Eu quero,
Rui Rodrigues
Tu queres,
Ele e ela querem,
Nós todos queremos,
Vós quereis,
Eles e elas querem...
Sexo!
Este verbo primordial é na verdade o Verbo da vida, o primeiro ato do começo do principio que nos invadiu os genes, criou hormônios e nos faz cair no desejo. Quando se diz que Deus expulsou Adão do Paraíso, fica-se pensando se o teria feito por ciumes. E começa por sinais inequívocos, sempre sem palavras, em trocas sutis de olhares, pequenos gestos, que, correspondidas, nos fazem disparar o coração, causam ansiedade e gritam pela consumação. A partir daí nada nem ninguém impede a continuação do processo de "amar", um verbo com 7,5 bilhões de interpretações, muitas mais se incluirmos também o mundo animal.
Abraços e beijos são muito bons para a alma, mas os carinhos da alma são muito melhores, principalmente se acompanhados de abraços, beijos, toques e apalpos. Alvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, escreveu um poema intitulado "Tabacaria" (pode ver em http://www.passeiweb.com/estudos/livros/tabacaria_poema). Normalmente havia uma menina em cada tabacaria, mas ela não parece ser o tema principal do poema, embora se "sinta" um toque de feminismo e talvez algo mais, porque o termo "pequena" quando diz "come chocolates, pequena" não se refere necessariamente a uma criança, mas a uma menina já crescida e pronta para o amor, a quem o Esteves lhe teria dado tais chocolates, saindo depois da tabacaria com a mão no bolso (seria troco no que mexia, e nesse caso em moedas?). Creio que Alvaro de Campos expressou um desejo ou aproximação sexual, uma cena de "conquista por chocolates". No mundo do "aqui fora" conquista-se com roupas, pinturas, perfumes, olhares, palavras, poemas, uma miríade de formas para atingir a dadiva de carinhos mútuos, atingir o gozo pleno. No mundo do "aqui dentro" nunca se sabe das intenções, porque elas, as intenções, raramente são iguais durante toda a vida de um individuo, não importa o sexo. As intenções são resultados cumulativos de sensações do dia a dia, em relação a alguém ou qualquer coisa: Podem mudar a qualquer momento, em maior ou menor grau.
Sexo!
Este verbo primordial é na verdade o Verbo da vida, o primeiro ato do começo do principio que nos invadiu os genes, criou hormônios e nos faz cair no desejo. Quando se diz que Deus expulsou Adão do Paraíso, fica-se pensando se o teria feito por ciumes. E começa por sinais inequívocos, sempre sem palavras, em trocas sutis de olhares, pequenos gestos, que, correspondidas, nos fazem disparar o coração, causam ansiedade e gritam pela consumação. A partir daí nada nem ninguém impede a continuação do processo de "amar", um verbo com 7,5 bilhões de interpretações, muitas mais se incluirmos também o mundo animal.
Abraços e beijos são muito bons para a alma, mas os carinhos da alma são muito melhores, principalmente se acompanhados de abraços, beijos, toques e apalpos. Alvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, escreveu um poema intitulado "Tabacaria" (pode ver em http://www.passeiweb.com/estudos/livros/tabacaria_poema). Normalmente havia uma menina em cada tabacaria, mas ela não parece ser o tema principal do poema, embora se "sinta" um toque de feminismo e talvez algo mais, porque o termo "pequena" quando diz "come chocolates, pequena" não se refere necessariamente a uma criança, mas a uma menina já crescida e pronta para o amor, a quem o Esteves lhe teria dado tais chocolates, saindo depois da tabacaria com a mão no bolso (seria troco no que mexia, e nesse caso em moedas?). Creio que Alvaro de Campos expressou um desejo ou aproximação sexual, uma cena de "conquista por chocolates". No mundo do "aqui fora" conquista-se com roupas, pinturas, perfumes, olhares, palavras, poemas, uma miríade de formas para atingir a dadiva de carinhos mútuos, atingir o gozo pleno. No mundo do "aqui dentro" nunca se sabe das intenções, porque elas, as intenções, raramente são iguais durante toda a vida de um individuo, não importa o sexo. As intenções são resultados cumulativos de sensações do dia a dia, em relação a alguém ou qualquer coisa: Podem mudar a qualquer momento, em maior ou menor grau.
As tabacarias estão fechando as portas, enquanto ao ar livre proliferam os pontos de crack e outras drogas. As tabacarias nunca venderam drogas, nem nos tempos do Láudano, um extrato de opio com efeitos sedativos, que era vendido em "pharmácias" como um elixir "maravilhoso" a preços populares. A menina da pastelaria não vende drogas. Vende honestos pastéis, cerveja em lata, refrigerantes, água, e nos dá de presente o seu sorriso e sua simpatia pela qual não pagamos nada. Entre amor e o desejo, o fio ou a superfície de separação é tênue. Por vezes o amor vem depois do desejo, outras vem antes. Amando a menina da pastelaria? Não... Sem a minima chance de dar certo nem por dois dias, sem qualquer tipo de julgamento, mas em função da vida jovem que ela ainda está conhecendo e do meu ciclo de vida que estou em fase de chegada... Mas sonhar não custa, é um prazer por sinal, e pena que não saiba eu versejar como Fernando Pessoa. Far-lhos-ia, dos mais lindos, e que jamais identificaria como a ela dirigidos, não fosse apaixonar-se por mim.
Rui Rodrigues