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sábado, 17 de novembro de 2012

O Oriente Médio – passado, presente e futuro de crise existencial




O Oriente Médio – momento atual e futuro.

(Para melhor compreensão, recomendamos ler atentando para os aspectos do território da Palestina e de sua ocupação por judeus e palestinos).


A - Um pouco de história

Temos mais certezas em afirmar se foi o ovo ou a galinha que nasceu primeiro, do que em afirmar quem cometeu o primeiro ataque na história: se os palestinos ou os israelenses. Seria necessário consultar jornais da época que nem foram escritos. No entanto a Bíblia indica claramente lutas entre judeus e “filisteus”. Sem um documento histórico de igual porte do lado filisteu, ou palestino, a isenção obriga a não tomar partido sobre quem iniciou o quê. Nem seria necessário conhecer um pouco de história para definir o momento atual e fazer projeções para o futuro, mas como este conflito se arrasta há milênios, pelo menos um pouco do passado é conveniente trazer até o presente de forma resumida.

Ao que tudo índica, Filisteus e Judeus entraram em guerra logo após a volta de Moisés e seu povo do Egito para tomar posse da terra de Canaã, que a conquistou sob comando de Josué. Os judeus tinham chegado à região por volta de 4.000 AC, originários dos Caldeus, cidade ou arredores de Ur. O patriarca Abraão veio de lá para a região da palestina cerca de 1800 AC. As dificuldades levaram o povo judeu a emigrar para o Egito cerca de 1.700 AC.


1.      A primeira diáspora judaica refere-se ao ano de 586 AC, quando Nabucodonosor II do império babilônico invadiu definitivamente o reino de Judá, destruindo a cidade de Jerusalém e o templo de Salomão, mas na realidade tinha começado bem antes, em 722 AC quando o reino de Israel foi destruído pelos Assírios e as dez tribos de Israel foram levadas cativas. A tribo de Judá passou a pagar altos impostos para não ser também invadida. Pode ser que, ao preencher o vazio deixado pelas tribos de Israel, o povo palestino se tenha achado um pouco ou totalmente herdeiro das terras e propriedades. Note-se que entre 977 e 830 AC houve um cisma entre as tribos de Israel, dividindo-se o reino em dois: A reino de Judá e o reino de Israel.

2.      De notar que o termo Palestina significava uma região do oriente Médio e não um povo ou uma nação. Os assírios chamavam esta região – não muito bem definida – como “Palastu”. Os gregos chamaram-na de Philistia, porque nessa região viviam os filisteus que constam como povo identificado na Bíblia.  Embora se diga que são da mesma família genética, o povo palestino não é semita. Mais provavelmente é originado de Creta de onde partiram os “povos do mar” a que se referiam os egípcios que os chamaram de “Prst” e que se estabeleceram na faixa de Gaza cerca de 1.200 AC.

3.      Em 537 AC, Ciro, dos Persas, depois que dominou os babilônios, permite a volta do povo judeu a suas terras, juntando-se aos que nunca saíram de lá. Talvez por esta época se tenha reforçado a dissensão entre palestinos e judeus porque as terras teriam que reabsorver o povo emigrado. Entre 520 e 516 AC o templo de Salomão é reconstruído. 

4.      Em 322 AC, Alexandre, o Grande conquista a Judéia, que em 140 AC reconquista a independência, mas em 63 AC, Roma conquista os territórios daquela área do oriente Médio. Em 70 DC, porém, novamente o templo de Salomão é destruído, desta vez pelos romanos, e o povo judeu foi novamente expulso de suas terras. Voltariam apenas em 1948, e já veremos como, mas muita coisa aconteceu nesse espaço de tempo.

5.       Entre 324 DC e 638 DC A região ficou sob o domínio do Império Bizantino, “herdeiro” do Império Romano. Em 614 a região cai sob o domínio dos persas Sassânidas e em 638 toda a área do Oriente Médio fica dominado pelo império árabe muçulmano. Entre 1517 e 1917 o Império Otomano domina toda a área. A partir de 1880 judeus começam a migrar para a os territórios perdidos começando a comprar terras.

6.      Entre 1914-1918, na primeira guerra mundial, o Império Otomano, que apoiava a Alemanha, é invadido por povos árabes e pelos aliados, perde a guerra e as terras que ficam divididas e disponíveis para a formação de um novo estado. Exatamente em 1917, numa partilha entre os aliados, a parte sul do Império Otomano foi entregue à Grã-bretanha (Jordânia e Palestina [1]) e a França (Líbia e Síria).

7.      Em 1923 a Grã-Bretanha divide a sua zona em duas partes separadas pelo Rio Jordão, sendo permitido ao povo judeu apenas cerca de 25% daquele território, na zona costeira, a oeste do rio. Os árabes do local rejeitam e o problema é levado para as Nações Unidas em 1947, dois anos após o final da segunda guerra mundial em que o povo judeu sofreu os horrores do holocausto. Através da resolução 181, as Nações Unidas dividem os 25% do território num estado árabe e outro judeu. A 14 de Maio, e não havendo dúvidas sobre a resolução, o povo judeu, através de seu representante Ben Gurion, declara a fundação do Estado de Israel obedecendo às fronteiras estabelecidas na resolução das Nações Unidas.

8.      Inconformados, os povos árabes atacam o estado de Israel iniciando uma guerra que evidentemente imaginavam ganhar. O risco foi maior do que o esperado e perderam territórios que agora reclamam.

É fácil verificar que, para quem é judeu ou simpatizante, a razão está com Israel. Para quem é Palestino ou simpatizante, a razão está com os palestinos. Para quem é neutro, são enormes as dificuldades para chegar a um consenso que seja razoavelmente justo, mas todos, certamente, esperamos que estas desavenças tenham um fim urgente, porque elas representam um perigo para a região, uma instabilidade para o mundo, perigo de se derramar sangue mais uma vez, sem se chegar a um consenso por mais milênios.


B - Fatores subjetivos

A delimitação de fronteiras e a convivência pacífica não se resumem a estabelecer mapas e assinar contratos para definir os direitos de cada nação. Há que considerar os aspectos determinantes para uma paz duradoura e considerar seriamente que fatores são determinantes para a instabilidade e que possam ameaçar a paz. 

  1. Quem vive por séculos numa região do planeta, criando seus filhos, desenvolvendo sua pátria, tem direito a constituir uma nação. Infelizmente os mapas são políticos e não humanos. Se fossem humanos, e apenas como exemplo, os curdos no Oriente Médio, os Guajiros na Colômbia, os Bascos na Espanha, os Catalães na Espanha, os Mongóis na China, teriam seu país e seriam independentes. Talvez um dia venham a ser, quando se reparar que a biomassa humana cresceu muito, que as distâncias diminuíram drasticamente com as tecnologias e que castelos e muralhas já não defendem nada. É a força política que determina as fronteiras. É por isso que Palestinos e Judeus têm direito a um lugar no planeta onde possam ter a sua casa, ser independentes. Não há melhor lugar do mundo para eles do que a terra onde nasceram há milhares de anos.

  1. O povo judeu tem sido perseguido há milhares de anos, e por tudo que se lê nos livros sagrados e nos de história, já é tempo de terem seu período de paz e tranqüilidade no mundo. Merecem tanto quanto os demais povos do planeta. Não pelos mesmos motivos, mas pela mesma razão, o povo palestino deve ter sua independência, sua terra.

  1. O temor de se ver ameaçado em sua própria casa ou nação, tem movido grupos, ou governos, ou grupos nos governos, a tomar iniciativas bélicas que apenas se explicam por esse temor. Uma paz acordada em mesas e meses de negociações entre as partes, sem interferências, seria o desejável, porque excluiria dos interesses das partes os que lhes são estranhos.

  1. Deve ser feito um plebiscito, quer no Estado Palestino, quer em Israel, sob supervisão da ONU, de forma a que os cidadãos se pronunciem sem influência de seus líderes, sobre aspectos da paz a ser acordada, porque aqueles influenciam a opinião popular. Como exemplo, se fosse necessário, o povo alemão apoiava [2]Hitler e agora, sem sua influência, longe das SS e da Gestapo, o detesta. Uma convivência pacífica a futuro, não pode depender de líderes de ocasião que representam interesses ou sofrem influência de terceiros.

  1. No acordo entre as partes devem ser estabelecidas clausulas que definam penalidades de parte a parte em caso de ataques, com indenizações correspondentes.


C - Uma proposta razoável dadas as circunstâncias atuais.


Se fosse possível resolver todos os problemas com isenção, e dar um veredicto sobre o assunto, o quadro poderia ser o seguinte:

  • Do passado, merece apenas considerar-se que tanto palestinos quanto israelenses têm direito às terras a que se refere o mandato da Grã-bretanha, posteriormente divididos de acordo com a resolução 181 da ONU, acrescidos das áreas perdidas na primeira batalha da independência de Israel, por risco calculado dos países árabes ao declararem guerra a um povo que imaginavam vencer, recém estabelecido de forma legal na área. Isto serviria de referência para evitar guerras de parte a parte, porque se o fator de declarar guerra e ganhar for determinante, ainda, em pleno século XXI para se conquistarem terras, as guerras jamais acabarão.

  • A título de cooperação e entendimento, não haverá indenização pelos bens moveis e imóveis nas áreas que tenham que ser devolvidas de parte a parte.

  • Ambas as partes reconhecem a completa e definitiva Independência da outra parte.  


D - Os perigos de parte a parte na região. Projeção a futuro.


A Europa foi o lugar para onde os judeus emigraram em todas as diásporas. Como povo empreendedor, transformou-se em fonte de cobiça para os governantes dos reinos que habitaram, e foram perseguidas mais por essa mesma cobiça dos bens que acumulavam do que por questões religiosas. Posteriormente emigraram para os EUA e outros lugares do planeta. Expulsos de suas terras, a humanidade tem uma dívida para com esse povo. Nos dias de hoje, no Oriente Médio, é a nação mais desenvolvida. Sempre atenta com problemas de sobrevivência, tem demonstrado plena capacidade de resposta a ataques. Não se espera nada diferente a futuro, uma vez que o mundo árabe não tem demonstrado um desenvolvimento equivalente. Não que o nobre povo árabe não tenha capacidade, longe disso. O fato pode ser atribuído à importância que têm outros assuntos culturais no quotidiano da vida. Alguns grupos extremistas ou ditadores aproveitam-se dessa idiossincrasia para governarem segundo a sua vontade. Por isso, assim se entendem no mundo ocidental, as causas que originaram a principal causa da primavera árabe: a liberdade para crescer como povo e como nação. Seria frustrante vir a verificar-se que a primavera árabe se transformasse num inverno mortal.

Rui Rodrigues.

Sugerido para eventual consulta




[1] Como se vê, desde os tempos bíblicos os limites do que se entende por Palestina mudaram muito, e nesta definição, na partilha que coube à Grã-bretanha, nota-se que nos termos Síria e Palestina estão inclusas as terras que haviam pertencido ao povo judeu antes da expulsão pelos romanos em 70 DC.
[2] No holocausto morreram mais de seis milhões de judeus, Muito mais do que isso pereceu vítima da Inquisição entre os séculos XIV e o século XVIII, tendo sido perseguidos na Inglaterra, França, Holanda, Veneza, Alemanha, Portugal, Espanha, Rússia, dentre outros. 

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