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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Curemo-nos a nós mesmos


Podemos imaginar os primeiros passos, as primeiras investidas no conhecimento de todas estas coisas do Universo. Certamente começou muito lá atrás, há milhões de anos, com a curiosidade de crianças, mulheres, homens mais introspectivos, ao olharem para certas plantas, cogumelos, sapos, sem saberem se eram comestíveis. Não tinham como saber, mas umas plantas aliviavam as dores, outras faziam dormir, outras ainda provocavam alucinações. Muitos dos primeiros que experimentaram morreram. Os que tinham visões passaram a temer deuses que só existiam quando ingeriam as plantas ou lambiam os sapos, e eram bons e maus aqueles deuses; Os outros, os que só assistiram, aprenderam e passaram a informação adiante. E assim a humanidade chegou a um período, depois de uma milionária caminhada de anos, a um período tenebroso a que se chamou de “idade das trevas” ou Idade média. Foi o auge dos sacerdotes oriundos das visões fantasmagóricas de deuses que se arrependiam de ter criado a humanidade, que fabricavam “damas de ferro” onde cozinhavam, assavam e espetavam os corpos de gente inocente que depois queimavam em fogueiras. Era o tempo das “bruxas” e dos alquimistas. Foi o tempo da reflexão sobre o que é real e o que não é. Como costuma acontecer, quando se chega ao fundo do poço, não se pode descer mais, e a tendência é subir.
 A Idade das Trevas foi o fundo do poço do qual emergiram os químicos, os físicos, os matemáticos, os médicos, os engenheiros, os filósofos, a indústria, o desenvolvimento do comércio, e mais tarde os celulares, as televisões de plasma, os aviões a jato, as viagens interplanetárias, o estudo do genoma humano, a alta produção por hectare das plantações e culturas, os automóveis elétricos, os computadores pessoais, a Internet, a cura do câncer ainda que parcial. Na Idade Média nem se sabia o que era câncer, mas “sabiam”, os “humildes fiéis convenientes” com toda a convicção, que “deus” mandara fazer cruzadas contra os “infiéis” e queimar gente inteligente em fogueiras. Falava-se em nome de “deus”. Um deus muito estranho esse, certamente, e que, apesar de sua “infalibilidade” continua a ser credível!”


E hoje descobrimos, finalmente, que este planeta é um fábrica, que cada corpo vivo é uma pequena central de produtos e de produção, que a vida deve manter-se e ser preservada, que cada unidade é fundamental para a sobrevivência de todo o sistema. Ácidos, bases e sais, aldeídos, álcoois, e outros produtos químicos existem em qualquer ser humano, em muitas plantas; o ferro e os metais vieram de estrelas que explodiram; outros produtos descobrimos e criamos, e as outras “fábricas”, aquelas que produzimos para obtermos grandes quantidades dos produtos, são artificiais, porém de toda a utilidade porque servem a muitos fins construtivos, e, eventualmente, destrutivos. Evoluímos, sempre, com determinismo pessoal ou coletivo, podendo decidir a qualquer momento que caminho deva ser seguido.
Evidentemente que num planeta limitado, nada deve ser longevo, viver eternamente, sob pena de não permitir as novas gerações, a evolução que elas trazem. Imaginando que todos fossemos eternos e que continuássemos a nos reproduzir, este planeta se encheria em apenas algumas décadas, impossibilitando a vida e a convivência. A conclusão simples e fatal é que temos, obrigatoriamente, que falecer a qualquer momento. Não haveria outra forma de haver vida, se não estivesse aliada à morte, por total falta de espaço para evoluir. Por isso, o que se busca é uma vida – enquanto durar – que seja digna, evitando os sofrimentos naturais, mas sem criar sofrimentos artificiais, como parece ser o caso das destruições em massa pelas guerras.

Mas, se somos fábricas ambulantes, onde se produzem células “T” que nos resguardam de doenças, e possuímos ao nosso alcance vacinas e remédios que podem ajudar-nos na cura de doenças, precisamos descobrir os mecanismos que atuam em nosso corpo e salvam a uns e a outros não, deixando que os processos de infecção ou contaminação, deixem de parecer “aleatórios”. Nosso próprio corpo nos pode curar desde que tomemos, desde a infância, certos cuidados. A longevidade  a que chegamos, a cerca de 80 anos como expectativa de vida, deve-se muito mais aos cuidados com a alimentação, a hábitos alimentares, aos cuidados com a higiene do que à descoberta de vacinas e medicamentos, mas jamais teríamos estes resultados se não fossem as vacinas, os medicamentos, e o desenvolvimento da medicina através da engenharia, e em particular, da engenharia genética. 

Precisamos descobrir a “inteligência” pessoal que nos cura a nós mesmos de todas as doenças e ferimentos, como fez uma galinha que foi ferida com um grande corte no pescoço por um gambá e se recuperou e sobreviveu. Postou 14 ovos em ninho que fez e começou a chocá-los. Certa noite outro gambá veio e lhe comeu quase todos os ovos deixando apenas quatro. No dia seguinte o gambá voltou e deu-lhe um corte tão grande nas costelas que as vísceras apareceram e a galinha caminhava devagar e mancando. Uma semana depois, a galinha estava em processo visível de cicatrização curada a milho e água. Os dois gambás foram mortos a tiro. O criador das galinhas teria que optar entre a sobrevivência dos gambás ou das galinhas, mas não temos certeza de que o Criador tenha uma espingarda de doenças e de desastres para eliminar o que quer que seja deste planeta. Parece que o Criador fez o Universo sujeito a leis impressas na sua formação e saiu para outros lugares. Sem ele por perto para cuidar de cada um de nós, temos que aprender a nos curarmos a nós mesmos. Pode perfeitamente ser que a cura “pessoal” por meios naturais e a própria evolução se expliquem através de uma relação de informação entre o cérebro e o cerebelo, retransmitidas ao ADN celular. O que exatamente estamos fazendo agora parece estar nesse caminho, mas só foi possível depois que nos livramos do poder daqueles que, baseados não se sabe em quê, sem razão alguma, quiseram impedir o desenvolvimento das ciências com argumentos de mágicos que não sabiam como fazer mágicas.


Ou nos apresentavam números de mágicas que não eram mágicas, mas curas pessoais por meios naturais e para evoluirmos é necessário que nos livremos do mal – “Amem” – dos que tentam limitar o conhecimento quer usem a política, a religião, a força, a economia, ou qualquer outro meio ou arma para nos impedir.



Rui Rodrigues

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O dia em que "Maquiavel" entregou o livro ao Príncipe
























Naquele ano de 1513 Nicholo Machiavegli[1] não chegaria ao palácio do príncipe a pé, de forma humilde. Não ia pedir-lhe nada de forma explícita. Pelo contrário, iria dar-lhe um presente como se fosse um ovo de dragão que, esperava, o príncipe viesse a adotar como filho: Seu livro escrito nesse mesmo ano, demonstrando tudo o que sabia de política, das sociedades, do poder. Tampouco chegaria de forma arrogante como quem acha que a experiência é um diploma incontestável, e experiência era o que lhe sobrava. Chegaria em sua própria carruagem, mas subiria as escadarias de forma digna, carregando de forma perceptível, mas não facilmente identificável e ostensiva o seu presente ao príncipe: Um belo livro cujo título era exatamente esse, “O príncipe”, onde demonstrava seus profundos conhecimentos das sociedades, do modo de governá-las, de seus limites de tolerância, e das forças que possuem ou que as podem manobrar sem que percebam. 

No fundo, um recado a quem veria em alguns instantes: Lorenzo de Médici, duque de Urbino. Lorenzo era novo e por mais inteligente que fosse faltava-lhe a experiência. No entanto, estava seguro que talvez a ele mesmo, Machiavegli, lhe tivesse faltado experiência ao lidar com os Médici. Mas com tudo isso, Machiavegli estava consciente de seu maior grau de experiência e de inteligência em relação aos demais conselheiros nomeados pelo príncipe. Uma dessas posições deveria ter sido sua. Perseguido pelos Médici que até Papas haviam feito eleger com dinheiro, intrigas, e até assassinatos, fora preso, torturado e passara a conhecer o outro lado do poder. Sofrera as conseqüências. Talvez por isso o tivessem esquecido, embora ainda pudesse ser muito útil à unificação da Itália, dividida em principados. Tudo dependeria do Príncipe. 

Machiavegli aprendera, a duras penas, que o poder nunca - jamais -  é eterno. O segredo da política é mantê-lo pelo maior tempo possível, com a maior segurança, e o menor número de   problemas. Sempre aparece alguém, algum príncipe, algum reino, principado ou nação mais forte. Poder é bom enquanto dura e se baseia no respeito pelos antagonistas. Nada pode ser desprezado. Tinha muita coisa a propor ao Príncipe Lorenzo, e principalmente, torná-lo rei de uma Itália unificada. Tinha sua lógica. Mas primeiro teria que estudar melhor o íntimo do príncipe e saber do acolhimento a suas idéias. Saberia ele que Veneza era uma república de sucesso e enorme poder marítimo graças à sua forma de lidar com o mundo exterior? Não tinha recentemente construído a praça de S. Marcos, que ficaria pronta no ano seguinte, em 1514, um símbolo de sua riqueza comercial? Não estava Portugal, aquele pequeno reino no final da península ibérica, junto às colunas de Hércules, em franco progresso comercial e marítimo? Pois se pequenos reinos e principados podiam ser uma Veneza ou Portugal, o que não seriam os reinos de Itália unidos, tanto mais que Portugal e Veneza? Claro que com pouco esforço Veneza conseguia minar os lucros dos empreendimentos comerciais de Espanha e Portugal financiando-lhes os projetos, as construções de caravelas, cobrando juros altíssimos, mas com o dinheiro e os empreendimentos, uma Itália unida poderia ser muito maior, dominar a Europa, tal como Roma já o tinha feito.

Machiavegli sabia dos motivos que mantinham os príncipes italianos desunidos e eram muitos, mas o principal era a própria competição entre eles. Não queriam ser uma nação poderosa e grande: Queriam apenas competir entre si e isso os divertia, dava-lhes razão para viver ou para morrer. O outro motivo era a forma de governar. Enquanto príncipes fariam o que quisessem em seus reinos. Mas para serem uma nação teriam que mudar para uma república. A república lhes limitava os poderes sobre o povo. E o jogo entre eles, a motivação para a própria vida era a competição num jogo de poder. Além do mais todos temiam o maior problema de todos: Qual dos príncipes dominaria sobre os demais num reino unido de Itália?

Machiavegli já estava chegando ao imponente Palácio de Urbino. As rodas de sua carruagem produziam um zumbido agradável de poder, aliado ao tropel dos quatro cavalos. Era um gosto que poderia voltar a ter em breve se conseguisse prender a atenção de Lorenzo. No livro que lhe entregaria dentro da caixa que levava a seu lado, no estofamento da carruagem, constavam algumas frases política e filosoficamente ponderadas que traduziam a vida e o poder tal como são, mas uma delas continha uma realidade que ele próprio experimentara: o fator sorte!. E isso nunca se podia esquecer.  Ele mesmo, o ex-secretario da segunda secretaria de Florença, por quatorze longos anos, cuidando da política externa principalmente, tinha sido demitido da função por puro azar, do qual a sorte é sempre o único antídoto, porque perdida a confiança, por azar, os méritos próprios não se consideram e só por grande sorte se podem recuperar a confiança perdida. Machiavegli sabia disso. Por isso precisaria de muita sorte, porque o príncipe certamente sabia o que lhe tinha acontecido: No ano passado, em 1512, tinha sido demitido sob acusação de ser um dos responsáveis por política contra a família dos Médici, e grande colaborador do governo anterior. Fora obrigado a pagar mil florins de ouro e proibido de se afastar de sua terra natal, a Toscana. Isto era verdade e aceitara bem como parte do risco político, mas o que nunca conseguira entender foi o azar terrível de constar como provável simpatizante da causa republicana numa lista elaborada por dois jovens, sem o seu conhecimento: Agostino Capponi e Pietropolo Boscoli, foram presos por política contra o governo, fundadores de uma causa republicana que postulava a união dos reinos italianos num só Reino.

Evidentemente que os dois jovens tinham acertado em cheio em sua concepção do que deveriam ser as tendências de Machiavegli, mas este defendia a filosofia da causa e não a causa em si, o que era muito diferente, mas inimigos políticos não vêem diferença em questões tão sutis. Foi preso e torturado por 22 dias seguidos, mas eis que a grande sorte apareceu em sua vida, tão de repente e inusitada, como o azar de constar numa lista, sem a sua intervenção: O Papa Julio II faleceu em 21 de fevereiro de 1513, apenas dez meses atrás, e quem se elegeu em sua substituição, foi um florentino. Nada mais nada menos que João de Médici, com o nome de Leão X. Machiavegli beneficiou-se do indulto papal e foi anistiado. Não perdera tempo, acabara seu livro e ali estava com uma caríssima cópia, pronto para entregá-la ao príncipe. No fundo o livro tinha muitas e várias intenções. Uma delas era redimir-se de suas condenações e mostrar que sempre estivera não só do lado do poder de Florença, como também de toda a Itália, como poder ainda maior de um povo que falava a mesma língua, herdeiro da glória de Roma. Mas aí estava algo da idiossincrasia que podia entender: Enquanto Roma fora uma república, fracassada no final, porque perdeu tudo o que tinha conquistado, deixou no povo a certeza que nenhum governo cuidaria realmente do povo. Duques, príncipes, toda a nobreza sabia disso. Pior ainda era a política suja que se tecia nos corredores de um governo central e que retirava o poder aos delegados nos reinos. Por isso tinham aparecido os condottieri, que usurpavam o poder e governavam cada um o seu reino. Estes, bem lá no fundo gostavam de uma Itália dividida em reinos, porque sempre aparecia a oportunidade de aparecer um condottiero menos hábil e tomar-lhe terras, poder, impostos. A política dos príncipes jogava simultaneamente com a sorte, ou o azar, e a competência.


Fazia frio naquele dia de dezembro de 1513, e flocos de neve começaram a cair sobre o Palazzo Vecchio. Maior frio lhe ia na alma de Machiavegli. Sua idade já estava avançada para a época, e embora não fosse fator impeditivo, sempre ficara o fato de ter sido preso por duas vezes, pago pesado tributo como multa, torturado. Isso era imperdoável, sinal de que se tinha afastado do equilíbrio do poder, da compostura, da avaliação política, e sinal pior ainda, que não teve amigos para o livrarem daquele pesadelo. Foi neste estado de espírito que Nicholo Maquiavegli subiu as escadas do palácio, e ainda mais se abateu ao olhar os guardas que já lhe tinham feito as saudações quando era secretario da segunda secretaria e o haviam recebido em suas viagens de negociação política a França, a Veneza, ao Papa e aos demais estados italianos.

Mas tinha que subir as escadarias e entregar o livro olhando o príncipe nos olhos. Afinal, até que a entrevista terminasse, a esperança da sorte era a última coisa a desconsiderar, mas isso só aconteceria no leito de morte se viesse a ter um. Provavelmente seria enterrado sem pompa nem circunstância. As sociedades nunca se lembram do passado, preocupadas que estão no presente com o seu futuro. 

Rui Rodrigues


PS –

  1. Machiavegli nunca mais retornou à política. Machiavegli teimara sempre em não aprender uma coisa fundamental: O político sempre deseja os melhores conselheiros, mas não são estes que decidem, sob pena de ele mesmo, o político, perder o poder. Assim, quando o político decide, depois de ouvir algumas opiniões de conselheiros, a solução geralmente é híbrida de todos eles. É o político que, mal ou bem, manda. Quando acerta, o mérito é de todos, incluindo os conselheiros; Quando erra, jura que foi mal aconselhado. Aparentemente os políticos divertem-se em plena luz do dia, maquinam na penumbra do amanhecer ou entardecer, e vingam-se à noite.
  2. Depois da ida a Palácio, Machiavegli viveu no ostracismo até 1520 em sua casa em Sant'Andrea em Percussina, Florença. Lá produziu muitas obras, incluindo “ A Madrágora”, uma famosa peça de teatro. Com a morte do príncipe Lorenzo, Júlio de Médici que mais tarde se tornaria Papa, assumiu o poder em Florença. Mais benévolo que Lorenzo ou o Papa anterior, contratou Machiavegli para escrever uma “História de Florença”. Faleceu em 21 de junho de 1527 aos 58 anos.




[1] Nomes próprios deveriam ser intraduzíveis.  A assinatura de Nicholo Machiavegli não deixa duvidas quanto à verdadeira grafia de seu nome. 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mudanças climáticas - Resumo



 Mudanças climáticas - Resumo



Vivemos num mundo “amigo” para a maioria de nós. Por exemplo, temos uma percepção de temperatura quando se sente frio, na neve, ou calor ao Sol dos trópicos, quando abrimos um forno e experimentamos temperaturas ainda mais quentes, e muitos de nós até podemos avaliar o quanto deve ser quente num alto forno onde se fundem os minérios para fabricar o aço (algo em torno dos 3.000 graus centígrados), mas para muito poucos não conseguimos ter a percepção do que seja a temperatura no interior ou exterior do Sol, ou mesmo de nosso planeta Terra. Também não podemos imaginar o quanto é frio no espaço exterior, a temperaturas próximas do zero absoluto. Como, com tamanha falta de percepção poderemos avaliar o que significaria um pequeno aumento da temperatura média de nosso planeta, tão insignificante como apenas dois graus centígrados? Quase a totalidade dos sete bilhões e meio de habitantes deste planeta dirá que apenas dois graus de aumento na temperatura média não pode representar absolutamente nada de fundamental. Mas quando acontecer, as mudanças climáticas mudarão as condições de vida de tal ordem que a invilibizarão, e não teremos agricultura, os oceanos subirão. Isto é certo! 

Meditando sobre o assunto, vejamos quais são as perspectivas, mas temos que viajar um pouco no tempo, para trás, para vermos o que a história deste planeta nos conta. A partir da história poderemos ver se existem fatores naturais – apenas naturais – que possam ser determinantes para uma mudança climática catastrófica de forma suave ao longo do tempo, ou de repente, como raio que cai à nossa frente, a meia dúzia de passos de nós, e a escassos segundos do fim da nossa tranqüilidade. Este artigo destina-se a quem nunca freqüentou salas de Universidades e para aqueles que, mesmo que os tenham freqüentado, não tenham tido a oportunidade de assistir a aulas específicas sobre estas matérias.  

A Ciência do Planeta Terra
Para entendermos este nosso planeta, temos que aceitar que atualmente, em termos de ciência, está mais perto do caos do que de ciência exata. Sabemos como funciona o clima, o centro da terra, a atmosfera, a biomassa, as condições de vida dos seres que por aqui existem, mas não temos equações matemáticas que nos permitam avaliar como será o “amanhã”, de forma credível. A ciência da Terra parece-se mais com o caos (desordem) ou com a física quântica, mas desta, já conhecemos muitas das equações e podemos calcular com muito boa aproximação “onde” estará um elétron em determinado momento. No que respeita a efeitos estufa, aquecimento global, aparecimento de tornados ou terremotos ou erupções vulcânicas, temos algumas teorias e nada é preciso, calculável, dedutível. No entanto vale lembrar que todo o nosso sistema está relacionado com a cosmologia por efeito dos raios Solares e dos movimentos em torno do Sol e da própria Galáxia, dos movimentos da crosta terrestre e do estado magmático do interior do planeta, e de outros fatores interdecorrentes. Alguns fenômenos são repetitivos, mas não têm ciclo determinado: Sabe-se que irão acontecer, mas não sabemos quando nem seu grau de intensidade, e a maior parte das vezes nem sabemos onde.

Parece que os governos têm gastado o nosso dinheiro de impostos em coisas que não têm a mínima importância, para mostrarem eficiência, e não os têm aplicado em ciências, pesquisa e inovação de equipamentos exatamente onde deveriam ter sido gastos para não continuarmos tão ignorantes sobre o nosso planeta. É certo que fazem aplicações neste sentido, mas é muito pouco. Acham que quando a catástrofe chegar, as perdas se contabilizarão como “coisas da natureza” e não como “ineficiência governamental”. O planeta é forte, e inteligente, como podemos ver, mas nós somos fracos, e pelos vistos com inteligência bem reduzida, apesar de nossas vaidades e autoconvencimentos.

Mas temos certeza absoluta de uma coisa: Se a temperatura ambiente subir em média mais dois pequenos e inocentes graus centígrados, ou seja, passar para 16 graus centígrados à superfície, estaremos literalmente “fritos”.

A instabilidade natural antes do aparecimento da vida. .

Nosso planeta teve um “parto normal” isto é, no seio da “Via Láctea”, a nossa Galáxia, por sua vez fruto da explosão de uma estrela “supernova” ao que tudo indica. Formou-se pela adição constante de poeira e meteoros em rotação em torno de uma aglomeração maior (a do próprio Sol), num processo que demorou bilhões de anos, pela ação da força da gravidade. Na medida em que mais massa era agregada aos núcleos de formação do Sol e dos planetas do sistema Solar, maior era a temperatura, atingindo o ponto de fusão da matéria: A Terra chegou a ser uma enorme bola de massa fundida, avermelhada, fumegante, um oceano único de lava sem montanhas. Isso foi há 4.567.000.000 de anos atrás, mas o interior de nosso planeta continua sendo uma massa de lava incandescente. Vivemos sobre uma crosta dividida em placas a que chamamos de tectônicas, que “navegam” muito devagar nesse magma interior.   Os choques dessas placas provocam terremotos. O choque de duas dessas placas são responsáveis pela elevação dos Himalaias, e o choque de outras duas, pelos Andes. Algures há bilhões de anos atrás, um meteoro chocou-se com a Terra e sua massa, levando junto parte da de nosso planeta, formou a Lua. O ciclo da Lua é hoje de 28 dias, mas de tão próxima da Terra já chegou a ser de cerca de 10 dias apenas. O nosso próprio dia já chegou a ter apenas 10 horas e não 24.

Ao longo da história deste planeta já houve períodos de extremo calor, de frio extremo, os oceanos já tiveram seu nível a cerca de 50 metros acima do atual, já passamos por duas eras em que todo o globo estava coberto de gelo. A temperatura fora de nosso planeta é de cerca de -40 graus negativos na estratosfera, até cerca do zero quase absoluto para além dela, no espaço sideral. O universo todo em média é frio, beirando o zero de temperatura.

Nosso planeta ainda é naturalmente instável num universo também instável. Numa escala de tempo cósmico, tudo muda. Somos um nicho ecológico instalado num planeta, por um período de tempo predeterminado. O fim deste planeta está programado para mais uns quatro bilhões de anos. Nosso fim está próximo por mais distante que nos pareça. Seria uma pena que perecêssemos como uma espécie viva. Nem nos confortaria pensar que poderíamos sobreviver transformados num simples “chip” inteligente, ou que Deus, aos nos fazer como dizem os crentes (e cada um tem seu deus) já programou também o nosso fim.

Como vemos, a instabilidade natural do planeta continua viva em nossos dias. Não há motivos para relaxarmos a não ser nossas vaidades e falso conforto, nossa irresponsabilidade pelo futuro.


As mudanças climáticas após o surgimento da vida na Terra.

Há cerca de 3,5 bilhões de anos atrás, a vida surgiu neste planeta, mais provavelmente nos oceanos, ao abrigo dos raios infravermelhos emitidos pelo Sol. Mas, ao aparecer e se multiplicar, largou na atmosfera um gás ao qual teria de se adaptar ou perecer: O CO2, que invadiu o nosso planeta - substituindo a de amônia e metano - e viria a filtrar os raios solares permitindo o aparecimento de novos tipos de vida. De simples bactérias, a vida evoluiu para organismos maiores e logo a Terra se encheu de vida, com plantas e animais de grande porte. Onde estava a inteligência para esta adaptação da vida ao ambiente? A resposta só pode ser uma: Residia no ADN, a molécula em espiral que carrega toda a carga genética. Note-se que nos dias de hoje, nós mesmos estamos mudando, também, a atmosfera em que vivemos. Mas não somos apenas nós que a modificamos. Vulcanismos sem aparente explicação já a transformaram de tal forma que quase toda a vida se extinguiu há cerca de 400 milhões de anos. Há cerca de 286 milhões de anos um meteoro que também acabou com cerca de 98% da vida na Terra criou um inverno nuclear (quando o Sol fica encoberto por nuvens por vários anos seguidos). A vida depende da luz do Sol, benigna, mas não consegue viver com a incidência de raios ultravioleta e infravermelhos. Não a vida como a conhecemos por aqui. A atmosfera serve para filtrar estes raios, além de manter a temperatura ambiente que sem ela seria de aproximadamente 18 graus negativos em média. A Terra voltaria a ser uma bola de gelo como o planeta Europa do sistema solar.
Parece-nos, ao olharmos para o passado da vida neste planeta, que o ciclo de vida e morte não se aplica apenas aos seres vivos como nós, simples mortais, mas também a todo o universo. Espécies aparecem e desaparecem da face da Terra como que numa renovação. Estrelas e Galáxias aparecem e desaparecem como numa renovação do Cosmos. A existir Deus, ele certamente é perfeccionista e ainda não acabou de construir o Universo. Não vem isto ao mérito da existência ou não de Deus, mas em favor de uma coerência, de uma lógica. Se o Universo ainda está sendo construído, então Deus não fez ainda o Universo, embora já se tenha feito a Luz, e a semana de trabalho já tenha terminado porque temos luzeiros no céu para presidir os dias e as noites, e a vida existe. Somos os reis da Terra, porém, ainda não aprendemos a administrar-nos e a administrá-la. Somos como filhos perdulários e pródigos.

Clima atual

Desde cerca de 200.000 anos atrás que o clima se estabilizou. Para nós, parece-nos que sempre foi assim, mas o deserto do Sahara já foi uma floresta, depois uma savana onde tribos criavam gado, muito antes que formassem as cidades de Tebas ou Menfis no Egito. Hoje é um imenso deserto, seco e árido. 

Parece cada vez mais que a vida dos seres humanos se abriu numa janela no tempo que ainda existe, mas que se pode fechar a ao longo de mais umas décadas, centenas ou milhares de anos.  Com ou sem fábricas, com ou sem toneladas de lixo soltando vapores de metano e de CO2, com ou sem aviões, e todos os veículos motorizados lançando estes produtos na atmosfera, a Terra segue seu traçado caótico onde os últimos 200.000 anos parecem mais ter sido um “descanso” ou férias planetárias em seu rumo desconhecido.

Concentrando-nos objetivamente em nosso futuro

O que precisamos realmente, não é ficar em discussões sobre o que causa ou o que não causa o aquecimento global. Precisamos mudar o foco de nossos esforços no que se refere às mudanças climáticas, porque seja qual for o motivo, humano ou natural, sabemos que a Terra muda seu clima por ação externa de meteoros ou por ação da própria constituição do planeta que ainda se acomoda e está em total movimentação, ou por ação do homem. Precisamos preparar-nos para catástrofes, nem que para isso se retirem verbas de Prefeituras para pagar shows de propaganda para distrair a nossa atenção, ou se tenha que pagar menores salários a deputados, senadores e vereadores: Precisamos investir em soluções a futuro, e não em conforto e conveniências de políticos.Não temos tanto tempo assim para nos prevenirmos porque não existe fórmula da matemática ou da Física que possa determinar o “quando” acontecerá. Certeza, mesmo, é de que acontecerá. E o que acontecerá? A subida de nível dos oceanos que atingirá mais de cinqüenta metros acima do nível atual; secas prolongadas e invernos terríveis, falta de água e de alimentos porque perecem as culturas.

Precisamos acabar com o conceito pueril e inconseqüente de que a vida tem que ser vivida enquanto estamos vivos sem pensar nas gerações para além da nossa. Nem que para isso tenhamos que reduzir as riquezas de quem tem exageradamente muito, para investir em projetos de salvação da humanidade. A maior e mais importante “propriedade” deste planeta é ele mesmo: Nossa querida Terra, nossa querida humanidade.

Por vezes chega a parecer que não somos sérios com a existência de nossa espécie, e passamos o tempo e gastamos nossas verbas preocupados com qual Deus é o mais forte, qual partido político nos dará mais sobras anuais de salários, qual nos proporcionará mais conforto temporal enquanto pudermos pagar para ter seja o que for, mesmo que absolutamente temporário ou para guardar no armário até que passe de moda e não sirva para mais nada.

Já sabemos administrar o lixo. Foi um grande passo. Agora precisamos aprender a administrar o desperdício e olhar para o futuro de nossa espécie. A natureza não desperdiça nada, nem tempo. Se olharmos à nossa volta e voltarmos a ler os velhos e novos livros sobre a história da Terra, podemos aprender muitas coisas.

Somos importantes, mas não para nós mesmos. Somos importantes para a humanidade. Sem nós ela não pode existir.

Rui Rodrigues

sábado, 8 de dezembro de 2012

Costa dos Esqueletos – Um árido grão de areia feito de alma



Costa dos Esqueletos – Um árido grão de areia feito de alma

- Sai dessa janela!... Não vês que está a relampejar?

Eu saía da janela para lhe fazer a vontade, para não provocar discussões, não porque quisesse sair. Meus oito anos de idade não permitiam muito mais do que alguns segundos de teimosia apreciando a tempestade depois da ordem de minha avó para sair da janela. Lá fora o vento empurrava a chuva em cortinas inclinadas, gotas de chuva escorriam pelos vidros das janelas, pombos encolhidos sacudiam as penas nas beiradas dos telhados, chapéus de chuva viravam-se do avesso expondo transeuntes à natureza. Minha avó era daquelas pessoas de mente forte, corpo frágil, mas que temia a natureza. Provavelmente pressentia alguma relação entre os deuses do céu e os amedrontadores trovões, os raios que de vez em quando queimavam alguma pessoa como se tivesse sido assada, esturricada, por ordem dos deuses. 

Ainda no dia anterior haviam calcetado a rua com paralelepípedos de basalto cobertos com areia e piche, e os passeios com pedra portuguesa, e fazia sol. Os calceteiros ao bater com os martelos nas pedras lembravam-me os versos de Cesário Verde, apreciador das pequenas coisas da cidade de Lisboa, e que lhe davam vida.  Gostava de fixar-me nas pequenas coisas, porque são detalhes da composição das coisas enormes, e não se pode entender o que é grande sem se saber de que é feito, como é composto. Foi assim com o átomo, que compõe planetas e estrelas que sempre vimos sem entender. Sem a compreensão do átomo, jamais teríamos entendido como é o Universo. De vez em quando precisamos ficar a sós, ou até sós, para podermos ver e entender os grãos que compõem a natureza e a nós mesmos. 


Foi o que fiz num final de semana ao sul de Angola quando visitei a cidade do Tômbwa a serviço, e mandei parar a van quando estávamos a caminho da cidade do Namibe para apanharmos um avião e voltarmos a Luanda.  Tômbwa é o nome dado a uma planta muito especial que apenas existe no deserto do Namibe: A Welwitschia Mirabilis. O deserto é extremamente seco, e as raízes desta planta chegam a aprofundar-se até 90 metros abaixo do nível do solo para buscar a água de que necessita. Nada mais cresce por lá a não ser algumas espécies de líquenes. Junto à costa, há apenas leões marinhos, focas, gaivotas, atraídas pelo farto peixe trazido pela corrente fria de Benguela que chega à costa vinda do Pólo Sul e provoca os ventos alísios e o nevoeiro da costa.


Esta corrente dificulta a ida para Norte, porque chega a atingir cerca de 300 km de largura em frente a Benguela, puxando as embarcações para o meio do oceano, a caminho do Brasil. Á superfície, a corrente desce em direção à Antártida e cria a secura que se sente até no respirar no deserto do Namibe e na Costa dos Esqueletos onde fica a cidade do Tômbwa, antiga Porto Alexandre, quando Angola e Portugal ainda eram irmãos briguentos e desunidos, um explorando o outro em troca de muito pouca coisa, quase nada. Esta corrente se encarrega de trazer para a costa todos os tipos de esqueletos de animais marinhos, embarcações que não conseguem vencer a corrente e “morrem” encalhadas na praia. O revolver do fundo do mar e das areias, pelas ondas e pela corrente, mostra diamantes de vez em quando.

Não há chuva na costa dos esqueletos. Há desolação, morte, esquecimento. Nem a humanidade se lembra de forma constante dos náufragos que deram á costa e aqui morreram de inanição, assim como pingüins morrem quando chegam à praia do Peró, em Cabo Frio, como turistas desprevenidos que vêm pela corrente de Humboldt. Encaminhados de volta ao mar, são trazidos pela próxima onda, exaustos, cansados. Jazem finalmente com os olhos perdidos no espaço, as areias recobrindo rapidamente o morticínio, como se tivesse vergonha de mal causado. Mas não seria culpa dos pingüins se encantarem pela corrente sem pensar no dia de amanhã? Melhor pensarmos em decorrências de atos pessoais praticados, o que nos leva a concluir que os pingüins também têm livre arbítrio, não sendo esta uma prerrogativa apenas dos seres a que chamamos de humanos. Não é possível que seja. Haverá certamente sentimentos de animais que ainda não conseguimos identificar. Talvez por uma teimosia em acharmos que Deus fez este planeta apenas para nós. Foram pensamentos como este que levaram à escravidão, à prepotência de uma raça sobre a outra, defasadas apenas por algumas décadas ou séculos de progresso científico.

Parece que a evolução humana se faz como as dunas do Namibe, juntando grãos de areia muito lentamente até que se forme uma duna, mas dunas não têm vida própria: São formadas, empurradas e desfeitas pelo vento. Que ventos nos empurram? E como testemunha, lá estava o esqueleto de navio que já foi belo singrando os mares. Quebraram uma garrafa de champanhe em seu casco quando foi lançado aos mares. Teve uma bela madrinha, cruzou os oceanos sempre invencível vencendo marés e correntes, transportou tripulações, passageiros, fora limpo e escovado todos os dias, pintado para repor a beleza tirada pelas ondas e o sal dos mares.  Acobertou amores com e sem sentimentos de culpa. Transportou mercadorias, mas os registros foram comidos pelo sal, encharcados e desfeitos pela água. Ali perto, um esqueleto de baleia que se transformou de organismo vivo em organismo morto sem registro algum, sem funeral, sem comitê de adeus ou lúgubres carpideiras.


As Welwitschia Mirabilis podiam migrar mais para a costa para não precisarem criar raízes tão profundas, mas lá, a água do mar é salgada e as mataria. Se fossem mais para o interior, suas raízes poderiam ser menos profundas, porque lá existem montanhas e água em abundância, mas elas ainda não aprenderam a ter raízes curtas, e a vida não teria o mesmo valor sem a dificuldade de procurar água cada vez em solos mais profundos. Ela aprendeu que são as dificuldades da vida que alimentam a alma.

Antes de perder a paisagem da Costa, olhei pela última vez para as areias, para os esqueletos enquanto bebia alguns goles de água de uma garrafa estratégica de água mineral que há muito ganhara temperatura até se tornar morna, mas mesmo assim, refrescante.  Lembrei-me de minha avó e de seus conselhos quanto às tempestades. Certamente desmaiaria se lhe tivesse contado que um dia um raio caiu a menos de cinqüenta metros de mim e de um grupo de amigos, no Rio Grande do Sul, provocando um brilho extremamente branco que quase me cegou, e um estampido que me deixou os ouvidos zunindo por bons minutos. Anos mais tarde viria a constatação de uma leve deficiência, quase imperceptível no meu ouvido esquerdo. A natureza que me criara fizera também seu pequeno estrago comigo. Um dia fará um estrago ainda maior. É inevitável. Mas, quem tem medo da natureza, tão bela, que nos fará esquecer a dor quando tudo se apagar, e a corrente de Benguela e a Costa dos Esqueletos nem representarem mais uma lembrança?

Não encontrei nenhum diamante.

Rui Rodrigues

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Lula suicidou-se!


Lula suicidou-se!

O suicídio político é pior do que o suicídio físico: Este acaba com tudo na vida e com ela própria; aquele deixa o indivíduo consciente de sua inutilidade e incapacidade em todos os dias que restarem de sua vida. Passa a ser um vivente abandonado, execrado, desconsiderado.
 Lula (corrupto?) com o corrupto Maluf
Lula suicidou-se politicamente. É o único responsável por sua morte política, porque pederu o senso do que é justo, do que é errado até mesmo perante a lei. Ou é mal aconselhado, ou Lula é assim mesmo.

Lula foi um político, um ser humano como outro qualquer, dentre aqueles que tiveram um princípio político, um apogeu e um declínio. A história universal é uma fonte de consulta onde podemos encontrar figuras históricas como a de Lula em cada dia da história da humanidade, em cada página de livro. Lula não foi mais nem menos do que um desses. Houve piores e menos ruins. Raros foram os que se possam considerar como “melhores”. A política não serve ao povo, mas às instituições. A prova disto são as forças de polícia e os exércitos quando marcham sobre o povo quando este reclama.

Lula, sua determinação e a sociedade.

Com o mesmo ufanismo e prazer com que uma criança de oito anos mostra para os pais que conseguiu andar numa bicicleta sem as mãos, Lula mostraria para a sociedade que, apesar de tecnicamente analfabeto, sem diploma, sem nunca ter sido eleito para cargo publico, sem nunca ter passado em concurso público, sem nunca ter mostrado sua competência, chegaria a presidente da República. Mas como conseguir isso, desta forma tão incongruente, tão atípica, tão estéril e vazia?
Teria que apostar em várias coisas: No populismo, na venalidade dos políticos, valer-se dos momentos históricos da política. Tinha consciência, nos anos 70 e 80 que o Brasil estava numa ditadura odiada pelo povo e por larga banda dos próprios políticos, artistas, intelectuais. Traria todos os descontentes para o seu lado. Como? Usando seu poder de persuasão sobre os trabalhadores do ABC onde atuava, mediando salários e condições de trabalho entre esse povo trabalhador e os empresários. Tiraria partido de ambos os lados, porque precisaria deles para se tornar o primeiro presidente analfabeto e ignorante do Brasil. É altamente provável que, naquela época, Lula realmente pensasse que poderia tirar o povo brasileiro da miséria financeira, política, de educação, e de tudo, incluindo água potável, rede de esgotos, energia elétrica. Como não seguir um homem destes que apostava o que tinha, e que era nada, contra os que tinham tudo?

As sociedades sempre agem com o coração, enquanto as elites agem com o conhecimento. É uma guerra desigual. O coração sempre perde, mas Lula apostou que venceria.

Lula, o ABC e seus aliados políticos.

Como líder sindical, Lula conseguiu sempre duas vitórias, uma de cada lado: Os trabalhadores obtinham algumas vantagens aparentes através de mobilização para greves em movimentos de ruas, o patronato não perdia, porque obtinha razoáveis vantagens nas negociações. Lula intermediava, fazia adesões políticas de ambos os lados do muro. Todos se julgavam vencedores, e Lula poderia ser a balança da razoabilidade interposta entre o povo e o governo com os empresários do outro lado. Mas havia alguém que discordava: Leonel Brizola, o qual, de esquerda desarmada, sempre havia combatido a ditadura. Lula poderia ter-se aliado a Brizola desde o começo de sua carreira francamente política, mas preferiu a esquerda armada, porque Brizola, de brilhante carreira política, era agora um adversário com alto potencial de lhe tirar a oportunidade de vir a ser presidente. Leonel o chamava de “sapo barbudo”. Se fosse vivo, hoje, Leonel Brizola o chamaria provavelmente de “cobra barbuda”.

Depois que Lula se dedicou exclusivamente à política, as greves se reduziram, os sindicatos foram perdendo a força. O ABC e seus problemas já não preocupavam Lula. Foram os dois primeiros erros de Lula: Abandonar o ABC e aliar-se à esquerda armada não representativa da nação brasileira. Esquerdas e direitas armadas são extremistas e o Brasil não é extremista.

Lula presidente do Brasil

É praxe ou costume, ou hábito que quem tem mais dinheiro disponível para propaganda e outros atos, se elege presidente em qualquer nação: Dinheiro compra opinião, faz opinião e pode comprar votos de forma direta ou indireta. É assim também nos EUA. Sobras de campanha nunca se sabe para onde vão nem a quem pertencem, se ao Partido político, ou se aos candidatos, ou se é distribuído entre todos. No Brasil soube-se através do caso PC - PC Farias, que ele detinha as sobras da campanha de Collor. Foi Collor quem não permitiu que Lula ganhasse uma das eleições para presidente da República a que concorreu. Lula muniu-se de sujeitos semelhantes que controlavam o caixa dois de suas campanhas. Enquanto iludidamente se pensava que o caixa dois representava sobras de campanha, o povo nunca deu muita importância. O problema apareceu quando se soube que as sobras de campanha eram verbas públicas utilizadas pelo PT para eleger os seus candidatos. A extrema esquerda sempre apóia qualquer ato por mais torpe que seja, justificando que os meios justificam os fins. Dilma, José Genoíno e a esquerda coadjuvante nos governos e campanhas de Lula, também. Porém, o povo, não. O povo continua querendo justiça, e esse foi mais um erro de Lula, ao achar que o povo justificaria seus atos mesmo que injustos.

Face ao governo de coalizão entre um ex-sindicalista ignorante e a esquerda armada do passado, Lula foi endossando posicionamentos políticos que deixaram o povo ainda mais apreensivo: Simpatia com Fidel Castro que governa uma Cuba desatualizada e cada vez mais decadente. Simpatia por Ahmadinejad que quer fabricar uma bomba atômica e nega, assim como diz que não houve Holocausto dos povos judeu e cigano; a Hugo Chávez que é outro ignorante de esquerda que afunda a Venezuela cada vez mais, e a Cristina Kirshner que afunda a Argentina, e a outros visionários ignorantes que não percebem para onde o mundo caminha, e que nem sabem contar pelos dedos. Se soubessem, veriam quantos países comunistas ainda existem no mundo e quantas eram há algumas décadas atrás. O mundo muda, mas a esquerda não muda. Não muda porque é ignorante e idealista e mesmo contra tudo e contra todos não sabe mudar. É como fiel de fé. Ainda bem que são cada vez menos.

Lula, os empresários, os políticos e a corrupção.

Na vida de todo o cidadão, há sempre um momento em que se governa a vida por esforços pessoais, e o momento em que a vida passa a governar o cidadão por causa e conseqüência de seus próprios atos. Foi assim também e inexoravelmente com Lula. Ficou amarrado aos tratos políticos e às uniões políticas que promoveu ou aceitou. Assim, já durante o primeiro mandato, deixou o governo entregue, como sempre, a seus conselheiros políticos de extrema esquerda que já sabiam que revoluções pelas armas, sem o apoio do povo, não logram êxito. Entretanto, fez uma simbiose com o poder do empresariado: Financiava as viagens a negócios a título de relacionamento internacional, enquanto aproveitava para alardear sua figura pelo mundo e conhecer novos países. Não que se seja contra o aumento das exportações brasileiras, mas à manutenção da ineficiência de nossas industrias e empresas em termos de competição internacional, através de mecanismos de ajuda com verbas públicas. O que Lula fazia era conceder ajudas dos mais diversos tipos, fazendo aparecer chefes de industria como Eike Batista. E continuou numa série de erros políticos e conceituais, próprios de ignorante ou de líder populista mal aconselhado: Deu indevidamente um passaporte diplomático para o filho que a justiça foi obrigada a retirar-lhe; Numa visita a Cuba posiciona-se a favor de Fidel Castro quanto à manutenção e condições de vida de presos políticos; tenta interferir na política internacional contra a nuclearização do Irã, propondo negociações com Ahmadinejad, quando este nunca se dispôs a negociar verdadeiramente, abrindo e franqueando o acesso às informações e instalações pela fiscalização internacional; Usa verbas públicas para se reeleger; compra votos no senado com verbas públicas conforme demonstrado no julgamento do mensalão. Une-se a um político que fora indiciado, julgado como corrupto e finalmente libertado após cumprir pena: Paulo Maluf.

Lula aprendeu que mesmo sendo preso, se pode voltar à política, e mesmo sofrendo impeachment, se pode voltar ao senado, como bem demonstrou Fernando Collor que cada vez mais apresenta um olhar e um comportamento irritadiço de menino mimado ou de portador de deficiência mental. Tanto Collor, quanto Lula, ambos ambiciosos de poder, para mostrar ao mundo com quantos paus se faz uma canoa. A sociedade percebe isso. Fidel pegou em armas. Lula e Collor jamais se atreveriam. A política teria que ser mais sutil. Se o senado é corrupto e se fizeram eleger para distribuir cargos, prestígio, Lula sabia muito bem com quem estava lidando, e deu-lhes o que queriam: O partido dele – e como se fosse possível, sem o conhecimento de Lula – distribuíram verbas públicas para comprar votos no senado e fazer passar leis que lhes interessavam. Indicaram militantes sem qualificação, inclusivamente um bacharel para o Supremo Tribunal Federal e detrimento de outros mais capacitados. Nem perguntaram ao pessoal do ABC nem à sociedade brasileira se aprovariam tais projetos e leis. Mas a sociedade ainda estava deslumbrada com o trabalhador sem dedo que nunca tinha trabalhado, nunca tinha ocupado cargo público, e passara a perna em todos fazendo-se eleger e reeleger. Saiu com aprovação recorde, não sem antes colocar no governo uma esquerdista, antiga militante da guerrilha, que sabia o que Lula não sabia: Um pouco mais sobre canoas. Ela sabe com quantos paus se faz uma canoa, e tal como Lula perde todos os dias colaboradores por corrupção. É como se o PT, ou a presidência do PT só indicasse corruptos para governar uma nação. E o povo, quem elege? Com que consciência elege? Nem repara que enquanto lhe dão um salário família, uma bolsa família, outros levam muito mais do que isso em maracutaias que nunca devolvem aos cofres públicos. O PT parece que dá, mas tira muito mais, milhares de vezes mais.

Lula suicidou-se politicamente e não vale mais que uma pequena parcela do que já valeu. A ala intelectual do PT afasta-se a cada dia desse partido que , certo dia no passado, chegou a representar os ideais de um mundo mais justo com bandeira verde e amarela.

Dilma não pode ficar em cima do muro, sob pena de ter sua confiança abalada pelo partido que a suporta. O povo não admitirá outro mensalão, nem algo parecido. Nem ministras da casa civil corruptas, nem ministros corruptos, com sinais de riqueza inexplicável, cometendo todo o tipo de atrocidades sobre o tesouro público. Para onde vai esse dinheiro? Quem o recebe? O que faz com ele?
 Tal pai tal filha ?
Lula suicidou-se politicamente a nível nacional e internacional. Algumas instituições lhe retirariam os “diplomas” com que foi agraciado no tempo em que ainda representava um sujeito idealista, justo, incorruptível.

Dilma é uma incógnita para quem conhece a idiossincrasia nacional.

Rui Rodrigues. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Economia - Um jogo de pôquer ?


Em busca de um novo entendimento para a economia mundial
  economia - um jogo de poquer
Economia e “palavra”, no sentido de honra, estão intimamente ligados desde os princípios da humanidade. Quando se inventou a escrita, a “palavra” passou a ficar registrada por escrito para que todos a pudessem ver, entender, e não negar que tinham lido e entendido.
Nos primórdios das trocas comerciais conhecia-se a palavra da “honra”, aquela que assegurava qualquer troca comercial, entre os contratantes e seus herdeiros. Como não havia moeda que representasse um valor fixo de referência, as trocas comerciais se faziam na base do escambo: trocas de mercadorias, sendo os valores de referência baseados em bois, cabras, legumes, frutas. Podemos imaginar que em tempos de seca ou de enchentes, com as safras perdidas, gado e criações perdidas, os valores de referência sofressem sensível variação que provocava verdadeiras catástrofes entre criadores, plantadores, e as populações que tinham que pagar com mais trabalho para obter menos mercadorias nas feiras diárias, populares. Os historiadores do passado remoto estavam mais interessados em contar os feitos de seus reis e príncipes do que em contar as desgraças, por motivos óbvios: Os escribas eram pagos por esses reis e príncipes, e o que dava fama eram as coisas “boas” que aconteciam no reino. Essa tradição dos escribas se estendeu até o advento da democracia mais plena, em que o povo tem o direto a se expressar pelo voto, o que somente aconteceu a partir de meados do século XIX, e assim mesmo restrito a uma pequena quantidade de nações do planeta.
A variação dos valores de referência eram perfeitamente entendidos pela população quando se devia a causas naturais. O que era difícil de aceitar era a variação por aumento de impostos ou por ambição de reis e príncipes, a menos que uma causa nacional, como uma guerra, o justificasse. Quando não havia explicação razoável para o aumento dos valores de referência, o povo ficava sem noção do que acontecia. Não conheciam ainda o que atualmente chamamos de “inflação”, e que tanto se pode dever a uma deficiente administração, gastando-se mais do que se arrecada e obrigando à emissão de moeda sem o correspondente lastro, ou a ambição da classe produtora em alguns ou todos os setores da economia – por fraqueza das leis de governo – e que não exerce controle sobre os preços. Agora, em pleno ano de 2012, quando há deflação nos preços em todo o globo, com recessão nas principais economias, o Brasil exportando menos e diminuindo seus valores unitários de bens exportáveis para poder continuar no mercado de forma competitiva, os preços internos aumentam, na contra-mão das leis da economia. É um claro pacto entre governo e classe produtora, contra os interesses dos cidadãos. O estado já não governa: Assiste a uma classe terceirizada governar, refazendo-lhe as leis nos corredores, emitindo Medidas Provisórias que as alteram, suprimem, distorcem.
A lei serve agora a economia e não os aspectos sociais dos cidadãos. Os Bancos cobram os juros que querem. Se cobrarem duzentos por cento ao mês não haverá forma do Estado controlar essa cobrança. A lei é ampla no entendimento de “mercado livre” ou de “neoliberalismo econômico”, mas o estado obriga o cidadão ao pagamento sobre lei de juros imposta por Bancos. Agências do Banco Itaú já não grampeiam comprovantes de pagamento aos respectivos cupons – ensejando a perda do comprovante – o ar condicionado nas agências foi reduzido ao mínimo – há infiltrações, nem todas as lâmpadas funcionam. O que importa é ganhar dinheiro, sugar dinheiro de uma massa socialmente anônima, tocada como gado dentro das agências independentemente da idade, desde que a agência dê o maior lucro “possível”. As reclamações batem em juízes do Estado ou da União. Nem uns nem outros estão interessados no aspecto social deste gado especial por que é extremamente educado.
A economia se rege por muitos fatores e favores. É uma ciência “exata” apesar do caos aparente. Uma borboleta batendo as asas em Wall Street não muda as regras nem a evolução da economia, mas um banqueiro dizendo que sua empresa passa por aperto financeiro que se pode espalhar pelo globo, pode. Já aconteceu algumas vezes com conseqüências catastróficas para as nações. Alguns banqueiros se suicidaram, outros também perderam suas ações, mas o que sobra deles sempre fica mais rica após estas crises: É como um jogo de cartas marcadas, em que muitas vezes um poker de ases perde para um Royal straight flush, ou o jogador que tem este jogo sofre um ataque cardíaco antes de mostrar o jogo. No entanto, o “enfoque” do que é comercializável e para onde se devem canalizar os investimentos, tem sido o segredo dos empreendedores mais bem sucedidos ao longo do planeta ao longo dos séculos. Nestes casos, a excelência está em ser sempre o primeiro a possuir e vender determinado produto novo que “agradará” ao mercado e do qual este fique pendente ou dependente. O mercado das drogas são um bom (socialmente péssimo) exemplo desta premissa. A propaganda se faz de pessoa a pessoa, ou vinculada à mídia. Não raro se faz propaganda antes da nova mercadoria invadir o mercado. É um tipo de propaganda por “indução”.
Até meados do século XIX não era raro que os governos, em época de crises que geravam desempregos, lançassem mão de obras públicas para manter a sociedade em um nível razoável de sustentação. Com a canalização recente de verbas públicas para cobrir deficiências prováveis ou fictícias em organismos financeiros, esta modalidade fica impossível.  Como acabamos de ver, alguns Bancos economizam tanto em grampos para juntar comprovante de pagamento com cupom de talão de pagamentos, que duvidamos que estejam preocupados em garantir o emprego de cada vez maior numero de cidadãos desempregados.
Mas onde estará, então, a nova inteligência para a economia da crise mundial com que nos defrontamos na zona do Euro, com o baixo crescimento dos países emergentes e das maiores economias mundiais e com o “pibinho” que logo se transformará em “pibete” da nossa querida nação brasileira?
É uma questão de mudar o enfoque e haverá trabalho e desenvolvimento para todo o planeta.
O enfoque atual dos governos, e de modo geral, é dividir as verbas públicas em “fatias” de um bolo construído com recolha de impostos, para atender o que se chama de administração pública. Uma parte vai para as forças armadas, outra para o funcionalismo público, e muitas outras fatias para reserva de ajuda a empresas perdulárias, educação, saneamento básico, ONGS de caráter duvidoso ou atuantemente eficientes. A iniciativa privada continua olhando o mercado com os anteolhos do aqui e agora, e num futuro interdependente do aqui e agora, como, por exemplo, a indústria automobilística que olha com desprezo para as leis. Estas são claras quanto às velocidades máximas, mas os fabricantes continuam fabricando carros para “voarem” pelas estradas.  Não fosse assim, e os motores seriam bem mais baratos e consumiriam menos combustíveis fósseis. Porém, a falsa moral é como a das drogas: “Não se pode acabar com as drogas porque elas dão emprego a uma boa parte da sociedade”, e poderemos até ficar impressionados com o conceito de “boa parte da sociedade” aplicada ao comércio das drogas que, diga-se de passagem, nem impostos pagam. O comércio internacional ficaria muito grato aos governos se considerassem suas industrias como “ilegais” contanto que não lhes fossem cobrados impostos, tal como no caso das drogas.  Parece á primeira vista que ou não entendemos muito bem os caminhos da lei e de sua aplicação, ou não entendem muito bem de economia. Talvez até nem nos entendam e seja necessário mostrar-lhes o que queremos. 
Podemos refletir sobre alguns programas de cooperação internacional que gerariam empregos, desenvolveriam a ciência, canalizariam recursos, dariam um “rumo” á humanidade, que até ao momento tem vivido colada a este planeta, vendo os dias se sucederem às noites sem uma meta comum, um objetivo, cada nação puxando para um lado, para um interesse, sem aparente conjugação de esforços. Esta falta de conjugação de esforços geram desperdícios e não têm objetividade.
Vamos construir nossas bases em Marte, no planeta Europa, preparar escudo de defesa contra meteoritos, erradicar a pobreza com programa massivo de produto de alimentos saudáveis, levar a educação a cada lar do mundo, mesmo que o lar seja a parte debaixo de um viaduto, de uma ponte, construir saneamento básico em todas as localidades. Cada cidadão com seu computador pessoal. Podemos lembrar-nos que se, por exemplo, as fábricas atuais de computadores pudessem fabricar o dobro, os preços se reduziriam por questão de economia de escala. Mas porque não fabricam o dobro?  Porque não há mercado. E porque não há mercado? Não será por que está caro, ou porque se fabrica pouco, ou porque não há empregos para todos? Porque razão, ao fim de alguns anos definidos em lei, as invenções caem em domínio público e não mais se podem cobrar royalties, e o Windows, vencido todos os prazos, ainda não é de domínio público e custa caro?

Constatamos que se podem mudar as leis. Mas também constatamos que para uns se aplicam e para outros não, por divergência de “interpretação”. Quem tiver um Royal straight flush ganha!

Rui Rodrigues.