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sábado, 10 de novembro de 2012

Fim da Saga. Zeca Vamporra vai em cana !



Zeca Vamporra vai para o xilindró – Já lhe pediram o passaporte!
(ou a Saga de Zeca Vamporra e da tribo de vampiros chega ao fim)

Se não se lembra dos capítulos anteriores que foram escritos antes do julgamento, aqui pode relembrar para não perder o fio da "merdada", lendo primeiro os artigos desde o final desta página. O conjunto perfaz a saga completa.

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Zeca Vamporra é um vampiro muito teimoso. Pediram os passaportes a todos os julgados, mas ele foi o último a entregar o seu, que até deve ser verdadeiro porque deve ter outros falsificados ou conseguidos com seus amigos de exterior.

Ele é o espertalhaço que um dia tropeçou na ambição e caiu na armadilha. Para quem não sabe, o Taumaturgo Bode é um vampiro bigodudo, tanto ou quanto mais ambicioso mas que escolheu a política para se governar, deixando o seu estado natal, o Mangalhão, na miséria, entregue à filha que também é vampira do tipo sanguessuga, espécie xupacabra, sub ordem xupaqualquer coisa... São sarnentos também.

Não ficou claro na primeira vez que Zeca Vamporra falou sobre o sócio mas está claro agora: É o famoso vampiro “Quatro dedos Cachaça”, sócio em maracutaias para dominarem o reino e arredores.  Foi uma vez quando Zeca Vamporra esteve em Cuba - passou um tempo lá – e escutou de Infidel Casto, outro vampiro teimoso, a célebre receita para o sucesso: Disse Infidel Casto:

- É todo mundo corrupto em qualquer lugar. Se usted conseguir roubar o dinheiro, compra todo mundo no congresso. Um dia, muda o regime – como eu mudei depois de Serra Maestra – e o povo não pode fazer nada porque já tem a polícia cuidando, as leis já foram mudadas... Não olvida isto, hein?

E o Zeca Vamporra não olvidou. Deu a dica para o Quatro dedos Cachaça e se incumbiu de agir – sempre na sombra – enquanto o Cachaça ficava como bonzinho mostrando como que a ignorância pode sobreviver numa boa em meio a políticos corruptos e interessados na grana.

Quando a polícia bateu em cima, estava tudo gravado, filmado e já não podia ser negado.

Todo mundo para os costumes... Antes disseram todos que foram presos pela ditadura... Agora não têm essa desculpa. Deveriam ter ficado presos desde a ditadura...

Segundo depoimento, num dia encachaçado de novembro de 2012, de um outro vampiro genuinamente genuíno: Maracus Chequério (não mete vale, só usa cheque) O chefe anda calado, quieto, para não levantar poeira e ver se a justiça o esquece. 

Rui Rodrigues

PS- Lugar de condenado não pode ser na cama, no escritório ou em casa. Isso é para gente boa. Lugar de condenado é nas galés ou na prisão.



 Taumaturgo Bode e Zeca Vamporra



     
Zeca Vamporra, dizem, nunca teve mãe.  Não teve mãe, também dizem, porque se sentia rejeitado por ela. Como andam sempre dizendo, e nunca assumem quem disse, passo adiante: Ele não era filho do pai dele. Era filho de um outro pai, e a mãe não sabia quem era por razões óbvias. Nada de reprovável. O problema é que a mãe sempre o via como “o filho do desconhecido” e não como filho dela. Zeca Vamporra suportava tudo com estoicismo. Um dia provaria que tudo estava na medida certa para ele. Passaria a perna em todo mundo e ninguém notaria. Não é que a mãe dele que era mãe, nunca percebeu que ele a odiava? Se a mãe não percebia, o mundo também não!

Zeca Vamporra era um revoltado, daqueles que aprendeu a esconder a sua revolta para ter tranqüilidade em casa... Sofria mil martírios, sempre calado, desde que conseguisse atingir os seus objetivos. Na escola era medianamente aplicado. Aos 19 anos já era líder estudantil. Não porque soubesse alguma coisa das matérias, mas porque estava na moda reclamar de tudo e ser da esquerda, Tcheísta mais que Fidelista. Socialista não era mesmo. Gostava muito de ouvir o hino da “internacional socialista” e se arrepiava todo. Curtia uma boa vida, desde que paga pelos outros. Não precisava ser “expert” em qualquer matéria. Conhecia as pessoas e sabia do que era capaz.

Um dia trancafiaram o Zeca Vamporra, ao tentar fundar uma espécie de Congresso Estudantil contra a ditadura. Como tinham seqüestrado um embaixador, ele e mais um grupo foram libertados e deportados em troca do político. Chegou até Cuba e fez uma plástica lá. Nunca acreditou que um dia a ditadura acabasse. Não acreditava no seu próprio movimento, nem em Che, nem em Fidel, e tratou de mudar a cara para não ser reconhecido. Mas continuou gostando muito de dinheiro, e de não dar o corpo aos abutres em batalhas. O negócio dele, como profundo conhecedor das pessoas, era gerir. Gerir qualquer coisa.

Foi aí que se perdeu o rastro do Zeca Vamporra.

Dizem uns que morreu na Serra Maestra com o Che. Dizem outros que Zeca Vamporra é falso e que é outra pessoa, e que por isso alegaram a tal operação plástica em Cuba. Outros dizem que foi o Pitanguy que lhe fez a plástica quando visitou Cuba.

Eu não sei de nada.

O que sei é que Zeca Vamporra tinha um comparsa político em ascensão enquanto eram vivos: Taumaturgo Bode! ... O temível Taumaturgo bode. Morreram, ou sei lá, na mesma época. E passaram a agir em surdina. Cada um para um lado. Taumaturgo até lhe facilitou a vida quando por sua influencia aprovaram uns documentos que deixavam o dito por não dito, o passado enterrado sem vencidos nem vencedores, um helicóptero jazendo no fundo do mar com o sujeito que não queria deixar as coisas em banho Maria.

Zeca Vamporra funda então um Partido com um sócio. O sócio, a principio, era muito honesto de princípios, mas o Zeca destruía as bases de qualquer um e disse-lhe.

-Cara... Sem dinheiro não podemos fazer nada. A URSS está nas últimas. Vai quebrar. Cuba está com bloqueio e a China não se mete nisso. Vais apanhar dinheiro onde para levarmos o Partido adiante? Você quer um Partido quebrado?

Diante das evidências, o sócio aquiesceu. Na verdade fez um contrato com o diabo, ou um representante dele, com assinatura em branco. Nunca mais se separaram.

Então Zeca Vamporra começou a aparecer. Como fantasma. Arrecadou dinheiro para a causa usando uma conta ns Ilhas Jacaré já defloradas por tantas contas internacionais. Ajudou a empichar um alto membro do governo que mais tarde, em revanche, lhe atrapalharia a vida ajudando os inimigos que fizera a porem-no para fora do cargo que tinha. Nisso o Taumaturgo Bode ajudou um bocado, porque cada um tinha um dossiê mais grosso que a Barragem de Três Quedas e se respeitavam mutuamente. Se um dia um deles resolvesse abrir os dossiês, acabariam com a vida de ambos.

Mas afinal, estão vivos...

Eu não sei de nada. É tudo o que contam outros fantasmas que andam por aí, de menor expressão, loucos para subir no podium e assumirem a chefia da Congregação Nacional dos Fantasmas, tendo até várias ONGs que defendem tudo na propaganda, mas não fazem nada de útil para defender: O dinheiro que recebem é todo gasto em notas frias que nunca expressam nada do que foi gasto. Aliás, com as notas frias, nem gastam dinheiro. Só distribuem o que recebem do governo.

Dizem, não sei, que uma vez quando se encontraram, o Sócio, Zeca Vamporra e Taumaturgo, comentaram e assentiram que o povo era burro mesmo.  E que os empresários, em troca de uns favores, pagavam a peso de ouro. Eles eram apenas intermediários entre a burrice popular e a avareza dos empresários. Sempre tinha sido assim. A revolução afinal tinha ganho a batalha contra a ditadura, porque agora estava no poder!!!!

Riram a bandeiras despregadas, estourando as pregas anais de tanto rir. Gritavam:

- Companheiros! ... Ganhamos!... Estamos no poder, e os trouxas estão lá... O povo pastando e os empresários pagando até barato.  O idiota do Fidel está lá com a sua Revolución o muerte!... Todo bloqueado, caquético, pé na cova, o povo vivendo numa crise eterna!..  O Che está morto, o otário... Morreu pelos camponeses que continuam na merda de sempre...

Quando Zeca Vamporra e Taumaturgo Bode atacam as vítimas, sempre como fantasmas, o mundo de um lado treme, do outro toma champanhe, do outro fazem festas em Paris com muitos guardanapos, de outro enchem os alforjes de dinheiro, o outro, o maior, agora está convencido que é classe C e já não é pobre...

Zeca Vamporra ganhou este apelido porque era uma palavra comum na época. Se suas comunicações fossem grampeadas, tudo o que ouviriam como referencial era um “Porra” bem colocado.

Vampiro raiz do nome Vamporra é porque sempre viveu à custa do sangue dos outros. Anda sempre com uma pasta cheia de dinheiro que os outros pensam ser de documentos.

Rui Rodrigues



Espiões e contra-espiões fantasmas.


ESPIÃO CONTRA EXPIÃO E EXPIÃO CONTRA ESPIÃO DO CONTRA
(Ou com quantos “paus” se faz a política)

Sempre que chove aparecem-me os fantasmas aqui no Bardo Chopp Grátis. Hoje chovia a cântaros e estava eu com a minha amiga atrás do balcão, dando uma rapidinha, ouvimos a porta abrir-se.

Chegavam os fantasmas! Novamente... Eu não acredito em fantasmas e muito menos no que dizem, mas minha avó dizia: Não creio em bruxas. Mas que as há, lá isso há... E nunca desprezei nenhum ventinho esquisito na minha espinha. Crendices!

Primeiro vi o Zeca Vamporra, depois o Taumaturgo Bode, e finalmente a bela fantasminha camarada Verônica Dúbia. Não vi o Karl Kaskat, mas Verônica me explicou sua ausência, entregando-me um pacote de notas para pagar a dívida que ele me deixara pendurada da última visita: Ele fora preso para depor numa CPI - Comissão Para Idiotas - que decorria lá na casa dos homens de pouco juízo para ajuizarem dos sem juízo sem qualquer jurisprudência (nenhum caso anterior acabou com condenação e devolução das verbas evadidas)


Sentaram-se à mesa, pediram o de costume e confabularam na sala reservada. Liguei logo o meu equipamento de “vigilância” para não perder a conversa, mas como sempre só peguei algumas partes que transcrevo a seguir.


Zeca Vamporra – Muito bom o depoimento do Karl. Não abriu a boca nem pra tomar um cafezinho. Só tomou água pra não ficar nervoso.  Não entregou ninguém...

Taumaturgo Bode –  Já o avisei que eu cuido da armação. Ou confia ou não confia. Se abrir o bico, morre assado. Em Boca calada não entra mosca nem bichinhos de que ele gosta tanto. Consegui desviar a atenção para a casa vendida. Pra despistar. Agora vão perder 15 dias discutindo o sexo dos anjos, se a venda foi legal, se não foi... E no fim pega uma cana leve por não ter pago impostos ou coisa assim.

Zeca Vamporra – Mas a grana,os milhares, milhões de 'paus' não podem ser devolvidos... Eu não devolvo nada... Essa grana é para as eleições.

Verônica Dúbia – Me engana que eu gosto. Durante as eleições, a maioria das despesas são por doação a fundo perdido e sempre sobra, e outra maioria delas vocês não pagam... E sempre sobra grana. O que fazem com ela, além de comprar votos?... E não são os votos de campanha que eu falo... São os votos dos que votam lá na arena das discussões...

Taumaturgo Bode – Não voltem a falar disso... O Zeca aqui fica todo nervoso quando se lembra do PC. Até já me perguntou se eu Faria...

Verônica Dúbia - E os juízes?

Taumaturgo Bode – A minha gente já fez contatos. Como sabem, os maiores partidos já estão agindo juntos. O expião já os contatou. Outros expiões também... Segura pião! (disse isso olhando para o Zeca Vamporra)

Verônica Dúbia -  Andam dizendo que o partido das estrelas quer fazer uma revolução e tomar o poder.... Outro grupo meio atucanado (este é um termo gaúcho que significa sob pressão, atarantado) diz que as Forças Armadas devem prevenir-se para derrubar o poder.

Taumaturgo Bode – Boa manobra de dissuasão e dispersão... Boa  manobra. Sabemos como é a monovisão do pessoal das forças armadas. Se fosse nos tempos das ideologias, lá pelo inicio dos anos 60, até nos poderíamos preocupar, porque elas, as forças armadas iriam prender e arrebentar sem dó nem piedade. Porém, com estes tempos pós-modernos, o que interessa são as “massas”, com quantos paus se compra um iate e não com quantos paus se faz uma canoa. Elas sabem que tanto a esquerda quanto a direita lhes vão dar o mesmo tratamento. Não se mexem. E a minha comida, Zeca Vamporra! Onde está?

Zeca Vamporra – Está na mala que eu trouxe. É sua. Pode levar a comida para os animaizinhos de sua fundação. O meu já está guardado (Taumaturgo deu um sorriso maroto para os demais).

Verônica Dúbia (ainda com os olhos grudados na mala que o Taumaturgo Bode já segurava no colo, com os braços á volta para evitar que alguém a levasse) – E a outra Comissão Para Idiotas que vem a seguir? Como fica?

Zeca Vamporra – Já estamos tratando disso (disse olhando para Taumaturgo Bode). Ninguém vai falar nada, vão negar o que disseram, e vamos controlar tudo para dar em nada.

Verônica Dúbia – Fico feliz com a nossa “Intel-igência”, parece até chip de computador... Tudo perfeito. E se der Zebra?

Zeca Vamporra e Taumaturgo Bode rindo a bandeiras despregadas – hahahaha... Então temos que chamar o Karl Kaskat e mandar colar esse resultado no poste !!!!!!


E saíram todos depois de me deixarem uma grana que dava pra comprar um iate de dois pés de comprimento por meio pé de largura, como pagamento. Taumaturgo atrás de todos, com sua maletona de alto executivo... Ainda vi a Verônica passar a mão na bunda do Zeca Vamporra apertando-a com força, e ele tirar-lhe a mão, incomodado.

Rui Rodrigues
(Tradutor e intérprete de vampiros, fantasmas e outras assombrações que nos assombram com seus assombramentos quando passam pelo Bardo Chopp Grátis).


Armando a Roubalheira



Armando a Roubalheira


Taumaturgo Bode, Zeca Vamporra e Verônica Dúbia se encontram no Bar do Chopp Grátis.


Chovia a Cântaros. As ruas da cidade estavam praticamente inundadas por falta de interesse público em resolver qualquer problema. Parecia que os céus desabavam sobre a cidade e que os deuses patrões a humanidade, já que nos condenaram ao trabalho eterno, estavam ausentes. Os governantes que elegemos para nos representar nem apareciam na TV para se defenderem dos ataques verbais lançados na mídia e pelas redes sociais. Estávamos em época pré eleitoral. Ninguém faz nada e tinham feito muito pouco. As denuncias públicas de roubalheira estavam pelos jornais, impregnavam até os poucos banheiros públicos ainda existentes. Sem banheiros públicos, velhinhos mijam nas calças ou nas ruas. A sociedade condena, mas já urinou em algum lugar e nem sofre de continência urinária. 

Fui até à porta para fechar o Bar. Tinha havido alguma freguesia pela tarde, mas agora à noite não havia ninguém na área, e até os automóveis eram poucos. Já junto à porta, vi parar um táxi. Percebi que a noite seria longa. Nada mais nada menos que um homem que eu não conhecia, gordo, avantajado, estava acompanhado de três personagens que eu conhecia muito bem. Eram os fantasmas Taumaturgo Bode, Zeca Vamporra e a linda e gostosa Verônica Dúbia esta a mais linda fantasminha, minha camarada. Voltei a pousar o gancho da porta de correr a um canto e com uma vênia, indiquei-lhes o caminho da sala principal do Bar. Cumprimentaram-me com acenos de cabeça e entraram.

Verônica Dúbia pediu que lhes disponibilizasse a sala reservada. Acompanhei-os e preparei-me para anotar os pedidos.

(Verônica Dúbia) – Deixe-me apresentar-lhe um amigo nosso, o senhor Karl Kaskat. Ele gosta muito de animais e tem uma ONG que só cuida de bichinhos. Ele faz muita propaganda para defender o seu zoológico. Sai por aí grudando propaganda em todos os postes da cidade. É muito rico e poderoso e a ONG é auto-sustentável. (E olhando para eles) - O que vamos traçar?

(Taumaturgo Bode sorrindo) – Um traçado mesmo!
(Zeca Vamporra) – Um Bloody Mary...
Karl Kaskat – Uma garrafa de champanhe para mim e para ela (apontando para Verônica Dúbia)

Os outros dois se insurgiram (Taumaturgo Bode e Zeca Vamporra): -Péraí (disse o Zeca). Nesse caso não vamos destoar. Vamos todos de champanhe... (Verônica Dúbia arrematou): - Nacos de lagosta na manteiga com limão, torradinhas com caviar e rodelas de ovo e bolachas champanhe, pela ordem para acompanhar.  

Discretamente saí e fui preparar os drinques. Olhei em volta para ver se alguém estava vendo, e liguei o meu programa de “vigilância” do interior do Bar, mais especificamente da sala reservada e cliquei em “gravar”. Preparei as bebidas e os petiscos e levei pessoalmente, em duas viagens, até a sala. Não quis que vissem uma amiga escondida atrás do balcão. Se vissem eu estaria numa encrenca dos diabos. 

Conversavam em voz baixa e estavam muito animados, as cabeças sobre a mesa, umas na direção das outras demonstrando confiabilidade, aliança, congraçamento. Por via das dúvidas face ao tipo de petiscos, supri a mesa com bastantes guardanapos.

Ficaram lá por longo tempo, pedindo mais champanhe. Então decidiram sair. 


- Quem paga o táxi? - (Perguntou Verônica Dúbia).
- Eu pago, disse Karl Kaskat. Já paguei a conta também. Sabem que comigo não há problema de dinheiro... (todos assentiram com a cabeça).

Eram duas da manhã quando finalmente saíram do Bar.

Ao efetuar a limpeza da mesa, verifiquei que tinham escrito nos guardanapos. Estavam todos rabiscados, cheios de contas, pontos de interrogação, cifras envoltas em círculos. Deduzi que os valores se referiam a moeda nacional e pelas siglas que se tratava de uma distribuição de um botim,um tesouro, e pelos valores anotados, deveria ser o tesouro nacional.

Pensando já em não dormir, assegurei-me mais uma vez que as portas do Bar estavam bem trancadas e assisti à gravação. Para meu desespero, a gravação estava deficiente e cheia de lapsos. Não tinha explicação para isso. Mas pude entender o que se segue:

-...O resumo é o seguinte: Com o grau de insatisfação da direita e da esquerda, face aos escândalos da política, pode acontecer do TERSOL ganhar as próximas eleições. Nas anteriores já conseguiram mais de vinte milhões de votos. Precisamos de muito dinheiro para as eleições, para comprar os votos e obrigar ao voto de cabresto (disse o Zeca Vamporra).

-... O Karl Kaskat tem que ficar calado o tempo todo durante os interrogatórios. Não pode entregar ninguém senão damos um jeito e tem que levar chumbo... Internamente eu asseguro o imbróglio para demorar até vencer as oposições pelo cansaço. Os que recebem mensalmente vão negar tudo que disseram e vão ficar calados também (Taumaturgo Bode e virando-se para o Karl, disse): - Entendeu direitinho?

(Karl Kaskat engoliu em seco).

-... Não se esqueçam que as licitações são sempre de “mão na cumbuca”. Por isso todas as outras empresas estão angariando fundos porque ganharam obras no programa como num pacote. A minha empresa ganhou umas obras, elas ganharam outras. Dinheiro não vai faltar. Minha OGN sempre tem dinheiro, não é tanto, mas posso arranjar algum. (disse Karl Kaskat, o único que não era fantasma, além de mim, é claro, mas todos nós virtuais).

.-... Vão ser mesmo as eleições mais caras de toda a história. Já estou pensando no que fazer com as sobras de campanha. Não quero levar uns tecos como o PC. (disse Zeca Vamporra, e voltando-se para Taumaturgo Bode, complementou:) – Não farias isso comigo, Taumaturgo. Farias?

Taumaturgo balançou negativamente a cabeça várias vezes de forma enfática, dizendo: - Eu? que é que eu tenho a haver com isso? (ninguém respondeu nem sim nem sopas).Mas podem deixar que vou falar com ela para impor sigilo nisso tudo e ainda aumentar o valor das obras para não prejudicar o andamento dos negócios. 

-... Sei que os Bancos vão contribuir com uma baba muito grande! (Verônica Dúbia), e com verbas do Banco de Desenvolvimento através de “empréstimos” que depois viram pó com os prejuízos, os esquecimentos e os Contadores que sempre dão um jeito na contabilidade do Banco... Grana no bolso e barra limpa!

-... Não !!! está tudo bem (disse Taumaturgo Bode). Só tem meia dúzia de gatos pingados nas ruas de vez em quando. Revolta popular igual à do impeachment está fora de cogitações. Ninguém sabe de nada destas tramoias embora todos desconfiem. Até lá no meu meio eles aprovam qualquer coisa sem nem ler o que aprovam. Estão lá só para ganhar grana e obedecer aos partidos. Na hora de assinar olham pra mim e já me conhecem. Aprovam direitinho. Eu acho que aquela cena do Impeachment foi lamentável. Nunca deveria ter acontecido.

-... Ideologia já era (disse Zeca Vamporra). A classe C já se julga da classe média, quer ganhar mais e gastar mais. Como ganha mais um pouco do que o nada que ganhavam, estão quietos e sob controle. Um dia se dirão capitalistas. (pelo vídeo vi que todos abanavam a cabeça afirmativamente)

-... É. O caminho parece que é o capitalismo mesmo. (Taumaturgo Bode). Quem não gosta de ter algumas coisas básicas como automóvel, computador, celular, bolsas caras, dinheiro para sair do SUS, morar em bairros sem esgoto a céu aberto, etc... No comunismo, no socialismo e no capitalismo sempre houve e ainda há bairros melhores e bairros piores que são ajuntamentos de restos de lixo. Nem diferença há nas proporções. Por isso que fiz a transição daquela dura para esta mais mole.

Começaram a se arrumar nas cadeiras, apanhando os seus pertences. Iam sair. 

(Karl Kaskat se adiantou)... Nada disso! Podem deixar que eu pago a conta! 

A ultima imagem gravada foi a do Karl Kaskat segredando em meu ouvido que depois passaria pelo Bar para pagar a conta porque no momento estava desprevenido. Assinou num guardanapo.

Minha amiga saiu detrás do balcão e veio para os meus braços, ali mesmo no sofá. Já tinha esperado tempo demais.


Rui Rodrigues

Taumaturgo Bode, o terror do Sobrenatural de Almeida





Taumaturgo Bode – O fantasma

Taumaturgo Bode assusta assombrosamente, e costuma atacar nas noites claras ou escuras, de manhã cedo, tarde ou ao meio dia. Ninguém o vê, mas sente um arrepio, um vento, uma carícia, um toque, quando ele está por perto.

Nada mais tenebroso que ver fantasmas ao meio dia e nenhum dos fantasmas conhecidos é tão fantasma quanto Taumaturgo Bode. Nos tempos de Nelson Rodrigues até o Sobrenatural de Almeida – o famoso fantasma que explicava os gols contra o fluminense - tinha medo do Taumaturgo Bode.

Quando aparece é morte certa, prejuízo irrecuperável, perda total. Quando deixa sobrar alguma coisa de aproveitável, ou um indício, fá-lo para criar a cizânia, espalhar a confusão, provocar raivas sem conforto. Uns dizem que é o próprio diabo, mas se fosse estaria no inferno. Está em Brasília de onde não sai nem que a vaca tussa, espirre, grite ou se exploda.

Taumaturgo Bode divertia-se em Brasília quando era vivo. Foi lá na primeira leva de visitas ao canteiro de obras quando Juscelino Kubitschek de Oliveira fez iniciar as obras pela “Novacap”, nos idos de 1956. Era um mero político desconhecido então, mas muito ambicioso, capaz de matar a mãe para ir ao baile do orfanato.

Iniciou um plano fazendo o maior numero de amigos. Não era propriamente amizade, mas troca de favores. Começou a construir uma imagem de patrono, alguém confiável com quem se podia sempre negociar. Começou a delegar funções e tarefas aos que lhe deviam algo, e em conseqüência, a dividir-se entre o homem que realizava o seu trabalho como político, e o homem que agia na sombra como um fantasma. Dividiu-se em dois.

Ninguém mais o reconheceu! Aquele político morrera.

Ninguém sabia que ao dividir-se em dois, ganharia super poderes, membros de polvo, cheios de ventosas. Nas horas de confusão para o seu lado, desaparecia, ficava invisível. Um dia escreveu um livro sobre os colibris bigodudos e uma academia o elegeu como membro. Ninguém relacionou esta “elegição” com o fato da Academia ganhar um prédio novo, imenso e moderno, cheio de janelas e mármores e granitos no centro da cidade, tão grande, que poderia abrigar todas as academias de garranchos do mundo. O dinheiro doado para a construção do prédio não era dele.

Taumaturgo Bode usava sempre uma capa preta, farda, fardão, camisola de dormir, tudo com muitos bordados, que lhe caiam muito bem com suas frases meio assobiadas, dignas de filhinho de papai que nem se formara na Sorbonne.


No período de maior influência no governo – ele tinha influências – causou o maior rebuliço na economia: exauriu as reservas cambiais, as exportações diminuíram quase a zero e as importações aumentaram a jato. Enquanto a população ficava pobre a cada hora do dia que passava, uma parte pequena, amigos do Taumaturgo Bode enriqueciam com a inflação cavalar...

Pensam que foi responsabilizado? Que nada!... Ainda foi eleito para cargos importantes nos anos seguintes, até hoje!

Mas então, Taumaturgo Bode está vivo ou morto e é um fantasma?

Aí que o bicho pega... Para uns morreu lá atrás e agora é só fantasma. Para outros, nunca morreu e é um bom sujeito. Para outros ainda nem sabem quem ele é nem do que é capaz. Só quando o Taumaturgo Bode fantasma lhes aparece pela frente fazendo “buuuuuuu”... As lavanderias de Brasília ficam cheias de calças sujas no dia seguinte.

Taumaturgo Bode é um fantasma capaz das mais impossíveis façanhas, deixando sempre dúvidas no ar. O apelido Bode deve-se a uma promessa de seus tempos de estudante. Se conseguisse formar-se na Universidade assistindo a tão poucas aulas por ter muito que fazer: Participar da política, ser jornalista, fazer bico na polícia. Seus amigos davam-lhe presença, faziam-lhe os trabalhos, davam-lhe cola nas provas. Já nessa época era muito admirado por fazer tanta coisa, mas ninguém sabia como “não fazia” nenhuma delas: tudo por ajuda de amigos que prometeu ajudar durante a sua vida. Lavavam-se bem as mãos entre si.

Conta-se que uma vez havia um candidato a um posto muito importante. Taumaturgo Bode fez de tudo para tornar-se seu suplente e tomar o seu lugar. Usando os favores que fizera e pedindo o pagamento desses favores, conseguiu o apoio necessário e conseguiu. O próximo passo era afastar o eleito. Uma pílula foi dissolvida no café e ele foi mandado para o hospital. Uma equipe médica competente tratou do eleito que logo se recuperou. Então recaiu. Depois de várias operações, chegou até a dar entrevista. Dois dias depois, durante a noite, entraram no quarto e fizeram o serviço. Bateu as botas, finou-se, morreu. Muitos viram Taumaturgo Bode no velório. Muitos juram que estava presente no enterro.

Dizem uns que foi o próprio Taumaturgo Bode que dissolveu as pílulas no café e pôs o eleito em contacto com os agentes biológicos. Dizem outros que apenas deu sinal com um acenar de cabeça para que alguém desse as ordens a alguém, que comunicasse essas ordens a quem executasse essas ordens. Outros disseram que foi a CIA. O certo é que o eleito morreu, e Taumaturgo ocupou o seu lugar.

Dizem até que é capaz de derrubar helicópteros sem tocar neles, só para abafar as tratativas para a aprovação de cláusulas em documentos importantissimos.

Mas nunca deixou rastro, nem mostrou o rabo preso. Tudo coisa de intrigas, dizem uns, que não é nada disso, outros e indecisos e que não sabem de nada, o resto. 
Até que se descobriu que ele tem um grande competidor: Zeca Vamporra, um vampiro esfomeado, vingativo. Cada um atua do seu lado.


Rui Rodrigues

Verônica Dúbia - a fantasminha - e Ronaldinho






De vez em quando passo aqui no Bar do Chopp Grátis para espairecer. É um bar mágico. Aparece de tudo, acontece de tudo. E como é virtual qualquer semelhança com a realidade é pura ficção. Ficção dos que veem como querem e não como as coisas são. De vez em quando se fala de política, outras vezes de política e até de política, porque neste mundo tudo é uma questão de política. Muito raramente se fala de outras coisas, mas tudo é realmente uma piada, visões, miragens. Contam-se piadas e ri-se muito. Fantasma para mim sempre foi fantasma e não merece o mínimo crédito. Se merecesse não seriam fantasmas.

Por vezes quando entro, e olho para a mesa que fica mais perto do bar, vejo a minha amiga, uma fantasminha muito camarada que gosta de caras mais velhos, maduros sem estarem podres, como eu. Então começo a pensar em Fantasmas de outro jeito. Ela é muita da gostosa. Nunca me disse o seu nome verdadeiro. Disse que a chamasse de Verônica Dúbia. Achei estranho o nome, pensando que havia alguma mensagem que ela me quisesse transmitir. Afinal, Verônica lembra a palavra “verdade” e Dúbia lembra dúvida, ambigüidade, e isso me deixa sempre em dúvida quando me conta alguma coisa...

Hoje ela me recebeu com esta...

- Vem... Senta aqui ao meu lado... Tenho uma pra te contar!

E lá fui eu, sem pestanejar, beijar aquela linda face. Virtualmente consistente, macia, cheirosa. E continuou sem nem me dar tempo de pedir um chopp (Aqui no Bar, chope não é grátis, chopp é).

- Sobre o Ronaldinho e o Flamengo, (Apurei os meus ouvidos virtuais), Sabe que saiu do Flamengo?
- Sei, mas isso já foi há alguns dias, mais de uma semana...
- Mas ele saiu e acionou o Flamengo na justiça... (e pousou sua mão sobre o meu braço, começando a mexer os meus cabelinhos, ao mesmo tempo em que eu me arrepiava. Não de medo, mas de pura vontade de convidá-la para irmos ver o que a Teresinha tinha perdido na horta)... E ganhou a causa! Sabe porquê?
-Não, respondi pousando minha mão sobre a dela.
- Porque o Flamengo fez uma troca: Deixava o Ronaldinho transar á vontade crendo numa  troca dos juros nos pagamentos que devia ao jogador. E era uma grana alta, daquelas de corromper qualquer vereador, deputado. Senador não sei, porque eles cobram mais caro... Uiiii. Bem mais caro. (ela tinha um agradável sotaque de francesinha ingênua, se é que na França existe alguma).

E continuou...

- Começaram dizendo que “semana que vem a gente acerta”, depois passaram para mês que vem, e Ronaldinho não parava de comer as suas mulherzinhas sempre que tinha oportunidade. Claro que de vez em quando bebia umas e outras, mas isso fazia parte do clima sexual. Havia umas com quem ele transava que eram as próprias tanajuras... Feias de cara e boas de bundas... 


Venônica Dúbia continuou - Já estive do lado dele, tocando-lhe em tudo que é peça, mas ele não sabe ver fantasmas. O negócio dele é vem cá e créu, sem muita conversa. Diz que é pra não dar na pinta, sempre correndo. Marca um gol, e sai pro abraço. Diz que aprendeu com um galinho lá do Quinteiro e que não se quer desgastar muito. Quando não dá a dele como galinho, dá como coelhinho, mostrando a dentuça. O mulherio delira com isso... He he he ..

- Mas, disse eu, se ele saía com mulher durante a concentração estava errado.
- Estava certo, Barmaninho (ela me chama carinhosamente de Barmaninho e nem sou o Barman)... Errado estava o Flamengo acreditando no advogado do clube: ele mandou vídeos mostrando Ronaldinho com as mulheres durante a concentração e caracterizou perseguição ao atleta. O Atlético mineiro percebendo que o jogador ia ganhar aquela, contratou logo o craque. Ronaldinho é um craque. Ainda marca muitos gols e dá passes certinhos para outros muitos mais...(ela entendia de futebol, e sua mão já andava vasculhando o meu corpo inteiro. Eu não sabia se a escutava ou se a arrastava para os fundos do bar. Nunca transei com fantasma).
- Quase todos os clubes fazem isso com os jogadores e alguns botam gente pra dentro do quarto e nem todos que entram são mulheres. Os clubes têm vídeos deles todos para exercer pressão na hora de negociar... (Fiquei abismado. Como seria isso possível? Era de deixar corado qualquer general das forças armadas e arredores).

Arrisquei:

- Mas dentro de campo...
- Hiii, meu filho.. hihihih ... Lembra do Roberto Carlos baixando para arrumar a meiazinha na hora do time da França bater o escanteio? Isso é lá hora pra fazer isso. Veio o Zidane e créu! Gol da França.
- E lembra do faniquito que o Ronaldão teve, que desestabilizou o time todo do Brasil na copa anterior, contra a mesma França? Ali, uns sabiam da tramóia, outros não. Por isso um treinador dizia que tinham que escalar o Ronaldo, e o outro dizia que não... Tudo armadilhado. Copas funcionam assim. Ora agora ganha um, ora depois ganha outro... Tens isto gostoso! (E me afagou o meu artilheiro de modo sensual e prazeroso. Passei-lhe a mão na cintura e comecei meu trabalho de meio campo. A coisa estava ficando boa. Ia acabar tudo ali mesmo, lá nos fundos do bar).

- Perguntei: Quem te contou isso?
- Foi o Taumaturgo Bode (disse ela. Eu fiquei lívido imediatamente, parecendo um fantasma)... E continuou - Ele se mete em tudo, até em futebol. Onde pode ganhar uns trocados ele se mete. Não foi ele que segredou no ouvido os nomes dos Ministros dos Esportes para serem nomeados? E não se encontra com eles de vez em quando para trocar impressões?
- Arrisquei outra vez: Ele que te contou? ...O Taumaturgo Bode ? Você e  ele... Ele e você...Vocês não... Sim?
- Naaada, (disse ela). O Taumaturgo é boiola. Subiu na vida política assim. O outro fantasma que costuma vir aqui, o mais esbelto, o Zeca Vamporra também, mas este é fêmea. Já foram amigos no passado. Mas isso da sexualidade não importa. Não vou falar sobre isso. Nem vou falar mais, senão teria que te contar que o valor do passe dos jogadores é subfaturado e o resto é pago por fora para não pagar imposto. Essa grana do “por fora” é que enriquece os carinhas...

Quando pensei que o papo iria mais longe, ela me deu um beijo impressionantemente quente nos lábios, um selão, levantou-se e já na porta disse-me:

-Tchauzinho!!!... Depois passo aí.

Senti-me como Zico perdendo o pênalti naquela copa do mundo... Pior ainda do que naquela época em que tentou empurrar jogadores do seu clube particular para o Flamengo.

O futebol está com a bola furada. Uns jogam futebol outros não. .

Estou achando que Verônica Dúbia é filha do Sobrenatural de Almeida que o Nelson Rodrigues detestava por estar sempre azarando o Fluminense. Verônica Dúbia também adora um jogo. Futebol é detalhe.

Rui Rodrigues

Brasil fora de Ordem e de Progresso?





Brasil fora de Ordem e de Progresso?


Escutam-se as mais variadas teorias pelas ruas, esquinas, estações de metrô, táxis, padarias, nas praias, estádios de futebol, nas redes sociais, na mídia, no senado, e nas câmaras. O povo está confuso e por isso parado, quieto, aguardando a “Grande Ignomínia” que indigne tanto que tenha que “fazer alguma coisa”, ir para as ruas. Na Argentina os movimentos populares contra Cristina “Bela” Kirshner já começaram. Ela impôs a sua mente de “esquerda” à vontade do povo e este respondeu em 08 de novembro de 2012 nas ruas que não é isso que quer. Cristina não se reelege e talvez nem chegue ao fim do mandato[1]. Ela nem é de esquerda. É outra coisa!

Eis algumas “questões” que impregnam as ruas, esquinas, estações de metrô e até pela Argentina e arredores, como a China que fica “logo ali”, quanto mais Cuba, Venezuela e Irã. Aliás, depois que Lula demonstrou fazer parte da quadrilha do mensalão a tendência teatral esquerdista do governo parece ter ido para o brejo... Lula não é Brasil, Dilma também não, Chávez não é Venezuela, Cristina não é a Argentina, Fidel não é Cuba, e Ahmadinejad  não é o Irã. Eles tentam “forçar” comportamentos da população, formar opiniões, mas não conseguem mudar o que já faz parte da idiossincrasia. Cuba foi forçada pela força das armas, o Irã por força da religião e do medo das armas e das leis que matam. A Venezuela, a Argentina e o Brasil pela força do populismo. Quando estes povos se virem livres destas pseudodemocracias, irão para as ruas comemorar.

Não causará nenhuma admiração quando em curto prazo os povos destas nações forem para as ruas reclamar o que lhes é tirado dos direitos, dos salários, da moral e da ética. Já vi disso em 1964, quando as liberalidades de governos que não representavam a idiossincrasia brasileira perderam o governo. A grande verdade é que não representavam! E não representam.


Violência em S. Paulo[2]

Desde que bandidos – só podem ser bandidos – começaram a “acertar” policiais, mais de noventa já tombaram no Estado de S. Paulo. Quem quis ouvir, ouviu e viu na TV: o governo oferecendo ajuda e o Estado dizendo que aceitaria verbas, mas que lugar para os criminosos já tinha. O governo informou que repassaria verbas desde que houvesse um programa para a sua aplicação. O governo do Estado não se entende com o governo da nação. Ficam muitas dúvidas no ar, como por exemplo, se os governos desejam mesmo é a bagunça para atingir outros fins, se o trafico já invadiu a política e elege políticos, para onde vão as verbas que não se vê nada melhorar e cada vez se arrecada mais. A polícia está com medo, a população está com medo. Seria bom que os políticos também começassem a ficar com medo, para vermos se a segurança poderia melhorar. O que impressiona mais é vermos que a população sofre por causa de dissidências que nada têm a haver com o povo, mas, pelo contrário, por brigas de poder entre aqueles que elegemos para nos representarem, o que inclui os interesses dos Partidos que também não são os nossos. Uma democracia participativa resolveria tudo isto. Se o mensalão tivesse sido julgado antes das eleições, como deveria ter sido - arrastou-se por anos –Lula não teria ido a S. Paulo para “ajudar” nas eleições e Haddad não se elegeria mesmo contra um fraquíssimo Serra. Com o tempo, se tivermos tempo, veremos quem está por detrás da frouxidão da polícia de S. Paulo, ou por trás da violência de bandidos que agem como se S. Paulo, Rio de Janeiro, e todas as capitais do país, fossem a sua pátria, onde aplicam a sua lei. E se verá quais os motivos que permitiram este tipo de degradação. Isso nos remete a uma pergunta muito importante, ou melhor, a cinco perguntas:

1-     O que fazem os políticos que elegemos no governo dos Estados e da Nação?
2-     Porque continuamos cooperando com essa lassidão, pagando impostos astronômicos?
3-     O que fazem realmente com o dinheiro de nossos impostos?
4-     Porque não nos perguntam o que fazer com as verbas públicas, e não pedem que os ajudemos a controlar a “res pública” já que parecem não estar preparados?
5-     Será que temos que exigir que quem se candidate a postos de governo devam ter instrução superior, para terem noção do que devem fazer?

Enquanto não tivermos respostas para estas perguntas, não haverá solução, e se resolvem um (1) problema por algum tempo, outros (muitos) surgem todos os dias.


Os fantásticos programas de governo

Com tantos senadores, deputados, vereadores, órgãos de governo como o TCU e os TCES, além da Polícia federal, e tantos órgãos, é impressionante como as denúncias de corrupção partem principalmente da mídia ou da Polícia Federal. Senado e Câmaras parecem uma caixa de pandora, lacrada, que só se abre quando a mídia, ou a Polícia Federal gritam. Se em vez de uma caixa de pandora fosse uma caverna, poderíamos imaginar o chefe como um Ali Baba. O Mensalão e a CPI do Cachoeira são os maiores exemplos. As penas pecuniárias impostas estão muito longe das verbas desviadas. Como podemos admitir que Lula não sabia? Dilma foi indicada por Lula. Isto nos dá o que pensar, por que ela fez parte da esquerda armada da qual também Zé Direu e Genoíno também fizeram, a mais violenta do PT, revolucionária até contra o Partido, afundando-o na lama da corrupção... 

Os programas do PAC, da copa do mundo, dos jogos olímpicos, e outros ainda darão muito do que falar. E as denúncias virão da mídia, como sempre, porque parece que todos os partidos estão demasiado calados. Parece que todos têm algo e muito em comum, mais do que se espera deles. Todos santos que só trabalham de terça a quinta. Semana inglesa já conhecíamos. Agora conhecemos também a semana brasileira, mas não é para todos numa democracia. Só para quem pode, escrito com “p” ou com “ph”. 

Saúde

Quando olhamos o site dos programas do governo[3], ficamos maravilhados. Parece que temos o melhor sistema de saúde do mundo, mantido com verbas astronômicas. Porém, quando enfrentamos filas em hospitais e morremos, ou não há médicos disponíveis, ou faltam remédios, ou os equipamentos estão guardados sem uso por diversos motivos, ou ainda ganhamos uma senha para sermos consultados no dia de “São Nunca à tarde”, começamos a pensar seriamente em Marcos Valério e asseclas, e como a mídia nos engana, fazendo-nos eleger candidatos errados, ou sugerindo que tudo vai bem na saúde pública. Não vai bem não[4]. As notícias da mídia cidadão – não a que promove candidatos tirados das cartolas dos partidos – estão espalhadas por toda a NET. O sistema de saúde mais parece uma fraude destinada a “distribuir” verbas públicas que se perdem entre bolsos, malas, meias, cuecas, calcinhas, sutiãs, carteiras e contas em paraísos fiscais.



Economia

Ao olharmos o portal do governo[5] sobre economia, parece que temos todo o mérito de sermos uma das maiores economias do planeta. Dilma chegou a dizer que pode vir qualquer crise que estamos preparados “cem, duzentos, trezentos por cento”. Não se fala que chegamos a esse ponto por mão de obra barata que reduz os preços da matéria prima e promoveu a vinda de capital estrangeiro e fábricas que praticamente não pagam impostos. Isso aliado a uma crise que começou em 2007, e se declarou em 2008, nos guindaram a essa posição, mas de todos os países emergentes somos o que menos cresce. Isso é um mau sinal, porque estamos perdendo a competitividade. Ao analisarmos o relatório do FMI [6] temos que admitir o que já se comentava dentro das fronteiras: Perdemos o rumo em 2011 e espera-se um crescimento em torno dos 4% ao ano, porque se espera que ambos, o mercado interno e externo melhorem também. Porém, a crise da Europa não está resolvida. Movimentos de rua na Grécia, Portugal, Espanha e recentemente na Inglaterra, nos permitem estabelecer cenários de risco para a saída da zona do Euro[7] de um ou mais países o que seria um desastre total. A corrida aos bancos já começou. Mesmo que esses países não saiam da zona do euro, a exigência de sacrifício pelos bancos e governos mancomunados, aos cidadãos, já nos fazem prever que ou a dívida se renegocia com perdão de parte do investimento, ou a crise se prolongará podendo gerar instabilidade política. Isso afetaria enormemente o Brasil. Seria temeridade crer que nossa nação estará livre, ou será pouco afetada, pela crise européia e norte-americana.

Outros serviços do Estado

Quem não sabe que os transportes públicos estão defasados, com poucos veículos, que os trens da Central do Brasil são velhos e estão sempre em manutenção, que o metrô está superlotado, que pagamos preços caros de transporte rodoviário para transporte de mercadorias em vez de utilizarmos linhas férreas?

Quem não sabe que temos deficiência em energia elétrica, que as companhias já nos cobraram custos acima do estabelecido – que não querem devolver [8]- e que a manutenção das linhas é deficiente, com registro de vários apagões seguidos enquanto os relógios continuam funcionando e cobrando? Faltou até energia em Brasília depois que Dilma declarou que a energia ia ficar mais barata 16%. Não há como deixar de relacionar uma coisa com a outra.

E os esgotos a céu aberto por falta de investimentos, com ruas sem asfalto, e sem água potável, já faz parte da paisagem... E os juros bancários e os impostos continuam nas nuvens. O capital estrangeiro agradece quando remete divisas como droga para o exterior.

Rui Rodrigues





sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Intriga Internacional no Facebook.



Intriga Internacional no Facebook.

No Bar do Chopp Grátis passa de tudo... E contam estórias que parecem saídas de contos de  terror. Nerd Best é um desses. Entre umas e outras, e depois de tomar quase todas, contou esta.




Nerd Best é um agente da Scotland Yard, que apesar de ter nome escocês é britânica. Isso já confunde nosso herói um bocado. Sempre achou que a agência se deveria chamar British Yard (quintal), ou, pelo tamanho, que se chamasse mais adequadamente British Block (quarteirão), já que block é muito maior que yard. A Scotland Yard não é grande. É imensa. Tão grande que quando entra na agência tem quer ir até o final do prédio, onde fica o seu escritório, para bater o ponto, e quando chega lá está na hora de voltar porque acabou o expediente de trabalho. Não tinha tempo para nada. 

Para Nerd Best, o agente 000 - X, o mundo nunca era como deveria ser. Um incon - “formado” em engenharia com experiência internacional. Depois de “após-sentado” resolveu entrar para a agência, e para o facebook, duas coisas incompatíveis.

Era todo dia a mesma coisa. Chegava no prédio da Scotland Yard, batia o ponto, comia um sanduíche no caminho de volta com um copo de água por causa da crise que estava braba, e voltava para a portaria para ir para casa aonde, logicamente, chegava sempre atrasado. A mulher, uma inglesinha loura de olhos verdes, peituda e de pernas com tornozelo grosso, sempre reclamava do atraso. Então, todos os dias Nerd Best lhe tirava o atraso com todo o prazer como quem bate o ponto na Scotland. Quase sempre na cama, mas podia ser onde fosse, que sempre era.

Um dia, quando navegava no facebook, o computador de Nerd Best desligou, assim como quem morre e não respira mais. Nerd Olhou para o computador, sentiu vontade de xingar a rainha, mas por respeito, preferiu xingar outro sujeito:

“Fuck Jesus!”.

Depois bufou, respirou fundo, acalmou-se e religou o computador.  Cinco minutos depois, o PC parou de respirar novamente. Achou estranho e pensou logo que deveria ser algum hacker esperto da CIA americana ou da SVR russa, o Serviço de Informação Estrangeira. Gritou novamente.

Fuck Jesus!...Fuck!

E quando voltou a religar o PC, cinco minutos depois estava morto novamente. Gritou pela última vez:

Fuck, Jesus!... Fuck... Fuck! Lembrou-se da rainha mas por respeito esqueceu-a.

E voltou a ligar o PC. Então viu uma mensagem do facebook que dizia mais ou menos o seguinte: Soubemos que pediu amizade a quem não conhece. Isso é reconhecido como Bullyng. Ficará suspenso de pedir amizades por 30 dias...

Nerd Best olhou estupidamente para o monitor com ar de torcedor do Chelsea quando perde para time pequeno, mas encolheu os ombros e tentou voltar para o facebook. Esperava que o PC não voltasse a desligar. Obediente só na transmissão de pensamento, o PC não desligou nunca jamais em tempo algum a partir desse instante. Lei de Murphy deveria ser. Mas não entrou direto no Facebook. O facebook pedia que voltasse a entrar e que digitasse o e-mail e a senha. Nerd não se fez de rogado. E enquanto ia digitando a senha foi pensando se seria algum hacker que tivesse desligado o seu computador por três vezes.

Quando acabou de digitar, veio a resposta do facebook: Sua senha não corresponde.

Não era possível. Sempre funcionara. Então veio o pior. Nova mensagem do facebook: Precisamos ter a certeza de que você é Nerd Best. Mande-nos cópia de um documento de identidade válido, ou CPF, com fotografia, bem legíveis. Entretanto e para sua segurança, ficará bloqueado.

Não era possível!... Não xingara ninguém, pedira amizade a umas cinco pessoas com quem “conversara” no facebook, e a CIA ou a SVA não pareciam muito interessadas em atrapalhar a vida dele. O que seria aquilo? Um site que de vez em quando é invadido, pedindo documentos oficiais? Porquê? Por ter pedido amizade e terem possivelmente negado? E isso poderia ser confundido com Bullyng, como estava escrito nas “considerações” do site? E finalmente, porque não bloqueavam aqueles de quem não tinham certeza de serem "Nerd Best" ?

Nerd Best passou três dias relutando em enviar o documento. Até que finalmente, se ateve à palavra “válido” e tirou uma foto do seu cartão do Chelsea... Tinha foto, estava visível, e era “válido”. Mandou para o facebook. E esperou!...

Um dia, cansado de esperar, tentou entrar novamente com nova conta, mas seu e-mail já não era aceito pelo facebook. Deu outro e-mail que tinha e tentou entrar. O facebook mandou-lhe um código para esse e-mail. Quando tentou acessar esse e-mail não pode entrar. Já não o usava há muito tempo, e tinha que reaver a conta. Para reaver a conta tinha que acessar um outro e-mail que também já não usava há muito tempo. Tentou outro e-mail que também já não usava há muito tempo, mas também não pode entrar pelo mesmo motivo. Aquilo já se estava transformando numa queda de pedras de dominó.


Então, abriu um e-mail novinho em folha em outro “distribuidor” de e-mails. E entrou de novo no facebook, quando já se estava habituando a dispensá-lo. Afinal, já nem era tão interessante como era no começo. Grupos políticos de esquerda ou de direita – Nerd Best não tem partido – descobriram que em grupo, como matilha, podem combinar de denunciar um indivíduo em bloco, e tirá-lo do facebook depois de meia dúzia de denúncias. Mas Nerd Best não podia acreditar nisso. Ou podia?

Mas se acontecer novamente, Nerd Best, o agente 000- X sendo X < 1, já estará preparado. Adotará identidade dupla! E se mesmo assim não funcionar, adeus Facebook. Há coisas mais importantes para fazer na vida e para se comunicar com os amigos, há outros meios. Nerd Best considera-se um perfeito idiota. Mas para sua segurança, sua bela mulher loura, peituda, de perna grossa, olhos verdes, não iria mais a qualquer ginecologista, por já não acreditar nem na Scotland... Iria num Chinecologista.

Rui Rodrigues

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Carta Aberta a Angela Merkel




Sra Angela Merkel: Leia a história sobre a invasão do Rhur[1] (1923-1924)


Prezada senhora, (ignorante como todo e qualquer político “representativo”)


Não sabemos nós, europeus embasbacados, a quem ou a quais representará V.Exa. Sereníssima, mas certamente não será ao povo alemão, e por tradição, muito menos aos povos da Europa dos “não sei quantos” que se uniram para resolver os seus problemas e progredir. Como estou temporariamente num estado latente de abstemia de riso, não rirei, mas jogaram todo o progresso no lixo. Dirá que não tem culpa nenhuma e que a defenestração do progresso europeu se deve a maus governantes, governantes corruptos, e terá até muita razão, mas não toda. Não me diga que todos os governos incluindo o da França, da Inglaterra, dos EUA, de Portugal, da Espanha, da Itália, da Grécia, e de tantos países do mundo em crise de arrebentar com os miolos, com o fígado e os rins, o sistema erétil, o próprio esqueleto que de muitos não consegue ficar em pé por falta de alimentação, eram ou foram ou continuam sendo corruptos.

Ninguém acreditaria, a menos que fosse tão ignorante como V. Exa Sereníssima.

Deve V. Exa Sereníssima, em sua ignorância serena, representar a banqueiros que querem, a qualquer custo – eles banqueiros não são políticos e os políticos não entendem nada de capital – receber o que em risco, investiram. Mas como, em época de crise, se pode pagar o que em tempo de vacas gordas (nenhuma referência ao estado físico de V. Exa Sereníssima) parecia esmola de pobre, vintém sobrante de rico, pataca furada com defeito de fabricação? Não se falava tanto em “Europa a duas velocidades?”.

Então, lembro a V. Exa Sereníssima os tempos das vacas magras da Alemanha em 1923, sofrendo uma inflação desmedida, quando com tantas dificuldades para pagar uma pesada dívida de guerra, praticamente impagável... Quê? ... Há! Sim... Aquela guerra de 1914-1918 que a Alemanha também perdeu sem saber ainda que perderia também a de 1939-1945. Por essa época, a Alemanha era devedora de uma pesada – e na minha opinião, também exagerada dívida de guerra – impagável até para uma potência como a Alemanha, da qual, nós cidadãos regidos por políticos corruptos até nos orgulhamos de sermos “sócios”.
Sua colega, Sereníssima, a França, agia na época como V. Sra Sereníssima está agindo agora. Cega, embrutecida, ignorante, com o maior exército do mundo – É isso mesmo, em 1923 a França tinha o maior exército do mundo – invade a zona do Rhur. A França exigia ainda mais do que foi estipulado em Versailles.

A comunidade internacional começou a olhar a Alemanha com simpatia por causa da truculência francesa. Em 1925, a França que também tinha problemas econômicos retirou-se do Rhur.

Adolf Hitler, esse nojento e aleijão humano que a pátria alemã pariu desgraçadamente, não esqueceria esse ato ásnico francês e certamente foi até o Panthéon em Paris e deve ter urinado no tricórnio ( o chapéu) do Napoleão. 

Negociar, ao longo da história, reconhecendo cada um a sua parte dos erros, costuma ser de bom tom e revela sempre progressos. Mas querer impor impossíveis, a mando de banqueiros que mal administram porque  estados corruptos lhes dão as bênçãos, costuma ter efeitos devastadores.

Aconselho V. Exa Sereníssima a ler história e aprender um pouco de economia. Quanto aos banqueiros, aconselho a não aprenderem política com V. Exa. Seria um desastre. O mundo já não agüenta pessoas como a senhora. E definitivamente, fazer inimigos em política não é nada bom, a menos que se deseje iniciar uma terceira guerra mundial a “fundo perdido”.

Rui Rodrigues


Fotos: Sua Exa Sereníssima e soldado francês em 1923 face a um impávido e despreocupado cidadão alemão do Rhur. (despreocupado por que a desgraça era tanta que ser invadido pelos franceses era apenas mais um detalhe sem a mínima importância) 

Amazônia – Uma solução


Amazônia – Uma solução

Já se disse que judeus comiam criancinhas,
Que negros não tinham alma, e outras mentiras,
E hoje, que somos uma nação,
Continuamos a dizimar as nações índias[1].
Rui Rodrigues


Precisamos mudar o enfoque sobre a Amazônia, o “Pulmão do Mundo”.

A natureza é. Existe. Nossos doutores em ambiente não dominam ainda muito bem os segredos da natureza. Se dominassem não haveria tanta destruição com tsunamis, terremotos, tufões, furacões, deslizes de morros, vulcões, meteoritos. Sabemos muitas coisas sobre ela, mas temos poucas certezas e raras previsões acertadas sobre o comportamento da natureza. Parece que a natureza nos aceita, não nos ignora, mas não nos dá a mínima importância. Para ela, seres humanos inteligentes ou dinossauros inteligentes, é a mesma coisa. O que nossos doutores dizem e sabem morre nas bancadas do Congresso Nacional, e por falta de instrução, são poucos os que entendem o que dizem.

Mas a natureza, essa sim, é muito inteligente. Precisamos aprender a vê-la como uma “coisa viva”. Quando as condições ambientais mudam, por influência de uma catástrofe de qualquer tipo, ela se recupera. Só precisa de tempo. Seria idiotice nossa querer manter um pedaço da Amazônia dentro de pequenas fronteiras desenhadas em papel. A Amazônia é um pedaço vivo, ainda auto-sustentável, que sobrevive apesar de apreciável parte de sua biomassa já ter sido destruída. Não sabemos até onde a poderemos destruir sem que desapareça como a mata atlântica a qual, apesar de órgãos e leis que a deveriam proteger, vê a sua extinção em curto prazo. A Mata Atlântica está hoje reduzida[2] a cerca de 12% do que era em 1.500 DC (de 1,8 milhões de km2, reduzida a 149,7 mil km2). Exatamente porque ela pertence a “Estados”, e estes Estados são governados por seres humanos e leis factíveis de corrupção ou incapacidade para julgar, planejar, projetar, cuidar, vigiar, governar.

Organismos internacionais e nacionais têm mostrado preocupação com o “pulmão do mundo”, ou seja, a Amazônia, incluindo a plataforma continental. Este artigo tem a mesma preocupação, e é despido de qualquer interesse que não seja o de apontar uma solução, embora se reconheça que a Amazônia não é, apenas ela, o pulmão do mundo. As plataformas continentais produzem muito mais oxigênio, as matas de outros continentes também, e se não produzem mais é porque já foram destruídas. Havia muitos pulmões neste planeta sacrificados em nome do “crescimento” e da “evolução”.   

A solução é simples: Desvincular a área verde da Amazônia dos Estados e criar uma área sem cidades, vilas ou aldeias que não sejam aldeias índias. A supervisão dessa área seria função do governo do Brasil, como de fato nos pertence, ao povo brasileiro, com presença efetiva das forças armadas e da Polícia Federal que vigiariam a área com aeroportos estratégicos, instalações militares e de marinha. Seria uma enorme reserva protegida, repositório da diversidade, com direito a turismo e centros de estudos auto sustentáveis. A Amazônia pagaria os custos de sua própria manutenção.

Esta área verde, atualmente dividida por estados, proporciona, numa democracia representativa, a oportunidade de especulação e ganhos pessoais com a sua exploração que corre ao sabor das instruções dos Partidos a seus representantes no Senado, nas câmaras, nos palácios de governo e prefeituras. Não pode continuar sob alçada de políticos que dela possam dispor fazendo vista grossa para a lei, exaurindo recursos para a fiscalização e depois de invadidos os locais alegue que não teve meios para fiscalizar. Também não pode ficar entregue a ONGS que não demonstram aplicação de recursos nem emitem boletins transparentes de suas atividades. A Amazônia nunca precisou de nós para sobreviver, nem as tribos índias que ainda vivem por lá. Deixemo-la como ela é e sempre foi. Ou, conforme vertente de uma linha de ambientalistas que afirmam não ser a Amazônia o pulmão do mundo, que se estabeleça um projeto de ocupação da Amazônia de forma auto-sustentável, mas que seja bem melhor e mais eficiente do que os que foram adotados por países que acabaram com suas florestas para poderem desenvolver-se e mantêm hoje pequenas reservas como amostra do que um dia tiveram e destruíram. Muitos países de primeiro mundo, das maiores economias do planeta estão neste grupo.

O que não se pode é ficar na dúvida e no desgaste diário de notícias contraditórias sobre desmatamento e ocupação, tribos índias que perdem suas terras, assassinatos como no tempo da ocupação das terras litorâneas da estrada Rio-Santos nos idos dos anos 70 quando jagunços assassinavam pescadores para lhes ficarem com as terras. Nem com a ocupação da Barra da Tijuca, efetuada da mesma forma, entre tiros e facadas. Isso só serve a governos complacentes que fecham os olhos para distribuir terras. Dirão que em caso de improbidade se movem ações na justiça e se prendem os corruptos. Temos visto que não costuma ser assim. Roubam-nos as verbas públicas, e mesmo quando vão para a cadeia, não devolvem o dinheiro desperdiçado. Além do mais, os cargos são distribuídos por políticos “de confiança” e não por gente competente. “Confiança” de quem?
Por estes motivos é mais seguro que os Estados cuidem vigiando a área da Amazônia pelas fronteiras, do lado de fora, do que “governá-la” estando nela instalados. Permissões especiais podem ser concedidas para estudos por tempo limitado renovável por períodos. O custo dessa manutenção é da União, não dos Estados. E a própria Amazônia se paga de forma auto-sustentável.

No que respeita a populações índias[3], havia em 1500 cerca de 5 milhões de indivíduos, reduzida para cerca de 2 milhões até o ano de 1800 (Brasil tornou-se independente em 1822). De lá para cá sobraram apenas 280.000 indivíduos.

Além dos povos indígenas, a preservação da Amazônia deveria ser encarada sob o ponto de vista da riqueza de sua diversidade, de forma a que não se extinga antes de ser desvendada por completo. A maioria dos políticos não tem instrução acadêmica para entender o que isto significa, e votam leis sem a mínima noção do desastre que provocam por sua ignorância e ambição, quando participam direta ou indiretamente de atos que atentam contra a natureza. Muitas vezes nem sabem o que votam, como se pode constatar neste vídeo http://www.youtube.com/watch?v=ZbCB5pv33wE (repórter é agredida)




Breves informações sobre a Amazônia

Amazônia Legal – Com uma área de 5.217.423 km2, correspondente a cerca de 61% do território nacional, compreende a totalidade dos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, e parte do Mato Grosso e Maranhão (a oeste do meridiano de 44º de longitude oeste, onde residem 55,9% da população indígena ou seja, cerca de 250.000 pessoas. Equivale a quase a metade da superfície da Europa e possui 11,5 mil km de fronteiras. A bacia do Amazonas escoa cerca de 20% da água doce do planeta. Não há razão para o alto custo da água no Brasil.
Solos - Há milhões de anos, a área onde está localizada era um mar apresentando solos geologicamente pouco férteis e arenosos. A floresta derruba seus galhos, frutos, folhas, animais morrem, etc. formando uma camada superficial de matéria orgânica que se decompõe e se transforma em húmus que, por sua vez, alimenta a vegetação. É um solo frágil.
Bioma [4] – Embora somente cerca de 10% das espécies da Amazônia sejam conhecidas, pesquisas indicam que na Amazônia existem cerca de trinta milhões de espécies animais. Nas águas amazônicas estão 85% das espécies de peixes de toda a América do Sul. Todos os anos milhares deles migram tentando encontrar locais adequados para reprodução e desova. É a Piracema. São 1.200 espécies conhecidas de aves. A lista oficial da fauna ameaçada do Brasil inclui 58 espécies da Amazônia – 9% do total.
Tribos índias [5]- O Brasil possui uma imensa diversidade étnica e lingüística, estando entre as maiores do mundo. São cerca de 220 povos indígenas, mais de 70 grupos de índios isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo menos, são faladas pelos membros destas sociedades, que pertencem a mais de 30 famílias lingüísticas diferentes.
Rui Rodrigues