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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

N. York e o Lindy Hop - Pintando Outro quadro.



É comum que pintando um quadro sobre um motivo não se pinte o segundo e o terceiro, como que para matar as saudades e melhorar o que se fez. Assim, comprei duas telas menores, estas com 40 x 50 cm, para rever o ambiente do Lindy Hop... Nos anos entre 1930 e 1943, em New York. O quadro foi iniciado em 07 de novembro de 2013. 

Eis o esboço 

Fase 1- Esboçando 



As  distorções na verticalidade dos edíficos se deve ao efeito de minha câmara, marca "rasca"...

Fase 1-a - Esboço dos personagens





Fase 2- Pintando os planos de fundo 




Claro  que sem a Sarkye eu não conseguiria pintar quadro algum desde 2002... Ela me orienta... 




É preciso que saibamos o que estamos pintando e o que queremos realmente pintar. Se pintamos algo de época, é interessante que sejamos o mais fiéis que nos seja possível, mesmo que nossa arte seja desconstrutora  a exemplo de Picasso quando pintou Guérnica ou suas belas mulheres. Lindy Hop pe uma dança nascida nas ruas do Harlem de Nova Iorque e que teve seu ponto máximo – passando a disseminar-se pelos EUA e pelo mundo – quando um sujeito comum que dançava de forma incomum, inventou um passe aéreo para um tipo de swing que se dançava por lá, e que evolucionara a partir do Charleston.  Isto foi pro volta de 1929. O dançarino chama-se Manning, ainda é vivo, e depois que largou a dança, porque a moda se foi, passou a trabalhar nos correios de N. York.
Se os anos 20 foram os “anos loucos”, de completa reviravolta social, mulheres exigindo pelas ruas do mundo o seu direito de votar, as ruas se enchendo de automóveis movidos a gasolina, aviões de passageiros mais confortáveis, geladeiras e televisões invadindo os lares, os anos 30 foram de apreensão. Vivia-se uma crise econômica sem precedentes surgida em 1929. Em 1939 eclodiu a segunda guerra mundial.

É preciso entender o povo americano, assim como é preciso entender qualquer povo deste planeta. Fundado por dissidentes religiosos que fugiam de perseguições também religiosas – das fogueiras e das torturas da inquisição – sua ânsia de liberdade é indescritível.  Chegam a pensar que são responsáveis pela liberdade do mundo, embora seu gosto pela guerra tenha outras componentes, como o desenvolvimento bélico, a manutenção de uma indústria que mantém o emprego em épocas de crise, lhes dá segurança. Devemos-lhes, dentre outras coisas, além do desenvolvimento cientifico, a libertação do mundo das garras de Hitler, o nazista – sendo “nazi” o nome do partido político dos trabalhadores que Hitler fundou e o levou ao poder.  Políticos, de modo geral, mentem. Por isso não creio em nenhum partido dos trabalhadores, quando muito no britânico.

Em 1943, os EUA já estavam na guerra desde 1942, mas agora a indústria florescia, não havia desemprego, as mulheres ocupavam o lugar dos homens que haviam partido para  frente de batalha – assim como muitas mulheres – em fábricas de automóveis, de aviação, em trabalhos que geralmente eram reduto exclusivo dos homens. As viúvas, muitas com filhos, tiveram que aprender a sobreviver. O mundo das “oportunidades” do American Way of Life, progredia a pleno vapor. A morte era uma questão certa, era preciso viver, e em plena guerra, no final dos anos 30 e década de 40 foram ainda mais loucos do que os anos 20. A indústria cinematográfica de Hollywood progredia com estrelas famosas, e só no ano de 1943 foram lançados os seguintes filmes [1].

Documentário
 1943
 Drama

 1943
 Comédia / Musical

 1943
 Drama

 1943
 Suspense
 1943
 Documentário
 1943
 Guerra
 1943
 Guerra

 1943
 Clássico

 1943
 Drama / Romance
 1943
 Terror
 1943
 Faroeste

 1943
 Drama
 1943
 Ação
 1943
 Musical

 1943
 Comédia
 1943
 Aventura
 1943
 Musical / Drama

 1943
 Romance / Drama
 1943
 Drama / Guerra

 1943
 Comédia

 1943
 Ação / Aventura
 1943
 Terror / Clássico
 1943
 Terror
 1943
 Comédia

 1943
 Clássico
 1943
 Clássico

 1943
 Comédia / Romance

 1943
 Guerra

 1943
 Drama
 1943
 Ação / Drama / Guerra
 1943
 Policial

 1943
 Ação / Aventura
 1943
 Ação / Aventura

 1943
 Musical

 1943

De notar os filmes sobre Hitler e os nazistas em profusão, e em espeial Sherlock Holmes e a arma secreta, O fantasma da Ópera, Jane Eyre, Por quem os sinos dobram e Lassie e a força do coração que daria origem a uma série vista ainda nos anos 60.

Este é o ambiente em que pinto meu quadro, sem esquecer um filme de época chamado “Verão de 42”, lançado um par de décadas depois.

E com a ajuda da Sarkye, a fase 2-a está assim...



Hoje é dia 09 de novembro. Não se pinta durante todo o dia. Somente quando se tem muita vontade, e isso depois de olhar para o quadro, perguntar o que ele quer que se pinte, como, com que cor e tom, e mesmo assim, a pintura só se inicia depois que consulto a minha gata Sarkye... por enquanto pinto janelas de prédios... E está assim

Fase 2-b



A Sarkye avisou-me que era melhor dar umas pinceladas nos personagens a modos de fazer um estudo de cores. Aceitei a ideia  depois que ela me deu umas lambidas, e olhou para mim com aqueles olhos transparentes, amarelos. E ficou assim a fase 2-c

Fase 2-c



Esta é a fase em que não dá mais para parar.. Todos os minutos disponíveis são para olhar o quadro à minha frente- sempre -e ir retocando conforme as suas solicitudes, os conselhos da Sarkye, e minhas opções... 

Eis a fase 2-d



E ainda hoje, 10 de novembro, dei mais umas pinceladas... Pintar um quadro tem que ser como beber um bom vinho... Aliás... Ainda não parei de tomar alguns goles de vez em quando... A Sarkye arregala os olhos, mas entende. Ela é abstêmia. Completamente. 

Hoje ela nem quis ver como ia a pintura... Devo ter pintado alguma coisa errada. Amanhã vejo!


Fase 2-e -




Em 12 de novembro o quadro está assim.. (parece jogo dos sete erros, para descobrir o que mudou em relação à imagem anterior)...



Quase pronto, faltam retoques nos rostos, algo mais que me tenha passado desapercebido, mas o quadro está chegando ao final...

Fase 3 - finalização 

  


© Rui Rodrigues





[1] Extraído do Site que fornece a lista de lançamento de filmes ano a ano    http://www.interfilmes.com/listaporano_1943_1.html

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Cinco casos de fundir a cuca na semana de 03 de Novembro de 2013


  1. O caso dos Beagles. (repetindo postagem)


Leis devem ser claras. Algumas submetidas a plebiscito porque são caso de "emoção e comoção públicas". É o caso de experiências com animais. Usaram beagles. Porque não vira-latas ou outros animais que não sejam tão representativos de amor aos animais como qualquer ser realmente humano tem?

Todos sabemos que povo indignado pode provocar uma revolução. Cremos que uma revolução, no momento, ainda - e digo ainda - não é necessária porque temos esperanças até as próximas eleições. Se houvesse lei bem definida, aprovada pelos cidadãos que pagam seus impostos, esta pequena revolução não teria acontecido.

Por outro lado, havia crianças entre os manifestantes. Como que a polícia se atreve a jogar bombas, balas de borracha, em cima dos manifestantes como se pertencessem a black-blocks ? Esta foi uma manifestação diferente que deveria ter tido à frente do batalhão de polícia um negociador , um psiclógo que pudesse negociar com os manifestantes. Nossa polícia continua agindo de forma antiga, ultrapassada, como se fizesse a lei, e decidi-se na hora, aplicar o castigo... Ficamos na dúvida quem provocou quem...

Em princípio, o erro está na própria lei que não é clara, nem divulgada, nem submetida a plebiscito - como é o caso do aborto e outros do tipo. Depois a culpa é de políticos que continuam impunes, votando projetos e leis no Congresso nacional, quando deveriam esperar as resoluções finais fora das instituições públicas. Ou seja, não temos políticos credíveis, logo o governo não é credível, e falham as instituições e a lei...

É bom que Dilma Rousseff, e o Congresso meditem sobre o assunto porque a situação começa a tornar-se insustentável, o governo não tem nenhuma  moral para agir, a população começa a desejar mudanças urgentes, uma revolução nacional.

© Rui Rodrigues

  1. Novelas da Globo


O filho não sabe quem é o pai, o pai é um criminal sem vergonha, a mãe teve amantes, os bens da família são motivos de discórdia, roubam-se crianças, há injustiças por todos os lados, raiva e vinganças... A mocinha que não queria o cara acaba querendo, e depois de uma traição o cara volta mas ela diz não... Uns morrem de desastre forjado, outros de desastre desastroso.

Misture tudo, saque umas duas ou três combinações e tem mais uma nova novela da Globo.... Nem precisaria assistir!

Mas isso não é nada, comparado com os mesmos artistas, sempre os mesmos artistas em quatro ou cinco novelas diárias, invadindo as casas dos desprevenidos ou  dos que não têm outra opção... Já cansa pra cassete!... Um porre! Um pé no saco !... E quando usam ambulâncias e carros de bombeiros, esses veículos e personagens são reais, dos serviços públicos ou fazem parte do elenco e material? Se são do serviço público farão falta certamente. 

Não haverá na Globo um espírito inovador com novos programas para compor a grade da emissora? Alguém que nos apresente novos artistas de qualidade, apanhados pelos teatros da vida em vez de nos empurrarem filhos de artistas, protegidos da fama?

© Rui Rodrigues


  1. Big brother
 Está aberta a temporada de Caça aos que dormem de touca, no circo de horrores, da devassidão devassada...

Periguetes assanhadas buscando uma publicação em revista de nudismo; caubóis sem cavalo querendo domar concorrentes; gente instruída sem renome buscando fama mas perdendo o emprego; gente sarada com mente aberta querendo fechar a dos outros; amores sem amor sendo revelados amorosamente; tesão de mijo à flor da pele e confundido com desfile de modas morais; dissidentes de seu gênero aparente à nascença, indo com muita educação - contida - ao ponto, tentando não rodar a baiana; Gente que pensa com a cabeça e cabeças que pensam como gente, outras nem um pouco mais ou menos; Gente linda na foto feia na mioleira e gente feia na foto, linda na mioleira; raposas que dizem que as uvas estão verdes, e uvas que não dão mole pra Kojak; Gente que paga para ver se vão ou não transar, a curiosidade da longa abstinência na vida real... 

No Big Brother vai ter de tudo, até um jornalista que acha que nasceu para filósofo, mas que deixa frases soltas e expressões corporais que influem na votação da massa externa... 

Preparem-se para bloquear programas em seus controles remotos. 

© Rui Rodrigues

  1. Policia e Lei Rouanet


Em vez de melhorarmos a cultura popular através da educação, o que incentivaria as artes, criou-se a lei Rouanet para distribuir verbas entre artistas... Ou seja, sem melhoria de público nem os artistas precisam ser artistas.. (Ou seja, a lei é só mais uma forma de distribuição de verbas pelo PT e base aliada que vota no senado)

Temos três policias e 71 % da população não acredita nela... Matam muito, e há muita corrupção.. O caso do garoto Marcelo é algo a esclarecer porque a história também está mal contada... E neste caso nem é preciso mais verbas, pelo amor de Deus... Estamos de saco cheio de distribuir verbas... Somos campeões nisso.. 

Temos é que reformular as leis, a polícia, dar mais educação à população, melhores condições de vida e menos corrupção dos governantes... Um bom exemplo seria Genoino, Zé Dirceu, Sarney e 70% dos senadores e deputados que têm contas a ajustar com a justiça, saiam de seus cargos imediatamente e esperem cá fora pelo resultado. Outro exemplo seria lei da imprensa livre. Cada um escreve a biografia de quem quiser como quiser, como nos livros de história universal... 

© Rui Rodrigues


  1. Sobre Miriam Leitão
    (opinião pessoal)


    É uma jornalista que foi militante de esquerda, presa e torturada. A esquerda, comunista ou socialista, não costuma entender nada de economia. Por isso, dos quase 90 países que já foram comunistas, só restam dois: Cuba e Coreia do Norte. 



    Pelos pitacos desastrosos da Miriam Leitão -      uma jornalista formada em Brasilia e não uma economista - A rede globo investiu maciçamente onde não devia e foram precisas verbas públicas para socorrer a emissora... 

    De vez em quando a escuto pela manhã e me arrepio com os seus pitacos - não análises técnicas - que chegam a bradar aos céus... Quem vai na onda dela perde o dinheiro, fica pau da vida e vira comunista de raiva...

    Já leitão à pururuca é honesto em sua apresentação: O que destoa por vezes, por questão de vaidade, é a maçã caramelada na boca, mas em compensação tem conteúdo credível.

    RR

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Miriam_Leitão

sábado, 26 de outubro de 2013

A síndrome de Estocolmo no reino das galinhas

A síndrome de Estocolmo no reino das galinhas

Estudo os estudos de Freud desde quando tinha meus 18 anos. Não tenho diploma, mas acho – apenas acho – que entendo alguma coisa de psicologia. Tenho até uma gata de quatro patas com a qual me dou muito bem. Ela é sensacional. Fica do meu lado, acompanha-me para onde vou e temos um sistema perfeito de comunicação. Quando ela quer sair de casa para fazer suas necessidades, por exemplo, fica parada, sentada, em frente à porta da área da churrasqueira ou da rua, esperando pacientemente que eu a atenda. Mia de certa forma para que eu entenda “melhor”. É o tipo de gata que me olha nos olhos, que quando fico cozinhando se assenta perto de mim sem pedir nada (e nunca lhe dou nada quando cozinho, porque só lhe dou ração para que seja sempre saudável e não estrague os dentes). Devemos ter, pelo menos, uns cem sinais de comunicação. Quando a chamo costuma obedecer, e se assobio, vem logo. Se a mando entrar em casa, ela vai, e se lhe digo: Sarkye. Fica quieta! Fica aí... Ela senta e não sai do lugar por alguns instantes até que eu volte. Aprendeu isso pelo hábito sem qualquer tipo de violência ou agrado de ração extra. Se não for apenas amizade, deve ser amor mútuo.

Tenho um galinheiro com três galinhas e agora apenas um galo. O Chico foi para a panela de uns amigos por engano. Era manso e o mais gordo. Ficou o Zé que é mais violento (ataca-me e a qualquer um que invada o galinheiro) é magro e parece ser descendente de galo de briga, talvez um guerrilheiro das velhas lutas por puro direito impensado de cobrir todas as galinhas até torrar a próstata. No entanto, cuida do galinheiro a seu modo alienado, sem saber com quem está lidando. É a ignorância animal. Mas não são apenas os animais que parecem alienados. A síndrome de Estocolmo [1] surge entre humanos quando prisioneiros altamente estressados e desanimados, sem solução de continuidade, aderem a seus algozes ficando dependentes deles, e com eles chegam a cooperar. Porém, este tipo de atitude aparentemente, pelos menos, não acontece apenas entre seres humanos. Vejamos se tenho razão.

Há uns cinco ou seis dias atrás, ouvi pela madrugada um piar doloroso de uma galinha no galinheiro. Pensando que fosse um gambá, que costuma chupar o sangue de galinhas até ficar completamente embriagado, corri para ver. Encontrei um circulo de galináceos. Duas galinhas e um galo è volta de uma galinha mais fraca. Estavam parados, olharam para mim, a galinha cercada ficou ali no mesmo lugar. Nos dias seguintes a cena se repetiu, mas ontem resolvi não fazer barulho. Abri minha porta devagar, fui pé ante pé até o galinheiro e vi que uma galinha estava bicando a mesma que tinha sido constantemente cercada. Dei um grito e todas olharam para mim. O galo veio na minha direção, pronto para me dar umas esporadas. Minha cerca de arame não lhe permite essas leviandades, e quando entro no galinheiro para colher ovos, levo sempre um puçá balançando na minha frente. Hoje ele me deu uma esporada. Fez-me um corte na perna. O que vale é que meu sangue seca logo. Passei um anti-séptico desses de spray e estou bem. Mas tive que tirar a galinha do galinheiro. Notei que lhe faltavam penas nas costas. Peguei o puçá. Quando entrei as outras galinhas e o galo fugiram para o fundo do galinheiro (que tem mais ou menos 3 metros de largura por 9 de comprimento. Peguei a galinha com o puçá e me preparei para sair. Não se pode dar as costas para galo brigão. Quando estava chegando à porta do galinheiro, ele me atacou pelas costas e me rasgou a perna com o esporão.

Então, depois de lhe passar anti-séptico, soltei a galinha que tinha as costas feridas, escalavradas, o sangue escorrendo. (Esta da foto não é a minha galinha, que tem exatamente nas costas os ferimentos a que me refiro). Os demais membros da tribo de galináceos estavam lhe sugando o sangue com bicadas. Não sabia que galináceos podem ser vampiros mesmo com farta ração de milho e de restos de comida. Pois bem. A galinha ferida ficou rondando a porta do galinheiro querendo voltar para o seu grupo, com o qual se identifica. Agora mesmo está dormindo junto à malha que a separa do galinheiro. Do outro lado, bem encostados à mesma grade, estão seus amigos que lhe chupavam o sangue e a matariam. O galo sempre disfarçara que acoitava a chupação de sangue.

É assim mesmo que os galináceos agem em seu meio, é assim mesmo que nós humanos agimos em nosso meio. O pessoal que vota no PT é prova viva do que afirmo. Estamos todos vivenciando uma crise de Estocolmo em pleno inicio de verão brasileiro. O símbolo do PT deveria ser um galo de briga. Estrelas são símbolos para vôos mais altaneiros e nobres e não merecem ser bandeira de partidos vampiros. 

© Rui Rodrigues



Sopros de felicidade !

Infelicidades são armadilhas do desespero. Não se deixe enganar. É tudo ilusão exceto a realidade.

É a eterna busca da felicidade que sempre está a dois passos de nós, mas que nunca conseguimos enxergar. Somos cegos para a felicidade por uma razão muito simples: Precisamos de adrenalina para nos mover no mundo, mudar a nossa vida. Pelo contrário, a felicidade que as endorfinas nos dão nos fazem parar no tempo, ficar no lugar que nos dá a felicidade do momento tentando torná-lo eterno. É assim que as drogas, de forma ilusória, nos tornam reféns da infelicidade. Queremos a felicidade, amamos a felicidade, e nos quedamos ali, parados, felizes, até que a falta das endorfinas nos levam para o lado da infelicidade. Então procuramos [1]as drogas e esquecemos da adrenalina que nos poderia tirar desse atoleiro. Creio até que os centros de recuperação poderiam usar adrenalina para curar em vez de outros tipos de drogas mais caros. A Adrenalina nos remete a nossa inteligência do “coração” para o racional. Dá-nos medo e nos obriga a refletir, a sair das drogas, porque então racionalizamos que nossa vida está em perigo e o perigo são as drogas.

Para ser feliz, sem drogas, faça o que deseja, na forma que desejar, no momento que precisar. Se não conseguir, não desanime e não se frustre por isso. Mude de foco e tente outra coisa. Ah... Não tem outra coisa, invente, descubra, procure. Saia por aí com um par de camisinhas e transe, beije, ria, divirta-se. Vá até o bar da esquina ou se tem muita vergonha até outro em bairro diferente daquele onde mora (que se foda [2]essa porra de dizer que bebida é anti-social, ou amoral, ou anti-religiosa, ou que caralho for) e tome um par de drinques para ficar alegre. Não beba até perder a razão, porque depois vem a infelicidade. Isso não é bom. Nunca pintou, caminhou, escreveu o que lhe vai na alma? Então comece logo. Pelo menos tente. Ah!... Tem uma catrefada de coisas que gostaria de dizer a seus amigos, a seu ex-marido, a sua ex-mulher, a seu chefe no escritório? Saiba que tudo isso tem um custo, mas se for necessário, diga-o! Sentir-se-á aliviado ou aliviada, e a vida segue outro rumo – certamente – depois disso. Há horas em que racionalizar muito não só não facilita como até complica a sua vida.
Costumamos complicar tudo em nossa vida por mil e uma razões. Cada razão com sua história e seu passado. Mas se analisar essas “razões” verá que não há razão alguma. O que há é um hábito de “não mudar” porque se mudar acontecem fantasias, hipóteses, medos que se podem concretizar. São fantasmas próprios de cada um de nós. Como vencê-los? Ora bolas!... Fantasmas são apenas fantasmas, algo tão virtual como a decomposição da luz através de um prisma de cristal: Tudo é cor, mas não se pode pegar, não mata, não fere. Então enfrente os fantasmas ou simplesmente os jogue no lixo.  São fantasias pessoais que assustam como abóboras escavadas e iluminadas internamente com bruxuleantes pavios de vela acesos em dia de Halloween. Não lhes dê a mínima importância e logo descobrirá que se esvaem e ficam esquecidos.

Fantasmas são pura imaginação, factíveis de serem sugados por aspiradores especiais criados pelo pessoal animado de Hollywood como no filme “ghostbusters”.

Está esperando o quê, para começar a caminhar, ler, escrever, pintar (mesmo que não saiba nada disto, mas verá que depois de começar tudo fica mais fácil a cada dia)? Não sou Jesus, muito longe disso, mas: - Levanta-te e anda! Ligue o “foda-se” e vá á procura da felicidade em sua vida.

© Rui Rodrigues






[1]  Falo no plural magnânimo. Não uso drogas, nem nunca usei, a não ser um bom vinho e uma cigarrilha ou cigarro de vez em quando. Muitos heróis já fumaram e não me venham com essa que sou politicamente incorreto. A poluição das cidades mata muito mais do que o cigarro e nem por isso as autoridades vão contra o diesel e a gasolina, as drogas que saem das chaminés e dos esgotos. A propaganda é contra o cigarro e muito menos contra as drogas.
[2] Não costumo falar palavrões, exceto em ocasiões apropriadas como esta. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Nós e o Lindy Hop

Nós e o Lindy Hop

Estou em vias de concluir um quadro pintado com tinta acrílica sobre tela para minha filha, com o Lindy Hop como tema. Para melhor ambientação deste texto, recomendo que escute as músicas de Lindy Hop indicadas ao final do texto, enquanto efetua a leitura.

O tema escolhido de comum acordo, em outubro de 2013, foi o Lindy Hop. Eu não conhecia este tipo de dança e nasci em 1945. Como não a conhecia? Devo ter estado muito ocupado todo este tempo, desde que nasci. Em 1942, quando os EUA entraram na segunda guerra mundial, era dançada em salões de baile famosos como o Savoy de N. York, e centenas de filmes foram feitos nas décadas de 30 e 40 sobre esse tema. Helizapopping é talvez o filme mais famoso protagonizado pelos Whitey’s, dos quais fazia parte Frankie Manning. Eles visitaram o Brasil por essa época. Eram muito famosos. Era a dança nacional dos EUA por esse tempo. Surgira nas ruas americanas impulsionada por gente negra. Antes de iniciar o quadro fiz uma pesquisa para me situar, e no meu blog “Bar do Chopp Grátis”, iniciei uma página com fotos do quadro, fase por fase, desde os primeiros traços até o final da pintura. A intenção, embora não seja um grande pintor e muito menos famoso, é levar o conhecimento a quem deseja arriscar os primeiros traços de pintura a produzir a sua obra prima: A primeira!


Nasci em 1945, em setembro, logo após o término da Segunda Guerra Mundial que acontecera um mês antes, em agosto. Lembro-me que por volta dos seis anos fui a um dentista e sobre a mesa havia revistas com fotos da guerra. Pensei em meu pai que se livrara dela, mas não de seus efeitos. Meses antes emigrara para o Brasil. Eu ficara. Podemos imaginar quantas coisas me terão passado pela mente, mas algumas são perfeitamente compreensíveis: Meu pai voltaria? Eu iria viver com ele? Quando? E se houvesse uma nova guerra? E se meu pai morresse? Minha mãe viria a falecer quando eu tinha meus dez anos. Ela tinha pouco mais de 30. 


Este meu texto é na verdade uma homenagem a pessoas como Frankie Manning [1], Cynthia Millman, Dean Collins, Jewel Mcgowan, Norma Milller, Hal Takier, Lennie Smith, Irene Thomas e outros, que emocionaram o mundo com sua interpretação do Lindy Hop, nascido nas ruas do Harlem, N. York, no final da década de 20. Para pintar meu quadro eu precisava saber sobre a história dessa dança, e quem eram os seus mais famosos dançarinos. Alguns são brancos, outros negros, outros morenos, mas naquela época ainda não aparecera Martin Luther King, e os EUA viviam numa sociedade de “apartheid”.  Se não aparecer alguém que fale sobre eles, regularmente, décadas depois, ficam no esquecimento. Não podemos ter tudo presente em nossas lembranças e muito menos em nosso conhecimento, e de forma consciente, presente, é totalmente impossível. Nosso cérebro tem suas limitações.  Frankie Manning ainda é vivo [2]. Deixara a dança e foi trabalhar nos correios. Repórteres o descobriram e editaram uma reportagem que publicaram no Youtube.


O mundo, isto é, a humanidade, desenvolve-se a um ritmo que ela mesma determina. É como se ela fosse um enorme animal constituído por, em nossos dias, cerca de sete bilhões e meio de pequenos animaizinhos a que damos o nome de “seres humanos”. Analisados sob o ponto de vista morfológico, não somos muito diferentes dos demais animais, nem podemos ser tão diferentes dos animais de outros planetas habitáveis: Temos cabeça, tronco, membros, visão, olfato, tato, sentimentos. Somos feitos de carne e ossos e de certa forma nos alimentamos uns dos outros. Nossa espécie, a humana, descobriu uma forma de não nos comermos uns aos outros: O trabalho. Trocamos nossas vidas pelo trabalho que produzimos, gerando sociedades que dependem do nosso trabalho do qual nós próprios também dependemos. Para viver precisamos trabalhar. Aqueles dias do Lindy Hop eram dominados por sindicatos, por bandidos como Al Capone, por leis que não eram cumpridas, fruto da corrupção. Os EUA tinham entrado na guerra em 1942, e se já era assim em 1943, ficou pior em 1945 quando a guerra terminou, os soldados voltaram para casa e não encontraram trabalho, até porque a indústria bélica entrava em aparente recessão. Era preciso desenvolver o comércio, a indústria. A guerra proporcionara a ocupação das populações num trabalho que antes faltara devido à crise de 1929, a grande depressão. Em 1945, com o seu fim, voltava a faltar trabalho para os que retornavam dela. Então surgiu a guerra fria, isto é, uma preparação constante para a guerra, a fim de manter a industria americana a pleno vapor. Se alguém achar que a guerra fria era ideológica, pode esquecer. Todas as guerras, até as virtuais, são por comércio, que gera trabalho e mantém as populações ocupadas.


Em 1943 [3]meu pai conheceu a minha mãe.  Dançava-se o Lindy Hop. Na aldeia de Fornelos onde meu pai vivia, nunca se passou verdadeiramente o que se conhece por “fome”. Todos os habitantes tinham seu pedaço de terra. Produziam batatas, cebolas, milho, hortaliças e todos tinham suas galinhas, porcos, bois e vacas, e embora não pudessem produzir todo o necessário, havia sempre trabalho para ganhar alguns trocados e comprar pelo menos o absolutamente necessário. Vinho e aguardente todos produziam o seu, e o lagar de azeite era comunitário. Se alguém quisesse comprar um carro tinha que trabalhar muito, sair da aldeia, trabalhar fora, mas patrões são iguais em todas as partes do mundo: Dão trabalho e pagam por isso, sempre abaixo do que pensamos que valemos, ou do que necessitamos para termos o “mínimo” que julgamos razoável. As exceções são raras. Meu pai tinha uma profissão e sabia ler, escrever, fazer contas. Saiu primeiro para Lisboa, depois para o Brasil. Ganhava bem, mas o “bem” era realmente pouco. Sempre é, se temos alguma ambição. Nunca tive muita. Sempre quis viver o máximo possível com a família, poder dar-lhe pelo menos o suficiente, e mesmo assim, trabalhando duro, virando noites no trabalho, tendo que me ausentar de minha família por períodos que sempre tentei encurtar o máximo possível.


A vida é dura, a dança alivia, uma garrafa de vinho tomada com moderação liberta a alma. A vida é dura, mas é boa. Se a vida fosse mole não teria tanto interesse. O bom são os desafios. Quantos mais enfrentarmos melhor. Crescemos com eles, nosso ego se inflama cada vez que os vencemos. Contornar as situações para evitar os problemas é como dormir durante um ataque do exército inimigo.  Uma comparação entre os anos de 1943 e os de hoje, sem considerarmos o intervalo de tempo, é como pular do primeiro degrau ao nível da rua e pularmos para o primeiro degrau do décimo andar. Um salto enorme que a humanidade deu, em seu ritmo, dado passo a passo, vários em cada dia, sem que tenhamos percebido como isso aconteceu. Hoje podemos ir á Lua quantas vezes quisermos, e preparamos uma ida tripulada a Marte. Se não o fizemos ainda é porque a economia mundial ainda não o permitiu. Nosso sistema econômico, a nível mundial ainda é antigo. Não é como na aldeia em que nasci, em que crise após crise, quem não tem muita ambição pode viver uma vida inteira em relativa paz. É assim em todas as aldeias do mundo, mas todos querem ir para as grandes cidades. Neste período não demos nenhum pulo na economia como demos no nosso desenvolvimento tecnológico e nos demais campos da ciência. As guerras continuam, localizadas, as guerras diárias pela manutenção do emprego e do padrão de vida não param, e esta guerra da sobrevivência, do dia a dia, é uma “guerra surda e muda”. Quem vemos na net ou nas ruas, faz parte da “ vida “ e temos a impressão que tudo vai bem, que não há sofrimentos. Doentes em hospitais, pessoas em prisões, noites de tiroteio, atos de vandalismo e terrorismo, lidos ou contados, dão-nos a falsa sensação de segurança pelo simples fato de que não aconteceu conosco ou com nossos familiares. A humanidade vai ficando insensível.


Então, quando combinei a pintura do quadro com minha filha, começou um período de aprendizado e diversão para mim. Mas também de sofrimento e tristeza. Viajei com a pintura de meu quadro, lembrei-me de orquestras que tocavam – também – o Lindy Hop, como as de Glenn Miller e Duke Ellington, vi submarinos alemães afundando navios cargueiros no Atlântico, gente morrendo enquanto se dançava Lindy hop como se a guerra não existisse. Vi gangsteres de N. York, carros da época, vi filmes  Ocorreram-me cenas do filme “Verão de 42”, o rapaz partindo para a guerra para nunca mais voltar. Sua linda esposa vivia numa casa de madeira à beira mar. Um dos garotos de um grupo das cercanias se enamorou dela, seu primeiro amor. Um amor platônico até que ela recebeu a carta notificando-a de sua viuvez. O garoto teve a sua primeira vez com ela que finalmente partiu dali. Imaginei-me partindo de Lisboa a caminho do Brasil após 11 longos anos de separação de meu pai. Devo ter ouvido musicas de Lindy Hop, certamente, mas quando comecei a dançar, com meus doze anos, em 1957, já não era moda.

Minha neta nasceu ao som do “rap”. Não é uma dança alegre, as letras não são alegres. Os tempos mudaram, o samba já não é o mesmo, não há salões de dança em Hotéis e boates são perigosas. Não creio que tenhamos mudado para melhor. Apenas mudamos. Minha filha me deu a oportunidade de pensar em algo específico, de viajar no tempo, para trás, contrariando – apenas aparentemente – as leis da física quântica.


E minha neta, muito provavelmente, e tal como eu, quando tiver minha idade não se lembrará de ter dançado “rap”. É o sutil, o indelével, a substância humana que não muda, mas que muda o mundo, a seu passo lento mas inexorável. E nem poderia ser de outro modo. 

© Rui Rodrigues.

PS – Para melhor ambientação, consultar também os seguintes links (e escutar as músicas enquanto lê o texto)








[1] Frankie Manning, no balroom do Hotel Savoy, em 1935, ganhou uma competição de Lindy Hop ao vencer Shorty George. Sua façanha foi ter feito pela primeira vez o ‘passe aéreo”, retratado em meu quadro. O mundo veio abaixo e o Lindy Hop estourou de vez e se internacionalizou. 
[2] Manning esteve no Brasil como parte do grupo Withey’s, em 1941. Vieram para ficar por duas semanas, mas como os submarinos alemães estavam afundando navios nas rotas do Atlântico perto das costas brasileiras, o grupo se viu impossibilitado de voltar aos EUA e ficaram por aqui dez meses.
[3] Ver os principais eventos de 1943 no site http://www.historyorb.com/events/date/1943