Arquivo do blog

domingo, 25 de novembro de 2012

Os Espíritos e o Universo – De Stonehenge a Einstein.





O Universo e os espíritos – De Stonehenge a Einstein.

Todas as religiões se baseiam em espíritos. Num continente afastado da civilização por mais de 40.000 anos, como as tribos da América do Norte, esse sentimento da existência de espíritos estava também presente. Faziam suas orações a Manitu, o Grande Espírito. Como atravessaram da Ásia para as Américas há cerca de 42.000 anos atrás, é mais do que provável que tenham levado essa noção espiritual consigo quando passaram pelo Estreito de Behring. Em todos os livros da civilização ocidental se podia ler até há bem pouco tempo atrás, que “com nosso espírito aprendemos”. Na Idade Média muita gente foi para a fogueira porque “falava” com os espíritos – uma aparente contradição, porque para a Igreja Católica, Deus é um espírito – e nas civilizações orientais, os deuses e os humanos também têm espírito.

Stonehenge é produto do povo Celta, que, como sabemos, sempre esteve voltado para o “divino”, as artes, os espíritos da floresta.

Parece que toda a humanidade acreditamos na existência de espíritos. Eu também, por fé. Creio que até a formação deste e de outros universos se deve a uma intervenção do Espírito Divino pela miríade de leis que o regem, tão estritas, tão bem delineadas que interagem entre si, que, buscar uma casualidade como explicação demonstraria uma completa ignorância de uma das principais leis deste Universo: a das Probabilidades. Seria impossível que tantas leis “ocasionais” se juntassem para fazer este e outros universos. Mas, assim como a existência de Deus e de sua essência demonstra divergências de sociedade para sociedade, com muitos cismas ao longo da história, também no espiritismo se questiona a real função do espírito e de suas manifestações. Acreditar para pertencer a um grupo, uma filosofia, uma religião, e adquirir pela adesão dos seus benefícios, pode até ser normal como hábito social, mas não justifica a razão. Crianças ensinadas desde pequenas na religião dos pais é como “fazer a cabeça”, moldar a mente para a aceitação irracional. Fosse Deus adepto do “mérito próprio”, ou seja, o mérito de aceitar porque se está convencido de forma racional, e poucos de nós teríamos tais méritos: Somos ensinados como qualquer animal doméstico a termos um comportamento e uma religiosidade dos quais raramente nos podemos livrar por hábitos e tradições adquiridas desde a tenra idade.

De forma racional, longe de demonstrações e outros sinais que possam ser confundidos com “mágica”, até pelos mais jovens, que sinais temos da existência do espírito, que todas as sociedades, de modo geral, aceitam?

 Nos primórdios da civilização

Mesmo antes de Stonehenge, na idade da pedra lascada, desde cerca de 2.000.000 de anos atrás até cerca de 10.000 anos AC, nossos ancestrais enterravam seus mortos em posição quase fetal, com suas armas e utensílios que utilizavam, e, fato curioso, flores. Sem dúvida que acreditavam em algo “sobrenatural” que permaneceria no entorno do grupo a que haviam pertencido os mortos, mas de forma “imaterial”, talvez num mundo paralelo, ou de mais fácil compreensão, o “espírito” dos mortos manteriam uma “presença” benéfica aos remanescentes. Por isso os enterravam nas próprias cavernas ou em suas imediações. Os ”espíritos” viveriam no ‘além “, um mundo desconhecido, mas uma coisa era certa: era o mesmo espírito que havia habitado o corpo do defunto que não morria. O espírito deveria ser eterno e” protegeria “os remanescentes. É fácil depreender que, assim como o grupo tinha um chefe nesta vida, lá no além deveria haver um chefe maior, o chefe dos espíritos que lhes dava o” alento “, a vida tal como a conheciam. Estavam chegando, ou haviam chegado, à definição, ainda que rudimentar da” essência “de Deus, e, aparentemente, havia pelo menos dois: O que  movimentava o Sol todos os dias e todos os anos, e o que apagava o Sol durante os eclipses.Um era bom, outro era ruim. Suas orações e oferendas tanto podem ter sido dirigidas ao Deus bom para repor o sol, como ao Deus ruim para que deixasse voltar o Sol.
                            
Stonehenge é da idade do bronze, mas construída com pedras e madeira, e foi começada a construir cerca de 3.100 AC, com uma vala circular com 97,34 metros de diâmetro, com uma única entrada. Internamente havia um banco de pedras e uma construção de madeira. O circulo estava alinhado com o por do Sol do último dia de Inverno e com as fases da Lua. Cinqüenta e seis furos externos continham cinzas de corpos humanos cremados. A construção continuou e em cerca de 1.250 AC (novecentos anos depois, veja-se a persistência e a convicção desse povo), foi realocada a construção de madeira no interior, erigidos dois círculos com pedras azuladas. O externo com 35 pedras que pesavam toneladas, sendo que quatro delas pesam quatro toneladas cada e foram trazidas de Gales, a 42 km de distância. Construíram uma avenida alinhada com o sol nascente no primeiro dia de Verão. Em 2075 AC resolveram por lá fazer nova reforma: Derrubaram as pedras (monólitos) azuis e ergueram pedras enormes, agora com cerca de 25 toneladas cada, transportadas do Norte por 18 km. Um esforço muito maior. Precisavam que isso fosse feito. Entre 1.500 e 1.100 AC, resolveram restaurar 60 das pedras azuis. Juntaram essas 60 a mais 19 e, dentro do círculo interno, as dispuseram em forma de ferradura. A partir de 1.100 parece que a estrutura deixou de ser utilizada. Todos os dias 21 de junho, de todos os anos, o Sol nasce sobre a pedra principal em Stonehenge, exata e precisamente. Perto dali existem as ruínas de uma aldeia neolítica, que existiu ativamente entre 2.600 e 2.500 AC: A aldeia de Durrington, situada em Durrington Walls, no Condado de Salisbury, onde foi encontrada uma réplica de Stonehenge construída com madeira.  

Tudo isto não é coincidência, mas uma decorrência da observação da natureza comparada com forças e fatos inexplicáveis por esta originados, de forma repetitiva, ao longo dos anos. Parece claro que para os habitantes e construtores de Stonehenge havia um espírito superior que regia os dois mundos (o real e o espiritual) e os espíritos particulares, dos seres humanos, cada um com as suas características bem definidas, evidentemente em função da imagem e do comportamento em vida. Da observação do comportamento humano surgiria mais tarde Sigmund Freud para dar aos seres humanos o conforto de se sentirem protegidos, capazes, importantes, confortáveis, fortes, tal como nossos ancestrais se devem ter sentido em Stonehenge, há cerca de 5.000 anos atrás.    

De Stonehenge ao advento de Giordano Bruno.

Qual a inteligência e a consciência que existe na matéria do Universo que a faz transformar-se de energia em matéria, e esta se distribuir em galáxias, estrelas, planetas, cometas, preenchendo espaços, destruindo-se para formar novas estrelas, novos planetas, sempre em transformação? Não será isto um tipo de “inteligência” que ainda não detectamos? O Universo em si, mesmo sem a vida tal como a conhecemos, já demonstra, por si só, ter uma inteligência incomparável. Se não fossemos tão inteligentes, poderíamos ter visto há muito tempo atrás, que seria o Universo a ter o título de Rá – como os egípcios num continente ou os Incas em outro, ambos sem comunicação entre si – E não o Sol como estes pensaram. Que entidade ou Deus teria imprimido no Universo, e, por exemplo, que a massa da matéria se transforma em energia numa quantidade equivalente á sua massa multiplicada pela velocidade da luz multiplicada por si mesma? Hoje podemos fazer-nos estas perguntas, mas no tempo da construção de Stonehenge não. Podiam fazer-se perguntas mais simples. O sol era o responsável pela luz e calor e sempre ocupava a mesma posição quando o tempo começava mudar trazendo-lhes o Inverno ou o Verão. Gelos no Inverno e frutas, culturas, vida, no verão. Assim como para carregar uma pedra até Stonehenge era necessário realizar um trabalho usando a força humana, assim também para mover aquela coisa lá em cima, brilhante, que tinha tanto calor que lá de longe conseguia chegar à Terra, seria necessário que “alguém” fizesse esse trabalho todos os dias todos os anos... Só um Deus poderia realizar tal façanha. Mas onde estaria esse Deus invisível? Sabiam que existia, não o podiam ver ou ouvir. Seria um espírito que poderia até estar vendo o que faziam, poderiam ser julgados por seu comportamento. Teriam que fazer-lhe sacrifícios para acalmá-lo, torcer-lhe a vontade para que lhes mandasse invernos amenos, verões normais, comida, alegria, tranqüilidade. Construíram Stonehenge e lhe oraram orações e fizeram sacrifícios. Deus continuou dando-lhes invernos intermitentemente entre terríveis e até amenos, Verões quentes a ponto de queimar culturas, outros normais, mas eles não repararam que Deus não atuava em função de suas orações. Quando tudo era normal, diziam que Deus lhes tinha sido fiel. Um dia chegaram os normandos e invadiram a ilha. Os normandos pensavam de modo diferente.



Poderia a religião ser uma mera função da forma de pensar de uma nação, um grupo étnico? E algum desses grupos pode ter a religião mais certa? Ou Deus é ainda mais diferente do que todos nós pensamos, em qualquer lugar do planeta?

Mas é-nos confortável ir aos templos, encontrar tantos pensando como nós, acreditando num Deus – e o mesmo deus comum pode ser entendido de forma muito diferente de etnia para etnia - todos formando uma comunidade maior que, pelo número, pela quantidade de fiéis, nos sentimos seguros, confortáveis, importantes, com uma função específica, construtora, na Terra.

Foi assim que apareceram religiões por toda a face da Terra como se Deus tivesse imprimido ao Universo, dentre tantas leis, uma em especial: Deus existe num outro mundo diferente deste, intangível, um mundo de espíritos, para o qual poderemos ter acesso em função de nosso comportamento. Grupos assim, coesos numa forma de pensar, têm tido sucesso ao longo da História, mas por pouco tempo relativo. As religiões não duram mais do que quatro a cinco mil anos. Depois apagam-se porque o prometido pelos videntes e sacerdotes, os quais alegam que Deus lhes teria feito tais promessas, não se materializam, não acontecem. É como se “aquele” seu Deus estivesse ausente, fosse inconsistente ou nunca tivesse existido. A humanidade reza mas não consegue mudar-se a si mesma nem o mundo que a rodeia, para aniquilar com os seus problemas fundamentais de existência. Então joga fora os deuses e buscam outros novos.
Quando iremos encontrar Deus, o verdadeiro, aquele que seja comum a todo a humanidade, a todos os povos? Onde estará?

Um dia apareceu na Terra um sujeito chamado Giordano Bruno, dizendo e demonstrando que a Terra é um planeta que tal como tantos outros num universo infinito, gira em torno de um Sol, uma estrela, e não estas que giram em torno de planetas. Foi mandado para a fogueira pela Igreja Católica que também lidava com os espíritos – O Espírito Santo é um deles - sem saber realmente qual o espírito do universo, ou o espírito dos espíritos. Parece que Deus não fala com sacerdotes ou não são apenas estes que entendem laivos da inteligência divina. Deus tem outra linguagem que teimamos em não reconhecer. Basta olhar à nossa volta e entender qual a sua linguagem. 

Entre Stonehenge e Giordano Bruno haviam decorrido cerca de 4.700 anos. O que se aprendera sobre Deus e os espíritos, com tantas religiões espalhadas pelo mundo, todas elas com um deus espiritual?

A partir dos estudos de Hendrik Lorentz e Henri Poincaré.

Henri Poincaré e Hendrik Antoon Lorentz revolucionaram o mundo da física. Em 1895 Lorentz introduziu um conceito novo, para resolver um outro problema: A concepção de “tempo local”. Isto foi em 1904. No ano seguinte, Albert Einstein publicava a sua teoria especial da Relatividade. Lorentz ganhou um prêmio Nobel e vários outros prêmios, através de seus estudos que já desenvolvia desde 1878. Henri Poincaré desde 1881 desenvolvia seus estudos e se juntou a Lorentz sobre a relatividade. Por essa época, Sigmund Freud já expunha ao mundo as suas teorias sobre a mente humana, e é neste cenário de relatividade e mente humana que vive Alan Kardec (1804 – 1869), o fundador do movimento espírita. Estudiosos modernos do Espiritismo já buscam na Física Quântica novos rumos para o espiritismo, que, ou se reforçará, ou sofrerá cismas. Parece que religião e ciência estão intimamente unidas, e, por mais que sacerdotes o possam negar, são frutos do mesmo “espírito”.  

Independentemente de dizermos que esta ou aquela religião estão mais perto do entendimento de Deus, que progressos fizemos para encontrar esse entendimento, se as religiões se fecham hermeticamente em torno de conceitos, associados intimamente à ciência, e dos quais não abrem mão, lendo sempre os mesmos livros sagrados como se estivéssemos vivendo ainda aqueles tempos de ignorância natural? Não será natural que as religiões evoluam na medida em que o conhecimento evolui? Não constatamos que as “verdades” apostas aos livros – interpretando ou não ao “pé da letra”, estão ficando ultrapassadas?

Porém, desde Stonehenge até esta data e ainda mais além, os cientistas foram perseguidos pela Igreja Católica, e no mundo muçulmano a ciência se calou, sofrendo atraso milenar: A ciência descobria a linguagem de Deus, mas os chefes religiosos não evoluíram para entender e julgam que a ciência contesta as palavras divinas. O problema é que as palavras não eram de Deus. Eram de videntes. As provas estão por todos os lados, em muitas das suras, em muitos dos versículos. 

A partir da nova cosmologia de Albert Einstein


Da matéria ao espírito, visto a um microscópio especial, veríamos na medida em que fossemos aprofundando a análise, que uma célula, como, por exemplo, um ovo, é constituído de pequenos órgãos, e que todo ele é composto de moléculas. Cada molécula composta de átomos. Cada átomo de prótons, nêutrons e elétrons, e todos estes, compostos de quarks. Einstein nem sabia da existência dos Quarks, embora se desconfiasse que algo, ainda material, deveria compor estes elementos que os compõem. Higgs, nas últimas décadas, provou que sim, todos os elétrons, prótons e nêutrons são compostos de pequenas partículas, a fronteira entre a energia e a matéria, chamados de partículas de Higgs. Era tão difícil comprovar a sua existência, que lhe chegaram a chamar popularmente “partícula do diabo”, mas por questão de lógica, mudaram-lhe o nome para “partícula de Deus”, por estarem presentes na formação de tudo o que conhecemos. Será esta a última fronteira entre matéria e espírito?


Passando ao campo dos espíritos, nossa fé nos faz ver coisas que podem ou não existir. Fazem parte do mundo da fé, da fé com ou sem razão. Porém, se o campo aberto pela partícula de Deus puder explicar o “espírito”, nova corrente aparecerá nos próximos anos em todas as religiões do mundo. Não há uma só que até hoje explique Deus, ou sua essência, ou o que realmente quer de nós, se até o Sol já está programado para começar a apagar-se em cerca de mais quatro bilhões de anos, e terminar como uma estrela anã branca em mais sete bilhões, depois de ter engolido os planetas Mercúrio, Vênus e Terra, se sem poder mais manter a vida no Sistema Solar.

Temos que encontrar Deus, a salvação, antes, muito antes dos próximos quatro bilhões de anos, e parece que somente conseguiremos isso se todas as religiões esquecerem as divergências e se unirem para agregar entendimento e cooperação entre os povos. Não há nenhuma “melhor” do que a outra.Deus existe, sim, o espírito também, mas não são, ainda, como pensamos que sejam.

A humanidade agradece que continuemos pensando, estudando, descobrindo. 
 Eu me valho das leis do Universo... Morreu acabou-se tudo! É assim em toda a natureza, e ninguém fica por aí aparecendo ao vivo falando por si mesmo... É tudo através de "intermediários" sucessores... Desculpem, mas é minha opinião... Quando me aparecer um espirito falador por si só, que enfrente uma plateia para ouvi-lo, acreditarei em escritores de livros que não precisam comprovar nada 

Rui Rodrigues

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Proteção Solar - Corre humanidade, corre!...



Corre humanidade, corre!...

Algures, em muitos lugares deste planeta, a juventude diverte-se em algum show com artistas populares, amigos e amigas jantam num restaurante ou em suas casas, crianças vão para a escola, adolescentes para as universidades, em algum lugar de nosso planeta algum líder, sem consultar a opinião popular declara ou está em guerra com algum grupo revoltado ou com uma nação, governantes distribuem verbas públicas como acham melhor, veículos se movimentam nos ares, em terra, nos mares, casais de namorados dividem seus momentos, mas nem sempre será assim...

Haverá um tempo em que o Sol que nos proporciona a vida irá crescer milhares de vezes, ficará avermelhado e mais quente ainda, até engolir as órbitas de Mercúrio, Vênus, e tornará a Terra inabitável até a engolir também. Ainda temos cerca de quatro bilhões de anos para pensar nisso, época em que o Sol iniciará seu aumento de tamanho, se nenhuma catástrofe natural não nos aniquilar antes, ou algum governo não decidir iniciar uma guerra nuclear, mas há uma pergunta que temos de nos fazer:

- Teremos tempo, nestes quatro bilhões de anos que nos restam, para prepararmos uma saída e evitar essa catástrofe? Vejamos a seguir:

Ao aumento espetacular do tamanho do Sol, seguir-se-ão explosões parecidas com as de supernovas, que inviabilizarão a vida em Marte, também. Se a humanidade pretende uma solução definitiva para a sua sobrevivência, poderá, entretanto, usar Marte e outros planetas do sistema solar para experiências visando a colonização de mundos futuros, mas deve concentrar a sua atenção em planetas fora do sistema solar que não corram o mesmo rico do Sol em futuro tão próximo. Afinal, logo após as explosões, o Sol encolhera novamente, mas não emitirá luz nem calor como agora. A solução está, portanto, fora de nosso sistema solar. Sob este pressuposto, e com o que temos nos dias de hoje, não podemos esperar nenhum planeta mais próximo do que 4,2 anos luz. Algo como uma distância correspondente a cerca de 40.000.000.000.000 de km. Como nossas naves atuais não atingem mais do que 77 km/s, uma viagem até lá duraria cerca de 50.245 anos... Como nossa população é de cerca de 7,5 bilhões de pessoas, para salvar todas teríamos de construir uma nave gigante onde coubessem todas, em ambiente auto-sustentável e fazer uma viagem só. Sendo assim, teríamos tempo suficiente e poderíamos até dormir sossegados... Não fossem os problemas de termos que, bem antes, preparar o planeta para que possa ser habitado, e não podermos construir uma nave com esse tamanho sem pensarmos em como manter tanta gente viva durante tanto milênios de viagem com controle rigoroso de natalidade... Temos que começar a pensar nessas viagens, porque a possibilidade começa a ficar difícil. E isto nos faz surgir outra pergunta:

- Salvar-nos-emos todos, dos que então habitarem a Terra, ou apenas uma pequena parte? Somos uma pequena nave espacial amarrada ao Sol, sem mecanismo de direção controlável, e está ficando cheia, repleta, transbordante...

Precisamos construir motores mais eficientes e velozes, sem dúvida, e com a velocidade de desenvolvimento tecnológico em que caminhamos, já estamos bem atrasados. Melhor começarmos a pensar numa visita tripulada a Marte para treinarmos – como se fossemos um exército com alvo bem definido - e ao planeta Europa. Através de telescópios, identificar a existência de planetas que estejam a uma distância habitável de sua estrela e tenham a dimensão e composição similares às da Terra. Ao mais confiável, enviar uma nave de exploração. O tempo urge e contrariamente ao numero tão amplo representado pelos quatro bilhões de existência adicional prevista para o nosso Sol, o tempo já é curto.

Fixemo-nos em Alpha de Centauri, o sistema mais perto que existe – imaginando que seja lá o nosso destino – só para vermos o tamanho da encrenca em que já estamos com quatro bilhões de anos de antecipação...

Imaginemos que somos capazes de construir naves com velocidade mil vezes maior, ou seja, que viajem a 77.000 km/s (uma impossibilidade para os próximos duzentos anos). Cada nave levaria cerca de 50 anos para ir e para voltar. Poderíamos construir 1.000 naves dessas? Creio que sim, mas cada uma não poderia levar muito mais do que 100 pessoas, que seriam enviadas aos vinte anos e teriam setenta quando chegassem lá, mas já seriam avôs e avós com uma descendência que atingiria o total aproximado de 200 pessoas com todo o cuidado. As naves teriam que ir e voltar, num ciclo de ‘100 anos, levando de cada vez 100 pessoas. Como somos 7,5 bilhões, levaríamos cerca de 750 anos para salvarmos a todos. Somando a este tempo, o necessário para o desenvolvimento das tecnologias necessárias, e a preparação adequada do planeta, poderíamos esperar algo como uns 1.500 a 2.000 anos para a operação total, na melhor das hipóteses. Seria como ter começado a operação quando Jesus Cristo nasceu e só agora termos evacuado o nosso planeta...

Mas tudo isto é mera hipótese otimista, porque talvez o planeta que buscamos não esteja por lá. Pode estar mais longe do que isso e exigir uma preparação ainda mais longa. E, além disso, conhecemos bem os governos que temos. A continuarem assim, desviarão verbas para onde sempre desejam e os preparativos para a salvação serão negligenciados. Então, premidos pelo tempo, entrarão em guerra para ver quem tem mais direito a um lugar fora da Terra agonizante. Farão seleções, enfrentarão revoltas. O planeta pode “arder” ainda antes de iniciado qualquer projeto de evacuação, e as naves serem destruídas antes de lançadas.

Ou então, darão aquelas soluções improvisadas, de última hora: Enfiam um cérebro num recipiente ligado a suprimento de açúcar, a um rim e a um coração-pulmão artificiais, montam tudo sobre um exoesqueleto resistente ao calor, à corrosão e à pressão, e mandam para o planeta juntamente com uma farta munição de provetas e espermas e óvulos congelados. O cara que se vire por lá, no planeta, para fazer tudo funcionar. Com controle à distância podem até mandar um robô para cuidar da prole de bebês de proveta...
Ou podem fazer alterações genéticas em seres humanos, transformando-lhes o corpo até para voarem, ou com guelras para poderem submergir...

Histórias em quadrinhos tornando-se realidade. Mas se deixássemos a imaginação correr frouxa, não pararíamos por aqui.


Rui Rodrigues

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cada vez mais perto de encontrarmos Deus


Deus e o Big-bang – para físicos, religiosos e leigos


“Penso, logo existo”.


Como poderíamos aceitar que alguma entidade nos proíba ou limite o pensar sem que, imediatamente, temamos por nossa existência?  Que entidades seriam essas que poderiam pensar em limitar-nos o pensamento se elas também “pensam”?

Não é difícil deduzir que, nesse caso, o que existiria seria uma divergência na forma de pensar. Parece ser isso o que acontece em termos de religiões – todas elas – e a ciência. No entanto, enquanto a ciência se apóia em fatos matemáticos, físicos, químicos, e evidencias, seguindo teorias e abandonando-as quando não explicam a nossa existência, as religiões baseiam-se em livros escritos há milhares de anos por pessoas que, a pretexto de terem tido inspiração divina, não tinham os conhecimentos que temos hoje. Mas está em causa, também, a inspiração divina. Afinal, são tantas as religiões que já imperaram na humanidade no passado e que já jazem no pó, e tantas as que ainda existem, cada qual com seus livros sagrados mostrando deuses que dizem ser “único” mas que se interpreta de forma tão diferente, que, excluindo os aspectos sociais de “ter” que fazer parte de uma religião, fica difícil escolher em qual “deus” acreditar, ou que livro sagrado contém mais verdades sobre seja o que for. De modo geral, cada religião se julga melhor do que a outra, assim como nações, regiões, partidos políticos e torcidas de times de futebol.

Chega a parecer, para não se afirmar, que “religião” é um assunto social idiossincrático, transmitido culturalmente, por tradição, cuja adesão se dá desde criança por ensinamentos, não sendo possível a cada criança negar sua adesão por força das circunstâncias.

Têm sido os nossos cérebros humanos, dos que se têm preocupado ao longo dos séculos de civilização, que descobriram a matemática começando pela soma e subtração, a qual serviu de pilar para a descoberta da física e da química. Descobriu-se, e isto é uma verdade insofismável, que todo o universo conhecido se rege por leis físicas e químicas suportadas pela matemática. Admitindo que não houvesse até hoje nenhuma religião e aparecesse um profeta, possivelmente diria:

- Deus fez o Universo por sua vontade, segundo as suas leis da física, da matemática, da química e da biologia, quando provocou o Big-Bang e nele as imprimiu. Depois, para descansar, foi embora e deixou o mundo entregue às suas Leis.

A tradição levaria essa fé por milhares de anos. Adeptos fundariam uma igreja após a sua morte, por fé ou por ambição, e passados anos haveria dissidências e novas religiões se formariam. Apareceriam novos profetas para novas religiões. Pensando num futuro ainda mais distante, estes novos profetas e aquele primeiro seriam considerados ignorantes pela nova leva de profetas do futuro, agora mais instruídos após novas descobertas da matemática, da física, da química e da biologia. As religiões acompanham a ciência. Os magos (físicos) do faraó conseguiram reproduzir algumas pragas iguais às de Moisés. Sacerdotes judeus fizeram curas iguais às de Jesus. Com 80.000 visitantes por mês à gruta de Lourdes na França, ao longo de décadas, apenas 66 milagres foram confirmados, e nenhum deles ressuscitou alguém, refez uma perna perdida em acidente, regenerou os movimentos de tetraplégicos. Em algumas TVs no Brasil escutam-se notícias de “milagres” todos os dias, mas não de regeneração de membros, como se quem tiver uma perna extirpada não faça parte das atenções de Jesus, sendo, portanto descriminados.

E voltamos ao inicio de raciocinar sobre se o Universo faz parte da Obra de Deus ou apareceu por acaso, mas não podemos raciocinar sobre nenhum dos livros sagrados religiosos, mas sobre todos, porque todos interpretam Deus de forma diferente. Sendo assim, Deus, a ser único, não pode ser nenhum daqueles e tem que ser diferente. Não sendo único, temos um grande problema: Quem os comanda e é o Deus dos deuses?


Sendo assim, temos o Big-Bang e um Deus Único – que tem interpretação diferente das que conhecemos – e precisamos definir se o Big-Bang foi ou não uma conseqüência divina ou se poderia ter aparecido por acaso. Não que realmente precisemos, mas acreditamos que seria bom se tivéssemos uma definição. Somos uma humanidade curiosa que gostamos de pensar e, logo, de existir. Se não pensarmos, acreditamos que seriamos iguais aos outros animais que conhecemos, os quais não parecem estar preocupados com a existência e suas causas.

É fato que as leis da física que conhecemos não se aplicam ao primeiro instante do Big-bang. Aplicam-se apenas a partir de algo como 10 elevado a -37 segundos, ou seja, 0,00000000000000000000000000000000000001 segundos. Entre 0 (zero) segundos e este tempo, ou há leis da física que não conhecemos ainda, ou foi nesse período, ou antes, que Deus teria dado origem ao Big-bang ou o adaptado para que pudesse conter vida tal como a conhecemos. Se o Universo não tivesse sido criado para a vida, seríamos uma conseqüência aleatória de suas leis, e teríamos outro grande problema: Deus existiria, mas nossa existência não teria sido por sua opção determinada. Deus teria intervido na formação do Universo e depois se teria retirado, deixando-o entregue a suas próprias leis que tudo comandam por si só. 

Mas apenas esta forma simplista de analise não basta para definir se Deus interferiu ou não no Big-bang, ou para determinar se Deus existe ou não. Temos que nos debruçar sobre as leis da física, da matemática, da química, da biologia, e, principalmente, nos fixarmos na quantidade de leis que sabemos hoje serem absolutamente válidas neste universo.

A pergunta é: Que fatores determinariam um universo com tantas leis interligadas, que explicam, definitivamente, o Universo em que vivemos? O que a teoria das probabilidades nos diz é que, quer em função da “densidade crítica” do universo que no inicio do Big-Bang se aproximou de 1 (um) com incríveis 15 casas decimais, quer pela totalidade daquelas leis existir e interagirem de forma a explicar este universo, a probabilidade de existir o Universo e conter a vida que contém, seria como tentar equilibrar um lápis apontado em pé sem o segurar. Poderíamos ficar a vida inteira tentando e não conseguiríamos.


Diz a Física quântica que o falso vácuo – de onde surgem os universos - é metastável, isto é, seu tempo médio de vida é tão curto, que se esperarmos alguns segundos veremos um big-bang aparecer, mas isto nos remete exatamente para o ponto original com umas perguntas adicionais:

- Estaria Deus no falso vácuo, teria Deus feito o falso vácuo, ou o falso vácuo é parte de algo ainda muito maior?

Ainda que não tenhamos a certeza da existência de Deus – afinal ainda não O vimos ou  ouvimos – acreditar em sua existência é absolutamente plausível. Mas já podemos ter certeza, também absoluta, que somente por acaso alguma das religiões que conhecemos O tenham descrito como realmente deve ser. E a probabilidade de o ter descrito exatamente é tão pequena ou ainda menor do que a probabilidade de um big-bang dar origem à vida tal como a conhecemos.

Rui Rodrigues





terça-feira, 20 de novembro de 2012

O empacotador de lembranças do Mali



O empacotador de lembranças do Mali

Modibo Keita não acreditava na sorte nem em seu meio-irmão, o azar. Um dia, em 1961, caminhando ao lado de seu camelo pelas areias que levavam a Tombuctu encontrara uma ferradura. Nessa época tinha oito anos e ia com sua mãe e seu pai à cidade para fazerem compras. Apanhou a ferradura e jogou-a fora imediatamente porque “sabia” que jamais teria um cavalo. Sua família sempre fora mais ou menos pobre, dependendo do tempo, dos ventos do deserto e do rio Níger. Teriam que ir pelo menos uma vez na vida a Meca, mas jamais teriam dinheiro para a viagem, e Meca ficava muito longe. Tinha certeza que nisso falharia com Alah. Por isso a ferradura não lhe iria servir. Seu pai que o vira apanhar e jogar fora a ferradura, parou o seu camelo, foi até ela, apanhou-a, passou-lhe os dedos para retirar uns pequenos e soltos grãos de areia e disse-lhe que talvez um dia precisassem dela. Guardou-a carinhosamente no saco de algodão colorido que a mulher tinha tricotado para ele.

Modibo Keita tinha apenas oito anos mas já percebia quando uma pergunta podia deixar alguém encurralado, procurando forma de responder de forma superior e inquestionável, sem contudo o conseguir. Sabia que quando se fazem perguntas dessas a um superior ou a um pai, se ele tiver resposta, ficará orgulhoso e com ares de superioridade, mas se não tiver, criança sempre fica arriscada a apanhar. Mulheres não podem perguntar nada. Aprendem desde crianças a não perguntar. Os que falam em nome de Alah e dizem que o interpretam, não permitem que se pense e muito menos às mulheres que os parem. Mesmo assim perguntou:

-O senhor já foi a Meca, Pai?


Como esperava, a resposta demorou a vir. Contou as passadas do camelo desde que fizera a pergunta até obter a resposta. Na sexta passada o camelo começou a evacuar. Na oitava passada o pai respondeu-lhe.

- Quase que fui, meu filho, mas as despesas com o teu nascimento foram muitas e não pude ir. Alah vai entender se um dia eu não puder ir a Meca. A vida está muito difícil, e o que vendo mal dá para pagar a comida e os impostos. Quando os franceses andavam por aqui, de 1855 até 1960, ainda havia alguns postos de trabalho bem pagos. Depois que saíram os impostos aumentaram, houve mais empregos porque o governo os distribuiu entre amigos, mas cada vez mais mal pagos. Um dia me ajudarás a ir a Meca. Iremos juntos. 

Modibo Keita pensou na mãe. A mãe jamais iria a Meca, e se os heróis iam para o Paraíso onde encontrariam sete virgens à sua espera, pensou que se tivesse nascido mulher e quisesse ir para o Paraíso teria que ser virgem até o final da vida. Não havia outra forma de uma mulher ir para o Paraíso, nem sua mãe que tanto amava.

Lembrar-se-ia, no futuro, desde momento porque era importante, e tudo o que era importante Modibo Keita guardava em pacotes que carregava ao longo do tempo. A importância deste pequeno pacote eram a lembrança de seu bom pai, de sua boa mãe cujas ponderações só eram ouvidas no lar e entre as amigas, mas jamais de viva voz nas ruas. Se futuramente algo mais acontecesse relacionado com isto, acrescentaria a este seu pacote de lembranças.

Modibo Keita cresceu. Aprendera na escola que seu país já fora o mais rico de África, o maior de todos os Impérios medievais africanos, nos séculos XIII e XIV. O Império Mali.  A riqueza se fez pelo tráfico de escravos, ouro, sal, peixe, cobre, couro de animais, noz de cola e cavalos. O maior território imperial, maior ainda do que o Império de Gana ou Songhai. Dizem que o grande Imperador Mansa Mussa, que trouxe o islamismo para o Mali, em sua peregrinação a Meca levou cerca de 15.000 homens e cem camelos carregados de ouro. Naqueles tempos conviviam muito nem com cristãos e judeus. Depois veio o declínio por causa dos descobrimentos portugueses que lhes tomaram o comércio, e o golpe de morte por ataque marroquino que desfez o Império no século XVI. Depois vieram os franceses que ficaram de 1855 a 1960. Com estes até havia algum emprego que era distribuído pelos mais amigos do governo e os “mais crentes ou fiéis seguidores do Islã”, mas havia alguns aspectos que não estavam muito claros, e de vez em quando a fé batia de frente com a justiça.

Este passado de glória de suas origens Modibo Keita também guardou num pacote especial que sempre carregava consigo. Sabia que o Mali jamais voltaria a ser um Império, a ser rico como foi no passado. O que fizeram eles, com o dinheiro, os que dão ordens e dizem que religião seguir e como interpretar o que diz Maomé ou Alah? Acaso são essas vozes de Maomé ou de Alah? Gastaram em pompas e nada fizeram pelo povo que continua até hoje com muita fé e poucas condições de sobrevivência, porém fiel, sempre fiel, como se aprende na Universidade de Sankore, a Mesquita. Este era um pacote inesquecível.



Sua mãe falecera há pouco tempo. Tinha poucas conversas com sua mãe, o que lhe tornara a educação desbalanceada. Felizmente, em meio a tanta dor de a perder, ela não assistira nem ouvira notícias da localidade de Aguelhok, ao norte do Mali: um casal amigo de Modibo Keita tinha resolvido viver junto sem serem casados.  Invejosos e extremistas que só entendem de Maomé e Alah o que desejam entender, apedrejaram o casal até a morte. Modibo imaginou se tivesse sido com sua mãe. Era impossível que um deus bom como Alah e um profeta como Maomé determinassem, eles mesmos, um castigo como esse. Modibo tinha certeza que entre as mãos que seguraram e atiraram as pedras havia muitas cujas cabeças a que pertenciam não concordavam com o apedrejamento, mas tinham que mostrar que eram fiéis: Fidelidade de conveniência, frustração de não poder reclamar sem castigo e sem perder o apoio da comunidade: Os líderes mandavam, impunham, mesmo contra o Corão, mas se julgavam sempre certos. Isto acontecera no Norte do Mali tomado por extremistas do Islã, ligados ao grupo Al-Qaeda, ao qual pertencera Osama Bin Laden. Este grupo destrói a história e os monumentos do Mali. Destrói a fé de seus habitantes. Destrói lares e vidas. O casal, como Modibo sabia, não fazia restrições a ter filhos. Ela provavelmente estaria grávida. Os bons se vão no Mali, gente ruim fica. Gente ruim não deveria herdar o mundo, mas normalmente dominam pela força, procriam e têm descendência. Gente fiel perde a vontade de construir uma nação, em meio tão hostil.


Modibo não sabia onde colocar este pacote de lembranças: Se na sua fidelidade ao Corão, ao governo, a seus pais, à humanidade, ou ao povo Mali. Resolveu colocá-lo em um espaço especial, como num corredor onde busca lembranças sempre que precisa comparar alguma coisa, algum fato, julgar com justiça, abre a porta correspondente e entra. Guardaria juntamente com as lembranças de seus amigos tuaregues, alguns deles - do lado errado-  a serviço dos extremistas da Jihad.

Modibo tinha um computador escondido, configurado na Costa do Marfim e uma máquina fotográfica digital. Conhecia a Internet e a Primavera Árabe. Só precisava recarregar as baterias de seu computador portátil e as pilhas recarregáveis da máquina fotográfica. Juntou todos os seus pacotes empilhados ao longo dos anos, seu camelo, e partiu para o campo de batalha. Daria a conhecer ao mundo o que se passava no Mali, o que faziam com sua gente, e como é falha a justiça dos homens que falam em nome de seus deuses e profetas. São esses mesmos os que menos condições têm de ouvi-los. Modibo Keita levaria ao mundo a palavra da verdade.

Rui Rodrigues

  











domingo, 18 de novembro de 2012

O Universo - fácil de entender




A melhor forma de compreendermos o Universo parece ser por sua característica maior: a imensidão “infinita”. Sem noção de distâncias, ou de sua geometria, fica um pouco incompreensível. Então para entendermos “onde” estamos, sem nos preocuparmos muito com o “porquê”, vamos lá...

Modificando os nossos sentidos para se poder entender este Universo

Sabemos, como o auxílio da Física Quântica, que existe uma uniformidade no Universo desde os primórdios de sua existência. Como começou como uma ínfima esfera de energia, com leves rugosidades, essa forma da geometria se manteve ao longo de sua expansão exponencial até os dias de hoje. A primeira conclusão, portanto, é que o universo deva ser “redondo”. Mas como não é, temos que modificar os nossos sentidos para podermos entender quando o “redondo” deixa de ser redondo e passa a ser tão quase plano que o consideramos como plano. Na imagem podemos avaliar uma fase do universo inicial mostrando uma “esfera”, e uma fase mais avançada em sua expansão, onde o perímetro começa a assemelhar-se a uma reta. Com um raio infinito, em qualquer posição que nos pudéssemos colocar em seu perímetro, o veríamos como uma superfície absolutamente plana. 


Como este conceito da geometria do universo é muito importante, poderemos entendê-la melhor se nos imaginarmos “caminhando” em todas as direções sobre a “borda” do Universo... Indo em qualquer direção de norte a sul, de este a oeste, encontraremos sempre uma reta (na verdade encontraremos uma “onda” composta por diversas “ondas” cuja aparência podemos assemelhar a uma reta).
  
O Universo não tem um centro, o que agora se pode entender melhor, porque se encontramos uma reta no seu limite, em qualquer direção que se caminhe, onde fica o centro? O “centro” fica em qualquer lugar. Mas vamos ainda entender melhor: Imagine que está em qualquer lugar do Universo e imagine que ele se contraísse a uma velocidade fantástica – de modo que tivesse tempo para ver – e olhasse em qualquer direção enquanto ele se contraísse. O que veria? Veria o Universo desabar em sua direção, desabando de todas as direções, como se você estivesse no centro, mas repare que isso é válido em qualquer ponto que estivesse, mesmo sendo perto das bordas... Interessante, não e? Sem modificarmos a nossa forma de olharmos ou imaginarmos o Universo, não podemos entender como ele é. Pense um pouco sobre isto, feche os olhos para “ver” melhor com sua imaginação, antes de passarmos para o próximo ponto.


 A composição do universo




Até 300.000 anos após o big-bang não havia luz. Somente a partir deste tempo os átomos se formaram e o Universo se tornou transparente, mas as bordas já estavam a uma distância de cerca de 900.000 anos luz. O que é um ano-luz? É a distância que a luz percorre durante um ano. Como a velocidade da luz é de 300.000 km/s (aproximadamente), um ano luz, medido em quilômetros, é de 9.460.730.472.580,8 quilômetros. Como é impossível que a luz viaje a mais do que este valor de 300.000 km/s deduz-se que aquela primeira luz que se formou quando o universo tinha 300.000 anos de existência, ainda não chegou até nós, e por isso, quando olhamos o céu à noite, o vemos escuro. Não fosse a expansão exponencial do Universo, o céu inteiro, mesmo à noite, seria hoje mais brilhante do que o Sol ( o mesmo se aplicaria se o universo existisse há um tempo infinito e não tivesse tido um começo a partir do qual se conta o tempo).  A figura mostra as etapas da expansão do Universo e indica alguns aspectos de distribuição e surgimento de fenômenos. Em vez de dizermos que o Universo tem um “raio” de uma esfera, com mais propriedade se pode falar em “horizonte de luz”. O horizonte de luz nos dá a idade do Universo em anos. Atualmente o horizonte de luz está a cerca de 14,5 bilhões de anos luz. A idade do universo é de cerca de 14,5 bilhões de anos!

Mas já que falamos em horizonte e luz, quando esta é absorvida por buracos negros, cuja forte atração gravitacional os desvia para o seu interior quando passam suficientemente perto, o horizonte se anula e o tempo pára. No interior de buracos negros não existe tempo e nada escapa de seu interior, nem a luz. O tempo começou a ser contado no inicio do Big-bang. Stephen Hawking provou que buracos negros evaporam ao longo do tempo, em processo lento. Buracos brancos seriam buracos negros cuja existência fosse passada em filme, ao contrário, da frente para trás no tempo: Nada entraria nele e expeliria matéria de forma contínua. O big-bang seria produto de um buraco branco. Não há certeza disto, mas a idealização é coerente.

As quantidades contidas no Universo visível são fantásticas, mas não podemos esquecer que o universo total é pelo menos 10 elevado a 23 vezes maior do que a parte que vemos atualmente, ou seja, 100.000.000.000.000.000.000.000 vezes maior.  No universo observável existem cerca de 3 a 7 × 1022  de estrelas, ou seja, 30 a 70 bilhões de trilhões de estrelas, organizadas em cerca de 80 bilhões de galáxias. O número de átomos do Universo observável, alcança a cifra aproximada de 10 elevados a 80... Como não considerar que haja vida em muitos e muitos lugares do universo se sabemos que mantém uma determinada uniformidade?

O universo inicial, até cerca de 300.000 anos após o big-bang,  apresentava características de plasma, depois passou a gasoso e finalmente se formaram  galáxias, estrelas, planetas. Das estrelas que explodiram, porque todas as estrelas têm uma vida média, foram espalhados pelo universo átomos de elementos mais pesados, gerados em seu interior, como o ferro e o carbono por exemplo. Nós, seres humanos, somos perfeitas “unidades de carbono”  com cerca de 80 % de água em nossa composição.

Sobre as distâncias

A luz do Sol demora cerca de oito minutos para chegar à Terra. Quando vemos o Sol, o vemos, sempre, como era há oito minutos atrás. Imaginando que o Sol pudesse acabar de repente – isso apenas ocorrerá dentro de cerca de quatro bilhões de anos e não será de repente – só poderíamos saber que havia desaparecido oito minutos depois. Ao olharmos o Universo com nossos olhos e com telescópios, como o Hubble o vemos como era há milhares, milhões, bilhões de anos atrás (dependendo da profundidade de alcance da visão ou do telescópio) porque essa é a luz que nos está chegando. Não confundir com a radiação cósmica de fundo, uma emissão de microondas presente em todos os lugares do universo e que datam do inicio do big-bang, demonstrando a sua uniformidade, e explicando porque as suas propriedades existem em todo ele. A radiação do big-bang está presente em todo o Universo. Grande parte da luz ainda vem a caminho. Parte do que vemos ao olhar o céu, já não existe, e mesmo que exista, não será como o vemos.  


 
Neste vídeo da NASA (ver link [1]) pode ver-se uma galáxia muito jovem identificada como MACS0647-JD. A imagem mostra-a como era 420 milhões de anos após o Big-Bang. Ela é do tamanho de pequena fração de nossa Via Láctea. Atualmente é candidata ao objeto mais longe observado.

Também por curiosidade o planeta fora do sistema solar, mais próximo, está a cerca de quatro anos luz e sua órbita ao redor da estrela Alpha de Centauri é de apenas 3,6 dias. Muito rápida, provavelmente, e muito perto da estrela, para conter vida tal como a conhecemos (ver em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/10/121017_planeta_alpha_centauri_rw.shtml )

Video recomendado : http://www.youtube.com/watch?v=jaHGvcE6KEA&feature=related

Rui Rodrigues




Jacó e Farid discutindo o Oriente Médio





Discutindo o Oriente Médio


Foi num dia de sol, depois da praia e depois do banho, quando se sente o deslizar da camisa lavada e cheirosa por cima da pele meio queimada pelo astro rei que, ao entrar no Bar do Chopp Grátis, reparei que todos os fregueses concentravam os seus olhares e suas antenas auriculares para uma mesa em especial. Nela, dois indivíduos conversavam animadamente, já meio “tragueados” com as bebidas e drinques que Leila Rabitt, a nossa bela atendente, lhes servia. Leila era a coelhinha que mais vendia bebida. Também, pudera, com um rabinho daqueles, uma meia arrastão preta, e uns peitos de amamentar marmanjo, era impossível não dizer sim a outro drinque toda vez que ela via os copos meio vazios e perguntava se queriam mais. Todo comércio é uma ilusão, porque sempre se procura valorizar a mercadoria para vender mais caro. É o famoso “valor agregado final”, aquele que define a mercadoria no imaginário do cliente. Cuidado ao comprar qualquer coisa e esqueça a propaganda. A política, também. Nunca esqueça.

Fui até o balcão para ver o movimento do caixa e tomar o meu remédio diário. Para certas coisas, como trabalhar, por exemplo, num ambiente daqueles, cheio de bebidas de até dar nojo, é impossível não tomar um trago antes de enfrentar o batente. O movimento estava normal, ou seja, muito bom. Em vez de um chopp, tomei um Bourbon seco, sentindo descer como pára-quedas de seda em meio a um ar puro e transparente de verão. Quando pousou no estômago deu uma ardida, mas assim estava muito bem. É o que se espera de um Bourbon. Árabes não gostam muito de bebidas, ou gostam mas não podem tomar por assuntos religiosos. Aqueles dois, lá na mesa, tomavam. Um era judeu e o outro árabe, já idosos. Os sotaques eram inconfundíveis naquele Rio de Janeiro cosmopolita, social, internacional, onde a paz só é quebrada por ação de bandidos e traficantes bandidos.

- Não, Jacó! Desta vez não vai ser assim! (disse convicto seu Farid, dono de uma loja de biquínis na Saara) - Agora o Irã ter bomba atômica. Eu não gosta de guerra, acha uma besteira que num resolve nada, mas Irã ter bomba. Agora buraca mais embaixo.

- Seu Farid (cortou Jacó) - Isso não ter mínima importância. Já ouvir falar em “Seals”, aqueles comandos preparados para tudo? Eles já estão no Irã camuflados, esperando para explodir as instalações.

- Não duvido nada, seu Jacó – Mas a primavera árabe mudou e não se sabe para que lado. Imaginou todos os países contra Israel? Nem quero pensar. Tenho muitos amigos israelenses como você aqui em Brasil. Tenho sim, se tenho... Que acha se acontecer isto?

- Quando entra em guerra nunca se sabe, nada ser garantido... Mas ver guerra do independência de Israel, a guerra do Suez, guerra dos seis dias, guerra do Yom Kipur, guerra do Líbano... Mundo árabe sempre perder. Não saber porquê, mas sempre perder. Parece haver uma raiva incitada por líderes políticos e o povo vai atrás, seu Farid... Porque não vivem bem como nós aqui no Brasil?

- Acho que são os líderes, você ter razão, Jacó! Não aprendem...Líder político não sabe nada, nunca, das coisas da vida. Ou sabe, mas não estar interessados. Não ganha dinheira com isso... Mas política lhes da dinheira, ajuda internacional.  Que acha de plebiscito a povo a perguntar se quer guerra, sem os políticos, claro...

- Olhe, seu Farid, isso era ideal, mas líderes não fazer isso porque perder apoio, não impedir soltar foguetes contra Israel. Não se convencer que Israel é uma nação e vai ficar por lá. Poder unir-se todos contra Israel e Israel vencer. Poderia ser guerra mundial, mas não vão se juntar países todos, não. Líderes políticos não deixar. Mandar representantes dar recado. Só Irã que pode não escutar líderes do mundo.

- Diga uma coisa a Farid, seu Jacó. E se Irã declara guerra a Israel?

- Ahmadinejad ser louco, mas não ser burro. Só entraria em guerra se fossem todas nações árabes. Só o Irã, Israel não precisa de ajuda, e ele sabe disso. Vai que alguém diz que Irã já tem bomba ... Olha o perigo aí... Sabe? Vou pedir mais uma e vou embora. Vou à praia apanhar um pouco de sol e caminhar no calçadão. Vem comigo, Farid?

- Vou sim... Tomar gole e vamos.  Turquia de que lado, Jacó?

- Hum... não saber, mas a ter que ficar de um lado seria da Europa, crer, de Ocidente... Mas não acredita. Fica neutra, para segurar neutralidade de outros, como Iraque e Afeganistão, conter Irã.

- Diga uma coisa a Jacó, Farid.. Ainda sai com aquela morena gostosa ?

Farid riu, e comentou: - Aquela Farid não deixa mais. Não pode perder um coisa daquelas... Tira o olho, Jacó, que essa é minha!!! 


Tomaram o ultimo gole, pagaram a conta, e lá se foram os dois conversando sobre a seleção brasileira discutindo sobre a permanência do Mano Menezes na seleção. Ambos concordam que Mano Menezes não é o indicado para dirigir a mais famosa e melhor seleção do mundo do futebol.


Rui Rodrigues


Para eventual consulta:

sábado, 17 de novembro de 2012

O Oriente Médio – passado, presente e futuro de crise existencial




O Oriente Médio – momento atual e futuro.

(Para melhor compreensão, recomendamos ler atentando para os aspectos do território da Palestina e de sua ocupação por judeus e palestinos).


A - Um pouco de história

Temos mais certezas em afirmar se foi o ovo ou a galinha que nasceu primeiro, do que em afirmar quem cometeu o primeiro ataque na história: se os palestinos ou os israelenses. Seria necessário consultar jornais da época que nem foram escritos. No entanto a Bíblia indica claramente lutas entre judeus e “filisteus”. Sem um documento histórico de igual porte do lado filisteu, ou palestino, a isenção obriga a não tomar partido sobre quem iniciou o quê. Nem seria necessário conhecer um pouco de história para definir o momento atual e fazer projeções para o futuro, mas como este conflito se arrasta há milênios, pelo menos um pouco do passado é conveniente trazer até o presente de forma resumida.

Ao que tudo índica, Filisteus e Judeus entraram em guerra logo após a volta de Moisés e seu povo do Egito para tomar posse da terra de Canaã, que a conquistou sob comando de Josué. Os judeus tinham chegado à região por volta de 4.000 AC, originários dos Caldeus, cidade ou arredores de Ur. O patriarca Abraão veio de lá para a região da palestina cerca de 1800 AC. As dificuldades levaram o povo judeu a emigrar para o Egito cerca de 1.700 AC.


1.      A primeira diáspora judaica refere-se ao ano de 586 AC, quando Nabucodonosor II do império babilônico invadiu definitivamente o reino de Judá, destruindo a cidade de Jerusalém e o templo de Salomão, mas na realidade tinha começado bem antes, em 722 AC quando o reino de Israel foi destruído pelos Assírios e as dez tribos de Israel foram levadas cativas. A tribo de Judá passou a pagar altos impostos para não ser também invadida. Pode ser que, ao preencher o vazio deixado pelas tribos de Israel, o povo palestino se tenha achado um pouco ou totalmente herdeiro das terras e propriedades. Note-se que entre 977 e 830 AC houve um cisma entre as tribos de Israel, dividindo-se o reino em dois: A reino de Judá e o reino de Israel.

2.      De notar que o termo Palestina significava uma região do oriente Médio e não um povo ou uma nação. Os assírios chamavam esta região – não muito bem definida – como “Palastu”. Os gregos chamaram-na de Philistia, porque nessa região viviam os filisteus que constam como povo identificado na Bíblia.  Embora se diga que são da mesma família genética, o povo palestino não é semita. Mais provavelmente é originado de Creta de onde partiram os “povos do mar” a que se referiam os egípcios que os chamaram de “Prst” e que se estabeleceram na faixa de Gaza cerca de 1.200 AC.

3.      Em 537 AC, Ciro, dos Persas, depois que dominou os babilônios, permite a volta do povo judeu a suas terras, juntando-se aos que nunca saíram de lá. Talvez por esta época se tenha reforçado a dissensão entre palestinos e judeus porque as terras teriam que reabsorver o povo emigrado. Entre 520 e 516 AC o templo de Salomão é reconstruído. 

4.      Em 322 AC, Alexandre, o Grande conquista a Judéia, que em 140 AC reconquista a independência, mas em 63 AC, Roma conquista os territórios daquela área do oriente Médio. Em 70 DC, porém, novamente o templo de Salomão é destruído, desta vez pelos romanos, e o povo judeu foi novamente expulso de suas terras. Voltariam apenas em 1948, e já veremos como, mas muita coisa aconteceu nesse espaço de tempo.

5.       Entre 324 DC e 638 DC A região ficou sob o domínio do Império Bizantino, “herdeiro” do Império Romano. Em 614 a região cai sob o domínio dos persas Sassânidas e em 638 toda a área do Oriente Médio fica dominado pelo império árabe muçulmano. Entre 1517 e 1917 o Império Otomano domina toda a área. A partir de 1880 judeus começam a migrar para a os territórios perdidos começando a comprar terras.

6.      Entre 1914-1918, na primeira guerra mundial, o Império Otomano, que apoiava a Alemanha, é invadido por povos árabes e pelos aliados, perde a guerra e as terras que ficam divididas e disponíveis para a formação de um novo estado. Exatamente em 1917, numa partilha entre os aliados, a parte sul do Império Otomano foi entregue à Grã-bretanha (Jordânia e Palestina [1]) e a França (Líbia e Síria).

7.      Em 1923 a Grã-Bretanha divide a sua zona em duas partes separadas pelo Rio Jordão, sendo permitido ao povo judeu apenas cerca de 25% daquele território, na zona costeira, a oeste do rio. Os árabes do local rejeitam e o problema é levado para as Nações Unidas em 1947, dois anos após o final da segunda guerra mundial em que o povo judeu sofreu os horrores do holocausto. Através da resolução 181, as Nações Unidas dividem os 25% do território num estado árabe e outro judeu. A 14 de Maio, e não havendo dúvidas sobre a resolução, o povo judeu, através de seu representante Ben Gurion, declara a fundação do Estado de Israel obedecendo às fronteiras estabelecidas na resolução das Nações Unidas.

8.      Inconformados, os povos árabes atacam o estado de Israel iniciando uma guerra que evidentemente imaginavam ganhar. O risco foi maior do que o esperado e perderam territórios que agora reclamam.

É fácil verificar que, para quem é judeu ou simpatizante, a razão está com Israel. Para quem é Palestino ou simpatizante, a razão está com os palestinos. Para quem é neutro, são enormes as dificuldades para chegar a um consenso que seja razoavelmente justo, mas todos, certamente, esperamos que estas desavenças tenham um fim urgente, porque elas representam um perigo para a região, uma instabilidade para o mundo, perigo de se derramar sangue mais uma vez, sem se chegar a um consenso por mais milênios.


B - Fatores subjetivos

A delimitação de fronteiras e a convivência pacífica não se resumem a estabelecer mapas e assinar contratos para definir os direitos de cada nação. Há que considerar os aspectos determinantes para uma paz duradoura e considerar seriamente que fatores são determinantes para a instabilidade e que possam ameaçar a paz. 

  1. Quem vive por séculos numa região do planeta, criando seus filhos, desenvolvendo sua pátria, tem direito a constituir uma nação. Infelizmente os mapas são políticos e não humanos. Se fossem humanos, e apenas como exemplo, os curdos no Oriente Médio, os Guajiros na Colômbia, os Bascos na Espanha, os Catalães na Espanha, os Mongóis na China, teriam seu país e seriam independentes. Talvez um dia venham a ser, quando se reparar que a biomassa humana cresceu muito, que as distâncias diminuíram drasticamente com as tecnologias e que castelos e muralhas já não defendem nada. É a força política que determina as fronteiras. É por isso que Palestinos e Judeus têm direito a um lugar no planeta onde possam ter a sua casa, ser independentes. Não há melhor lugar do mundo para eles do que a terra onde nasceram há milhares de anos.

  1. O povo judeu tem sido perseguido há milhares de anos, e por tudo que se lê nos livros sagrados e nos de história, já é tempo de terem seu período de paz e tranqüilidade no mundo. Merecem tanto quanto os demais povos do planeta. Não pelos mesmos motivos, mas pela mesma razão, o povo palestino deve ter sua independência, sua terra.

  1. O temor de se ver ameaçado em sua própria casa ou nação, tem movido grupos, ou governos, ou grupos nos governos, a tomar iniciativas bélicas que apenas se explicam por esse temor. Uma paz acordada em mesas e meses de negociações entre as partes, sem interferências, seria o desejável, porque excluiria dos interesses das partes os que lhes são estranhos.

  1. Deve ser feito um plebiscito, quer no Estado Palestino, quer em Israel, sob supervisão da ONU, de forma a que os cidadãos se pronunciem sem influência de seus líderes, sobre aspectos da paz a ser acordada, porque aqueles influenciam a opinião popular. Como exemplo, se fosse necessário, o povo alemão apoiava [2]Hitler e agora, sem sua influência, longe das SS e da Gestapo, o detesta. Uma convivência pacífica a futuro, não pode depender de líderes de ocasião que representam interesses ou sofrem influência de terceiros.

  1. No acordo entre as partes devem ser estabelecidas clausulas que definam penalidades de parte a parte em caso de ataques, com indenizações correspondentes.


C - Uma proposta razoável dadas as circunstâncias atuais.


Se fosse possível resolver todos os problemas com isenção, e dar um veredicto sobre o assunto, o quadro poderia ser o seguinte:

  • Do passado, merece apenas considerar-se que tanto palestinos quanto israelenses têm direito às terras a que se refere o mandato da Grã-bretanha, posteriormente divididos de acordo com a resolução 181 da ONU, acrescidos das áreas perdidas na primeira batalha da independência de Israel, por risco calculado dos países árabes ao declararem guerra a um povo que imaginavam vencer, recém estabelecido de forma legal na área. Isto serviria de referência para evitar guerras de parte a parte, porque se o fator de declarar guerra e ganhar for determinante, ainda, em pleno século XXI para se conquistarem terras, as guerras jamais acabarão.

  • A título de cooperação e entendimento, não haverá indenização pelos bens moveis e imóveis nas áreas que tenham que ser devolvidas de parte a parte.

  • Ambas as partes reconhecem a completa e definitiva Independência da outra parte.  


D - Os perigos de parte a parte na região. Projeção a futuro.


A Europa foi o lugar para onde os judeus emigraram em todas as diásporas. Como povo empreendedor, transformou-se em fonte de cobiça para os governantes dos reinos que habitaram, e foram perseguidas mais por essa mesma cobiça dos bens que acumulavam do que por questões religiosas. Posteriormente emigraram para os EUA e outros lugares do planeta. Expulsos de suas terras, a humanidade tem uma dívida para com esse povo. Nos dias de hoje, no Oriente Médio, é a nação mais desenvolvida. Sempre atenta com problemas de sobrevivência, tem demonstrado plena capacidade de resposta a ataques. Não se espera nada diferente a futuro, uma vez que o mundo árabe não tem demonstrado um desenvolvimento equivalente. Não que o nobre povo árabe não tenha capacidade, longe disso. O fato pode ser atribuído à importância que têm outros assuntos culturais no quotidiano da vida. Alguns grupos extremistas ou ditadores aproveitam-se dessa idiossincrasia para governarem segundo a sua vontade. Por isso, assim se entendem no mundo ocidental, as causas que originaram a principal causa da primavera árabe: a liberdade para crescer como povo e como nação. Seria frustrante vir a verificar-se que a primavera árabe se transformasse num inverno mortal.

Rui Rodrigues.

Sugerido para eventual consulta




[1] Como se vê, desde os tempos bíblicos os limites do que se entende por Palestina mudaram muito, e nesta definição, na partilha que coube à Grã-bretanha, nota-se que nos termos Síria e Palestina estão inclusas as terras que haviam pertencido ao povo judeu antes da expulsão pelos romanos em 70 DC.
[2] No holocausto morreram mais de seis milhões de judeus, Muito mais do que isso pereceu vítima da Inquisição entre os séculos XIV e o século XVIII, tendo sido perseguidos na Inglaterra, França, Holanda, Veneza, Alemanha, Portugal, Espanha, Rússia, dentre outros.