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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Betinho Viking está na Noruega....

Betinho Viking e Benjo Samurai San.


Viajamos muito juntos. Eu e meu filho Beto.

Assim, que me lembre, a primeira viagem que fizemos juntos foi num feriadão no Rio de Janeiro. Saímos da cidade e fomos até Pati do Alferes desfrutar da tranqüilidade de um hotel fazenda. Mas ele nem se lembra. Tinha uns seis meses, mal se sentava ainda e a foto dele, sentado ao sol na grama, tentando apanhar folhas de uma planta, não mostra bem a realidade. Logo a seguir, ele tombaria. Depois se sucederam muitas viagens. Ao Rio Grande do Sul, a Angra dos Reis quando freqüentávamos a casa do tio Oracy e da tia Martha, mas eram viagens pequenas. Um dia saí de Barraquilla e nem posso descrever a ansiedade e depois a minha alegria quando fui apanhar Betinho e Maibizinha no aeroporto de Bogotá. Eu já estava em Barranquilla num projeto da Morrison Knudsen e eles viajaram desacompanhados – a mãe ficara ainda mais uns dias no Rio de Janeiro. Há olhares que não se esquecem jamais. O olhar de alegria dos dois subindo as escadas ao meu encontro, os corações batendo apressados (sempre fui do tipo de pai de abraçar meus filhos ouvindo as batidas do coração. As batidas do coração são a verdadeira alma, indicam a alegria ou a tristeza).

Depois as viagens se sucederam umas às outras. De Porto Bolívar (Media Luna) para Barranquilla, a Cartagena de Índias, Porto Rico, México, Estados Unidos de Costa a Costa, Aruba, Curaçao, Jamaica, Portugal. Também viajaram sem mim e sem a mãe pela Europa, de trem com uma amiga, a Marcinha, usando trem. Já maior de idade, fui com Beto a Amsterdã para conhecermos o “red lights on”, sem direito a “curtir” o lugar. Também viajei sem eles, mas senti a sua falta. Filhos devem ser como roupa, colados ao corpo, como uma extensão de nosso corpo, de nossa mente, porque nossos genes estão lá, e mesmo que não estejam, a convivência e o coleguismo os substituem muito bem. É o que pais adotivos costumam dizer e nos quais acredito.

Suzana costumava cozinhar com Maibi. Suzana foi a avó dela. A vida moderna muitas vezes não nos permite cozinhar assiduamente, mas Maibi aprendeu com a avó, com a mãe e comigo. Não era raro irmos para a cozinha e enquanto conversávamos, íamos alegre e divertidamente cozinhando. Betinho é dois anos mais novo do que Maibi. No começo, ficava olhando. Depois começou também a cozinhar. Creio que o que o fez despertar para a cozinha foi um acontecimento marcante em nossas vidas, quando ele tinha quatro anos. Tínhamos ido acampar na Rio Santos e um amigo meu, japonês, que trabalhar comigo em S. Paulo, o Kasuo, estava casualmente numa barraca ali perto. Eu e Beto pescávamos nas rochas e chegamos com uns dez peixes galo que Kasuo nos ensinou a preparar à sua moda: Sashimi popular, cortado em cubos numa tigela, com molho shoyu, limão e gengibre ralado. Betinho gostou tanto que hoje tem a profissão de Sushimen com experiência em restaurantes japoneses de Lisboa, Barcelona e pelos vistos agora a um passo de nova experiência em outro país.

Dizia-lhes quando eram criancinhas de carregar pela mão, que deveríamos ter “hobbies” interessantes, dos quais gostássemos bastante, para o dia em que parássemos de trabalhar numa determinada profissão em que fomos ultrapassados por gerações mais novas, até para sobreviver.

Curiosamente, tanto Betinho como Maibi fizeram dos hobbies a profissão. Longe de lamentar, regozijo-me com os rumos que levam.

Betinho está na Noruega num lugar em que, no verão, os dias não têm mais do que quatro horas de sol quando não há nuvens. Felizmente, também, a Noruega não é um país eminentemente capitalista, socialista ou comunista. È um belo país Humanista onde todos trabalham para o bem estar comum.

Temo, sem temor, que o Brasil passe a ser um país “Hobby” de Betinho... E creio até que seja uma tendência da humanidade. Quando vim para o Brasil, cheguei como português que já admirava este país.  Amo-o tanto que casei com uma gaúcha, tenho meus filhos brasileiros e por aqui terei a minha ultima morada. Luis Cláudio, um grande amigo nosso, saiu do Nordeste e foi trabalhar em Lisboa. Tem dois filhos portugueses e por lá ficou adquirindo dupla nacionalidade. Diz que não voltará a viver no Brasil. Vem de vez em quando matar saudades.

Beto “Viking” e Benjo Samurai San estão na Noruega.

Rui Rodrigues
 



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