de 600 milhões. Era uma luta desigual, um David às avessas lutando contra 100 Golias que nem atacavam armados. Gandhi queria tomar posse do que era seu de forma pacífica tanto quanto possível.
Em 1954 eu tinha nove anos. Não entendia muito bem os acontecimentos, mas sabia o suficiente para me preocupar em crescer rapidamente para lutar ao lado dos meus patrícios. Quando me fui despedir de um primo, o Gabriel André, que partia num transatlântico mobilizado para transporte de tropas no Cais de Sodré, ainda lhe disse que um dia seria eu a entrar num navio daqueles. Eu leria todos os livros de Emílio Salgari, mas até aquele momento só tinha lido – Sandokan conquista um trono e achava a guerra colonial uma aventura a sério onde se podia ser herói vivo. Resolvi que logo que pudesse eu entraria para a marinharia da Mocidade Portuguesa. E um ano depois em 1955, sendo obrigatória a participação nessa Mocidade perdida, entrei, fui promovido a “arvorado em comandante de castelo” e no ano seguinte eu estava na marinharia. Meu primo continuava vivo por lá, na Índia, longe da família. Com onze anos eu já me preocupava em saber como minha prima, a mulher dele, conseguiria passar tanto tempo sem ter relações sexuais, se eu, com onze anos, já não podia passar alguns dias sem me masturbar. Achei que ela deveria fazer o mesmo.
Em 1960 eu já tinha 15 anos. Portugal já não tinha apenas o problema da Índia. Os ventos sopravam também em Angola, Moçambique, Guiné, em todos os territórios coloniais. Nas lanchas da marinha que me levavam aos sábados para a base do Alfeite, do outro lado do Tejo, de frente para Lisboa, a caminho da instrução militar da marinharia, ouvia-se de tudo, víamos fotos que jamais foram para os jornais. Eram atrocidades cometidas por ambos os lados em África: mulheres grávidas com os fetos arrancados e pisados, braços cortados com os seios nas mãos, um sem fim de gônadas cravadas em estacas ao longo das estradas, colares de dedos enfeitando o pescoço de falsos heróis.  
No Liceu Gil Vicente, comentavam os professores de forma velada, que a juventude portuguesa estava sendo enviada para a morte a troco de nada porque era irreversível a independência dessas nações, a exemplo do que estava acontecendo no mundo. Portugal não seria exceção. Um primo que morava em Luanda, Angola, chegou de férias a Lisboa. Contou-me o que era a vida nas “províncias” ultramarinas e como alguns dos donos de terras ou de empresas batiam de chicote nos negros trabalhadores. Quando associei este fato com os hindus que atacavam sem armas, as mulheres com macas percorrendo os campos para recolher os mortos e feridos, percebi qual era o lado errado. Eu estava do lado errado e comecei a lamentar estar na marinharia, pronto para defender não uma nação, mas um louco que subiu ao poder. Um ditador que domava lusos apoiado por bajuladores que sempre esperavam migalhas de sua condescendência.
Meu pai estava no Brasil desde 1951, e eu já começava a acarinhar a idéia de largar o país, largar os amigos, largar tudo, não para fugir por medo, mas para não participar dessa ultrajante “defesa” do território.
Em 1961 passei minhas últimas férias em Portugal, em Sesimbra. Lá comecei um namoro com uma moça, Luísa, que morava no Bairro das colônias em Lisboa, onde moravam também os ministros de Salazar. Contou-me algumas coisas, em Outubro, quando a fui visitar como cortesia. Nosso namoro fora apenas de férias. Antes das férias terminarem, ela já estava na garupa da lambreta de um francês. Eu não tinha lambreta e lá em casa ninguém tinha carro. Uma das coisas que me contou foi sobre a prisão do Ministro da Defesa Botelho Moniz em Abril, numa noite em que chegaram uns carros pretos, o tiraram da cama e o levaram. Nunca mais ela o vira até o final do mês de outubro. Eu já ouvira também sobre presos políticos, sobre a oposição do general Humberto Delgado, e já sabia que a maioria da população já não aprovava o Salazar. A população tinha medo da sua polícia, a PIDE. Eu continuei expondo as minhas opiniões de forma cautelosa.
Por outro lado, eram já bastantes e muitos os sinais de desobediência a Salazar. Uma delas, durante a segunda guerra mundial, foi a realizada por Aristides de Souza Mendes, descendente de judeus - como 40% da população portuguesa - ao conceder vistos desde Bordéus na França a judeus que fugiam de Hitler, contra as ordens expressas de Salazar. Várias revoltas, a apreensão do Vera Cruz, a revolta de Beja e outras. Apesar disto, para o qual não tenho explicação, Salazar permitiu que milhares de judeus se refugiassem em Portugal vindos de outras partes da Europa, e não alterou os estatutos de igualdade entre judeus e portugueses. Demitido por Salazar, o ex-cônsul perdeu a pensão e morreu na miséria. O motivo da prisão do ministro da defesa teria sido uma tentativa de golpe de estado.
Nunca entendi como pôde Salazar invocar a aliança entre Portugal e Inglaterra contra a Índia, sabendo-se que a Inglaterra reconhecera a independência daquela nação e que estava reconhecendo a independência de suas ex-colônias. Estaria Salazar louco ainda mais com Haia e a ONU reconhecendo as razões da Índia?
Não era à toa que corriam piadas pejorativas pelas ruas de Lisboa sobre Craveiro Lopes e Américo Tomáz, os dois presidentes da república fantoches e sem opinião, colocados no poder por Salazar. Do primeiro, as piadas eram sobre sua esposa. O segundo era conhecido como o “banana”.  Para onde eu fosse, quer no Liceu, no voleibol do Sporting onde joguei, na marinharia, em família, entre amigos, pelas ruas, o povo não gostava de Salazar. A PIDE não escutava nada disso porque tinha outras “particularidades” para resolver. A  FNAT – Fundação Nacional da Alegria no Trabalho – Era conhecida e reconhecida em todos os meios, como Fanantes Nacionais Agarrados ao Tacho. Para brasileiros, Fanantes é sinônimo de ladrões e Tacho é a velha “panela” de amiguinhos. Quem não agüentava ou suportava, e podia, emigrava.
Quando a 19 de dezembro de 1961 as tropas portuguesas saíram às pressas de Goa, Damão e Diu sob fogo da artilharia e da aviação da Índia, estava claro que a paciência de Gandhi se tinha esgotado e que a falácia de Salazar era ridícula. Isso estava claro até mesmo entre a tropa, e nós, povo, nos admirávamos da paciência de Gandhi. Fosse outro e já não estaríamos lá há muito tempo. O tempo do colonialismo estava chegando ao fim. Salazar continuava como sempre fora: vesgo de cérebro. Fiquei feliz por as tropas portuguesas não terem desperdiçado mais vidas numa guerra estúpida. 
Com 42% dos votos, em 2007 Salazar foi eleito – não sei como foi feita a votação nem de sua credibilidade – como a personalidade mais proeminente dos “Grandes portugueses”, através de enquête pela RTP – Radio Televisão Portuguesa, fundada por Salazar. Um dos mais votados foi exatamente o ex-cônsul em Bordéus que Salazar demitiu. Aqui de longe, eu afirmo que há muitos salazaristas ainda na RTP e que os resultados foram manobrados. De outra forma, eu que já acho que Salazar tinha seus laivos de loucura, me perguntaria: -O que querem os meus conterrâneos? Outra ditadura, desta vez remando contra os ventos da União Européia? Mas ainda acho que a história da cadeira, embora verídica em todas as versões, incluindo aquela em que não se tratava de uma cadeira, mas de uma banheira, não está completamente contada.
Para não se repetirem erros, Açores e Madeira deveriam fazer parte de uma Confederação portuguesa a exemplo da constituição da Suíça, em absoluta igualdade de condições com as demais províncias, nem mais nem menos.

Rui Rodrigues
Sobre democracia participativa, ver http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/

sábado, 3 de novembro de 2012

Juntando mitos, crenças, crendices e polêmicas.



Juntando mitos, crenças, crendices e polêmicas.


Temos curiosidade na esperança (temos esperança mas não temos fé em que aconteça o que desejamos).Não todos, apenas uma boa ou grande ou maior parte de nós.

Não é necessário freqüentarmos os bancos de escolas e universidades por anos a fio para termos fé em qualquer coisa. A fé é inata ao ser humano. Se, para ter fé, fosse necessário freqüentar universidades onde pudesse ser aprendida, seríamos em nossa maioria analfabetos da fé e as igrejas estariam vazias. O curso seria muito caro, fora do alcance da maioria da população.

Com fé se nega e se prescinde do conhecimento, mesmo tirando fotos com celular, assistindo a televisão, vendo na TV naves teleguiadas andando em Marte. Com fé e sem instrução podemos até admitir que é “tudo filme”, que é mentira que tenhamos mandado sondas a Marte, ou no mínimo colocamos essa informação lá atrás, na parte posterior do cérebro onde nem cavoucando com Freud possa ser encontrada para não termos que lidar com o problema da confrontação de decidir se cremos ou não. Assuntos polêmicos são como uma crista de montanha, onde a água que cai escorrega sempre para os dois lados. Da mesma forma que a água nas cristas das montanhas, uns acreditam que as polêmicas são verdades, outras que não. Algumas polêmicas teimam em percorrer o imaginário popular ao longo de milênios, séculos, décadas, anos.

Parece-nos difícil imaginar como seria o “nível” intelectual ou de instrução dos povos da antiguidade, mas por incrível que pareça, nossos povos, em sua maioria, não diferem em nada dos de 12.000 anos atrás, principalmente entre classes menos favorecidas – a dos pobres e miseráveis – servindo para tal definição a que o Banco Mundial costuma utilizar: Quem ganha até dois dólares por dia (cerca de quatro reais em novembro de 2012), acrescida de um fator de correção elevando - por nossa conta - este valor para vinte dólares por dia. Isso coloca neste grupo cerca de sessenta por cento da população mundial, ou seja, cerca de cinco bilhões de pessoas. Sem instrução, as notícias que lhes chegam não podem ser entendidas, avaliadas, comparadas. Podem ter ouvido dizer que o homem já foi à Lua, sabem onde fica a Lua, sempre lá no alto à noite tal como anúncio luminoso, mas não têm idéia de todo o processo histórico e tecnológico para chegar lá, nem que é redonda, nem que mostra sempre o mesmo lado voltado para a Terra. Se souberem que a Terra é redonda, será por acaso. Ouviram falar em milagres, mas nunca viram nenhum. Nós mesmos que somos um pouco mais instruídos também não vimos.

O grande problema da fé, é que está associada à ignorância, e quando se tenta explicar algo a um ignorante cheio de fé, ele sabe que por esse caminho não terá escapatória e terá que ouvir uma verdade que não poderá “explicar” nem entender. Então se bloqueia nas torres da fé e não lê, não vê, não escuta nada que lhe possa abalar a fé. É assim com a ala mais renitente do partido político do PT, no Brasil, que vê no oportunista Lula o salvador da Pátria porque distribuiu meia dúzia de bolsas família, uma ninharia, enquanto ele mesmo enriqueceu usando o poder em causa própria. Se sacrificarem Lula no recinto da Lei, como merece, dirão a futuro que foi injustiçado e abrirão uma igreja em seu nome.

Então, analisemos a estória de algumas afirmativas que ao longo da história nasceram, caíram no gosto do povo de então – lá atrás no tempo – e acabaram por chegar a nossos dias de forma intacta ou ligeiramente modificada, sendo tomadas, essas afirmativas, como verdadeiras, ou pelo menos, no conceito da mais alta fé.


Herança celta

Os celtas viveram na Europa Ocidental entre 2.000 AC e 400 DC, em plena idade do ferro. Na península ibérica misturaram-se com os iberos dando origem aos celtiberos, base da população antes da chegada dos romanos. Não deixaram registros escritos, e o que sabemos origina-se de escritos romanos sobre eles. Sabemos que tinham mais de 300 deuses e algumas superstições, crenças.  Acreditavam no além o que se pode comprovar em seus túmulos onde os mortos foram enterrados com suas armas e outros pertences, além de canções celtas cujos “bardos” ou cantores, passavam suas lendas de boca em boca atravessando os séculos. Ficou-nos como uma das heranças, a comemoração do dia dos mortos, levando-lhes flores, tal como eles fizeram por milênios, no dia 1º de novembro. A igreja católica apoderou-se desta comemoração, que era famosa e corrente na Europa céltica, transformando este dia no dia de todos os santos. A história faz sua justiça e quando se fala em 1º de novembro, reconhece-se como dia dos mortos. Vamos todos aos cemitérios e não à igreja para ver todos os santos.

Herança egípcia

Já como civilização, temos notícia da existência da egípcia desde cerca de 3.000 AC. Uma das heranças é sem dúvida a cerveja que eles inventaram e servia como parte de pagamento para trabalhadores. Mas a mumificação causa mais impacto nos dias de hoje e nos chama a atenção.

Os egípcios foram dos primeiros povos a acreditar na vida eterna A alma ou Ká dos mortos era julgada no tribunal de Osíris, e se pesasse mais do que uma pluma era enviada para um inferno e se pesasse menos, a alma voltaria para o corpo dando-lhe nova vida. Em tantos milênios, creio que nenhum egípcio voltou a ver um morto ressuscitado, mas fé é fé. Então, para preservar os corpos para a nova vida, descobriram produtos que pudessem conservar o corpo por muito tempo, sendo necessário extrair o cérebro e as vísceras, porque não conseguiram aprender como conservar estas duas importantes partes do copo. Os egípcios nunca se perguntaram o que faria uma alma reencarnada num corpo sem cérebro e sem intestino estômago, coração, pulmões, mas isso não era importante – nem questionável, por que atrapalharia – a fé egípcia. Como os corpos passavam por um longo período de tratamento, e fediam realmente, desenvolveram a industria dos perfumes e cosméticos. Estes já eram uma preparação prévia, em vida, para a “preservação” do corpo visando a vida “eterna”. Os ricos eram todos muito bem embalsamados, crendo que suas almas não pesariam mais que uma pluma, seus túmulos cheios de iguarias, antigos servidores mortos para servi-los no além, cães e gatos, navios, cavalos, carruagens. Rico tinha fé de que não ia para o inferno. Ainda hoje os donos dos templos são ricos e não embalsamam ninguém, embora lhes extirpem o cérebro com instrumentos cirúrgicos de “fé” e lhes tirem todos os "trocados disponíveis". Mas como se vem dizendo, fé é fé, e pronto!

Também hoje, com operações plásticas que substituíram os embalsamamentos e os cosméticos, se vêm pelas ruas perfeitas múmias egípcias, cheias de fé de que rejuvenesceram e estenderão sua expectativa de vida, mesmo antes de enfrentarem qualquer tribunal... Olhem com atenção que vão vê-las.  


Herança romana

O pior dos legados romanos foi a lei romana – com base no direito romano – que embora tenha sido abolido constitui, em seus fundamentos, a base do direito no Brasil e em quase todos os países do mundo. Pior, porque foi feito para um povo constituído de patrícios, plebe, escravos e estrangeiros, e por famílias dominadas pelo “pater família”, mulheres ficaram mais uma vez de fora. Havia leis para os patrícios, a família, os escravos e os estrangeiros. O mundo mudou, mas as leis embora tenham mudado, bem devagar, têm em sua aplicação e interpretação o poder dos magistrados, gerando o dito popular “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. Quem está no governo, ocupa bons cargos ou é “amigo” do governo, não quer mudar nada. Assim está bom demais (para eles). Por essa razão a principal característica dos candidatos a cargos de governo é a ambição. Eles não têm realmente interesse em beneficiar as classes menos privilegiadas de quem extraem os impostos, dando-lhes apenas paliativos, como a bolsa família do Lula. Recentemente no Brasil vimos o julgamento do mensalão, com duas atitudes diferentes dos magistrados, sendo que um deles, Lewandovsky, em vez da imparcialidade adotou a postura de “defensor” dos réus, aliviando-lhes a sentença em favor dos “patrícios” do governo que estavam no banco dos réus e fora dele.

O pior, pior, pior do direito romano foi o desprezo pelas mulheres. Até hoje elas nos atazanam as idéias buscando a sua liberdade – com todo o direito – que lhes foi tirado desde a antiguidade. Para falar a verdade, desde os escritos sobre o “gênesis”... Elas merecem muito mais do que a simples igualdade!


Herança grega

A melhor das heranças foram os conceitos de cidadania e democracia plena, se bem que a própria democracia tenha sido contestada pelos próprios gregos sofistas que logo ao nascer deste belo conceito, o transformaram de uma democracia participativa (a verdadeira) em democracia representativa que nos chegou até nossos dias. Frustrados, vemos nossos “representantes” aumentarem os próprios salários, banquetearem-se com as verbas dos impostos dos quais distribuem uma parte entre os “amigos” de forma tal que nos deixam ainda mais perplexos ao vermos que apesar de ajudas como bolsa-família e coisas do gênero, nada de essencial muda. Aliás, a tal de bolsa-família não resolve o problema da pobreza, apenas a mantém calada, dando votos ao partido para que tudo continue como está. Como é uma questão de fé, em meio ignorante (não por culpa deles), acreditam que esse é o “caminho”.  

Na democracia participativa da Grécia antiga, o povo juntava-se em praças públicas e votava levantando a mão para concordar com o assunto que estava sendo votado. Hoje isso seria possível através de celulares ou redes sociais. Alguns países já fizeram isso, como a Suíça, a Islâdia, a Noruega, Finlândia e Súecia  Um dia chegará ao Brasil

 O Halloween

Chegando a certa idade já fica difícil arranjar companheiro ou companheira. Algumas, bastantes e muitas mulheres da idade média - antes durante e depois deste período - de forma isolada ou em grupos, reuniam-se para “aliviar” a tensão e o tesão. De certa forma ainda hoje sentimos dificuldades em arranjar alguém “confiável” com quem possamos fazer sexo. Naquela época era “muito feio” as mulheres andarem em bares, ou pelas ruas buscando companheiros. Por isso algumas delas associaram algumas ervas conhecidas, à base de beladona ou cogumelo “amanita muscarea” ou Canabis Sativa e outras drogas, a um pau de vassoura, besuntando-a com essas ervas. Como não usavam cuecas nem calcinhas, montavam na vassoura onde tinham passado esses unguentos. Em contato com a pele fina da vagina, os princípios ativos entravam no sangue e provocavam delírios que as deixavam completamente fora de si, em êxtase. A Diabólica Inquisição viu nessas mulheres um excelente bode expiatório e uma alavanca excelente para estender a perseguição religiosa a outros setores da sociedade, como judeus, gente rica, proprietários de terras, que mandavam para a fogueira e dos quais tomavam os bens para a própria igreja ou para distribuí-los pelos amigos e colaboradores. Os bruxos masturbavam-se e nunca foram importunados de modo geral. Evidentemente que em êxtase as bruxas se viam voando, nos píncaros do céu...

Hoje, “bruxos” e “bruxas” andam pelas ruas aos oitenta anos a caminho de encontros sexuais. Quando não têm ninguém, eles se masturbam ou compram bonecas infláveis para aliviar a tensão ou a tesão. Elas, as lindas e belas bruxinhas, quando não têm companheiro confiável usam vibradores de todos os tamanhos e formatos, cada vibrador como cesto que tem a sua tampa, adequado ao diâmetro e profundidade de sua vagina. A perseguição religiosa, a partir de 1783 foi alegremente contestada pelo movimento Halloween quando se comemora o dia das bruxas. Até criancinha sai pelas ruas, brincando de bruxa. Um dia ainda nos livraremos de outras crendices que igrejas espalham pelo mundo e mantêm para o próprio bem estar de seus dirigentes. Realmente é-lhes muito confortável. Nós homens, já poderíamos ter deixado de ser "machistas" há milênios, se desde esse começo tivessem ensinado a verdade e não superstições, crendices, mitos...

O problema maior é que muitos fiéis sabem que há algo de podre no “reino da Dinamarca” mas se não acreditarem, pensam que ficam sem “deus”. Então, alimentam a fé e continuam. Lá por dentro, na alma, só eles sabem as interrogações que se fazem sem coragem de pesquisar outras verdades, que apesar de contestarem, não negam a existência de D’Us.  Vêm D’Us de modo diferente, apenas.

Fim da parte 1 – (se gostou e espera a parte 2, por favor, junte-se aos seguidores do blog)

Rui Rodrigues