A missão Oxi-326
Eram dois, práticamente gêmeos, como quem olha para duas flores de nenúfares. Mas se nos detivéssemos para ver se são realmente iguais, buscando diferenças, veríamos que as duas flores eram diferentes. Nem o mesmo número de pétalas tinham, nem na intensidade nem na tonalidade da cor. Nem eram flores. Na realidade, se pudessem ser percebidos não pareceriam nada, apenas ligeiras ondulações como aquelas em dias de calor em que a temperatura do ar parece fazer ferver, ondular os objetos, as pessoas, os carros. Se houvesse equipamentos apropriados, poderia ver-se que sim, eram humanos, mas diferentes. Pouca coisa. A pele era parecida com a de répteis em algumas partes mais sujeitas a atritos, mas era como a das baleias no rosto e no peito e ventre assim como na parte interna das pernas e braços. Tinham quatro olhos, dois na parte posterior da cabeça. A boca era ínfima. Não usavam roupa. Pelos movimentos dos dois notava-se que não tocavam nos objetos a que se referiam embora estivessem a seu lado. Seus corpos também estavam sujeitos a uma lei que diz que não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Nenhuma lei da física estava sendo violada, no entanto havia uma grande e estranha diferença: Eles estavam num Bar, cheio de mesas com pessoas que viam perfeitamente. Quem estava no Bar podia sentir por vezes uma leve brisa, o ar se mover ligeiramente, mas se por ventura reparasse nesses efeitos, julgaria que era da bebida ou de "qualquer coisa", jamais atribuída a "extraterrestres" ou algo assim.
A Missão Oxi-326 referia-se a um planeta com alto teor de Oxigênio, situado nas coordenadas positivas de 3 Parsecs, dois parsecs e 6 parsecs centrado no centro de sua galáxia que não era a Via láctea. Um Parsec corresponde aproximadamente a 3.261 anos-luz. Mas para os efeitos da história não interessa para nada. Saber que era muito longe, basta. O que interessa mesmo foi que eles estavam ali, vendo-os e ouvindo-os no Bar sem poderem tocá-los, e os clientes do bar sem saberem de sua existência ou sequer suspeitarem... Mas que consequências isso poderia ter? Isto lido assim já se pode adivinhar, caro leitor, que esta história vai ser um diálogo entre mudos. Se eu fosse vocês parava logo de ler, mas se quiserem insistir, vamos em frente... O casal que mandaram na missão Oxi-326 tinham nomes: Tzag e Tzig.
Alô Terra... Olha para esses aí.
Eram dois, práticamente gêmeos, como quem olha para duas flores de nenúfares. Mas se nos detivéssemos para ver se são realmente iguais, buscando diferenças, veríamos que as duas flores eram diferentes. Nem o mesmo número de pétalas tinham, nem na intensidade nem na tonalidade da cor. Nem eram flores. Na realidade, se pudessem ser percebidos não pareceriam nada, apenas ligeiras ondulações como aquelas em dias de calor em que a temperatura do ar parece fazer ferver, ondular os objetos, as pessoas, os carros. Se houvesse equipamentos apropriados, poderia ver-se que sim, eram humanos, mas diferentes. Pouca coisa. A pele era parecida com a de répteis em algumas partes mais sujeitas a atritos, mas era como a das baleias no rosto e no peito e ventre assim como na parte interna das pernas e braços. Tinham quatro olhos, dois na parte posterior da cabeça. A boca era ínfima. Não usavam roupa. Pelos movimentos dos dois notava-se que não tocavam nos objetos a que se referiam embora estivessem a seu lado. Seus corpos também estavam sujeitos a uma lei que diz que não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Nenhuma lei da física estava sendo violada, no entanto havia uma grande e estranha diferença: Eles estavam num Bar, cheio de mesas com pessoas que viam perfeitamente. Quem estava no Bar podia sentir por vezes uma leve brisa, o ar se mover ligeiramente, mas se por ventura reparasse nesses efeitos, julgaria que era da bebida ou de "qualquer coisa", jamais atribuída a "extraterrestres" ou algo assim.
A Missão Oxi-326 referia-se a um planeta com alto teor de Oxigênio, situado nas coordenadas positivas de 3 Parsecs, dois parsecs e 6 parsecs centrado no centro de sua galáxia que não era a Via láctea. Um Parsec corresponde aproximadamente a 3.261 anos-luz. Mas para os efeitos da história não interessa para nada. Saber que era muito longe, basta. O que interessa mesmo foi que eles estavam ali, vendo-os e ouvindo-os no Bar sem poderem tocá-los, e os clientes do bar sem saberem de sua existência ou sequer suspeitarem... Mas que consequências isso poderia ter? Isto lido assim já se pode adivinhar, caro leitor, que esta história vai ser um diálogo entre mudos. Se eu fosse vocês parava logo de ler, mas se quiserem insistir, vamos em frente... O casal que mandaram na missão Oxi-326 tinham nomes: Tzag e Tzig.
Alô Terra... Olha para esses aí.
- Já reparou na pele dessa turma Tzag? Ouvi gente deles dizerem que era branca mas é beje.
- Reparei sim... Uns cinquenta tons de beje.
- Comparada com a nossa pele, coitados!...
- A deles ou é muito pálida ou esturricada, mas falta-lhes cor...
- Porque será que eles dizem que são brancos ou pretos se têm tantos tons?
- Pretensão, creio eu, Tzig...
- Coitados...Nem conseguem mudar a cor da pele como nós e os camaleões deles...
- É... Não podem mesmo... E como vamos falar com eles se estamos num espaço-tempo paralelo com esta membrana transparente pelo meio?
- Transparente para nós. Para eles não!... Não conseguem ver nada!...
- Melhor que não enxerguem, não é? Porque se tentarmos dar-lhes mais conhecimento, mais sofrerão e menos viverão...
- Claro... Quanto mais se conhece do mundo, mais nos aproximamos do fim. Tudo tem seu tempo contado em qualquer universo, cada descoberta a seu tempo, tudo encadeado...
- Lembra da lei da gravidade, quando se descobriu? Quantos anos se passaram até descobrirmos as leis da física quântica?
- Uns dez anos...
- Se tanto. Não havia ninguém para atrapalhar o conhecimento... Mas em compensação, nosso mundo, nosso universo está no fim... Eles demoraram muito, estão mais atrasados mas têm mais tempo pela frente...
- Isso... Vamos deixá-los em paz... Tomar seus "chopps grátis"... Vamos só dar-lhes um instante de prazer?
- Então vamos !!!! Vai... Goza aí...
(E se foram como uma brisa que entrou pelo Bar vinda do tempo chuvoso lá de fora. Numa mesa, Deolinda, uma bela mulher confessou a seu acompanhante: - Viu isso? Coisa estranha... Acabei de gozar... Estou toda molhada!
- Eu senti o mesmo... Nem posso sair assim. Vou ter que ir no banheiro... E nem toquei em você...
- Nem eu!... Estava pensando em alguma mulher, seu traidor?
- Ah!!!!...
® Rui Rodrigues