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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Besteirol das besteirolas - a arte de pandemoniar.


(Na reserva nacional dos corruptantes)



Andaram dando dentaduras, mas não serviram. Foram usadas mesmo assim até o dia em que fomos parar numa UTI. Cultivam UTI em todas as partes da cidade. Produzem doentes com aparelhos que apitam e acendem luzes, mas não há aparelhos nem luzes, já roubaram os fios, e há vazamentos. O Prefeito está lá, sorridente, com dois dentes de ouro, tremendo dos ombros aos pés, mas tem um contrato para não morrer, e o hospital é outro. Alguns na UTI estão sem contrato e as famílias até já encomendaram os funerais. As coroas de flores serão de dilmas vermelhas, meio marrons, das mais fedorentas, que são as únicas que existem atualmente. Os aparelhos de raios x estão em guerra com os aparelhos de raios y e de raios z. Os raios alfa, beta e gama, estão de passeio pelo hospital gritando em alta voz: Fies...Fies...Fies... As enfermeiras são cartazes em tamanho original e os médicos só aparecem em monitores de computador. Quando se ligam os computadores não há musiqueta. Escuta-se um coro cantando “granola, granola, granola” na música de “aleluia”, mas não há dízimos, o que é estranho, porque o país é rico. Não tem é nada de útil atualmente, porque desviaram tudo para o Senado. Senado é um lugar de reunião de pássaros raros, os corruptores, que são os predadores dos corruptados, devido á imparcialidade de uns pássaros com penas pretas que parecem morcegos vampiros com canetas nos dedos em forma de garras. Distribuem bulas dos papais, que o Papa nem se mete nisso. Os papais nunca aparecem e dizem que não sabem de nada. As bulas servem para anular as balas, permitir a comilança, a lambança e o crescimento da pança. Deviam ir para o Xingu e tomar no ocuru, que é um lugar esburacado igualzinho aquele onde nos enfiam os impostos e as desgraças. Uma santa, a santa Martha, disse que deveríamos relaxar e gozar, mas a santa mudou de céu. Foi para Paris desfilar modas e agora procura trabalho em outro céu. Esses céus são seus, deles, não são nossos, os popos. Popos quer dizer populares, de população, que não tem adicional de salário nem para se transportar, nem para engraxar sapatos, nem para aluguel, nem para viagens, e nem para ternos, gravatas, meias e sutiãs, que é onde se guardam as verdosas, frutas especiais notificadas com linha d’água e tudo. Crescem em árvores que só podem ser plantadas por habitantes com direito a um tal de cartão incorporativo e que em se abanando a árvore ou o cartão, sempre que eles querem, cai fruta verdosa a dar cum pau ou se abrem portas às carteiradas... Bendita árvore, adubada com pão e regada com vinho dos popos que representam a carne e o sangue de Jezuiz, um santo padroeiro da grande empresa Dízimos & Cia Ltda, que na verdade é uma S.A. cheia de filiais. Filial vem de filho. Todos os popos são filhos, e os pais estão no céu. As mães ninguém sabe onde andam.Todos querem essa fruta chamada verdosa. É o que dizem os donos da Dízimos $ Cia Ltda que é uma S.A. Se uns phodem porque outros não phodem phoder? E ficam todos phodendo os popos. Não reparem no Ph, que não é ácido nem básico, é apenas a forma como antigamente se escrevia o verbo mais delicioso do planeta, mas que agora é broxante por falta de tensão na rede elétrica que está muito cara, água para lavar por que falta, e de tesão que é o que os popos já perderam. Não há UTI nem verdosas para os popos. O que há, os corruptantes levam.


E como se isto não fosse suficientemente bastante, já que os morcegos vampiros assinam bulas papais pafilhos, patodos, alguns muitos, uma multidão de popos, saem agora pelas ruas pintadas de vermelho para demarcar bicicletódromos, a preço de aeródromos, esfaqueando, atirando balas que não são de café nem de chocolate, mandando mais gente para a UTI, onde como sabemos, também existem corredómetros que é um lugar engasgalhado tipo garganta do inferno, onde os utintes – que são os utentes das utis – fazem o favor aos corruptantes de morrer antes do tempo porque as enfermeiras são de papelão fotografado como propaganda e os médicos só aparecem em monitores de computador. Os outros monitores são como os motorneiros de bonde que já não existem.

Talvez seja por causa da evolução da língua, que quem reclamava nas décadas de 60, 70 e 80 não entenda o que os popos reclamam hoje, e se reclama muito mais hoje do que então, com muito e muito mais gente do que naquelas priscas eras. Se não entender alguma coisa, por favor, dirija-se ao guichê ou balcão da Pátria Educadora. Não se esqueçam de levar um ramo bem grande de dilmas vermelhas e fedorentas, as preferidas dos insetos que atrai. preteridas pelos popos. 



® Rui Rodrigues

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Cuidem bem das crianças




Na maior parte das vezes em que somos levados a raciocinar sobre o mundo que nos rodeia, há sempre algum “dispositivo” que antecipadamente nos remete para um dos dois caminhos possíveis: Acreditar ou não no que “vamos pensar” ou no que vemos. Um dos motivos desta forma de avaliação se remete à necessidade de diminuir nossas preocupações, que já são muitas, do dia a dia. O pessoal da psicologia talvez descubra este dispositivo onde ele provavelmente deveria estar: No ADN e no complexo reptiliano, numa atuação similar à da produção de adrenalina. 


Há uma seleção de “preocupações” que devem estar presentes em nosso consciente de forma latente e outras que podem ser esquecidas por não serem “tão” importantes. No que se refere a crianças, as mães são as que têm esta percepção mais sensível. Sua linha de pensamento racional segue os “instintos” dessa característica inserta em seu complexo reptiliano, embora haja pais que têm esse instinto tão desenvolvido quanto elas, as mães. 



Em termos de herança genética de “padrão comum” a toda a humanidade e de certa forma a todos os mamíferos, pais se dedicaram por milhões de anos a tarefas de interesse comum á família ou ás tribos ou nações, que os afastaram dos filhos. Como cobra comendo o próprio rabo, a necessidade alimentava o instinto que se reforçava no complexo reptiliano, este alimentava a consciência que agora podemos chamar de “maternal”, a que cuida das crianças. Assim têm nascido e se educado os filhos, e ao percebermos isto, podemos explicar muitas coisas: Os filhos são das tribos, das cidades, das nações, e seu fascínio pelas tribos, cidades e nações é maior, sempre que pelos pais. Por isso não se consegue – nunca - a perfeição de “filho ideal” sob pena de forçá-los à infelicidade. Quanto mais os tentamos “educar” com particularidades, mais eles se aproximam das generalidades das massas humanas que os cercam. Há quem diga que os filhos não nos pertencem, que pertencem ao mundo, que logo que criam asas voam. E o amor? Na ausência o amor se transforma em saudade sem nunca deixar de ser amor.



Crianças devem ser preparadas para o mundo e não para nós. Aquilo a que se chamava – talvez ainda se chame – “investir” nos filhos, para que um dia nos “ajudem”, ou à família, é daquelas percepções com as quais nos iludimos. Conscientemente esse pensamento nos pode confortar para que não nos possamos sentir infelizes, mas no fundo, vindo lá do complexo reptiliano, sabemos que não é assim. Filhos são criados para enfrentarem o mundo e sobreviverem, e o que lhes podemos ensinar é o que sabemos, quer por parte de pai, quer por parte de mãe. Se num casal com filhos um dos cônjuges nega ou denigre o outro, a criança crescerá – até entender a realidade – com o conceito distorcido e equivocado do outro. Faltar-lhe-á uma parte do conhecimento de que precisa para alçar as asas e voar pelo mundo. Sempre soubemos disto. No entanto há por vezes certas confusões em que misturamos umas coisas com outras, e a raiva, o asco, sobre o outro cônjuge nos leva a dar mais importância á destruição da sua imagem do que à “educação” das crianças. Para estas, nestes casos, o pai é sempre o errado, ou a mãe é sempre a errada.


Já sabemos quais são as conseqüências quando as figura do pai ou da mãe –ou ambas -  são destruídas ou simplesmente “arranhadas”: Crianças ficam com a mente confusa, porque também sentem a “falta” de um deles ou de ambos, na construção de suas personalidades, e na sua presença. Toda a criança precisa “ter” um pai e uma mãe, e não é porque os outros têm e ela não, como efeito do comportamento generalizado do meio que a cerca. Essa necessidade vem do interior da herança genética da espécie, desenvolvida há milhões de anos, como base necessária para a procriação e a manutenção da espécie. É preciso haver “papai” e “mamãe”. Nos dias atuais passamos por um momento especial da espécie humana que cada vez nos coloca mais longe dos demais mamíferos. Podemos procriar sem papai nem mamãe, numa simples “proveta”, em barrigas de aluguel, com genes até de gente que nunca se conhecerá. Teremos então uma nova humanidade em luta contra os instintos que lhe chegam do complexo reptiliano, e a consciência da adaptação ao mundo cada vez mais diferente que a cerca ao nascer. Se desejarem chamar a isto de “paradoxo X”, podem chamar, mas o resultado será uma distância cada vez maior entre a essência latente mamífera e a vivência real humana tão grande entre essas duas forças tão fortes, que o elo se pode romper. E não podemos acreditar que possamos mudar o futuro para o qual caminhamos. O futuro não se escolhe, nem que seja imposto pela força. O futuro é ditado por dois fatores: O tempo que pertence ao espaço, e a humanidade como um todo. Nosso problema é que não sabemos para onde a humanidade resolve ir a cada instante e não podemos assim impedi-la.
Uma criança bem educada, o que quer que isso possa significar, terá grandes chances de não se perder na vida e ser feliz enquanto viver sem correr grande risco até suas asas crescerem e poder voar. Os fortes ventos da humanidade a levarão para muito longe ou a manterão bem perto.

Cuidem muito bem das crianças. Elas são adoráveis mesmo quando crescem. Afinal, já fomos uma delas.


® Rui Rodrigues  

primeira tarde de um homem – Só para adultos.(não insista)






Ella Athal, a belíssima jornalista israelense apareceu no bar do chopp grátis numa outra noite dessas, casa cheia, odores aliciantes de bolinhos de bacalhau, calabresa levemente frita com cebola, camarões no alho e óleo, azeitonas pretas, nacos de queijo, pão tostado. Copos de whisky com pedras de gelo tilintantes, em meio a olhos já revirados, pernas bambas e muita, muita mesmo, muita vozearia. Como dono do bar tenho que exercer minha supervisão sobre o ambiente, e juro pela minha alma que Afonso, o barman, já está de porre e que tem caso com Corina – La belle – uma de nossas quase nuas garçonetes. Ela adora que lhe dêem umas tapinhas na bunda e as gordas gorjetas até por causa disso. Para agradar às mulheres, convidamos o Pierre para ficar também só na zorbinha.  Ele adora que as mulheres lhe passem a mão no enchumaço de algodão que sempre usa por baixo da cueca. Sente-se muito macho. Este bar é uma perdição. Um dia passo o ponto, mas vou cobrar uma exorbitância. Não há um bar igual a este. Acho que vou pendurar um outdoor com aquela cena de Casablanca em que o pianista canta a canção sob os olhares embevecidos da Ingrid.  

Ella Athal trazia na mão uma carta de um garoto que resolveu ler para nós. Antes, porém, fez uma introdução. Disse quem era o garoto, até disse o nome, mas com ressalva que era falso só para preservar a garotice dele. E perguntou se gostávamos de sexo. Quase que o bar vem abaixo. Havia gente gritando “u-u... u-u...” e tivemos que pedir aos fregueses que se comportassem. Três caras abotoaram a bragueta (me lembraram da ponte do Bragueto lá em Brasília naqueles dias em que ela sai de moto sem que a reconheçam, senão a vaiam) e três moças voltaram a subir as calcinhas que já tinham caído por cima dos sapatos. 

Ella Athal disse: - Oká... Então vou ler... Mas comportem-se. E depois de me dar uma olhada... Começou a ler:

Querida Ella Athal,
Minha primeira tarde foi um desastre. Eu tinha apenas dezoito anos, completados aos quatorze, quando a mulher do 218 entrou pelo apartamento adentro acompanhada de minha mãe. Minha mãe disse-me muito séria:
- Tenho que passar dois dias fora e tu vais ficar com a Laura, a nossa querida vizinha que vai tomar conta de ti. Não faltes ao colégio, estuda e come direito. Comporta-te!
Meu coração pulou de alegria.
Ella, você não conhece a Laura... Dá vontade de ficar colado nela. Tudo nela é gostoso, dos pés à cabeça, e aquele olhar me devora. O perfume que usa me faz viajar. Ficaria na cama com ela por uma eternidade até que todos os meus membros, menos um, ficassem paralisados.
Naquela manhã minha mãe pegou as malas e saiu de táxi para o aeroporto. Laura ficou comigo no apartamento. Era um domingo. Preparou-me um enorme hambúrguer, como eu gosto, e enquanto eu comia, ela me disse que ia aproveitar e tomar um banho ali mesmo no apartamento. Quase desmaiei, tal o pulo que o meu coração deu. Não foi só o meu coração que pulou. Minhas cuecas também, ali bem na frente. Acho que ela viu, por que olhou para mim, para a parte debaixo, sorriu e foi tomar banho. Mulher faz bem para o coração. Faz ele pular bastante. Do banheiro me perguntou:
- Você toma banho com sua mãe?
- Agora não... Mas já tomei algumas vezes quando era mais novo.
- Quer tomar banho comigo?
Meu coração parecia o motor do carro do meu primo que tem uma geringonça do tempo da segunda guerra mundial. Um jipe com motor de tanque Sherman, guardado lá atrás do celeiro da casa dele.
Disse que sim. Fui devagar até o banheiro. Tirei minha roupa e então abri a porta do chuveiro bem devagar. Estava toda nua e não pode ser de outro modo que se deve tomar banho. Tudo certinho no corpo dela, a pele era incrivelmente rosada. Até nos seios, aqueles dois montinhos bem durinhos. Talvez reminiscências da minha amamentação, senti vontade de sugar, dar-lhes umas leves mordidelas. Sorria-me. Tinha uns cabelinhos suaves lá naquele lugar da Eva que o Adão invadiu.  Nunca tinha visto nenhuma que pudesse tocar, nem de perto.
Então ela me disse de uma forma muito suave:
- Vem... (e pegou minha mão puxando-me para junto dela). Gostou dos meus peitinhos? Vem... E pondo-me a mão na cabeça, me empurrou levemente para seus seios, enquanto me afagava o rosto, o pescoço, as costas, e enquanto me deliciava, puxou sua mão para entre as pernas dela. Meus dedos começaram a tocar aquele lugar úmido. Mas me ocorreram algumas dúvidas. Disse-lhe:
- Você fez xixi?
- Não... Porquê?
E com aquela voz suave, macia, segredou-me no ouvido enquanto sua língua me lambia as orelhas:
- Não é de xixi. É de tesão por você. Fico úmida pensando no que podemos fazer nós dois. Mexe mais, mexe...
E eu mexi. Era gostoso ver como o corpo dela tremia, e então percebi aquela verruguinha. Perguntei-lhe:
- Laura... Você tem piruzinho?
- Não, querido... Isso é o meu clitóris. Se você continuar fazendo carinho nele eu gozo. Faz... Faz mais...
E eu fiz. Então ela me fez ir baixando a cabeça. Eu entendi. Entendi muito bem e fiz o que ela queria. Sentia prazer em lhe dar prazer. Suas pernas se abriram mais e tremiam em meio a suspiros. E eu pensava:
Puta que pariu... E eu? Mas tive um prêmio fantástico! Ela se pôs de joelhos, e começou a passar a língua no meugluglu que cada vez inchava mais. De repente pô-lo todo na boca. Delírio. Perdi a noção de onde estava. Só me lembro de dizer: - Também vou gozar... Mas ela não o largou da boca, que agora fazia movimentos para frente e para trás de forma mais suave, esperando por mim. Secamo-nos rapidamente e fomos para a cama. Meu gluglutinha murchado. Será que iria ficar de pé novamente?

Querida Ella Athal... Estudei no colégio que um tal de Arquimedes disse: Dai-me uma alavanca e moverei a terra. Arquimedes nem sabia ainda que a Terra era um planeta e muito menos que era redondo. Quando Laura se deitou comigo atravessou-se na cama de modo a ficar com a cabeça em cima do meu gluglu e foi beijando, passando a língua, acariciando os ovos do gluglu, sempre me olhando com aqueles olhos pidões. Em trinta segundos minha alavanca podia mover o Sol e até o buraco negro que existe no meio da nossa Galáxia, que não é à toa que ela se chama de Via Láctea. Apenas com um carinho de mulher. Isso que é força. Ta me entendendo, Ella Athal? Ela se deu todinha sem esconder nada. Eu fiquei me dando a ela a tarde toda, a noite toda até ficar murcho.

Lá pelo meio dia abri os olhos e me lembrei imediatamente de ter estado no céu no dia anterior. Pensei que era sonho, mas algo me dizia que era verdade. Estava no quarto de minha mãe, em cima da cama.  Procurei Laura. Fui encontrá-la na cozinha, só com uma camisa por cima do corpo que mal lhe cobria as nádegas. Estava preparando o café. Ninguém tomou café. Nos agarramos e voltamos para a cama. Repetimos tudo, até o ritual do banho.

Minha mãe voltou na terça-feira. Eu tinha ido às aulas, sim, mas tinha dado desculpas e saído mais cedo. Devo ter emagrecido uns quatro quilos. Foi o que minha mãe disse quando me viu, mas reparou também na minha “alegria”. Mães percebem. Ela foi falar com a Laura. Passou uma hora mais ou menos no apartamento dela. Quando voltou não me falou nada. Bom sinal. Claro que Laura não ia contar as nossas aventuras. Continuamos a ver-nos por cerca de duas semanas na casa dela. Depois veio o desastre: Ela me disse que “não dava mais”, que eu tinha que compreender, que ela se enamorara de um sujeito e que pretendia levar a sério o relacionamento. Aquilo para mim foi como uma alavanca do tamanho do sol batendo em minha cabeça. Emagreci outros cinco quilos depois que ela me disse aquelas coisas. Foi uma desilusão muito grande. Vi o tal sujeito que ela disse que ia namorar a sério. Era careca, barrigudo e tinha um carro preto. Nada parecido comigo. Comecei a achar que para ter uma mulher para sempre teria que ficar careca, ser barrigudo e ter um carro preto. Foi bom pensar assim porque recuperei os tais cinco quilos em uma semana. Só voltei ao meu peso normal quando a vi com um sujeito bem arrumado, com os seus trinta anos, cabeludo e magro. Também tinha um carro. O gordo e careca tinha rodado como eu.

Querida Ella Athal, hoje vivo na Grécia e sou dono de um puteiro devidamente legalizado no Ministério da Saúde. É uma beleza. Pago em dobro quando as chamo para passarem uma tarde comigo. Elas gostam. Minha sócia, a Laura, me faz companhia de vez em quando. Damo-nos muito bem. Envio-te uma foto que não é da Laura, mas é a mais parecida com ela que encontrei. A outra, aquela em que não aparece o rosto, é ela. Estás convidada a passar uns dias aqui na ilha de Kos. Vais curtir um bocado. Garanto.


Houve muitos comentários no Bar. Ouviram-se muitos. Querem reduzir a maioridade para 14 anos. Até que não é uma má ideia e antes que a censura da NET exercesse seu poder, censuramos aqui mesmo no bar algumas frases como no tempo do regime militar. Naquela época podíamos imaginar o que estaria escrito com toda a liberdade. Hoje nos mentem sem censura e só temos uma opção: Não acreditar no que nos dizem, os que detêm o poder no atual regime.


® Rui Rodrigues. 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Política internacional – Refletindo sobre guerras - 2015


(Deus não joga dados nas guerras nem quer saber o que é uma guerra)

1.    Refletindo sobre guerras


Dito assim pode parecer a quem lê que a política seja uma ciência. Estuda-se realmente, há até diplomados com o título de “cientistas políticos”, mas é como o tempo: Difícil de prever resultados. Estão neste compartimento as utopias, por exemplo, e a política do dia a dia, que obtém mais soluções – nem sempre soluções – pelos métodos de “redução ao absurdo” e “das tangentes”, do que por equações que nos dêem um resultado credível. Na política, 1+1 não é igual a 2. Longe disso. Poucos meses após Hitler e Stálin terem assinado um acordo de não agressão, Hitler invadiu a Rússia, e antes do ataque a Pearl Harbor, o embaixador japonês garantiu a paz a Roosevelt. Nem Stálin nem Roosevelt esperavam por estes ataques. Há ciência na política, é certo, mas a política em si não é uma ciência. Falta-lhe a previsibilidade, a formulação matemática que nos leva a obter previsões que se venham a confirmar na realidade. Porém, não há como negar as evidências: Não se pode viver sem a política desde os tempos em que há milhões de anos começamos a juntar-nos em grupos, tribos, nações e a ocupar este planeta. De vez em quando algumas nações se unem para combater outras, mas passados tempos, algumas dessas formam novas e diferentes alianças, e aqueles velhos aliados se tornam inimigos. O que nunca se viu foi China e Rússia juntas, com apoio de países sul-americanos e africanos. É preocupante!


Somos um caos de humanidade. Se analisarmos a política como uma teoria do caos, talvez a possamos transformar em ciência que permita previsões seguras. Até lá, jogam-se os dados todos os dias.  

2.    Os estopins das guerras


Qualquer fato ou mentira serve para acender os rastilhos. Nos gabinetes e ministérios, com a ajuda de computadores e serviços de inteligência espalhados pelas nações, tecem-se cenários de guerras eventuais, mas a humanidade é como um polvo que “tateia” até onde pode ir antes de ir realmente. De vez em quando as pontas dos tentáculos queimam e recolhem-se repentinamente. Até chegam a pedir desculpas pela “intromissão”. No passado bastavam apenas duas invasões de países por uma potência para iniciar uma guerra. Uma invasão apenas poderia ser considerada como “caso particular”, mas duas significava certamente “expansão”. Todos tememos movimentos expansionistas. Também já foram causa de guerras assassinatos de alguém mais ou menos famoso. 
E até já houve algumas porque o noivo se recusou a casar com a princesa do país que até então era amigo, ou teve amantes quando era casado com a princesa de outro país. Qualquer motivo é motivo. O que leva realmente à guerra e a guerras generalizadas são outros motivos por detrás dos imediatos: São os motivos reais, verdadeiros, frios. Por isso se pode garantir que as guerras começam de fato antes de as vermos iniciar-se. Injustiças podem acumular-se sem resposta do mundo livre, em função de negociações ou busca de soluções, mas normalmente as pressões vão subindo como numa panela de pressão. Um dia a panela arrebenta. 

3.    Os motivos dissuasórios.

Grandes potências têm hoje um arsenal atômico tão grande que poderiam destruir este planeta e extinguir toda a vida vezes seguidas, provocando um “inverno nuclear”. Quem se atreveria assim, a usar o primeiro míssil nuclear? Este parece ser o primeiro motivo dissuasório de uma guerra mundial. Mas, se nos lembrarmos dos programas de “guerra nas estrelas” do presidente Reagan, mísseis nucleares poderiam ser destruídos em pleno vôo. Não estamos certo disso, nem da eficácia do sistema. Alguns mísseis explodiriam. Não há outros motivos suficientemente dissuasórios para serem considerados fortes para tal. Todos os demais elos de relacionamento entre potências e nações são fracos. Podem ser rompidos a qualquer momento.

4.    As fragilidades dos sistemas políticos.



Em ditaduras nunca se sabe o verdadeiro perfil de quem assume o poder. Fidel Castro, como exemplo, foi ajudado pelos EUA na revolução cubana até que se declarou comunista porque os americanos o julgaram como mais um que lutou pelo poder. Nunca saberemos se é ou não comunista de fato. Um ditador tanto pode ser um sujeito cheio de boas intenções quanto cheio de más intenções. No entanto, ditadores fazem o que querem. Ou comprando os políticos, ou tomando o poder. Nas democracias há também nichos de ditatoriais, quando o governo pode, por exemplo, governar por decretos ou por qualquer outro nome que se dê aos decretos (como Atos Institucionais ou Medidas Provisórias). No entanto, um dos mais intrigantes e perigosos dispositivos democráticos é o fato de qualquer presidente poder declarar guerra a outros países sem ter que dar satisfações aos senados e câmaras, ou usá-las por terem sido compradas com gordos salários, comissões ou de outra forma qualquer. Os senadores brasileiros, por exemplo, recebem gordas maquias anuais do atual governo, além de gordos salários recheados de benefícios, e os partidos políticos recebem bilhões extraordinários. Como votarem contra o governo? São um caminho aberto para a oligarquia de políticos e de partidos políticos, no fundo uma ditadura.

5.    Crises econômicas antecedem guerras



É histórico. Consta em qualquer dos anais históricos em qualquer língua ou país, da história internacional. Mas sempre temos esperança que seja diferente. No entanto é fácil explicar. Trata-se da pressão econômica e suas conseqüências, principalmente a característica humana de sobrevivência que leva à irracionalidade. Esta irracionalidade é aproveitada pelos políticos ou para não perderem o poder ou para conquistá-lo. Dizem ao povo que “são a solução” quer pelos caminhos da paz, pelos da guerra, ou pela neutralidade. Mas são solução para quê? Normalmente os maiores males de uma crise econômica mundial são inflação pela escassez de bens, a perda de empregos pela retração de mercados, o aumento da miséria, a deterioração dos serviços públicos, a agitação política em busca de soluções ou de oportunistas que querem o poder. Não há como “educar” nosso espírito de sobrevivência uma vez que o sistema onde está instalado desde a nascença de cada um de nós é um lugar inacessível ao controle humano: Está no bulbo raquidiano, uma parte de nosso cérebro ao qual não temos qualquer acesso consciente, mas que altera nossos instintos. Um deles, em épocas de crise, é ganharmos uma aversão a estrangeiros dentro de nossas fronteiras, vendo-os como “competidores” potenciais que nos vêm tirar a comida de nosso prato. É esse bulbo raquidiano que controla nossas batidas cardíacas, nossa respiração, controla a produção de hormônios, nos faz subir a adrenalina quando levamos um susto, por exemplo.

A agitação populacional contamina o governo, quando não é o contrário. Os sistemas produtivos não podem entrar em colapso por falta de mercado, de bens de raiz como gás, minério de ferro ou alumínio, nióbio, petróleo, trigo, água, soja. O mercado se auto-regula. Economia é uma ciência porque lida com números, mas não pode prever, por exemplo, que meia dúzia de banqueiros tenham declarado em 2008 que estavam literalmente à beira da falência que o governo americano não lhes injetasse em suas contas umas centenas de bilhões de dólares para compensar seus erros, que eles mesmos admitiram, mas a crise estava iniciada, passando à Europa e depois ao resto do mundo. Ainda estamos nela e não deverá terminar antes de 2028.  Só para lembrar o inicio deste item, crises econômicas mundiais antecedem as guerras, o que não significa que haja guerras sempre que haja crises econômicas mundiais.

6.    Contemporizações internacionais são sinais de fraqueza ou prelúdios?

A “fraqueza” de uma nação pode ser boa para o país. Normalmente evita a guerra, e pode ser confundida com “excelente política” se esse país se livra de uma guerra por algum tempo sem que pareça covarde. A população fica satisfeita, os “adversários” ganham seu respeito. Já vimos disso na crise dos mísseis em Cuba, em muitos fatos históricos do passado, e mais recentemente na crise da invasão da Criméia pela Rússia. A Rússia invadiu e está invadida até hoje. Até avião comercial foi derrubado sem que nada acontecesse em termos de política internacional. Nenhum país foi julgado covarde, mas tal como já se disse algumas linhas atrás, a pressão está aumentando na panela de pressão. 

Estivéssemos no século XVI, ou XVII, ou mesmo no XIX, a invasão da Criméia daria certamente origem a uma guerra mundial. Quer dizer... Como política não é verdadeiramente uma ciência, embora inclua ciência em seu bojo, podemos dizer que “seria altamente provável” que houvesse uma guerra mundial. Porque não houve até agora? Exatamente por causa dos motivos dissuasórios e também por outros dois motivos: A pressão da panela ainda não é suficiente para explodi-la; O jogo de interesses internacionais permite algumas extrapolações, concessões ao status quo, Em que algumas potências tomam uma parte de “lá” ou “daquilo” e outras tomam outra parte de “cá”, ou “disto”.
Apenas como exemplo, os russos tomaram a Criméia depois de terem ficado com parte da Geórgia e dizimado parte da Chechênia, enquanto os EUA continuam no Iraque, no Afeganistão, a Alemanha é a “mandatária” da União Européia.  A Grécia corre para o lado da Rússia, a maior parte do gás da Rússia passa a ir para a China, a Inglaterra pensa em sair da União Européia, Portugal a seguirá se ela fizer isso, a Grécia sem dúvidas. Lembra muito, tudo isto, a divisão do mundo entre Hitler e Stalin nos acordos que fizeram antes da Rússia ser invadida pela Alemanha nazista. Um dos pontos de acordo era a divisão da Polônia entre eles. Atualmente, dentre tantos outros pontos de concordância e de discórdia entre nações importantes, há um que nos causa muita admiração: O silêncio aparente da China continental em relação a Taiwan, a China Insular, e a disputa por umas ilhas a caminho do Japão com este país. Será a China assim tão paciente?
E agora em 2015?

7.    Haverá nova guerra mundial?



Haverá sim, mas não se sabe como nem quando. Pode até acontecer como produto nefasto desta crise econômica – muito grave – como também passar em brancas nuvens, sem declarações de guerra entre potências. Não adianta lançarmos dados. Podemos isso sim, dizer apenas das “probabilidades” se num conjunto de equações substituirmos as incógnitas por algumas certezas que temos, mas a condição humana e de cada país segundo seu tipo de governo podem alterar as suposições. No entanto, se houvesse guerra há um cenário que preocupa mais do que quaisquer outros: A possibilidade de China e Rússia se unirem numa guerra como aliados contra o que se chama de Ocidente.

Qualquer fato imediato poderia servir de motivo para uma guerra. Podemos ter certeza que novas armas estão sendo testadas, que os serviços secretos do mundo inteiro estão atentos, e nós no Brasil, como sempre, assistimos, e se tomarmos partido, arriscamos a sofrer sem estarmos preparados nem para nos defendermos. Não temos nada próprio e eficiente que possa servir como força de dissuasão para grandes potências não nos atacarem. O que os impede ainda é a democracia que parece ser um pouco efetiva nesse aspecto. Nunca cuidamos disso e continuamos importando armas em vez de desenvolvê-las construí-las. Num futuro não muito longe, isso pode ser determinante para nossa independência como nação, como povo, como cultura. Já andaram exterminando judeus, armênios, poloneses, cristãos, índios, ateus, camponeses, ucranianos, ciganos, albigenses, quiseram exterminar bascos, e outros povos. Basta consultar a história para se ter uma noção. Não se podem esquecer guetos, gulags, “paredões” nem campos de concentração. A democracia é uma dama pálida que desmaia sob qualquer perigo, até de susto. Deserte numa guerra para ver o que lhe acontece.

8.    Os "faros" que percebem o cheiro da guerra.


O maior sinal de cheiro de guerra próxima, é o silêncio da ONU. Está paralisada. Quieta. Silenciosa. Já vimos isso na antiga Sociedade das Nações, sua precessora. Não se mete nem contra o Boko Haram, nem contra o Estado Islâmico, nem contra nada. Faz atualmente “obras de beneficência como qualquer ONG. Talvez saibam melhor que nós, humanidade popular internacional, simples contribuintes sem acesso a segredos de estado, o que está por detrás dos movimentos fronteiriços e das belicosidades mundiais e não se queira meter em “seara alheia”, o que poderia torná-la numa agregadora ou desagregadora de “aliados”. Quando algumas potências se preparam para uma guerra que não existe, ela acabará por existir.

O que é passar provação mais difícil do que um povo abandonar um continente e ir-se instalar numa ilha? Pois foi o que os ingleses fizeram há cerca de 6.000 anos atrás. Embora tenham vivido lá muito antes, foi apenas quando terminou a era do gelo e as ilhas britânicas voltaram a ter condições de vida que voltaram para lá. Seu senso de “sobrevivência” é tão grande que estão lá até hoje, sobreviveram a romanos e alemães nazistas, não entraram na zona do euro, e se questionam sobre continuarem na União Européia. É um sinal de aproximação maior com o Pacífico, Austrália, Nova Zelândia, EUA. “Mi casa, tu casa” dos mexicanos não parece ser muito credível. “Eu não falar tua língua” ainda ressoa nos ouvidos. Alemanha e França querem dominar e dominam a União Européia. Tanto podem ser aliados como inimigos.


Os EUA partiram para o xisto como fonte alternativa de obtenção de combustíveis. O povo pode não gostar principalmente os ambientalistas, mas é o que têm para não dependerem dos russos nem dos bolivianos para sua independência energética. Os alemães estão quase a 100% de energia eólica e solar. Por aqui no Brasil, o que interessa é a propaganda. Vamos depender sempre dos outros, a vida é uma sambar funqueiro, times de futebol e discursos inflamados do PT e do PMDB dizendo que tudo vai bem. Vai bem o quê, para quem, cumpañeros? A roubalheira?
O Reino Unido continua unido, independente, e tem onde buscar o que necessita, é parte da Commonwealth, ajuda mútua. Porto mais que seguro, a união faz a força. Dilma nem sabia que o governo estava demissionário em Portugal por causa das eleições. Pensou que o governo se tivesse demitido. Está gravado em entrevista. Há cooperação, bem vinda, até especial, mas não há Commonwealth nas lusófonas terras de cá, nem de lá, nem de além. As “mágoas” políticas se sobrepõem à razão. Deve ser mais uma latinice.


A Rússia fez acordos com Cuba para uso de portos. O Brasil financiou a construção. Haverá algum acordo secreto com a Rússia ou com Cuba? A Rússia tem porto na Síria. A China constroi um canal na Nicarágua para não ter que usar o canal de Panamá. A Rússia faz vôos de reconhecimento invadindo espaços aéreos europeus, seus submarinos visitam portos dos países nórdicos invadindo águas territoriais. As bases americanas nos Açores estão em dúvida quanto á sua continuidade a serviços dos EUA por iniciativa desta nação. Com mísseis e maior autonomia de vôo de seus aviões talvez nem necessite delas. Putín egresso da KGB tem promovido sua permanência no governo desde que Boris Ieltsin, o bêbado, largou o poder. Há fortes indícios de que quer reconstruir a URSS. A oposição russa jura que ele subverteu o sistema eleitoral e fraudou as eleições. Fez acordo recente com a China para venda de gás combustível, uma forma de retaliar contra as sanções econômicas dos EUA e Europa por sua invasão da Criméia. A Rússia é o maior país Europeu em extensão, e tem a mais desenvolvida tecnologia. A Rússia tenta espalhar a sua influência pelo mundo. A Alemanha nazista também fez isso antes da segunda guerra mundial.

A China...Nas décadas de 60, até os 80 do século passado não se falava noutra coisa senão no “perigo amarelo”. Podemos imaginar a China, que compra no exterior apenas porque os produtos de raiz são mais baratos, guardando assim as suas reservas, com uma população esfomeada? Podem arrebentar com qualquer panela de pressão. Unidos à Rússia, podem arrebentar todo o estoque mundial de panelas de pressão. Ou pelo menos parece. Com seu regime comunista para os trabalhadores garantindo preços baixos de mão de obra, e uma parte capitalista para governantes e seus apaziguados empreendedores industriais e comerciais, a China vem competindo com as industrias nacionais dos demais países em preços, aniquilando-as. Detroit nos EUA, antigamente um portento industrial, já perdeu suas industrias e 70% de sua população. Não foi apenas nos EUA. A Globalização é até certo ponto um engodo. Industrias fundamentais para a sobrevivência em países que cuidam de sua sobrevivência não são vendidas a terceiros. Continuam “em casa”.
Industrias e serviços estratégicos são fundamentais para manter a nacionalidade, as fronteiras.


® Rui Rodrigues

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Minha Casa,minha Sina...

A ilusão do minha casa minha vida... A realidade é Minha Casa, Minha Sina.

Depois que receberem os imóveis, assalariados de renda baixa não poderão revender os imóveis. Mesmo sabendo-se que:
- Não terão dinheiro para pagar o condomínio (são sempre muito caros)
- A inflação lhes come o salário
- A energia elétrica lhes consome o salário
- O custo da água lhes consome o salário
- A internet está cara e é ruim
- Os remédios aumentam de preço a toda hora
- O desemprego os deixará sem trabalho e sem salário...
- Que o FIES não é pára todos e que terão que deixar de estudar
- Que não haverá creches para todos e que terão de parar de trabalhar para cuidar dos filhos
- Que muitos morrerão em filas de hospitais entupidos desde as UTIS até os corredores da morte.
E tudo isso proporcionado pelo governo do PT, pela base aliada e por essa escumilha de políticos corruptos que fazem sem planejar nem medir conseqüências... É governo para "inglês ver", e proletários chorarem.
É um governo de tirar o pé de uma lama e o enfiar na outra lama, passo a passo, todos os dias...


® Rui Rodrigues 

Chamou-a de cadela. Porquê, meu deus?- Conto erótico



(Conto erótico, do Bar do Chopp Grátis, contado por um cachorro)

De mundo cão já ouvimos falar e de cadelas também. Mas cadelas são as fêmeas dos cães, e se sabemos que cães transam até uns com os outros, o que dizer das cadelas, que nem transam umas com as outras? Mas chamar uma mulher de cadela é demais. Não existe nenhum ser humano melhor do que uma mulher. Pelo menos para mim. Sou tarado por elas, por um motivo simples: Tornam tudo mais fácil, dão-nos prazer e quando começam a competir conosco, dividimos os bens, mas não permitimos que continuem a nos dividir a vida em pedacinhos. É simples assim. De outro modo é complicado!
 
Aí ouvi o cara chamar a mulher de cadela, quando estava - ela- fazendo pole no meio da rua! Uma violência! Fui até o cara e dei-lhe um par de sopapos, tabefes ou que raios fossem aqueles tapas que lhe dei. Apanhei em dobro da mulher, a tal da “cadela”, que avançou sobre mim como uma loba que defendesse os filhotes e até me mordeu na orelha esquerda com a boca cheia de dentes. O policial salvou-me da raiva dos dois. Dela e do cara. Regra número um para defendermos o próximo, no caso a próxima, é saber antecipadamente se a próxima precisa de ou quer ajuda. Se disser que algumas mulheres gostam de certos “maus tratos” ainda que verbais, as outras me atacam e me batem. Mas para você que é novato nestas coisas de “amar a próxima”, tenha muito cuidado. Assista primeiro ao filme ou leia o livro “50 tons de cinza”, ou melhor “50 tons do Grey” – Grey é cinza e Grey é o nome do “dominador” do filme – para entender o que estou dizendo. Juca Chaves dizia nos idos dos anos 70: “Mulher tem que ser uma dama na sociedade e uma puta na cama”. Ele estava certo. Um sujeito decente trata a mulher como uma dama e vem o “Robertão” e a trata como uma puta. Aí o bicho pega porque o bom da fita passa a ser o Robertão por quem a mulher tara. Solução? Fora de casa você tem que ser o Robertão. Quando a mulher descobrir, divida os bens e saia de casa. Mau conselho este? Então siga outro melhor.

Um dia a tal mulher cruzou comigo no caminho, lá no centro da cidade do Rio. Reconheceu-me e se aproximou. Eu já me protegi com as mãos em volta do rosto. Percebi que não era uma boa estratégia e peguei o celular para discar 190, mas parei um instante para ouvi-la. Ela estava tentando falar comigo.
-Me desculpe daquele dia – disse ela com um sorriso – Só depois que reconheci meu erro, mas você saiu correndo e não tive tempo de lhe agradecer. Aquele cara que me chamou de cadela era meu marido. Ele chegou a achar que você era meu amante.


Olhei a mulher de alto a baixo. Não era grosseira. Tinha um pouco de classe, tinha seus quarenta e poucos anos, bem vestida sem exageros, a pele diáfana bem tratada, cheirava muito bem, preencheria muito bem uma cama que sem ela não teria o menor uso para mim. Quase não durmo. Sim... O que mais interessa, tinha olhos verdes, uma bundinha um pouco cheia e arrebitada, peitos fartos sem exagero, uma cinturinha de filão como cantaria o Luiz Gonzaga pai ao som de sacolejante acordeão.  Ela estendeu-me a mão.

Saímos pela rua caminhando a esmo porque perdi a noção de meu rumo. Lembro que ia para a Candelária e de repente estava caminhando para a Sete de Setembro viajando numa imaginária cama onde eu e ela estávamos confortavelmente agarrados, completamente nus, nos beijando adoidadamente.  Contou-me tudo o que eu não queria saber porque não tinha a mínima importância, nem eu ouvia realmente, e não me disse nada daquilo que mais me interessava. E continuamos conversando sobre assuntos que nem me lembro, porque minha cabeça rodava, ainda que não tivesse tomado o mínimo pingo de álcool. Aliás, tenho que mandar um e-mail ao Lula avisando que a 51- Ouro, tem o mesmo sabor da 51-comum, e que a cor deve ser “artificial”, para agregar custo ao produto. Se quiser fazer 51-Ouro em casa, muito mais barata, junte à cachaça normal umas gotas de café ou desses sabores artificiais que tenham cor marrom. Stalin também tomava uns copos fenomenais. Morreu porque os médicos não quiseram interferir em sua doença com medo dele se salvar e por qualquer errinho os mandar para o paredão ou enforcar.
 Ao passarmos por um hotel, desses para executivos, ela olhou para a tabuleta que balançava ao vento, e olhou para mim. Aí convidei discretamente:
- Quer entrar para descansar um pouco da caminhada?
Ela sorriu e abanou afirmativamente os cabelos que emolduravam os olhos verdes. Foi o que eu vi e mais me chamou a atenção. Quase não escutei quando ela me disse: - Você deve dizer isso para todas...E também não vou contar o que aconteceu no Hotel, porque seria muito sórdido. Mas lembro perfeitamente dela, da cama, do quarto e daquelas frases que nos fazem ir aos céus: - Assim, até o talo... Mais... Mais... Mais... Ai... Ai... Quero mais... Ó deus... Vem... Vem... Nada comparado com o “estou-me a vir” que se deve dizer em Lisboa quando se está gozando.
Aí que entendi a história toda daquele momento em que a vi pela primeira vez, quando ela me disse:
- Seu cachorro... Quero ser sua cadela... Vem... Assim... Vem por trás...Ela deveria dizer isso para todos. 


Cinqüenta tons de bege são muito melhores que 50 tons de cinza porque destes últimos nunca provei. Não sou dominador. Já o Grey deve saber como é. Ou a autora do livro. Como o motel não tinha elevador, não foi possível dizer-lhe Hanna! Enquanto ela me chamava pelo nome, sem sabermos se nos voltaríamos a ver ou não. Cinqüenta tons de cinza também foram cinqüenta tons de voz com direito a choro. Uma cachorrada do Grey.

Saí catando marca de batom na minha camisa branca. Passei no bar e joguei umas gotas de cachaça na camisa enquanto o parceiro do bar jogava uns goles para o santo. Me mostrem um santo que lhes mostrarei um cachorro. Mostrem-me uma santa que lhes mostrarei uma cadela.  


® Rui Rodrigues