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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A Vida!... Sabe o que é isso?



Se sair pelos campos, rios, mares ou montanhas, e observar os seres vivos que encontrar pelo caminho, verá comportamentos comuns entre eles e nós mesmos. Movem-se, têm olhos, dedos, patas e pernas, comem, defecam, transam, têm filhos, morrem, nascem, nenhum ressuscita, têm olhos parecidos com os nossos e muitos exibem p
êlos. Tentam atrair fêmeas por bailados, por construção de seus ninhos, por lutas mortais para transferirem seus genes, e mesmo nem sabendo o que são "genes", seus hormônios sabem e exigem esta transferência genética. A morte cerebral, quando possuem cérebro, determina o cessar definitivo e irrevogável de qualquer comunicação com o mundo exterior, incluindo a sua memoria, como se nunca tivesse existido. Neste planeta, enquanto vivo, o ser serviu-se e serviu. Não existia antes de nascer e continuou a não existir depois que definitivamente morreu. Lei irrevogável e intransigível da natureza, a que define e determina a morte...


Atentemos porém para a fase de stress que antecede a morte. Qualquer animal foge quando se sente perseguido, debate-se quando atrapado, tenta evadir-se, emite sons de desespero. Não é por dor propriamente que grita, mas pela "consciência" que tem de que vai perder alguma coisa que lhe é muito importante: O conjunto das lembranças do que fazia, o significado do viver, nem que isso represente apenas o prazer de comer, dormir, esperar a época certa para transar, saber que a toda a noite sucede um dia. E isso o animal não quer perder quando se sente em perigo. 




Alguns desses animais caçam ou agem em grupo, como hienas, cães da pradaria, leões, baleias, golfinhos, macacos, gorilas...Assim como nós mesmos aprendemos a fazer há cerca de quatro milhões de anos (ha quem diga que foi ha cerca de 7 milhões de anos). Não tivesse sido essa aptidão para agir em grupo,não seriamos hoje cerca de 7,5 bilhões de seres humanos poluindo o planeta até sufocarmos nos próprios dejetos que lançamos diariamente, minuto a minuto na terra nos mares e nos ares. Nossa maior poluição está na alienação da consciência por comodismo imediato...


Onde reside então a grande e primordial diferença entre esses animais que observamos e nós? Além da forma do corpo, que não tem a minima importância por estarmos tratando da "vida",a grande e primordial diferença que nos fez construir civilizações, foi a crença em deuses que nos premiavam ou puniam conforme nossas ações. As parcas leis que antes governavam pequenos grupos que se espalhavam pelas pradarias, montanhas, rios e costas dos mares do mundo, foram ficando mais complicadas e detalhadas na medida em que a massa humana crescia depois da descoberta da agricultura. Até hoje contam-se pelos dedos os indivíduos que as conhecem por completo em seus respectivos países. Leis subvertidas ou não aplicadas de forma justa geram o caos dentro e por vezes fora das fronteiras. O Estado se impôs às religiões e ampliou e modificou-lhas. Guerras podem por fim aos humanos e ao planeta como "planeta vivo".   


Culpa-se o capital por muitas de nossas desgraças, mas voltemos ao instante em que saímos pelos campos para observar os outros animais. Aqueles construtores de ninhos para atrair as fêmeas, como as aves do paraíso, ou as lutas entre machos para disputar o harém das fêmeas como os babuínos, ou a luta por territórios como chimpanzés, ou mesmo leões que ganham a batalha pela posse da fêmea e depois matam as crias do antecessor para impor os seus genes... 



Não haverá nada em comum na disputa do capital entre nós humanos? E se não existisse o capital, não disputaríamos os bens por si mesmos, como fizemos por milênios antes da descoberta da moeda como paridade para esses bens? Acaso não sabemos de maus padrastos, más madrastas que agem como os leões que matam as crias geradas pelo antecessor da fêmea que conquistaram? Acaso não disputamos terras como fazem os chimpanzés? No entanto nos vangloriamos de irmos a templos, professarmos fé, sermos políticos honestos e desinteressados, excelentes cidadãos...E por ultimo, mas não como ultima observação, o que são filosofias politicas(comunismo, socialismo, capitalismo, reinados, republicas, etc), a escolha por times de futebol, a evangelização, as empresas, senão meios de competição por gloria, ambição, capital, "caçando" ou disputando em grupos segundo a perspectiva do que aparenta obter o melhor quinhão?



Lembro-me de ter lido bastante sobre o modo de vida índia nas Américas. Não me refiro porém, aos que construíram civilizações como os Maias e os Aztecas, mas aos mais primitivos. Estes tiveram uma interação com a natureza muito  mais saudável para a própria sobrevivência da humanidade. Digo tiveram, porque aos poucos vão absorvendo os nossos maiores defeitos e as nossas maiores virtudes. Mas por outro lado, ao atingirem o estagio de civilização, oportunidade que não tiveram, apenas se postergaria o estágio a que já chegamos na destruição do planeta. As civilizações são uma inevitabilidade no Universo, onde quer que haja vida. E, como todos os planetas são redondos, limitados e não se expandem, é uma questão de tempo a deterioração do ambiente em que surgem face ao aumento populacional. Nossa humanidade precisa de "muitos" indivíduos que consumam, e que, tal como frangos de abate, paguem seus impostos e comprem tudo o que puderem comprar.  


Então o que será a vida?


O viver é fruto de uma oportunidade única, de um momento único em que no primeiro instante "sentimos" que desejaríamos ter outro, e a cada dia a sua continuação, fruto da capacidade acumulada de "lembrar", de nos movermos,repetir ações. Ha uma prevalência de memorizar e ter presente o sentimento de lembrar e repetir ações agradáveis sobre as desagradáveis. Como num jogo, apostamos sempre na esperança de dias melhores. A religião é apenas um dos meios que descobrimos para nos animar para o "dia seguinte", o mês ou ano seguintes.    

o futuro, até mesmo após a morte, como se pudêssemos ser eternos, a maior das glorias, mas que seria mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma  agulha do que algum de nós chegarmos a ser eternos (novas palavras do Papa Francisco,abriram as portas do céu, da eternidade, aos ateus, mais uma esperança a boiar no mar da crença)



Mas o importante do viver é a consciência de que o ser não existia antes de nascer e continua a não existir depois que definitivamente morrer como se nunca tivesse existido. Então, nesse pequeno lapso, que se "viva", porque enquanto viveu, serviu apenas à vida da natureza deste planeta Terra por breve e esquecido instante. Se foi justo, fez amizades com justos e foi apoiado. Se foi injusto, recebeu os frutos do que plantou no meio da sociedade em que viveu. A cada momento e não no final da vida, mas a natureza não se preocupa com "justiça" e sim com a vida. As sociedades, sim, e nem sempre são justas... Por conveniência.


Rui Rodrigues   


                

                  










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