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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Amazônia – Uma solução


Amazônia – Uma solução

Já se disse que judeus comiam criancinhas,
Que negros não tinham alma, e outras mentiras,
E hoje, que somos uma nação,
Continuamos a dizimar as nações índias[1].
Rui Rodrigues


Precisamos mudar o enfoque sobre a Amazônia, o “Pulmão do Mundo”.

A natureza é. Existe. Nossos doutores em ambiente não dominam ainda muito bem os segredos da natureza. Se dominassem não haveria tanta destruição com tsunamis, terremotos, tufões, furacões, deslizes de morros, vulcões, meteoritos. Sabemos muitas coisas sobre ela, mas temos poucas certezas e raras previsões acertadas sobre o comportamento da natureza. Parece que a natureza nos aceita, não nos ignora, mas não nos dá a mínima importância. Para ela, seres humanos inteligentes ou dinossauros inteligentes, é a mesma coisa. O que nossos doutores dizem e sabem morre nas bancadas do Congresso Nacional, e por falta de instrução, são poucos os que entendem o que dizem.

Mas a natureza, essa sim, é muito inteligente. Precisamos aprender a vê-la como uma “coisa viva”. Quando as condições ambientais mudam, por influência de uma catástrofe de qualquer tipo, ela se recupera. Só precisa de tempo. Seria idiotice nossa querer manter um pedaço da Amazônia dentro de pequenas fronteiras desenhadas em papel. A Amazônia é um pedaço vivo, ainda auto-sustentável, que sobrevive apesar de apreciável parte de sua biomassa já ter sido destruída. Não sabemos até onde a poderemos destruir sem que desapareça como a mata atlântica a qual, apesar de órgãos e leis que a deveriam proteger, vê a sua extinção em curto prazo. A Mata Atlântica está hoje reduzida[2] a cerca de 12% do que era em 1.500 DC (de 1,8 milhões de km2, reduzida a 149,7 mil km2). Exatamente porque ela pertence a “Estados”, e estes Estados são governados por seres humanos e leis factíveis de corrupção ou incapacidade para julgar, planejar, projetar, cuidar, vigiar, governar.

Organismos internacionais e nacionais têm mostrado preocupação com o “pulmão do mundo”, ou seja, a Amazônia, incluindo a plataforma continental. Este artigo tem a mesma preocupação, e é despido de qualquer interesse que não seja o de apontar uma solução, embora se reconheça que a Amazônia não é, apenas ela, o pulmão do mundo. As plataformas continentais produzem muito mais oxigênio, as matas de outros continentes também, e se não produzem mais é porque já foram destruídas. Havia muitos pulmões neste planeta sacrificados em nome do “crescimento” e da “evolução”.   

A solução é simples: Desvincular a área verde da Amazônia dos Estados e criar uma área sem cidades, vilas ou aldeias que não sejam aldeias índias. A supervisão dessa área seria função do governo do Brasil, como de fato nos pertence, ao povo brasileiro, com presença efetiva das forças armadas e da Polícia Federal que vigiariam a área com aeroportos estratégicos, instalações militares e de marinha. Seria uma enorme reserva protegida, repositório da diversidade, com direito a turismo e centros de estudos auto sustentáveis. A Amazônia pagaria os custos de sua própria manutenção.

Esta área verde, atualmente dividida por estados, proporciona, numa democracia representativa, a oportunidade de especulação e ganhos pessoais com a sua exploração que corre ao sabor das instruções dos Partidos a seus representantes no Senado, nas câmaras, nos palácios de governo e prefeituras. Não pode continuar sob alçada de políticos que dela possam dispor fazendo vista grossa para a lei, exaurindo recursos para a fiscalização e depois de invadidos os locais alegue que não teve meios para fiscalizar. Também não pode ficar entregue a ONGS que não demonstram aplicação de recursos nem emitem boletins transparentes de suas atividades. A Amazônia nunca precisou de nós para sobreviver, nem as tribos índias que ainda vivem por lá. Deixemo-la como ela é e sempre foi. Ou, conforme vertente de uma linha de ambientalistas que afirmam não ser a Amazônia o pulmão do mundo, que se estabeleça um projeto de ocupação da Amazônia de forma auto-sustentável, mas que seja bem melhor e mais eficiente do que os que foram adotados por países que acabaram com suas florestas para poderem desenvolver-se e mantêm hoje pequenas reservas como amostra do que um dia tiveram e destruíram. Muitos países de primeiro mundo, das maiores economias do planeta estão neste grupo.

O que não se pode é ficar na dúvida e no desgaste diário de notícias contraditórias sobre desmatamento e ocupação, tribos índias que perdem suas terras, assassinatos como no tempo da ocupação das terras litorâneas da estrada Rio-Santos nos idos dos anos 70 quando jagunços assassinavam pescadores para lhes ficarem com as terras. Nem com a ocupação da Barra da Tijuca, efetuada da mesma forma, entre tiros e facadas. Isso só serve a governos complacentes que fecham os olhos para distribuir terras. Dirão que em caso de improbidade se movem ações na justiça e se prendem os corruptos. Temos visto que não costuma ser assim. Roubam-nos as verbas públicas, e mesmo quando vão para a cadeia, não devolvem o dinheiro desperdiçado. Além do mais, os cargos são distribuídos por políticos “de confiança” e não por gente competente. “Confiança” de quem?
Por estes motivos é mais seguro que os Estados cuidem vigiando a área da Amazônia pelas fronteiras, do lado de fora, do que “governá-la” estando nela instalados. Permissões especiais podem ser concedidas para estudos por tempo limitado renovável por períodos. O custo dessa manutenção é da União, não dos Estados. E a própria Amazônia se paga de forma auto-sustentável.

No que respeita a populações índias[3], havia em 1500 cerca de 5 milhões de indivíduos, reduzida para cerca de 2 milhões até o ano de 1800 (Brasil tornou-se independente em 1822). De lá para cá sobraram apenas 280.000 indivíduos.

Além dos povos indígenas, a preservação da Amazônia deveria ser encarada sob o ponto de vista da riqueza de sua diversidade, de forma a que não se extinga antes de ser desvendada por completo. A maioria dos políticos não tem instrução acadêmica para entender o que isto significa, e votam leis sem a mínima noção do desastre que provocam por sua ignorância e ambição, quando participam direta ou indiretamente de atos que atentam contra a natureza. Muitas vezes nem sabem o que votam, como se pode constatar neste vídeo http://www.youtube.com/watch?v=ZbCB5pv33wE (repórter é agredida)




Breves informações sobre a Amazônia

Amazônia Legal – Com uma área de 5.217.423 km2, correspondente a cerca de 61% do território nacional, compreende a totalidade dos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, e parte do Mato Grosso e Maranhão (a oeste do meridiano de 44º de longitude oeste, onde residem 55,9% da população indígena ou seja, cerca de 250.000 pessoas. Equivale a quase a metade da superfície da Europa e possui 11,5 mil km de fronteiras. A bacia do Amazonas escoa cerca de 20% da água doce do planeta. Não há razão para o alto custo da água no Brasil.
Solos - Há milhões de anos, a área onde está localizada era um mar apresentando solos geologicamente pouco férteis e arenosos. A floresta derruba seus galhos, frutos, folhas, animais morrem, etc. formando uma camada superficial de matéria orgânica que se decompõe e se transforma em húmus que, por sua vez, alimenta a vegetação. É um solo frágil.
Bioma [4] – Embora somente cerca de 10% das espécies da Amazônia sejam conhecidas, pesquisas indicam que na Amazônia existem cerca de trinta milhões de espécies animais. Nas águas amazônicas estão 85% das espécies de peixes de toda a América do Sul. Todos os anos milhares deles migram tentando encontrar locais adequados para reprodução e desova. É a Piracema. São 1.200 espécies conhecidas de aves. A lista oficial da fauna ameaçada do Brasil inclui 58 espécies da Amazônia – 9% do total.
Tribos índias [5]- O Brasil possui uma imensa diversidade étnica e lingüística, estando entre as maiores do mundo. São cerca de 220 povos indígenas, mais de 70 grupos de índios isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo menos, são faladas pelos membros destas sociedades, que pertencem a mais de 30 famílias lingüísticas diferentes.
Rui Rodrigues











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