Acerquei-me dele e disse-lhe:
- Papá.. Papá...
O neném me olhou e repetiu:
- Mamãe... Mamãe... E olhou para o meu peito. Onde lhe poderia arranjar uma mãe e um peito gordo para mamar?
Quando o sino tocou nenhum órgão de Igreja se ouviu tocando Bach. O que se ouviu foi um apito da marinha de guerra dando sinal de "oficial a bordo" e os panos das velas batendo "estalos" ao ritmo das lufadas de vento trazidas pelas brisas do mar, muito alegres, em seus vestidos de nuvens brancas rendadas sobre céu de anil sem caída de maná. Não se via nem um egípcio sequer. E lá se foi o navio, uma fragata, mar a dentro, cheio de gaivotas esvoaçantes, empurrado por cachalotes esguichantes e barulhentos, velas bejes e surradas desfraldadas a caminho não se sabe de onde.
Tocava no rádio uma canção de tribo africana cantando em coro ao som de batuques, e da luneta do comandante se via uma linda sereia numa praia distante com um lindo rabo e fartos peitos, sem cauda de peixe. Tinha duas pernas, lábios, olhos, tudo em seu lugar muito ajustado e bem dimensionado.
Um ponto final não acaba com nada, e o neném ainda teve tempo de dizer alegremente:
- Mamãe... Mamãe...
Ponto final
Rui Rodrigues
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