Atlântida - A verdade à luz de Platão.
A verdade é que a Atlântida nunca existiu... Ooopsss... Mas Platão disse que sim, e ele tem “peso” de credibilidade.
Platão – ou Arístocles - o filósofo e matemático grego, sabia da verdade, mas apenas ele sabia se a Atlântida existira ou não. Foi o fundador da Academia de Atenas, discípulo de Sócrates e criou os fundamentos da moderna filosofia. Vejamos como ele chegou à Atlântida, porque certamente esteve “lá”. Quer ela existisse de fato, ou apenas em suas “idéias”.
Sigamos os passos de Platão e tentemos “viver” como se fossemos ele, em seu tempo, cercado das suas realidades e interpretemos os fatos à luz de sua filosofia.
- A Grécia e o mundo de Platão.
Grécia: Um pequeno país, uma potência mundial na península do Peloponeso.
Como lidar com isto a nível psicológico nos idos de 428 AC, com uma outra potência, Roma, ali bem ao lado em uma outra península, a Itálica, rosnando todos os dias pela disputa de territórios e mercados?
Era preciso organizar tudo na vida dos gregos: Os empreendimentos, as campanhas, a preparação com treinos físicos, a mente com exercícios, o soldado ateniense e espartano tinha que ser o melhor, o que tinha mais instrução, o mais bem armado e organizado. A ordem deveria prevalecer sobre o caos. Sócrates tinha suas próprias idéias e a transmitiu a seu melhor aluno: Platão. Mas Platão também tinha sua própria filosofia. Vivia num mundo em guerra em que raro se faziam prisioneiros, e não havia a menor consideração com velhos, mulheres e crianças. Quando Platão nasceu, Péricles o grande general vencedor ateniense tinha falecido no ano anterior. Os ecos das disputas e guerras ainda ecoavam pelas ruas de Atenas, que buscava um substituto para Péricles.
- Platão e sua filosofia
Para ele havia que romper com a superficialidade das coisas e penetrar na realidade mais profunda. Sua preocupação maior era com a justiça e o ser humano. Para se ser justo, havia que conhecer todas as coisas não pela sua aparência, mas pela realidade imutável (realidade inteligível), esta sem os “adornos” (ou realidade sensível) que nos desviam a atenção – conhecida como a “teoria das idéias”. Esta filosofia era tão séria e importante para Platão que criticava e menosprezava as artes, que via como representações da realidade, e não a realidade em si, por mais belas que fossem. Para ele as artes não tinham a importância que a realidade deveria ter na vida. Podemos dizer que Platão tinha demasiadamente os “pés no chão”, a vida era uma coisa séria e muito importante. A realidade intrínseca das coisas, para Platão era atemporal, não sensorial. Os nossos sentidos podem enganar-nos[1]. A guerra para Platão deveria ser um instrumento de defesa, não de ambição. A república deveria beneficiar os cidadãos, não apenas particulares. Contrariamente a Sócrates era um homem de família e sempre discutiu a relação pais e filhos sob o ponto de vista de ter como finalidade a educação para que os filhos viessem a ser bons cidadãos.
Em “Platão, carta sétima, 326b” ele afirma sobre a política: "Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, se ponham a filosofar verdadeiramente”.
E, sobretudo, quando Sócrates disse “conhece-te a ti mesmo”, Platão ainda seu discípulo entendeu que o conhecimento era o conhecimento da alma, não do resto que se “vê”, e que encobre toda a verdadeira realidade.
- A Oligarquia (tirania) dos trinta e a perseguição a Platão e a Sócrates.
Trinta tiranos de famílias ricas, pró Esparta, estabeleceram uma oligarquia e passaram a dominar em Atenas. Restringiram os direitos, apenas 500 cidadãos poderiam participar de cerimônias legais, e 3.000 podiam usar armas ou receber um julgamento com júri. Os demais eram escória que não valia nada para os oligarcas. A pena de morte normalmente, largamente aplicada, se cumpria pela ingestão de cicuta, um poderoso veneno que causa morte lenta. Milhares de cidadãos foram exilados. Condenados pelo sistema, Platão foi salvo por amigos que lhe pagaram a fiança[2]. Sócrates preferiu a morte pela cicuta. Foram acusados de “corromper” – na verdade apenas politicamente - a juventude.
Atenas vivia momentos de guerra com outras potências, uma guerra de unificação de ideais entre Atena e Esparta pelo predomínio da península, e uma ditadura representada pela Oligarquia dos Trinta. Numa época em que o Acordo de Genebra ainda estaria longe de ser aprovado pelas nações da terra, o ambiente era de puro terror, de incerteza pelo dia de amanhã. Completa insegurança. E isso porque razão?
No entendimento de Sócrates e Platão, porque os governantes não analisavam as realidades intrínsecas, voltadas para o cidadão e a família, e se fixavam na aparência das coisas. Nenhum governante era suficientemente conhecedor de filosofia, e nenhum deles aceitava a divisão da alma em três partes como Platão: A racional, na cabeça; a irascível no tórax; a concupiscente no baixo ventre. E muito menos, por mais difícil de entender, que havia três virtudes aplicadas ao Estado: A sabedoria, que deveria (estar na cabeça) ser o governante, que deveria ter caráter e dominar a razão; a coragem que deveria ser o peito do estado, ou seja, os soldados imbuídos de vontade; a Temperança que deveria estar no baixo ventre do estado, isto é, nos trabalhadores com seu desejo das coisas sensíveis.
- Como dar aulas de filosofia, ou expor idéias e ideais, num ambiente como o de Atenas no tempo de Platão?
Cerca de 488 anos depois de Platão, quando este tinha 30 anos, outro homem de 30 anos sofria o mesmo problema na palestina. Como falar ao povo que se devia unir para impor a ordem na palestina, derrubar o monstro romano, ter a paz divina na Judéia? Jesus Cristo acreditava que o fim dos tempos do domínio romano estavam no fim. D’Us, seu pai, o ajudaria no empreendimento, não fosse ele o Messias. Para não apressar sua morte, Jesus falhou-lhes, aos discípulos – não fossem traí-lo - por parábolas. Assim falava também ao povo nos seus sermões. Jesus não temia os sacerdotes do templo, porque estava destinado, por ser da tribo de Levy, a sumo sacerdote do templo de Salomão. Temia os romanos que o poderiam crucificar. As parábolas tiravam a conotação de discurso político e asseguravam que não pudesse ser julgado como terrorista ou dissidente, ou revoltoso.
Jesus já ouvira falar de Sócrates e de Platão. Platão fizera o mesmo em Atenas para não ser condenado à morte sem apelação: Contara a parábola de Atlântida.
- Atlântida – a parábola de Platão.
Em duas obras suas Platão se refere à Atlântida: no Timeu, ou a Natureza, e em Crítias ou Atlântida. Nelas Platão descreve uma ilha situada para “além” das colunas de Hércules, que um sacerdote egípcio da cidade de Saís teria contado a Sólon, um legislador, jurista e poeta grego, considerado um dos sete sábios da Grécia antiga. A história teria acontecido há 9.600 anos atrás. A ilha era rica em ouro, cobre, minerais, e num metal cor de fogo chamado de “oricalco”. Era dividida em círculos concêntricos atravessados por pontes. Nela havia uma jovem órfã chamada clíto [3] , por quem Poseidon se apaixonou. Habitaram no centro da ilha numa casa cercada de muros e fossos aqüíferos, e tiveram cinco pares de gêmeos[4]. Ao mais velho, Poseidon chamou de Atlas. A ele lhe deu o controle da ilha rica também em vegetais.
O sacerdote egípcio contou mais: Que se reuniam os governantes, todos filhos de Poseidon, para falarem de si, entre si, sem lutas, quando aproveitavam para maltratar um touro e beber-lhe o sangue em comemoração. Não há referências a como vivia o povo, os atlantes. A ilha desabou e mergulhou no oceano, num dia e numa noite, devido a uma catástrofe.
Porque razão considerar a história de Atlântida contada por Platão como uma parábola? Por alguns motivos lógicos - seguindo a filosofia de Platão - e muito simples.
- Platão não podia falar abertamente sobre sua filosofia. O Estado poderia mandar matá-lo definitivamente, e ele não tinha pretensão de agir como Sócrates que aceitara de bom grado a própria morte, envenenando-se com cicuta na frente de seus seguidores. Platão nem foi à solenidade, alegando estar doente.
- Atlântida tinha invadido Atenas – Como as histórias verbais – tradição oral - transmitida ao longo dos séculos não era do conhecimento dos atenienses?
- Onde ficava exatamente a Atlântida? A única informação do Egípcio é que ela se situava para “além” das colunas de Hércules, mas dependendo de onde estava o sacerdote egípcio, a situaria para dentro ou para fora do Mediterrâneo, já que as colunas de Hércules correspondem a dois maciços ou montanhas, uma de cada lado do estreito de Gibraltar que separa o Mediterrâneo do Atlântico[5]. Platão, ou o Egípcio não pretendiam informar a localização exata. Poderia até ser num reino vizinho à Grécia se fosse o caso de uma parábola para instrução dos atenienses.
- Atlântida era uma nação organizada, rica, coberta de ouro, tudo o que um povo pode desejar. Por isso se lutava, no mundo real, num esforço incessante em ter tudo o que os “olhos” vêm: Poder, riqueza, paz e tranqüilidade. Será isto uma “coisa” alcançável? Não era este o problema dos governantes espartanos e atenienses?
- Segundo o sacerdote egípcio, contado por Platão, os deuses helênicos partilharam a terra: Atenas ficou para a deusa Atena e para Hefesto, e a Atlântida para o reino de Posidon, o deus dos mares. Como não entender que se refere a Atenas e a Esparta, se a própria Atlântida fazia parte da herança dos deuses helênicos?
- A história é contada por um sacerdote egípcio – que tinha credibilidade no meio helenístico – e não por Platão por motivos óbvios já expostos. Para os efeitos da “censura” da oligarquia, Platão estaria apenas contando “uma história”.
- Que importância poderia ter a festa em que matavam um touro – ou qualquer outro animal - e lhe bebiam o sangue, em Atlântida, não fosse pelo valor intrínseco de chuparem o sangue de algo? O povo, por exemplo!...
- E as cores das casas fabricadas com pedras amarelas, vermelhas e brancas, poderiam ser de outra cor qualquer que não mudaria a moral da história. Mas para quem vê apenas a superficialidade das coisas, a paisagem identificaria a Atlântida com um país qualquer, como por exemplo, a ilha de Creta - Civilização cretense - onde a fama de tourear já era conhecida.
- A implosão da ilha e de todos os seus habitantes sem deixar rastro, não é uma prova mais do que evidente de duas coisas? Ninguém sobrou para contestar ou suportar a história de Platão; E que todas as civilizações têm um fim, porque se fixam nas aparências (a realidade sensível) e não na realidade imutável (a inteligível).
Não encontrei nenhuma referência a que a história de Atlântida fosse uma parábola de Platão, mas fiquei convencido de que só poderia ser. Jesus conhecia as obras de Platão que tinha vivido cerca de 480 anos antes. Dos 12 aos 30 anos não se conhece a história de Jesus nem de sua influência com a seita de Quram. Esta também conhecia os escritos de Platão cujas obras estavam, em cópia, em Alexandria. E, definitivamente, nossos ancestrais humanos da época de Platão eram realmente tão inteligentes quanto nós somos. Seus conhecimentos é que ainda eram restritos. Platão foi o terror da Igreja católica medieval e foi proibido de ser lido. Entende-se a razão: a fé não é uma razão e muito menos uma realidade inteligível: É sensível. O pensar era igualmente proibido, baseado na célebre frase sem sentido “faz o que te digo, não faças o que eu faço”. Ficou até nossos dias.
Rui Rodrigues
[1] Nos tempos modernos, votar em J.F. Kennedy porque é um homem “bonito”, ou em Lula que promete de forma simpática e paternal, ainda que não cumpra e desperdice mais do que está destinado ao povo do que o que lhe dá.
[2] Não esquecer que Platão era filho de famílias ricas e influentes, com contatos inclusive com Ciro, rei da Pérsia.
[3] Possível nome do qual derivou clitóris.
[4] Jesus também seria fruto de uma relação entre a mãe e D’Us. D’Us jamais faria uma coisa dessas com um homem tão santo quanto José, esposo de Maria. A semelhança é originada da mitologia grega e romana em que deuses transavam com seres humanos. Algo como nos dias de hoje, extraterrestres transarem com “abduzidas”.
[5] O Oceano atlântico é assim denominado devido à Parábola de Platão sobre os atlantes, que habitavam a Atlântida por sua localização – se olhássemos apenas o superficial e não a alma de Platão.