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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Dia das mães. É puro amor e nostalgia!



1.    No Shopping


Foi agora, quase há meia hora, que não acabou de chover. Aqueles rastros de luzes no asfalto quando já é noite, dão uma falsa ilusão de vida. É movimento de vida, mas vida não é feita apenas de instantes de sinais. É sábado, véspera de dia das mães, embora todo dia seja dia das mães presentes, ausentes, ou idas definitivamente. Mesmo quem sempre amou a sua mãe não resiste ao apelo do comércio para que gaste uns instantes e algumas notas para presenteá-la. As demonstrações são sempre importantes, e há sempre daquelas que mesmo recebendo presentes o ano inteiro ficam tristes quando no dia aprazado para a comemoração não houver um daqueles que os filhos sabem que irá dar-lhe prazer. Antes de começar a chover o chão do estacionamento já estava molhado, escorregadio. Anoitecera mais cedo por causa das nuvens negras e o shopping deveria estar cheio. Mas não estava.


Não havia muitos filhos e filhas nem netos nem netas pelo shopping construído há já uns bons dez anos, o único nas redondezas. Num daqueles balcões em centro de corredor, sem paredes, feitos com puras prateleiras do lado de dentro e vitrines do lado de fora um vendedor daqueles espertos desembrulhou um par de camisetas e disse a uma criancinha de seis anos para a colocar sobre o peito para ver como ela lhe ficava bem, na frente do avô. Evidentemente que contava com sua esperteza para que a criança se olhasse no pequeno espelho e disse-se para o avô: - Avô... Gostei...Compra-me uma? Mas o avô sabia que era dia das mães – não dos netos nem dos filhos - e percebeu também o golpe baixo do vendedor. Um aceno negativo de cabeça, rosto sério e a extorsão terminou por ali mesmo. Assédio comercial deveria ser passível de punição. Um dia teremos também o assédio só no olhar, no caminhar, e ficaremos todos em casa o tempo todo, até nos dias de folga para não sermos indiciados por estes tipos de crimes. Assim nossa atenção ficará definitivamente desviada para essas grandes causas, e deixaremos as pequenas, como os roubos milionários e bilionários dos políticos para segundo plano.

Em duas mesas junto á pequena máquina de café e de chás, dois amigos conversavam sobre outros amigos. Ainda ouvi um deles dizer para o outro: - Precisas aparecer por lá. Sentem a tua falta...E não me lembro de ter ouvido resposta, mas tomaram mais dois cafés, enquanto na mesa ao lado, três senhoras de mesma idade avançada conversavam sobre banalidades, sobre os ex-maridos. Uma delas dizia para a outra -... Ah... Mas eu sempre soube. Só que não ligava até aquela vez em que... E lá ao fundo sobre uns assentos aos fundos de imenso tapete vermelho escuro, estava sentado um jovem lendo uma revista recém comprada numa livraria vazia onde as mães levam seus filhos para lerem revistas disponíveis enquanto dão uma olhada sobre os livros expostos. Um ou outro freguês compra alguma coisa. Também entrei lá com minha neta e procurei por alguma novidade em livros de cosmologia ou de física, mas não havia nenhum. Havia muitos romances, livros de auto-ajuda, de direito, um escaninho com versos, alguns de história, outros de capa dura e lustrosa com fotos de cidades pelo mundo. Não lembro de nenhum título, mas minha neta que já começa a ler aos seis anos, ficou lá junto às revistas infantis tentando ler o que estava escrito nos títulos. Foi preciso perguntar-lhe se queria ajudar a avó a escolher um biquíni para a mãe dela. Umas três vezes, porque já se havia passado quase uma hora que a avó estava lá sem se ter ainda decidido. Lojas deveriam ter uns dois ou três modelos e umas duas ou três cores de biquínis. Muitos modelos e cores geram confusão e não permitem uma escolha rápida. A boneca tivemos que escolher numa loja especializada fora do Shopping. Foi então que o céu desabou sobre o shopping vazio. Como é possível comer e deixar o lixo sobre as mesas sem se dar ao trabalho de levantar, apanhá-lo e despejar no aparato específico, ainda mais quando se trata de adultos acompanhados de crianças? Naquela mesa havia cinco.

A senhora que passou me fez espirrar e sentir falta de ar. Perfume forte. Se usasse menos, poderia comprar perfume mais caro e mais suave. Lá fora a chuva não caía. Despencava em cataratas. Alguns fumantes fumavam lá fora o que não podem fumar lá dentro: Cigarros de tabaco. Já lá fora, por toda a área, outros podem fumar á vontade o que não é permitido por lei: Crack e maconha. Cheirar até se pode em banheiro de rodoviária. Precisam inventar o bafômetro para drogas leves, pesadas e mais-que-pesadas. Vendem em pequenos pacotes de alguns gramas que nem sequer pagam impostos. Os do tabaco são absurdos. Em casa fuma-se qualquer coisa enquanto não colocam câmaras de vigilância para nos vigiarem... “Lar doce lar” é coisa do tempo em que nossas casas eram um lar. A minha ainda é.

2.    Dois dias depois do Shopping

Então, chegando à rodoviária de Cabo Frio, já numa segunda-feira que é hoje, fui para o supermercado que fica a uma quadra, e comprei, além de outras coisinhas, um molho de brócolis dos quais Bill Clinton gosta muito, e chegando em casa cortei-o em pedaços pequenos, em tiras e rodelas de talos, e pus para cozinhar com três dentes de alho também cortados em pedaços bem pequenos. Sem sal, porque servirá para cozinhar com arroz ou massa. O produto da cozedura vai para o freezer guardado num “taperware”. Olhei a minha panela de aço inox e vi que está um pouco suja dentro da pega, produto de inúmeras cozeduras. Nossa indústria, a portuguesa e a chinesa merecem nota quase zero com aproximação de dois pontos decimais para mais ou para menos. A pega é tão cheia de “interstícios” que a sujeira se acumula sem percebermos. Então só se tira com WD-40 e depois com algumas lavagens para tirar o cheiro. Já aquela acoplagem que comprei para instalar uma lâmpada e que se coloca numa tomada, deve ser chinesa: As tomadas têm os furos na vertical, e a lâmpada fica na horizontal. Nem pensaram nisso. Eu nem reparei. Deveria ter reparado. Temos que ser mais espertos que eles, os industriais do consumo por “reposição obrigatória”, já que nosso governo está muito preocupado com as propinas e nem fiscaliza as impostações da importação.


Quanto á festa de minha netinha e o dia das mães, foram maravilhosos. Continuamos sendo uma família, a pesar de todas as vicissitudes da vida. O mundo pode cair. Nossa família, jamais!...

® Rui Rodrigues 

terça-feira, 5 de maio de 2015

Uivos, latidos e gemidos!



Parecem crianças assustadas quando uivam, e tal como quando alguém tosse numa missa, numa sala de aula, ou numa solenidade, e todos começam a tossir por “simpatia”, cães se contagiam no uivo sem saberem porque razão. O primeiro a latir sabe porque late, e se existe realmente uma linguagem canina, logo os outros passam a saber também. Seremos nós mesmos parecidos com os cães, ou os cães parecidos conosco? Ambos descobridores deste planeta, dois sobreviventes ao longo de milhares de anos, somos companheiros, vivemos numa certa relação simbiótica e muitas vezes fica indefinida a chefia da matilha. Há que ter cuidado para que a matilha não se vire contra o dono. Mas o que haverá de “humano” nos cães? Temos vários exemplos, antes, porém, é preciso que se saiba que cães uivam – tradição herdada dos lobos - para unirem a matilha por solidão ou para acasalamento.

1.    O cão dos Baskersvilles.

É tema de um romance de sir Arthur Conan Doyle. Corria voz numa localidade da Inglaterra que um cão costumava matar gerações da família Baskerville. Um deles, sir Charles, foi encontrado morto e logo a suspeita recaiu sobre o tal cão. Sherlock Holmes foi então chamado para investigar se o sobrinho de Charles, como herdeiro, correria perigo de ser morto. Porém sir Charles, como se confirmou, falecera de um ataque cardíaco. Um outro personagem interessado na fortuna cobria o cão com fósforo para que brilhasse à noite, aparentando-o mais feroz. O personagem chamava-se Stapleton e era irmão de sir Charles, tendo sido dado como morto quando era ainda jovem. A trama da história baseia-se num fato: Quando um cão é treinado para atacar alguém através do cheiro de roupa da vítima, se alguém colocar essa roupa até em seu dono, ele ataca do mesmo modo. Nessas horas o cão não reconhece o dono. Não pode uivar para que possa atacar em silêncio.

2.    Achiko.  

Achiko é um cachorro da raça japonesa Akita. No Japão, na estação de trens de Shibuya existe uma estátua em sua homenagem. Ele sempre ia esperar o dono, um professor, na estação, e um dia o dono não apareceu. Por anos a fio Achiko continuou indo até a estação, todos os dias, esperando pelo professor. Foi tema de um filme “Sempre ao seu lado”, símbolo da fidelidade, persistência. Você conhece alguma pessoa assim? Se conhecer dê-se por feliz. E se conhecer mais de uma, então sua felicidade é uma benção. Eu mesmo ficaria feliz em ser seu amigo.  

3.    Lassie.


Lassie é uma cadela da raça Colie. Separada do dono em circunstâncias terríveis, percorre centenas de quilômetros para encontrar com seu dono. Inicialmente o conto foi publicado no Saturday Evening Post em 1940, mas a série de televisão somente em 1954 e durou 20 anos. Muitos de nós certamente ainda nos lembramos desta série. Por esses tempos as séries eram mais "suaves" tentando fazer um mundo melhor e mais suave. Atualmente as séries são mais violentas, mais sanguinárias embora o sangue quase não apareça, embora aparentemente o motivo seja o mesmo. Algo não "bate" bem. 







4.    Blondi, cadela que não conhecia o dono.




Era a cadela de Hitler, da raça pastor alemão, presenteada por Martin Bormann, secretário particular de Hitler. Eva Braun, esposa dele, não gostava da Blondi e costumava chutá-la por debaixo da mesa. Ela preferia seus dois Scotish Terrier, o Negus e o Stazi. O que mais a irritava era o hábito de Hitler permitir que a cachorra dormisse com ele na cama. Acompanhou-o de 1941 a 1945 até o bunker quando Hitler já temia o pior. Por essa oportunidade Blondi tinha dado à luz cinco filhotes de seu cruzamento com Harras, pertencente a Paul Troost, o arquiteto de Hitler. Já desiludido, no bunker, Hitler pede a Werner Haase, seu médico que testasse em Blondi as cápsulas de cianureto que ele pretendia usar, para testar se eram eficientes. A cadela morreu, Hitler suicidou-se, os cinco filhotes foram abatidos a tiro pelo médico. Os soviéticos que invadiram o bunker exumaram o corpo de Blondi por indicação do médico. Com as costelas aparecendo como na foto, Blondi não teria de Hitler a retribuição que merecia, mas como se ser retribuído por um indivíduo como Hitler?  E porque Eva Braun não chutava Hitler em vez de chutar Blondi? Casada com Hitler, o que se poderia esperar de Eva Braun, uma modelo e assistente de Heinrich Hoffman, fotógrafo particular de Hitler. Por duas vezes ela tentou o suicídio durante seu relacionamento com Hitler. Finalmente, depois de conviver com ele casaram-se. O casamento durou 40 horas, antes que suas vidas acabassem no bunker. A história não é triste. Triste é o modo como alguns seres escrevem suas histórias na vida. Uns de forma consciente, outros, como Blondi, arrastados pela história triste dos outros. Agora imagine que isto se aplique aos relacionamentos humanos e que uma mulher como Eva Braun, sem instrução, amante do poder fosse indicada para a presidência de uma república, só porque alguém no poder a indicou, tão ignorante quanto ela. Se Hitler tivesse ganhado a guerra provavelmente a indicaria para sua sucessora: Podia dominá-la mais que qualquer um de seus mais eficientes colaboradores.


E é assim que se constroem histórias entre uivos, latidos e gemidos, onde a fronteira entre sentimentos não é assim tão bem definida. Há muitos seres humanos que são uns cães de Baskerville, outros que são como Lassie, alguns como Blondi, muito poucos como Achiko... E embora digam que cão que late não morde, que cães ladram enquanto caravanas passam, há sempre que ter em mente quem ou o que é cão, e o que não é, e assim mesmo, que tipo de cão são os que uivam, os que latem e os que gemem.


® Rui Rodrigues 

sábado, 2 de maio de 2015

Besteirol sem alienação bancária.



(No Bar do Chopp Grátis ouve-se todo o tipo de besteiras entre tilintar de copos, vozearia, olhares, passos, ordens á cozinha, roçar de pernas debaixo das mesas, farfalhar de vestidos no cruzar de pernas. Besteirol não precisa fazer sentido, não é necessariamente verdade, mentira, possibilidade, mas pode ser. É laxante mental, mas não quer dizer nada para nenhum analista freudiano, não é uma inspiração divina, não é um sonho, e pode ser tudo isso de zero a dez. Este começou assim quando o marido de uma cliente tomou um lacto-purga mental para aliviar os sintomas que sempre ficam depois de discursos de Lula, da Dilma, ou de algum dos muitos mentirosos que pululam saltitantes nos partidos políticos de uma base aliada tão ampla, que todos se beneficiam das manápulas dadivosas dos que pedem e dos que aprovam distribuições fartas de verbas que nunca servem para melhorar seja o que for nesta nação. Ele estava justamente no banheiro, porta aberta para o caso de ter que ir para o hospital correndo, quando tudo aconteceu).

- Franzina... Ó Franzina... Este papel higiênico que compraste no supermercado é um rala-cu.
- Foi o mais barato que encontrei... Doze rolos por 8 reais. Mas tens que lavar depois porque faz bolinhas e enrola nos pentelhos. Rasga-se todo. Cuidado com os dedos que ficam cheios de merda.
Calaram-se. No jornal sobre um banco no banheiro, para se ler enquanto o tempo passava, e o “barroso”[1] descia, uma foto de uma barata minúscula de menos de um centímetro presa no âmbar tinha sido encontrada em Myanmar, uma nação problemática ali para as bandas do Laos.Tinha mais de 100 milhões de anos e era uma predadora. Lourenço ficou se perguntando porque uma barata dessas se tinha extinguido. Talvez fizesse parte da vida dos dinossauros comendo os restos que eles trituravam e deixavam cair por entre os dentes, e com a extinção deles se tivesse também extinguido. Tinha asas, e Lourenço se imaginou num trem bala ligando o Rio a São Paulo para visitar uma creche num bairro do “Minha casa minha vida”. O trem bala nunca foi construído, a creche também não, e a “Minha casa” virou a casa deles, os que as invadiam ou compravam barato daqueles a quem foram inicialmente destinadas. Mudou então de pensamento ao sentir uma esguichada de um barroso liquefeito, bem ao estilo antesco e justificativo do PT. Tudo tem uma desculpa, uma justificativa que caiba na mente da ignorância. Olhos que não vêm, coração que não sente. Nenhuma plataforma se chama Lula ou Anta, Vacca ou Falcão. A barata predadora ficou esquecida por não se saber o que faria naqueles tempos. Uma barata tonta e predatória.

E viu-se de repente num mar revolto, cercado de gaivotas. Estava numa plataforma marítima esperando ver jorrar petróleo do fundo do mar, sugado lá das profundidades quilômetros abaixo da superfície. A broca brocava lá no fundo, no leito do mar oceano, e pelo tubo subiam para a superfície, aos borbotões, barris e mais barris de água salgada pintalgada de pequenas manchas marrons. As manchas eram o petróleo que em cada barril não enchia mais que um copo de mocotó. A rota dos enormes navios tanques que traziam o óleo cru importado passavam sempre por plataformas como essas. Só passavam. Na chegada aos depósitos nos portos, anotava-se como proveniente da produção dessas plataformas.     

-Lourenço... Ó Lourenço... Já acabaste de cagar, ou queres ajuda? É prisão de ventre ou estás com os intestinos soltos? Perguntou Franzina, a mulher – viviam sozinhos – preocupada com o estado em que ficaria o banheiro. Foi até uma gaveta, apanhou uma máscara dessas usadas por médicos, pingou umas gotas de perfume, e deixou-a à mão para o caso de vir a necessitar. Do lado de fora, bem ao lado da porta do banheiro, deixou um balde com água, uma garrafa de ácido muriatico, uma vassoura velha, um enxergão, uma garrafa de detergente com cheiro de pinho.
- Não Franzina... Ainda não...
- Então – Disse Franzina – Quando acabares tens ai o kit para limpares a merda que fizeste. Não podes ser igual ao PT e meu nome não é povo do Brasil...Não temos empregada. O dinheiro vai todo para os impostos, a energia, a água, o transporte, os remédios, o material de limpeza, as multas e a inflação. Ou paras de fazer merda ou nos separamos na Igreja e no civil.
Ouviu-se um sonoro peido esborrifado, tão estridente, que Franzina previu o pior. Abriu a porta do banheiro e Lourenço havia sumido. O banheiro era uma merda só pelas paredes, pelo chão e pelo teto. Sobrou no chão uma carteirinha de filiado ao PT.
 
O féretro saiu diretamente para o vaso sanitário, com meia dúzia de descargas, umas boas esfregaduras com enxergão, ácido muriático e para arrematar um balde enorme de essência de pinho. 
No dia seguinte uma comissão da verdade a procurou para lhe dar uma indenização milionária, válida até sua morte. Franzina estava rica, segura para toda a vida. Mas era pouco. Então se inscreveu no MST. Tentaria ganhar umas lascas de terra. Inscreveu-se também no Minha Casa minha vida e começou a estudar pedindo bolsa ao FIES. Tirou carteirinha de prostituta e ganhou não só um salário extra como uma bolsa-família. Finalmente, foi corajosamente até a cozinha, pegou o facão e cortou um dedo, o mindinho, exatamente o que menos falta lhe fazia e entrou com pedido de aposentadoria por incapacidade. O governo não controlava nada, só pedia em troca o seu voto.

(T
al foi a estória que se ouviu naquela noite no Bar do Chopp Grátis. Quem disse que fazer merda não dá lucro? E nunca na história deste país se viveu tanto em meio de merda como nestes ultimos 13 anos. E fica a pergunta: O que será mais nojento? Esta história ou o governo que temos?)  

® Rui Rodrigues.  







[1] Barroso é uma excreção anal, provinda dos intestinos, normalmente cilíndrica, mal cheirosa e da cor do barro. Mais popularmente é conhecida como cagalhão. Na política significa quase todos os atos da classe respectiva porque do que fazem nada de útil se aproveita. O PT é campeão, expelindo barrosos fenomenais com o maior “desbundamento”. 

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Subindo[1] muito francamente.






Sem essa que não nos deixaram indícios de como se faziam nenéns lá nos primórdios da civilização. Deixaram sim. Basta ler os Salmos de Salomão, um dos livros comuns à Torah e à Bíblia cristã. Sexo é bom e todo mundo gosta, seja com quem for, para uns e umas, seja só para uns ou só para umas. O que importa é “desafogar o ganso”, ou deixar molhar o biscoito. Há gostos para tudo e com camisinha não há problema desde que ninguém as tenha furado previamente. Vejamos como caminharam os conceitos de sexo e de amor ao longo dos tempos...Sem esquecermos que instituições sempre aparecem para fazerem “lavagens” cerebrais e, por alguns tempos, mudarem conceitos e a forma como se encaram estas coisas. Depois a humanidade vai para onde quer ir ou entende, sem que possamos mudar – e nem queremos – os seus rumos. Rumos da humanidade não se mudam. Apenas se desviam por alguns tempos.

1.    As primeiras tribos de pré-humanos antes das civilizações.



Não havia o conceito de família, e sim de tribo. O chefe da tribo, do grupo humano era sempre o mais forte. Ele tinha o “direito” de transar com todas as fêmeas da tribo, na frente de todo mundo para que vissem e soubessem quem dominava, quem era o macho dominante. Evidentemente que, pelas sombras e ausências, machos pegavam outros machos por falta de fêmeas, um sempre dominando o outro que queria ser dominado para ter proteção já que as outras fêmeas não os queriam por serem fracos, e alguns machos mais espertos transavam com as fêmeas do chefe em sua distração ou ausência. Submeter-se ao chefe ou a um possível chefe era uma garantia adicional de proteção e comida para os filhos. Elas não reclamavam por temerem que um dia numa disputa um deles se tornasse chefe. Com a decadência física do chefe isso era inevitável. Seria o sexo feito com amor? Provavelmente não. Mais provavelmente era uma cooperação. Feito normalmente por trás, na ignorância, e satisfeito o macho, a fêmea era largada. Normalmente quando iam apanhar água em poças ou rios. Por essa época o prepúcio já tinha a forma de “chapéu” destinado a extrair o eventual e provável esperma de outro macho que tivesse fecundado a fêmea. Falar de amor seria temerário. A tribo defendia as crias por serem da tribo e serem necessárias quando mais velhas, para a defenderem e participarem de caçadas, assim como para procriarem. O chefe da tribo acreditava, muito provavelmente, que fossem fruto de sua união com as fêmeas. Provavelmente. Não havia ainda testes de DNA nem sabiam o que era isso. Como todos eram da mesma família, todos eram parecidos e ninguém desconfiava de nada.

2.    No início das civilizações.


O velho problema dos excluídos das escolhas femininas continuava. Os mais feios, os menos “nobres”, os mais fracos, não tinham a preferência das mulheres. Muitos deles precisavam de proteção, que lhes era dada por outros iguais a eles, mas com um pouco mais de alguma coisa, força ou hormônios masculinos, por exemplo. Alguns ainda tinham alguma oportunidade dos dois lados do gênero humano. Transavam com homens e com mulheres, mas sempre havia os que tinham nascido com essa tendência. Gostavam porque gostavam. Estes eram aceitos na sociedade, tal como o haviam sido nos tempos de pré-civilização, porque, imprestáveis para a caça, podiam ficar entre as mulheres sem perigo de “concorrência”. Agora, no início da civilização eram eficientes em muitas outras atividades e sempre tinham protetores.


Nos impérios de Roma e da Grécia sempre sob o temor de partirem para a guerra ou serem invadidos, considerando a vida como uma existência precária, as diversões se limitavam a jogos, circo, sexo e bebidas. Não é, portanto, de estranhar a promiscuidade. Porém, havia a questão da família e o que a diferenciava dos demais indivíduos e situações civis. Mulheres de família não poderiam ser promíscuas como as mulheres da vida que existiam em Pompéia conforme anúncios – os primeiros grafites de que se tem notícia – anunciando seus dotes e os preços. Esta moralidade se deve principalmente á construção de um patrimônio e à possibilidade de o patriarca se vir a tornar um tribuno, um homem do governo, um homem de moral que tinha uma mulher que o respeitava. Fugas a padrões estereotipados sempre foi uma característica humana, até mesmo porque para se firmar como “homem”, macho, guerreiro, era necessário que tivesse fama com as mulheres, e até de vez em quando comer, subjugar, dominar outro macho. Esta forma de dominação levada ao extremo era dominar e “comer” um inimigo valente que se batera em combate humilhando-o. E qual a mulher que agüentava sem sexo por anos a fio com o marido longe em batalhas ou na administração de feitorias, sem saber se voltaria?
A historia da Odisséia de Homero é uma ode á fidelidade de Penélope, esposa do ausente Ulisses, assim como de seu filho Telêmaco, ela resistindo ao assédio sexual de pretendentes.
Os grandes profetas hebreus, e em geral os homens ricos e proeminentes do Oriente Médio sempre tiveram seus haréns, suas vinhas. A proibição do álcool em algumas religiões é hábito mais recente que não fazia parte dos primórdios das religiões. O que se pode inferir é que o sexo fora do âmbito da família era “consentido” sempre e quando “não corressem vozes” ou não houvesse flagrante.

3.    Na idade Média.



A idade da consolidação da moralidade das religiões, impondo ás sociedades a moral de sacerdotes interessados em, exatamente, religião, aumentar o número de fiéis, conquistar espaços e simpatias pela identidade da fé, aumentar os cofres, recebendo mais do que davam. Recebiam em dobro, em triplo, mil vezes, sete mil vezes sete o pouco que davam. Se olharmos pelo aspecto do benefício “moral”, causaram mais incômodos tentando mudar o imutável na natureza do ser humano. Quantos se abstêm da mulher do próximo ou do homem da próxima? Já em termos de “conforto” as religiões são notáveis. O que se pode desejar de melhor do que morrer, ir para o paraíso, e lá encontrar a paz de uns, sete virgens de outros, milhares de paraísos a que se vai acedendo aos poucos, de acordo com a religião do Tao. E se não fosse pelo convencimento era pela força. E foi assim que certo dia as mulheres viram chegar no mercado uma peça de ferro com fechadura e cadeado: O cinto de castidade, alguns com lâmina para que se algum pretendente tentasse penetrar a esposa, tivesse seu falo cortado – ou a língua. As amizades secretas de esposas com os armeiros que trabalhavam em fechaduras, não passaram desapercebidas.   
  
4.    Nos tempos modernos.


A humanidade move-se por terrenos espirituais que estão em sua origem. Não abdica de princípios, e esta tem sido a luta de religiões e políticos tentando desviá-la normalmente pela privação, através de proibições. É uma luta em vão. Alguns “líderes” que assumem governos de religiões ou de Estados conseguem mudar suas sociedades por algum tempo, mas a humanidade dá-lhes a volta. Revoltam-se as sociedades e a humanidade. Acontece a todo instante, e após 12.000 anos de civilizações, e finalmente, a mulher consegue atingir a sua igualdade perante o homem, podendo votar, tendo seu trabalho, podendo voltar a ser a matriarca de uma família como já o tinha sido em algumas sociedades do passado e mesmo antes deste século XXI, já em algumas sociedades africanas, em Roma, na Grécia, Oriente Médio, até com direito a harém, tudo de forma oficial e aceita pelas sociedades. Assim como existem homens que estão sempre prontos e dispostos, também há mulheres que têm a mesma disposição e estão sempre prontas para fazer sexo.


A humanidade, sociedades em geral como parte da humanidade, na verdade, parecem-se muito com uma esponja ou uma massa de moldar. Confinem-se entre as mãos, apertando-a num sentido e ela se moverá para o outro, buscando espaços. Não podem ser comprimidas. No caso da esponja, vomitam pelos poros, no caso da massa, fogem do controle por entre os dedos da mão. Não estou certo se Maquiavel de injusta má fama, percebeu isto embora explicitamente não pareça que tenha construído uma “máxima” que assim definisse as sociedades e a humanidade. Para esta, o tempo flui de forma diferente. O indivíduo tem pressa, a humanidade não tem tanta. Quase nenhuma. E mesmo quando parece mudar, volta ao mesmo, às mesmas atitudes, apenas com roupas e equipamentos diferentes.

5.    O futuro da liberdade sexual.



É inevitável que a promiscuidade traga a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. Vírus sofrem mutações a tal ponto que alguns chegam a parecer que são vírus diferentes, mas não passam de vírus modificados. Entre a vontade e a obrigação de usar um preservativo, vence sempre a vontade. São poucos os casais que no gritar dos hormônios, se abstêm do sexo esperando uma outra oportunidade em que haja preservativos disponíveis. O indivíduo tem pressa. A liberdade sexual de hoje é fruto de uma série de “condições” em que se vive no dia de hoje. Como simples exemplos, é fruto de uma perda de força das religiões, da necessidade do mercado lançando mão do trabalho feminino e de sua igualdade aos homens, da existência de preservativos mais suaves do que as antigas tripas finas de bois e vacas, da evolução do Estado democrático, da simplificação de tarefas através das facilidades permitidas por modernos equipamentos, a perda de rumo e até certo ponto do enfraquecimento do homem como “senhor” da situação, a perda de posição como chefe da “tribo do lar”, onde fatores econômicos têm peso substancial. Em palavras bem diretas, a mulher se masculinizou e o homem se afeminou. É o estado híbrido, do meio termo, que parece irá dominar o futuro da humanidade nos próximos séculos, tempo muito curto para a humanidade a ponto de aumentarem sensivelmente os casos de hermafroditismo.

Adicionar legenda
Quanto tempo a humanidade irá esperar para uma nova mudança, talvez com predomínio completo da mulher ocupando aquele lugar que o homem já teve, não se sabe. A humanidade sabe, mas decide devagar e após decidir muda vagarosamente, no que pese a facilidade das comunicações atuais. É que não se trata de velocidade de informação, mas de velocidade da vontade de mudar, que geralmente advém de uma necessidade premente, ou de uma submissão temporária, mas, da mesma forma, premente, iminente.     



O grande segredo da humanidade é a adaptação e a inovação tudo com muita paciência, sem pressas, e se o conceito de família já não é como antes, quem sabe voltará um dia a sê-lo ou desaparecerá para sempre? Qualquer tentativa no sentido de mudar a determinação da humanidade, isso sim, será em vão. O problema é: O que quer a humanidade? O que governos, filosofias ou religiões querem é volúvel e passageiro, sempre de forma apressada porque é coisa de indivíduos.

® Rui Rodrigues





[1] A bem da verdade, trata-se de “Trepando no tempo, com toda a Sinceridade”

Que país é esse?

Estão fazendo hora com a nossa cara... Estão capitalizando a lei, descapitalizando a economia, deseducando a saúde pública, adoentando a educação, e acabou a pomada para calos! O esparadrapo está sendo usado para juntar folhas de processos, os processos vão todos para um processador, o ministério está de trombas, os fantasmas são mais que eminências cinza, o homem da capa preta foi-se. Resta-nos saber que a tempestade está chegando sem termos onde nos abrigarmos.

Quem vê não pode, quem pode não vê, quem fala consente, quem sente nem fala. Estamos na fase do não vale a pena. Quando a pena vier, valerá, mas a fase terá passado. Andamos todos procurando a mãe do Mateus para que o embale, mas só aprendemos a sambar. Pois o que parece é que a lei enxerga muito mal, mas enxerga, a balança está desequilibrada, e a espada essa sim está completamente cega.

Houve um ultimo dos Moicanos, mas isso foi lá no Norte, e nós somos do Sul e não somos moicanos, muito menos os últimos e somos muitos, mas não sabemos jogar esse futebol xadrez da política. Somos demasiadamente crentes, lobos nos pastoreiam, caravanas nos ladram e ficamos parados esperando o trem que não vem. Se vos perguntarem que país é esse, não adiantará porque a canção também já se perguntava, mas se vos perguntardes a vós mesmos o que sois, sabereis que essa nação vos fugiu e já não a reconheceis.

Um bom brasileiro não foge à luta nem desiste nunca.




® Rui Rodrigues

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Já fui caçador ...


Já fui caçador. Na minha terra, aos quatro anos de idade, via o pessoal sair para a caça às perdizes e de vez em quando a uns javalis que andavam a monte e de vez em quando baixavam para comer das lavouras. Por aqueles tempos de pós-guerra, as lavouras eram muito mais importantes. De vez em quando caçavam umas lebres que faziam exatamente o mesmo que os javalis.
Há décadas que deixei de caçar, embora não ache muita diferença entre caçar e abater bois e vacas do plantel para consumo. Ou coelhos, galinhas, frangos, ovelhas, carneiros, cabras e bodes. Matamos para comer, plantamos e matamos vegetais para nos alimentarmos...Deixei de caçar mas não foi por isso.

È porque a cada dia que passa vejo nos animais apenas uma leve "diferenciação" de nossa anatomia. Noventa e nove virgula nove, nove nove por cento das espécies não nos atacam. Têm veias e sangue correndo nelas, morrem como nós, comem, defecam, urinam, têm filhotes... E pensam! Decidem a todo o instante o que fazer... Ovelhas choram quando pressentem a morte.
E de vez em quando nos dão olhares como o desta preguiça.

Amo o Brasil...


® Rui Rodrigues

domingo, 26 de abril de 2015

Os Mercados Globais




E certo dia a primeira caravana decidiu-se a partir em busca de lucros. Levava o que tinha porque tinha ou porque houvesse comprado vindo das fronteiras e levava para outros povos fazendo a troca por produtos que seriam vendidos na volta dentro de suas fronteiras. Os donos das caravanas, porque as caravanas tinham donos, os investidores, lucravam duas vezes: Na ida e na volta, exceto quando sofriam ataques de bandidos pelo caminho. Antes de partirem, porém, já os governos dos países que as caravanas iriam atravessar haviam feito acordos para passagem e venda. E a Terra se encheu de rastros de patas de muares cavalos e camelos, de navios singrando mares calmos e bravios, duras pedras de estradas romanas ficaram sulcadas pelas rodas ferradas de suas carroças. Comerciantes passaram a viajar pelo mundo, o mundo tornou-se mais conhecido, menor, a concorrência aumentou, houve duras batalhas pelo comércio, que se não fosse pela economia, o era pela religião, mas sempre pela força. Que nem só com espadas e canhões se mostra a força. O comércio tem o dinheiro que dá, ou tira, a força a governos. A religião diz se deve ou não haver calma.


Num mundo sem religião sobrariam o comércio e a força, num outro sem força sobraria o comércio e a religião, num outro ainda sem comércio sobraria a religião e a força, caros leitores, num grau de intensidade de 0 a 10 de cada um destes três fatores escolham o melhor que lhes convém, que nada para além disto determina as filosofias políticas nem os governos que temos. Nosso mundo reflete exatamente isto.Ficou famosa a Rota da Seda. 

Mas o que se vendia pelos idos da antiguidade e até o século XIX?



Havia mercados enormes no Cairo Lisboa e Xangai; Jerusalém Paris e Oslo; Tunis Alexandria e Istambul; Veneza Moscou e Atenas; Tiro Londres e Cabul; Casablanca Madrid e Alepo; Roma Teerã e Katmandu; Pequim Calecute e Trípoli; Rabat Tóquio e Ulan Bator, e em muitas outras. Vendiam de tudo que não se deteriorasse: Ouro e prata eram geralmente as “mercadorias” para base de troca. Depois que se inventou o dinheiro, as moedas, as trocas ficaram muito e muito mais fáceis, aumentando o comércio. Vendiam-se tecidos de seda da China, ânforas de vinho da Grécia, Roma, Jerusalém, espadas de bronze do Egito e de ferro de Constantinopla (Istambul), bordados de linho e filigranas de ouro de Lisboa, especiarias de Calecute, marfins do Cairo, tapetes de Cabul, queijos de Rabat e de Paris, azeite de Trípoli, madeiras perfumadas de todo o oriente. Eram mercadorias de peso, de valor indubitável, porque eram “pesadas”, avaliadas até à vista. Existiam. Eram “palpáveis”. Podiam guardar-se, servir como “economia” e venderem-se mais tarde. Muitas chegaram até nós e valem fortunas.


Muitos séculos depois, novos mercados apareceram: Rio de Janeiro, Washington, N. York, São Paulo, Buenos Aires, Santiago do Chile, Panamá, Barranquilla, Lima, Antananarivo, Luanda, Maputo, Adelaide, Montego Bay... E muitas outras que para os efeitos nem é necessário nomear. Mas o que vale a pena indicar pelo menos, é que os produtos se diversificaram bastante. Agora se vendem armas, petróleo, veículos, terras de minérios que mudam de continente, navios, aviões, trens, remédios, perfumes sofisticados, e os mesmos tecidos, os mesmos vinhos, os mesmos queijos, sapatos, roupas, cada vez mais caras por mais que a mão de obra seja substituída por robôs, e as máquinas produzam milhares de vezes mais peças que antigamente. Há uma “inflação” invisível, surda e muda, da qual ninguém fala, que não se vê e da qual nada se escuta. Só se sente.  Os primeiros carros Ford foram vendidos a 850 dólares cada – e note-se que eram novidade e caros - e hoje, o Ford Ka que é o mais barato, custa em média 5.000 dólares no Brasil. Das outras marcas nem se fala porque os preços aumentaram ainda mais absurdamente. È desta “inflação” surda a que me refiro.
Em menos de duzentos anos estamos comprando virtualidades que no fundo só servem para aprendizado ou como comunicação. O resto é perda de tempo. São os famosos gigabytes que circulam pelo espaço em ondas de energia enviadas por equipamentos que se comunicam com satélites no espaço e refletem o sinal para os lares e “celu-lares” de cada um. Coloquei um tracinho em celulares porque passaram a ser o lar de quase toda a humanidade, substituindo a sala, o jantar, a cama e o sexo... Quando em 2000 voltei do Chile encerrando minha participação num mutirão de cinco indivíduos que destrinchávamos uma série de reclamações contratuais referentes à Mina de Los Pelambres no Chile, entrei de gaiato no projeto que implementava as primeiras transmissões via satélite para todo o Brasil, de norte a sul, leste a oeste, pela Intelig. Digo de gaiato porque me indispus com a diretoria da empresa que me colocou lá por não me quererem dar férias atrasadas e terem dado a um outro individuo porque tinha que voltar ao Chile para apanhar seu cachorrinho, e, aproveitando o ensejo, tiraria suas férias em dia... Como não tinha cachorro, e teria que ser eu ainda por cima a fazer o trabalho dele, e como sou hetero, pedi demissão, não sem antes entrar com atestado médico. Eu estava esgotado. Subir a cordilheira andina uma vez por semana a 3.800 metros de altitude, durante quase um ano, cansa e dá raiva quando não se é compreendido. Quem criou o problema foi um sujeito que dizia: Aqui dividimos tudo! E eu nunca tive nada para dividir. Era motorista de seu próprio carro como qualquer Jarbas de que falam as histórias em quadrinhos.



Mas note-se que o minuto custava para cada empresa – e depois retransmitir aos usuários - a fabulosa quantia [1]de $ 0,0001 Real e passou a ser vendida a cerca de três reais o minuto... Evidentemente que o Ministro das Telecomunicações deve saber quanto custa a cada empresa, das quatro ou cinco que dividem o bolo. Todos os ministros deveriam saber sem poderem alegar que não sabiam.

É este o mercado e a forma como se fazem as transações, e de como influem governos. Por petróleo até se declara guerra ou se perde a cabeça de um governo. E quem se atreve a pedir registro das telecomunicações corrompidas pelos corruptos?  

® Rui Rodrigues  

  





[1] Já incluídos os custos com transportes de satélites via foguetes, linhas de transmissão, etc... 

sábado, 25 de abril de 2015

Quem quer pêssegos grátis de Poraki?




Sabia-se que em algum lugar havia pêssegos grátis... Na verdade não eram grátis, mas o agricultor, riquíssimo, era descuidado...Então, um dia, correu notícia que andavam colhendo pêssegos grátis...Ele ria e achava que era um direito, que todo mundo tinha que ter pêssegos grátis... E assim começou a batalha dos pêssegos...

Hoje, passados 13 anos, a guerra continua porque o agricultor ainda está descuidado. Houve dizer que roubam pêssegos, mas não percebeu que são os seus pêssegos, seu pomar que está sendo invadido e roubado. Ele se distrai vendo partidas de futebol, novelas, shows de prefeituras, carnaval... Passa o ano se "distraindo"... E nem pode imaginar que se antes desses 13 anos roubavam às mancheias, agora enchem malas de carro, caminhões, cuecas, sutiãs e meias.

Com tanta fartura de pêssegos descuidados e disponíveis, hoje até OAB, Juízes de primeiro e segundo escalões, tesoureiros de partidos que repassam os pêssegos ao presidente, Ministros, ministrinhos e ministrecos, chefes de casas e de casos, vereadores, senadores e deputados, empresários sem tradição, gente sem tradução, professores de pitacos e filósofos de barraquinha... São tudo gente a granel que se julga importante e tenta de todo modo dividir os pêssegos. Os trabalhadores do “pessegal” ganham salário mínimo,pagam impostos, não têm acesso à saúde pública, a escolaridade não tem viés nem fies, a segurança é na porta do cemitério para não permitir que outros lhes vão roubar as flores cansadas de tantos enterros... Todos esses diminuem o salário dos aposentados para encherem o tanque do carro com gasolina e saírem furtivamente para roubar pêssegos.


Pêssegos made in “Poraki”.Tão fáceis de roubar, de dono distraído. 


® Rui Rodrigues

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Três tabus à pernada


Sinal dos tempos... Saravá S. Jorge ! Que hoje é teu dia !

Fui no terreiro hoje dar um abraço num São Jorge que iría baixar especialmente para mim no pai de santo do lugar...

Lá no terreiro as cabrochas dançavam e o pai de santo não tinha nem charuto nem cachaça, e o franguinho já depenado tinha uma tabuleta onde se lia: "Este galo era preto" ...
E dentro do tigelão de madeira havia uma pena preta de urubu. Senti vontade de ir embora, mas o pai de santo me chamou e disse:

- Olha meu filho, a maré tá braba. Querem proibir santo de fumá, de bebê, e tá todo mundo ficando lésbico. Cigarro já está mais caro que a erva do diabo. Cachaça a preço de gasolina e das cabrochas que arribavam a saia agora só as veias... E cê sabe que santo é meio esquisito nessas coisa. Mas temos que nos modernizar... Vou botar um saiote em São Jorge...

Foi então até a estátua de S. Jorge, tirou-lhe o manto das costas e passou-o pelos quadris do santo.

A foto é de Portugal!Lá. São Jorge é padroeiro das Forças Armadas, e na Inglaterra também.


Gay é moda também?

Um amigo meu me disse:
- Estamos na década de 60 em relação ao problema Gay...
Não pude deixar de me admirar, porque os progressos têm sido bastantes, e a Globo é praticamente uma emissora para gays nos dias de hoje, e provavelmente com muito orgulho e atualidade
- Na década de 60 - continuou ele - Inteligentes e progressistas eram os que gostavam de Che Guevara, do comunismo, do socialismo, de Fidel Castro, de Jean Paul Sartre, Neruda e admirasse os terroristas... O resto, era taxada de "a direita", e considerada toda burra... Embora a direita quisesse exatamente a mesma coisa que eles queriam: Um Brasil melhor. .A tal "direita" eram os que estavam no poder, que são exatamente os mesmos que hoje ainda estão... Dos daquele tempo, só o Sarney e o Suplicy caíram fora. Brizola morreu.
- E o mundo gay? - Perguntei...
- Então... Está na moda... O resto é direita! E quem não está na moda é homofôbico...
Estou muito propenso a concordar com meu amigo.



A Primeira guerra mundial e a batalha da Flandres

Esta foto é da partida de soldados portugueses para a batalha da Flandres na primeira guerra mundial. Estes são de Castelo Branco... De notar o soldado que se despede da filha ou da esposa... Na Flandres morreram cerca de 2.200 soldados e 2.800 ficaram feridos (portugueses) ... Alguns destes da foto não voltaram
Minha homenagem a todos os que morrem em guerras que jamais precisariam existir... Podiam disputar o que querem numa olimpíada, porque toda a guerra é uma aposta... E sempre alguém tem que perder a aposta.
Somos ainda uma estupidez ambulante muito primitiva"



® Rui Rodrigues