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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

reinóis, mazombos, quilombolas e matusquelas



A impressão que se tem é que somos ainda uma nação de reinóis, mazombos, quilombolas e matusquelas que por falta de engenho e arte pensamos ser espertos e que roubamos a corte para compensar os quintos dos infernos. Parece que a qualquer momento D. João VI vai desembarcar no Cais da Praça XV, ao lado do cais do Valongo, que era por onde desembarcavam os negreiros. Aprendemos a roubar de tudo como compensação apreciada e bendizente por deuses, sacerdotes e acólitos aspergidores de incenso ativado por carvões em brasa dentro de tilintante e ritmado turíbulo aspergido em meio a cânticos gregorianos.Incenso faz mal a quem tem asma.



Os Mazombos já não descendem de Joaquins nem de Manuéis, que assim não se poderá dizer ser por herança, mas trazem sobrenomes que nada têm também de africano de onde chegavam os negreiros. Se educação se dá em casa, os que a trouxeram a esqueceram ao chegar, ou trouxeram a mesma, que a menina emprenha jovem para sair de casa, o marido bem empregado serve para dar gordas pensões, saber roubar não precisa estudar, amigos são melhores que familiares, poder gera riquezas, saber disfarçar é diploma necessário para burlar e lucrar. O estado é sempre de ocasião, a nação é a bandeira simples pano que nem benzido é em igreja ou candomblé, não se atira pedra em telhado de vidro para não se acordar de chofre com chifre ou corno partidos. Acoberta-se o roubo para que todos roubem. É a solidariedade nacionalizada mas não nacionalista ou solucionada e nada socialista que ninguém divide nada com ninguém.



Dizem que somos uma república, pois que assim seja, que nomes taxados a ferro em brasa ou carimbados por olhares não atestam enciclopédia. Gato por lebre é lebre, o paredão da morte é o desprezo e o desrespeito mesmo com tratamento de vênias e remelexos, genuflexões e salamaleques.



Daqui da Praça da República se avista a podridão em que se transformou o que antes do futuro seria a nação. As roupas sim, são diferentes e as ferramentas e utensílios. No mais continuamos colonizados, desta vez por mandões políticos nacionais interessados na própria bolsa.

Rui Rodrigues

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