Discutindo o Oriente Médio
Foi num dia de sol, depois
da praia e depois do banho, quando se sente o deslizar da camisa lavada e
cheirosa por cima da pele meio queimada pelo astro rei que, ao entrar no Bar do
Chopp Grátis, reparei que todos os fregueses concentravam os seus olhares e suas
antenas auriculares para uma mesa em especial. Nela, dois indivíduos
conversavam animadamente, já meio “tragueados” com as bebidas e drinques que
Leila Rabitt, a nossa bela atendente, lhes servia. Leila era a coelhinha que
mais vendia bebida. Também, pudera, com um rabinho daqueles, uma meia arrastão
preta, e uns peitos de amamentar marmanjo, era impossível não dizer sim a outro
drinque toda vez que ela via os copos meio vazios e perguntava se queriam mais.
Todo comércio é uma ilusão, porque sempre se procura valorizar a mercadoria
para vender mais caro. É o famoso “valor agregado final”, aquele que define a
mercadoria no imaginário do cliente. Cuidado ao comprar qualquer coisa e
esqueça a propaganda. A política, também. Nunca esqueça.
Fui até o balcão para ver o
movimento do caixa e tomar o meu remédio diário. Para certas coisas, como
trabalhar, por exemplo, num ambiente daqueles, cheio de bebidas de até dar
nojo, é impossível não tomar um trago antes de enfrentar o batente. O movimento
estava normal, ou seja, muito bom. Em vez de um chopp, tomei um Bourbon seco,
sentindo descer como pára-quedas de seda em meio a um ar puro e transparente de
verão. Quando pousou no estômago deu uma ardida, mas assim estava muito bem. É o
que se espera de um Bourbon. Árabes não gostam muito de bebidas, ou gostam mas
não podem tomar por assuntos religiosos. Aqueles dois, lá na mesa, tomavam. Um
era judeu e o outro árabe, já idosos. Os sotaques eram inconfundíveis
naquele Rio de Janeiro cosmopolita, social, internacional, onde a paz só é
quebrada por ação de bandidos e traficantes bandidos.
- Não, Jacó! Desta vez não
vai ser assim! (disse convicto seu Farid, dono de uma loja de biquínis na
Saara) - Agora o Irã ter bomba atômica. Eu não gosta de guerra, acha uma
besteira que num resolve nada, mas Irã ter bomba. Agora buraca mais embaixo.
- Seu Farid (cortou Jacó) -
Isso não ter mínima importância. Já ouvir falar em “Seals”, aqueles comandos
preparados para tudo? Eles já estão no Irã camuflados, esperando para explodir
as instalações.
- Não duvido nada, seu Jacó –
Mas a primavera árabe mudou e não se sabe para que lado. Imaginou todos os
países contra Israel? Nem quero pensar. Tenho muitos amigos israelenses como
você aqui em Brasil. Tenho sim, se tenho... Que acha se acontecer isto?
- Quando entra em guerra
nunca se sabe, nada ser garantido... Mas ver guerra do independência de Israel,
a guerra do Suez, guerra dos seis dias, guerra do Yom Kipur, guerra do
Líbano... Mundo árabe sempre perder. Não saber porquê, mas sempre perder.
Parece haver uma raiva incitada por líderes políticos e o povo vai atrás, seu
Farid... Porque não vivem bem como nós aqui no Brasil?
- Acho que são os líderes,
você ter razão, Jacó! Não aprendem...Líder político não sabe nada, nunca, das
coisas da vida. Ou sabe, mas não estar interessados. Não ganha dinheira com
isso... Mas política lhes da dinheira, ajuda internacional. Que acha de plebiscito a povo a perguntar se
quer guerra, sem os políticos, claro...
- Olhe, seu Farid, isso era
ideal, mas líderes não fazer isso porque perder apoio, não impedir soltar
foguetes contra Israel. Não se convencer que Israel é uma nação e vai ficar por
lá. Poder unir-se todos contra Israel e Israel vencer. Poderia ser guerra
mundial, mas não vão se juntar países todos, não. Líderes políticos não deixar.
Mandar representantes dar recado. Só Irã que pode não escutar líderes do mundo.
- Diga uma coisa a Farid,
seu Jacó. E se Irã declara guerra a Israel?
- Ahmadinejad ser louco, mas
não ser burro. Só entraria em guerra se fossem todas nações árabes. Só o Irã,
Israel não precisa de ajuda, e ele sabe disso. Vai que alguém diz que Irã já
tem bomba ... Olha o perigo aí... Sabe? Vou pedir mais uma e vou embora. Vou à
praia apanhar um pouco de sol e caminhar no calçadão. Vem comigo, Farid?
- Vou sim... Tomar gole e
vamos. Turquia de que lado, Jacó?
- Hum... não saber, mas a
ter que ficar de um lado seria da Europa, crer, de Ocidente... Mas não
acredita. Fica neutra, para segurar neutralidade de outros, como Iraque e
Afeganistão, conter Irã.
- Diga uma coisa a Jacó, Farid.. Ainda sai com aquela morena gostosa ?
Farid riu, e comentou: - Aquela Farid não deixa mais. Não pode perder um coisa daquelas... Tira o olho, Jacó, que essa é minha!!!
Tomaram o ultimo gole,
pagaram a conta, e lá se foram os dois conversando sobre a seleção brasileira
discutindo sobre a permanência do Mano Menezes na seleção. Ambos concordam que
Mano Menezes não é o indicado para dirigir a mais famosa e melhor seleção do
mundo do futebol.
Rui Rodrigues
Para eventual consulta:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato por seus comentários.