Corre humanidade, corre!...
Algures, em muitos lugares
deste planeta, a juventude diverte-se em algum show com artistas populares,
amigos e amigas jantam num restaurante ou em suas casas, crianças vão para a
escola, adolescentes para as universidades, em algum lugar de nosso planeta
algum líder, sem consultar a opinião popular declara ou está em guerra com
algum grupo revoltado ou com uma nação, governantes distribuem verbas públicas
como acham melhor, veículos se movimentam nos ares, em terra, nos mares, casais
de namorados dividem seus momentos, mas nem sempre será assim...
Haverá um tempo em que o Sol
que nos proporciona a vida irá crescer milhares de vezes, ficará avermelhado e
mais quente ainda, até engolir as órbitas de Mercúrio, Vênus, e tornará a Terra
inabitável até a engolir também. Ainda temos cerca de quatro bilhões de anos
para pensar nisso, época em que o Sol iniciará seu aumento de tamanho, se
nenhuma catástrofe natural não nos aniquilar antes, ou algum governo não decidir
iniciar uma guerra nuclear, mas há uma pergunta que temos de nos fazer:
- Teremos tempo, nestes quatro
bilhões de anos que nos restam, para prepararmos uma saída e evitar essa
catástrofe? Vejamos a seguir:
Ao aumento espetacular do
tamanho do Sol, seguir-se-ão explosões parecidas com as de supernovas, que
inviabilizarão a vida em Marte, também. Se a humanidade pretende uma solução
definitiva para a sua sobrevivência, poderá, entretanto, usar Marte e outros
planetas do sistema solar para experiências visando a colonização de mundos
futuros, mas deve concentrar a sua atenção em planetas fora do sistema solar
que não corram o mesmo rico do Sol em futuro tão próximo. Afinal, logo após as
explosões, o Sol encolhera novamente, mas não emitirá luz nem calor como agora.
A solução está, portanto, fora de nosso sistema solar. Sob este pressuposto, e
com o que temos nos dias de hoje, não podemos esperar nenhum planeta mais
próximo do que 4,2 anos luz. Algo como uma distância correspondente a cerca de
40.000.000.000.000 de km. Como nossas naves atuais não atingem mais do que 77
km/s, uma viagem até lá duraria cerca de 50.245 anos... Como nossa população é
de cerca de 7,5 bilhões de pessoas, para salvar todas teríamos de construir uma
nave gigante onde coubessem todas, em ambiente auto-sustentável e fazer uma
viagem só. Sendo assim, teríamos tempo suficiente e poderíamos até dormir
sossegados... Não fossem os problemas de termos que, bem antes, preparar o
planeta para que possa ser habitado, e não podermos construir uma nave com esse
tamanho sem pensarmos em como manter tanta gente viva durante tanto milênios de
viagem com controle rigoroso de natalidade... Temos que começar a pensar nessas
viagens, porque a possibilidade começa a ficar difícil. E isto nos faz surgir
outra pergunta:
- Salvar-nos-emos todos, dos
que então habitarem a Terra, ou apenas uma pequena parte? Somos uma pequena
nave espacial amarrada ao Sol, sem mecanismo de direção controlável, e está
ficando cheia, repleta, transbordante...
Precisamos construir motores
mais eficientes e velozes, sem dúvida, e com a velocidade de desenvolvimento
tecnológico em que caminhamos, já estamos bem atrasados. Melhor começarmos a
pensar numa visita tripulada a Marte para treinarmos – como se fossemos um
exército com alvo bem definido - e ao planeta Europa. Através de telescópios,
identificar a existência de planetas que estejam a uma distância habitável de
sua estrela e tenham a dimensão e composição similares às da Terra. Ao mais
confiável, enviar uma nave de exploração. O tempo urge e contrariamente ao
numero tão amplo representado pelos quatro bilhões de existência adicional
prevista para o nosso Sol, o tempo já é curto.
Fixemo-nos em Alpha de
Centauri, o sistema mais perto que existe – imaginando que seja lá o nosso
destino – só para vermos o tamanho da encrenca em que já estamos com quatro
bilhões de anos de antecipação...
Imaginemos que somos capazes
de construir naves com velocidade mil vezes maior, ou seja, que viajem a 77.000
km/s (uma impossibilidade para os próximos duzentos anos). Cada nave levaria
cerca de 50 anos para ir e para voltar. Poderíamos construir 1.000 naves
dessas? Creio que sim, mas cada uma não poderia levar muito mais do que 100
pessoas, que seriam enviadas aos vinte anos e teriam setenta quando chegassem
lá, mas já seriam avôs e avós com uma descendência que atingiria o total
aproximado de 200 pessoas com todo o cuidado. As naves teriam que ir e voltar,
num ciclo de ‘100 anos, levando de cada vez 100 pessoas. Como somos 7,5
bilhões, levaríamos cerca de 750 anos para salvarmos a todos. Somando a este
tempo, o necessário para o desenvolvimento das tecnologias necessárias, e a
preparação adequada do planeta, poderíamos esperar algo como uns 1.500 a 2.000 anos
para a operação total, na melhor das hipóteses. Seria como ter começado a
operação quando Jesus Cristo nasceu e só agora termos evacuado o nosso
planeta...
Mas tudo isto é mera
hipótese otimista, porque talvez o planeta que buscamos não esteja por lá. Pode
estar mais longe do que isso e exigir uma preparação ainda mais longa. E, além
disso, conhecemos bem os governos que temos. A continuarem assim, desviarão
verbas para onde sempre desejam e os preparativos para a salvação serão
negligenciados. Então, premidos pelo tempo, entrarão em guerra para ver quem
tem mais direito a um lugar fora da Terra agonizante. Farão seleções,
enfrentarão revoltas. O planeta pode “arder” ainda antes de iniciado qualquer projeto
de evacuação, e as naves serem destruídas antes de lançadas.
Ou então, darão aquelas
soluções improvisadas, de última hora: Enfiam um cérebro num recipiente ligado
a suprimento de açúcar, a um rim e a um coração-pulmão artificiais, montam tudo
sobre um exoesqueleto resistente ao calor, à corrosão e à pressão, e mandam
para o planeta juntamente com uma farta munição de provetas e espermas e óvulos
congelados. O cara que se vire por lá, no planeta, para fazer tudo funcionar. Com
controle à distância podem até mandar um robô para cuidar da prole de bebês de
proveta...
Ou podem fazer alterações
genéticas em seres humanos, transformando-lhes o corpo até para voarem, ou com
guelras para poderem submergir...
Histórias em quadrinhos
tornando-se realidade. Mas se deixássemos a imaginação correr frouxa, não
pararíamos por aqui.
Rui Rodrigues
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