Amazônia – Uma solução
Já se disse que judeus comiam criancinhas,
Que negros não tinham alma, e outras mentiras,
E hoje, que somos uma nação,
Continuamos a dizimar as nações índias[1].
Rui Rodrigues
Precisamos mudar o enfoque sobre a Amazônia, o
“Pulmão do Mundo”.
A natureza é. Existe. Nossos
doutores em ambiente não dominam ainda muito bem os segredos da natureza. Se dominassem
não haveria tanta destruição com tsunamis, terremotos, tufões, furacões,
deslizes de morros, vulcões, meteoritos. Sabemos muitas coisas sobre ela, mas
temos poucas certezas e raras previsões acertadas sobre o comportamento da
natureza. Parece que a natureza nos aceita, não nos ignora, mas não nos dá a
mínima importância. Para ela, seres humanos inteligentes ou dinossauros
inteligentes, é a mesma coisa. O que nossos doutores dizem e sabem morre nas
bancadas do Congresso Nacional, e por falta de instrução, são poucos os que
entendem o que dizem.
Mas a natureza, essa sim, é
muito inteligente. Precisamos aprender a vê-la como uma “coisa viva”. Quando as
condições ambientais mudam, por influência de uma catástrofe de qualquer tipo,
ela se recupera. Só precisa de tempo. Seria idiotice nossa querer manter um
pedaço da Amazônia dentro de pequenas fronteiras desenhadas em papel. A
Amazônia é um pedaço vivo, ainda auto-sustentável, que sobrevive apesar de
apreciável parte de sua biomassa já ter sido destruída. Não sabemos até onde a
poderemos destruir sem que desapareça como a mata atlântica a qual, apesar de
órgãos e leis que a deveriam proteger, vê a sua extinção em curto prazo. A Mata
Atlântica está hoje reduzida[2] a
cerca de 12% do que era em 1.500 DC (de 1,8 milhões de km2, reduzida a 149,7
mil km2). Exatamente porque ela pertence a “Estados”, e estes Estados são
governados por seres humanos e leis factíveis de corrupção ou incapacidade para
julgar, planejar, projetar, cuidar, vigiar, governar.
Organismos internacionais e
nacionais têm mostrado preocupação com o “pulmão do mundo”, ou seja, a Amazônia,
incluindo a plataforma continental. Este artigo tem a mesma preocupação, e é
despido de qualquer interesse que não seja o de apontar uma solução, embora se
reconheça que a Amazônia não é, apenas ela, o pulmão do mundo. As plataformas
continentais produzem muito mais oxigênio, as matas de outros continentes
também, e se não produzem mais é porque já foram destruídas. Havia muitos
pulmões neste planeta sacrificados em nome do “crescimento” e da
“evolução”.
A solução é simples:
Desvincular a área verde da Amazônia dos Estados e criar uma área sem cidades,
vilas ou aldeias que não sejam aldeias índias. A supervisão dessa área seria
função do governo do Brasil, como de fato nos pertence, ao povo brasileiro, com
presença efetiva das forças armadas e da Polícia Federal que vigiariam a área
com aeroportos estratégicos, instalações militares e de marinha. Seria uma
enorme reserva protegida, repositório da diversidade, com direito a turismo e
centros de estudos auto sustentáveis. A Amazônia pagaria os custos de sua
própria manutenção.
Esta área verde, atualmente dividida
por estados, proporciona, numa democracia representativa, a oportunidade de especulação
e ganhos pessoais com a sua exploração que corre ao sabor das instruções dos
Partidos a seus representantes no Senado, nas câmaras, nos palácios de governo
e prefeituras. Não pode continuar sob alçada de políticos que dela possam
dispor fazendo vista grossa para a lei, exaurindo recursos para a fiscalização
e depois de invadidos os locais alegue que não teve meios para fiscalizar. Também
não pode ficar entregue a ONGS que não demonstram aplicação de recursos nem
emitem boletins transparentes de suas atividades. A Amazônia nunca precisou de
nós para sobreviver, nem as tribos índias que ainda vivem por lá. Deixemo-la
como ela é e sempre foi. Ou, conforme vertente de uma linha de ambientalistas
que afirmam não ser a Amazônia o pulmão do mundo, que se estabeleça um projeto
de ocupação da Amazônia de forma auto-sustentável, mas que seja bem melhor e
mais eficiente do que os que foram adotados por países que acabaram com suas
florestas para poderem desenvolver-se e mantêm hoje pequenas reservas como amostra
do que um dia tiveram e destruíram. Muitos países de primeiro mundo, das
maiores economias do planeta estão neste grupo.
O que não se pode é ficar na
dúvida e no desgaste diário de notícias contraditórias sobre desmatamento e
ocupação, tribos índias que perdem suas terras, assassinatos como no tempo da
ocupação das terras litorâneas da estrada Rio-Santos nos idos dos anos 70
quando jagunços assassinavam pescadores para lhes ficarem com as terras. Nem
com a ocupação da Barra da Tijuca, efetuada da mesma forma, entre tiros e
facadas. Isso só serve a governos complacentes que fecham os olhos para
distribuir terras. Dirão que em caso de improbidade se movem ações na justiça e
se prendem os corruptos. Temos visto que não costuma ser assim. Roubam-nos as
verbas públicas, e mesmo quando vão para a cadeia, não devolvem o dinheiro
desperdiçado. Além do mais, os cargos são distribuídos por políticos “de
confiança” e não por gente competente. “Confiança” de quem?
Por estes motivos é mais
seguro que os Estados cuidem vigiando a área da Amazônia pelas fronteiras, do
lado de fora, do que “governá-la” estando nela instalados. Permissões especiais
podem ser concedidas para estudos por tempo limitado renovável por períodos. O
custo dessa manutenção é da União, não dos Estados. E a própria Amazônia se
paga de forma auto-sustentável.
No que respeita a populações
índias[3],
havia em 1500 cerca de 5 milhões de indivíduos, reduzida para cerca de 2
milhões até o ano de 1800 (Brasil tornou-se independente em 1822). De lá para
cá sobraram apenas 280.000 indivíduos.
Além dos povos indígenas, a
preservação da Amazônia deveria ser encarada sob o ponto de vista da riqueza de
sua diversidade, de forma a que não se extinga antes de ser desvendada por
completo. A maioria dos políticos não tem instrução acadêmica para entender o
que isto significa, e votam leis sem a mínima noção do desastre que provocam
por sua ignorância e ambição, quando participam direta ou indiretamente de atos
que atentam contra a natureza. Muitas vezes nem sabem o que votam, como se pode
constatar neste vídeo http://www.youtube.com/watch?v=ZbCB5pv33wE
(repórter é agredida)
Breves informações sobre a Amazônia
Amazônia
Legal – Com uma área de 5.217.423 km2, correspondente a cerca de 61% do
território nacional, compreende a totalidade dos estados do Amazonas, Acre,
Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, e parte do Mato Grosso e Maranhão
(a oeste do meridiano de 44º de longitude oeste, onde residem 55,9% da
população indígena ou seja, cerca de 250.000 pessoas. Equivale a quase a metade
da superfície da Europa e possui 11,5 mil km de fronteiras. A bacia do Amazonas
escoa cerca de 20% da água doce do planeta. Não há razão para o alto custo da
água no Brasil.
Solos
- Há milhões de anos, a área onde está
localizada era um mar apresentando solos geologicamente pouco férteis e
arenosos. A floresta derruba seus galhos, frutos, folhas, animais morrem, etc.
formando uma camada superficial de matéria orgânica que se decompõe e se
transforma em húmus que, por sua vez, alimenta a vegetação. É um solo frágil.
Bioma
[4] – Embora
somente cerca de 10% das espécies da Amazônia sejam conhecidas, pesquisas indicam que na Amazônia existem
cerca de trinta milhões de espécies animais. Nas águas amazônicas estão 85% das
espécies de peixes de toda a América do Sul. Todos os anos milhares deles
migram tentando encontrar locais adequados para reprodução e desova. É a Piracema. São 1.200 espécies conhecidas de aves. A lista oficial da fauna ameaçada do Brasil inclui 58
espécies da Amazônia – 9% do total.
Tribos
índias [5]- O
Brasil possui uma imensa diversidade étnica e lingüística, estando entre as
maiores do mundo. São cerca de 220 povos indígenas, mais de 70 grupos de índios
isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo
menos, são faladas pelos membros destas sociedades, que pertencem a mais de 30
famílias lingüísticas diferentes.
Rui
Rodrigues
[3] http://www.brasilcultura.com.br/antropologia/os-numeros-dos-indios-no-brasil/
e http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/indios-brasileiros/populacao-indigena.php
[5] dados da
Funai – quantidades e identificação por estado. http://www.funai.gov.br/indios/conteudo.htm
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