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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Uma velha profissão: Políticos artistas!




Uma velha profissão: Políticos artistas!
 Atores políticos ou políticos atores?
Nos bons tempos de um passado recente, os artistas eram políticos e reclamavam da política. Hoje estão calados. Nem dos políticos artistas reclamam. Os governos encontraram um meio de não reclamarem: Pagam-lhes shows ricamente e a peso de ouro todos os dias, todos os fins de semana, para uma platéia pagante que se ilude com o fato de anunciarem que estes shows são grátis.

Que estamos numa das maiores crises da história, não resta a menor dúvida possível. É fato, é notório, sente-se no bolso, na qualidade dos serviços públicos (ou na sua falta), nas compras de alimentação, em tudo. Respira-se crise, chora-se a vida, e desta vez não é conversa de quem tem a barriga cheia.

E invariavelmente continuamos falando de fulanos e de cicranas, todos políticos, atribuindo-lhes erros pessoais, culpando-os disto e daquilo, e quando se consegue enxergar que a culpa não pode ser apenas deles, culpam-se os partidos.

O regime político, o sistema, os termos da constituição, esses nem se discutem, preferem-se os nomes famosos da grande Broadway da política, toda iluminada por holofotes pagos pela mídia para aparecerem com suas roupas de marca, bem maquiados, sorrisos e comportamento Standard de “alto padrão”, demonstrando poder, discernimento, atenção, preocupação, vontade de resolver. Assistimos a peças todos os dias, vendo e sentindo contradições, muita ação e nenhum resultado prático, desde as três pancadas para abrir as cortinas do palco, todos os dias, até o cair do pano.

São raros os artistas que vêm ao palco receber as palmas. A maioria deles tem o rabo preso de tal modo aos bastidores que não têm como alcançar o palco. Alguns conversam com as autoridades que os inquirem sobre suas atividades escusas.

Foi assim em quase todos os países da Europa em crise desde 2008. A maioria dos que saíram, saíram à francesa, meio à socapa, tentando ser invisível em sua declinação de continuar a governar no palco da Broadway. Alguns ainda pensam em voltar apesar de tudo. Outros dizem que não tiveram culpa de nada e outros que nem se lembram.

E a platéia inteira, desde a platéia propriamente dita até o balcão e as frisas, diverte-se preocupada ao discutir o papel de cada ator, muitas vezes sem mencionar o autor, e muito menos sem ter lido o texto que é uma constituição para se atuar como deveria ser.

Não sei em que momento exato nem porque razão comecei a falar de política e entrei num teatro onde se representam peças todos os dias, como na Broadway, mas estou certo que público pagante e políticos atores também não sabem como se tornaram público nem como se tornaram atores quando o que queriam mesmo era governar a seu modo. Pelo menos era o que diziam à boca cheia pelas ruas e praças das cidades, vilas e campos. E ainda dizem.

Mas no fundo é como se subissem a escadaria de palácio, e ao abrir a porta entrassem no palco logo após passarem pelos bastidores. Pois a culpa de tudo, definitivamente e a meu ver, incluindo estas crises tremendas, são os bastidores: Os políticos entram no palácio, chegam aos bastidores e aí mesmo os transformam em artistas. Isto parece muito claro, porque o discurso antes de subirem as escadarias dos palácios, quando falavam a boca cheia pelas cidades vilas e campos, não é o papel que representam no palco, ao vivo, diariamente. Pelo contrário, são tão diferentes que a única ligação entre os dois comportamentos está nos bastidores. Um bom exemplo é o de um ator da mais tradicional ópera burda italiana, que sumiu sem quase se despedir do público e agora, experiente porque já passou pelos bastidores, apesar de todas as demonstrações de iniqüidade, mostrar desejos de voltar á Broadway. Perdão! Ao governo... Não é diferente em Portugal, onde o novo governo mantém cavacos antigos e tradicionais do tempo em que havia censura no palco e estuda seu papel pelo mesmo texto constituinte dos tempos do que se suicidou desastradamente do alto de uma cadeira que manteve no palco por 48 longos anos. O publico pagante português assistiu pacientemente à mesma peça todos os dias durante 17.520 dias. Haja paciência... E se formos à Espanha, constatamos que o Rei Liar dos tempos modernos sai para caçar elefantes em plena crise, quebra uma perna, é assistido em hospitais às custas públicas, e continua no palco mesmo depois que o PP, uma escola de formação de atores oposicionistas, se mostrou igual aos que combatia, depois que passou pelos bastidores evidentemente, logo que subiu as escadas do palácio, antes de entrar no palco. Nos bastidores se aprende política, entra-se no sistema sem medo de ser perseguido. Os representantes dos partidos e os que financiam as peças de teatro, digo, de governo, estão lá, ensinando política, "grátis". É "pegar ou largar" e todos pegam. è o público pagante que paga tudo. Até o champanhe!
  
Do teatro grego, perdão, da política grega, nem vamos falar... Já têm mais de três mil anos e inventaram o teatro democrático ou a democracia teatral. Para falar a verdade, inventaram a mais linda e bela e eficiente democracia do mundo, mas uma escola de teatro político ou de política teatral, esta liderada pelos Sofistas, do Sófocles, não a permitiram. Era participativa a democracia original, mas o que lhes interessava aos sofistas, para poderem impor os seus papeis no palco, era a Representativa. Ou seja, mesmo que trocassem os atores, a peça continuaria a ser representada "ad eternum"...

Espera-se o renascer do teatro político... Uma nova peça que não seja trágica, nem tragicômica, nem uma comédia. Precisamos de uma peça ultra-realista, tal como na pintura, onde as virtudes e as indecências sejam realçadas e nos entre pelos olhos de forma instantânea, que o público pagante possa entender e nem sinta a necessidade de discutir sobre os atores enquanto representam, porque escreveram a própria peça e a dirigem...

Afinal, o que interessa é a peça e não os autores. A mensagem vem da peça, não dos atores. Atores apenas representam e merecem salário justo por seu trabalho quando seu trabalho é justo. O mérito é da peça!

Breve em cartaz: A Democracia Real, Verdadeira, Participativa! Esta sim, uma peça que vale a pena ver, participar..

Rui Rodrigues


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