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segunda-feira, 4 de março de 2013

Consciência planetária.


Consciência planetária.

Sabemos muito pouco de tudo do lado de cá, e não temos certeza de nada do lado de lá. Só especulação, de acordo com a forma de pensar de cada um ou das muitas religiões que proliferam por este mundo. De certezas, que a simples fé não explica, nenhuma! Por fé se acredita em Deus, no diabo ou em coisa nenhuma. Fé é crença, acreditar. Multidões já acreditaram em coisas que se revelaram como fraudes, e fraudes se desmascaram com o tempo, tal como as pitonisas de Delfos Mas o lugar onde vivemos é real. Dele podemos falar com maior ou menor grau de verdade, e mesmo assim, há quem o veja de forma diferente.


  1. O lugar em que vivo
Primeiro eu era nada absoluto. Nem existia. Não com esta consciência que tenho, certamente. Se existia antes não há como saber porque não há consciência disso. Quem afirma que sim, ou mente ou tem fé cega no que acredita. Momentos antes de nascer devo ter começado o meu processo de consciência e adaptação a este mundo, preparando-me para viver nele. Devo ter sentido alguns sobressaltos no ventre de minha mãe, muita paz e segurança, mas também de nada me lembro. Meus neurônios estavam se formando. Depois nasci, isto é, ela e a natureza se incumbiram de me lançar para este mundo. Não lembro também do que vi quando saí por sua vagina. A julgar pela família que tive e ainda tenho, devo ter visto sorrisos, vozes amigas de boas vindas. Só a partir dos dois anos é que me lembro de algumas poucas coisas. Sei que tinha dois anos, porque coincide com o que me contaram. Se quiser fazer um teste para saber se diz que “viu“apenas porque lhe contaram e ”adquiriu” essas lembranças de terceiros - com boas ou não boas intenções – tente ver como se “vê” no que lhe contaram: Se de forma direta, ou se você se vê do alto ou de lado, por inteiro, na cena de tenra infância a que se remete a sua lembrança. No segundo caso, provavelmente adquiriu a lembrança de alguém que lhe contou isso em sua infância e provavelmente o foi repetindo ao longo dos anos.

A partir dos dois anos comecei a ver e a apreciar o lugar em que vivo. É um planeta esférico que roda à volta do Sol, uma estrela que ilumina e aquece e permite a vida. Algumas pessoas neste mundo, no passado, negaram que assim fosse e proibiam que se dissesse que assim era. Atrasaram muito a evolução por falsa fé. Vejo que neste planeta a vida evolui, e que muitas espécies já se extinguiram, algumas porque as perseguiram até a extinção, outras por que lhes destruíram o habitat.  E um planeta de atmosfera azul, verde nos campos e florestas, dourado nos desertos, azul marinho e verde esmeralda nos mares, poluído nas cidades habitadas por milhões de seres humanos.

Plantas são os seres vivos mais dóceis do planeta, não atacam ninguém, não comem nenhum ser vivo, embora haja algumas poucas que o fazem. Mas parece que não raciocinam embora tenham inteligência. Tanto têm que evoluem, sabem o que fazer para sobreviver. Quem diz que plantas não têm inteligência é porque ainda não conseguiu descobrir como funciona nem onde está localizada. Plantas têm DNA. Talvez a inteligência das plantas esteja “escondida” nele. Aqui está algo em que tenho fé e certeza nenhuma.

Os animais têm inteligência, mas classificamos os animais por sua aparência externa e constituição interna. Talvez por que não tenhamos ainda inteligência suficiente para descobrirmos seu grau desta característica, a inteligência. Se pudéssemos classificá-los assim, talvez tivéssemos mais respeito pela sua e pela nossa vida, porque também somos animais.

As paisagens são deslumbrantes onde há vida. Temos águas em movimento calmo e plano, cascatas, corredeiras, mares, lagos, planícies de gelo, savanas, florestas, mas é como vivermos numa casa sem saída, sem banheiro, sem esgotos, com uma fauna e uma flora: Em breve conspurcamos tudo e não estamos dispostos, todos, a limpar a casa. Só aparentamos dotes de limpeza pessoal ou dos lares de cada um. Poderíamos aprender com os japoneses.


  1. As pessoas deste lugar
Seres humanos produzem lixo, dejetos, matam animais para comer, transgridem leis e regras, fazem-se de inocentes culpando-se uns aos outros, têm ambição desmedida sempre querendo mais mesmo que já tenham mais do que precisariam por mil vidas, e só têm uma. Matam-se uns aos outros em nome de qualquer coisa, seja essa coisa de origem religiosa, política, financeira, ou desportiva. Descriminam-se. Mentem a todas as horas do dia e da noite, e vão fortalecendo suas mentiras para si mesmos até se convencerem que estão certos, no caminho certo. Raciocine e veja, sinta, se realmente estão.

Somos animais da mais alta periculosidade e enquanto os outros raramente praticam canibalismo, nós nos matamos uns aos outros e desprezamo-nos a carne. Dizem que é porque temos alma. Ora aqui está algo que parece que muitos de nós não temos. Talvez a alma, a existir, seja privilégio apenas de alguns dos seres humanos e não de todos. Mas ninguém poderá afirmar com certeza de sua existência. Nunca foi vista e nem sabemos como é.

Não podemos ter sido feitos à semelhança de Deus, porque Deus não pode ser assim, cheio de defeitos.  Creio que construíram Deus à nossa deficiente imagem num passado ignorante e assim perdurou até hoje. Continuamos ignorantes.  Deus existirá sim, mas não como dizem que é. Será muito melhor do que podemos imaginar. Precisamos rever a imagem que fazemos de Deus.



  1. O paraíso
Há quem tenha sonhado ou imaginado sob efeitos de produtos lúdicos o céu e o inferno. Nunca ninguém esteve lá para nos dizer como seriam. Não de modo comprovado. É uma questão de fé particular, como acreditar em duendes que ninguém vê, a não ser quem fuma um baseado. Vê até o futuro e o passado que quer ver, evidentemente, assim como astrólogos, adivinhos, magos, cartomantes, esgazeados profetas, delirantes analistas políticos, conselheiros de grandes empresas que sempre vão á falência ao longo dos tempos. Não existe uma só empresa que dure mais do que três séculos, tanto quanto se saiba, a não ser as ligadas a religião, mas entrar nelas não é nada fácil e se protegem com cursos, exames, acompanhamentos. Na maioria nem permitem mulheres para que não engravidem. Em outras proíbem os sacerdotes de manter relações sexuais e de casarem, negando-lhes a natureza que, por outro lado, afirmam ser divina. Em que ficam, afinal? Evidentemente que ninguém acredita nisso. Os hormônios gritam a cada desejo e a natureza é muito forte. Dizem que é a carne que é fraca. Mentira. O espírito é que é fraco. Uma das religiões sobressai nos noticiários pelo alto índice de abuso sexual de menores indefesos que normalmente por medo aceitam servir de objeto sexual para esses sacerdotes. Os altos escalões os têm defendido. É nojento isso, uma prova de que essa religião é a fotografia da mentira. 

Deve haver um paraíso. Mas como será?

Quem estiver interessado e não saiba ainda, todas as religiões têm seu conceito de céu, exceto uma ou duas. Todas dizem que o céu é bom, o inferno é ruim. Quem for “bom” nesta vida vai para o céu. Quem for “ruim” vai para o inferno. Como o que é bom para uns é ruim para os outros e vice-versa, normalmente, não há definição verdadeira e credível do que é bom ou ruim, como quando chove muito e os agricultores dão as bênçãos a deus, enquanto os que gostam de praia resmungam contra ele e os que vivem em encostas que desmoronam se perguntam que mal fizeram a deus para serem assim tão mal tratados.

Um dia as imagens se apagarão de meu cérebro, pasto de animaizinhos bem pequenos, minúsculos, que eu mataria em vida e que depois de desfalecido me será impossível fazê-lo. Meus neurônios encerrarão suas atividades. Nem verei a escuridão porque não terei olhos para transmitir as imagens para o cérebro que por sua vez já se desfez.

Mas em verdade vos digo que, mesmo que a escuridão me perdure eternamente, ainda assim estarei no paraíso.

E sem méritos, estátuas, anotações em livros de história, ou mesmo sem sequer fazer parte da memória viva de meus descendentes, ainda assim, terei feito a parte que me toca neste mundo. Construí muita coisa material e imaterial, desfiz algumas, fui humano. Poderia ter sido um animal sem ser humano, que não faria a mínima diferença. A natureza não distingue o que é humano do que não é, e a natureza que vemos, esta sim, é de Deus.

  1. Sobre as crianças
Não lhes incutam idéias ou fé por pura fé. Sua decepção no futuro quando pensarão de forma própria, pode vir a traduzir-se no sentimento de que foram enganadas exatamente por quem cuidou de sua educação. As magias dos magos são quase imperceptíveis e quase juramos que é verdade que os objetos desapareçam e voltem a aparecer, mesmo quando há evidências de lisura e de veracidade em suas magias.

Deixe que cresçam e se enriqueçam com valores morais que se aprendem em casa e nas escolas laicas. Quando crescerem, elas mesmas escolherão qual a religião que desejam, se é que escolherão alguma em particular, e não esqueça: Deus a existir tem tudo e não precisa de dinheiro. Em absoluto! Use o seu dinheiro para dar educação a seus filhos e filhas. Eles merecem!

Rui Rodrigues

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