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sábado, 22 de fevereiro de 2014

O Cavalo de Noé e a Arca de Troia

O Cavalo de Noé e a Arca de Troia



Fazer confusões é coisa do dia a dia de nossas vidas. Da minha e da sua, que ora está lendo estas alegres linhas cheias de bom humor, mesmo que com pouca ou nenhuma graça. Claro que a arca foi a de Noé, e o cavalo foi o de Tróia, mas deixei ficar o título assim mesmo porque é preciso que se saiba que fazer confusões é coisa normal e corriqueira desde tempos que ninguém recorda porque só nos ficou a tradição até que veio a escrita. E aí, meus amigos, nossos problemas começaram. Uma vez escrito nada poderia ser corrigido, porque os museus guardam sempre um exemplar para comparação. 
Nem um dilúvio consegue apagar o que já uma vez foi escrito. E é exatamente a história emblemática do dilúvio que aqui se conta numa versão confusa. Ah... Tróia ficava perto de onde Noé estava. Os carpinteiros devem ter sido os mesmos e todos sabiam no lugar que quando as neves das montanhas da Armênia derretiam, o caudal dos rios engrossava e “inundavam tudo ao redor até onde os olhos não alcançam, destruindo tudo ao redor”, tal como escreveram e deixaram gravado os sumérios em placas de argila. As inundações vinham sempre e normalmente nos meses de Abril e Maio.


Temos duas testemunhas históricas: Um rei da suméria chamado Gilgamesh, conforme atestam as tais tabuletas de argila gravadas em escrita cuneiforme, e Moisés, que escreveu, segundo dizem, o Gênesis. Nossa história é de um terceiro, também desconhecido. Todos os três vivendo ali perto, em terras de Canaã, que correspondem hoje aos territórios ocupados pelo Líbano, a Palestina, Israel, partes da Jordânia, do Egito e da Síria. Gilgamesh foi um rei lendário de terras hoje ocupadas pelo Iraque. Troia não se sabe onde fica, mas os gregos que apareceram posteriormente apareceram por lá e rasgaram os mapas. Mas a ideia do cavalo oco cheio de coisas nasceu nessas regiões. Assim falou Xaratróstra, o nosso bardo do dilúvio.

(antes, porém, é preciso que se saiba que naquela época ninguém sabia da existência do planeta Terra nem de sua extensão. Sabiam da existência de terras a norte, sul, em todas as direções, mas não tinham a perspectiva do “descobrimento” e contentavam-se com a visão de um mundo pouco maior do que aquele que viam. Inundar um mundo pequeno destes era muito fácil. Bastava imaginar uma enchente um pouco maior, assim como se espera o terremoto dos terremotos na península da Califórnia que a pode transformar numa jangada de pedra [i])

Assim falou Xaratróstra:




Por aquela época os filhos e as filhas de Deus se uniram às filhas e aos filhos dos homens. Não se sabe quem corrompeu quem, mas a piedade se enfraqueceu e a corrupção tornou-se lei. Deus olhou para baixo das nuvens, olhou, olhou, franziu o sobrolho e chamou Xaratróstra. – Xaratróstra... (gritou)... Vem cá!...
Xaratóstra que estava fazendo um bodoque com as ligas das meias da mãe, largou tudo e foi-lhe ao encontro correndo. Encontrou-o no cimo do monte Ararat.
- Senhor... Aqui me tens!...
- O que estavas fazendo, meu filho?
- Um bodoque para caçar passarinhos.
- Maldito seja a tua raça que não te ensinou bons costumes. Que mal te fazem os passarinhos para que os mates?
- Não era para mim, Senhor... Era para meu pai que gosta deles fritos na farinha de mandioca com dendê.
- Ah!... Logo vi. Bom... O assunto é o seguinte: Vou acabar com a raça dessa miscigenação humana fruto de filhos e filhas de Deuses com filhos e filhas de homens. Não prestam, andam sempre em lutas, guerras, são corruptos e não têm nem piedade de... De... De passarinhos, para que vejas... Vou também aniquilar com esses deuses que criei e que fizeram filhos e filhas que se misturaram com humanos e humanas. Vou acabar com essa sacanagem toda. Agora me irritei. 



Só conheço dois justos: Gilgamesh e Noé. Vou mandar um dilúvio que varrerá toda essa raça da face da Terra, exceto a família desses dois que também pouparei. Corre e diz-lhes que construam uma arca e que metam toda a bicharada dentro, incluindo pássaros e aves porque não terão onde pousar nem o que comer. Mas presta atenção: o desgraçado do porco não pode entrar na arca porque é um animal impuro. Nem o bode nem a cabra, nem todos os que tiverem o casco como o deles. Entendeste?
Xaratróstra assentiu com a cabeça, duas lágrimas escorrendo por seus olhos negros como tição apagado.
- Mas senhor, porque duas arcas?
- Porque um deles pode falhar e a arca afundar, não sejas idiota. Eles não sabem construir nada que preste. Mas olha... O Gilgamesh lançará corvos e o Noé pombas, entendeste?
- Mas por que razão Senhor?
- Perguntas muito, Xaratróstra... Perguntas demasiado. É que assim não se confundirão os dois caso nenhuma das arcas afunde... Entendeste? Senão pensariam que um povo descendente de um teria copiado a história dos descendentes do outro e se geraria uma guerra que poderia acabar com a nova humanidade.
- E os genes senhor? Os genes do antigos descendentes, fruto dos filhos e filhas de deuses na mistura com os humanos e humanas não passarão para as novas gerações?
- Já me estás a irritar, Xaratróstra... Claro que passam, mas eles só descobrirão isso passados milênios. Depois verei se acabo ou não com essa humanidade novamente. Mas da próxima vez será uma crise que consumirá todo o dinheiro existente na face da Terra.
- E como a nova humanidade acabará por falta de dinheiro?
- Quando há falta porque não se produz os que têm menos querem que os que têm mais dividam com eles. Eles até dividem, mas isso lhes tira – aos que têm menos - a “necessidade” de produzir e vão deixando de trabalhar. Começa a faltar mão de obra e os preços sobem gerando inflação. Logo o dinheiro acaba porque não há como substituir nem produzir mais dinheiro todos os dias com inflação cavalar a ponto de para comprar uma ferradura, terem que encher uma arca de 40 côvados de dinheiro. Entendeste? Então se matam em revoluções sangrentas. 



Agora vai, e diz-lhes... Mandarei o projeto da arca nos próximos dias.
- E quando será o dilúvio, Senhor?
- Daqui a 120 anos. Agora vai...

Xaratróstra desceu correndo o monte Ararat. Foi encontrar Gilgamesh no meio de uma farra, cheio de mulheres e mancebos do harém, numa festa do cabide, tomando vinho tinto e comendo pão com carne de porco embutida na própria tripa, defumada, com molho de pimenta, molho de tomate e mostarda amassada.



- Gil... (eram íntimos)... Vem cá... Dá-me uma ânfora desse vinho que preciso tomar um porre...
- Que foi Xara... Que te aconteceu meu amigo? Fedes como porco, estás suado e pareces vesgo...
- Ele vai acabar com todos vocês e os de Noé.  
- Calma... Primeiro... Quem é “Ele”?
- Deus!

Gilgamesh arregalou os olhos, teve um faniquito, um “piripac”, e desmaiou no mármore frio do palácio. Quando acordou, Xaratróstra o pôs a par da situação. Não se esqueceu do detalhe do porco que era um animal nojento, que até havia quem amarrasse as fêmeas e transasse com elas [ii], todos queriam comer porco, vivia chafurdando na lama fétida, transmitia doenças. Não deveria ser embarcado.


Então Deus voltou a chamar Xaratróstra. Xaratróstra saiu correndo de casa e subiu o monte. Chegou ofegante, suado, cheirando a porco.

Deus perguntou-lhe: Muito bem. Chegaste bem rápido. Mas dize-me... O que é isso aí atrás enfiado no teu saiote preso ao cinto?
- É... É um bodoque, Senhor...
- Mas não era para o teu pai caçar passarinhos?
- N... Não... Senhor... Isto aqui é para eu transar com gatas.
- Ora vamos lá... Explica-me isso!
- Senhor... Eu espero a gata passar, escondido atrás de uma árvore ou um muro de casa e dou-lhe um peteleco com o bodoque. Ela fica tonta e eu aproveito e transo.
- AH!... Está bem. Assim não te arranhas... Vou te perdoar essa. Sabes que sou bom e compassivo. O que não gosto é desta humanidade, e tu sabes que os homens e também as mulheres foram feitos à minha imagem. Eles também não gostam da humanidade porque são muitos e lhe fazem sombra. É competição pura. Qualquer motivo é motivo para que alguém queira dominar um grupo, uma nação... Conheço meu gado humano...
-Mas porque me chamaste Senhor?
- Quero que construas tu mesmo dois cavalos enormes de madeira, e enchas com uns animais que te vou trazer em carroças, separando casais distribuindo-os igualmente pelos dois cavalos.
- Mas que animais são esses Senhor?
- São animais que não existem por aqui.  E são vegetais também. Os que não se procriam por semente, mandarei mudas. Animais como o Canguru, o Ornitorrinco e o Equidno, o narval, a foca, a rena, sementes como as de manga, abacate e mamão, mudas de banana...
- Mas aqui não tem disso tudo... Senhor!...
- Eu sei! Por isso estou trazendo. Senão a história do dilúvio fica incoerente, sem sentido. Vou trazer esses animais da Austrália, da Ásia dos polos... Vais pô-los dentro dos cavalos para que não os vejam, não se assustem e não os matem...



E assim se fez e se fizeram as arcas com 300 côvados de comprimento, 50 de largura e 30 de altura, esta distribuída em três andares e coberta com breu que brotava naturalmente, uma espécie de asfalto de refinarias que naquela época ainda não existiam. Gilgamesh e Noé trabalharam durante cem anos durante os quais a humanidade comia, bebia, se divertia e fazia casamentos gerando filhos.




As reações aos cavalos foi a mesma por parte de Gilgamesh e Noé. Aceitaram como presente de Deus. Quando os desembarcaram, levaram-nos até a margem do mar e eles saíram navegando mar afora a caminho de lugares ainda inimagináveis naquela época. A humanidade (a nova) ficou milênios sem saber que existiam. 

Não se sabe, embora se desconfie, quem colocou o casal de porcos nas duas arcas embora fossem carne proibida. Noé não seria, nem Gilgamesh porque eram tementes a Deus, perfeitos porque ou não tinham genes de deuses ou não tinham genes de humanos, porque a mistura, como Deus dissera, era uma desgraça e por isso iria aniquilar a humanidade. Sobravam o próprio Deus e o Xaratróstra. Não temos dúvidas que a culpa foi do Xaratróstra...


Por 40 dias e 40 noites as águas das montanhas da Armênia desceram e inundaram tudo, juntando-se às águas das chuvas que caíram torrencialmente por igual período cobrindo toda a “terra” conhecida porque vista. Gilgamesh lançou seus corvos e Noé suas pombas como Deus os instruíra em separado. Quando nem corvos nem pombas voltaram, desembarcaram. Era sinal de que haviam pousado, já que não havia predadores vivos. De um cruzamento bem sucedido entre pombas e corvos, ou de outras aves que não chegamos a conhecer por terem sido extintas, nasceu o urubu, que hoje é a mascote da torcida do Flamengo no Rio de Janeiro. Ainda hoje se procuram as duas arcas que por serem de madeira... Imagina... Já foram comidas por fungos que ninguém reparou, mas também estavam na arca. Eles e os champinhons.




Ninguém informou como foram preservados os casais de peixes do mar, que como se sabe, não aguentam viver em água doce por mais do que umas poucas horas, mas deve ter sido construído um piscinão maior do que o de Ramos. Procuram-se os descendentes de Xaratróstra...


 ® Rui Rodrigues







[i] Provavelmente a base de inspiração do escritor português José Saramago em livro intitulado “jangada de pedra”, porém imaginando que a península ibérica fosse a que se desprendia do continente europeu.
[ii] Mulheres transavam com cavalos e cães até se casarem porque as famílias não permitiam o sexo antes do casamento.  Alguns moleques transavam com cabras e ovelhas. Parece que ainda fazem muito disso, sinal de que a humanidade , a tal, lá dos tempos de outrora continua sendo a mesma e herdou genes. 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A linha amarela, a ovelha e a inércia.

A linha amarela, a ovelha e a inércia.



Entre propriedade industrial ou direito de autor e domínio público, a diferença é sutil. Não sabemos quem inventou a linha amarela, mas como o amarelo em todo o reino animal é sinal de veneno ou perigo (animais que não devem ser comidos por serem venenosos), alguém descobriu a “linha amarela” e a usou como lugar de “atenção”. Vemos linhas amarelas em Bancos para controlar o acesso aos caixas para atendimento, nos aeroportos para acesso ao “check-in”, em repartições públicas, em faixas de pedestres, em traseiras de veículos pesados de construção, no símbolo da radioatividade. No Rio de Janeiro exista uma via expressa com este nome, onde de vez em quando ocorrem tiroteios entre bandidos entre si, bandidos e a polícia, bandidos e veículos que passam por lá.  Brasil se transforma num símbolo de violência, o mundo reconhece, a linha amarela é um sinal de ordem que deve prevalecer sobre o caos. Esta luta entre a ordem e o caos, é um motivo básico de todas as religiões, de todos os estados deste planeta, da consciência de cada ser humano que o habita. Por mais que por vezes se possa parecer “anarquista”, todos nós gostamos de uma linha amarela. É aviso, é sobrevivência, é ordem...

Ovelhas são seres de quatro patas, de olhar dócil, olhos com pestanas que choram quando sabem que estão para serem abatidas, calmas, redondas infantis, obedientes a qualquer cão pastor. Homens podem ser pastores, mas nada melhor que um cão pastor para colocar as ovelhas em ordem. É fácil. 
O problema são as ovelhas negras. Nada a haver com os irmãos com pele negra, mas com a mentalidade das ovelhas negras: São sempre do contra. Se o rebanho vai para a esquerda, a ovelha negra, mesmo sendo branquela, vai para a direita e vice-versa para todas as direções. Um dia fizeram um teste em ruas dos EUA. Colocaram uma linha amarela pintada transversalmente em um passeio. Ela não tinha o mínimo sentido, mas ninguém a ultrapassou. Todos os transeuntes se desviaram dela, com mais ou menos hesitação devido ao inusitado propósito desconhecido e a contornaram mesmo tendo que avançar no asfalto onde veículos passavam em comboios controlados por sinais de trânsito por sua vez dotados de luzes verde, amarela e vermelha.



Crie-se uma nova lei e as ovelhas logo dela têm conhecimento. Bom... Pelo menos em sua maioria, porque corre “vox populis”, e de boca em boca, logo se sabe da existência desta lei. Mas são mais as leis ignoradas, desconhecidas. Muçulmanos são obrigados a decorar o “Corão” seu livro sagrado [i]. O bom muçulmano é fiel ao seu Deus, Ala. São os fiéis mais estritos a um livro. Todo o bom muçulmano é obediente ao livro sagrado e se ele for conspurcado por sua mão direita ou por alguém, deve ser enterrado. 


Por isso o atraso científico e social em relação ao mundo ocidental. O bom muçulmano é ovelha que não questiona nem uma vírgula [ii]. Os fiéis do mundo ocidental questionam tudo. Podem desenhar para mostrar com simples traços, o que levaria laudas para explicar por escrito. Isto está mudando no mundo muçulmano, no mundo cristão, no mundo judeu, budista, tauista, no dos vedas, no budista, candomblé, espiritismo... Tudo evolui.

Mas como?



É aqui que entra a inércia da relação entre as linhas amarelas da vida, as ovelhas e os pastores, ou quem nos impõe leis. Ovelhas habituadas por cultura, tradição, oportunidade momentânea, levam certo tempo a se adaptar. As linhas telefônicas sofreram acréscimo de mais um dígito inicial nove (9) no Brasil e as companhias que nos vendem o acesso a preço de quilo de ovelha no mercado negro, nos dão um tempo para nos adaptarmos... Da mesma forma, um automóvel em alta velocidade, ao lhe serem aplicados os freios leva um certo tempo em que percorre certo espaço até que a tendência de continuar seguindo em frente pela velocidade a que vinha, cesse. A esta tendência de continuar o movimento se dá o nome de inércia. Um trem parado para ser colocado em movimento precisa de uma potência transformada em força enorme... Mas depois que começou a mover-se uma forcinha de criança a faz continuar em movimento. Se for preciso que o trem se mova mais rápido aplicamos-lhe uma força de “adulto”, e o trem da alegria ou da tristeza segue em frente até encontrar uma linha amarela. Então o trem fica indeciso e pára. E chegam os lobos.




Não estão no título deste texto, mas chegam os lobos. Quem são os lobos? Isso não importa. Basta que saibamos que existem e todos temos noção de sua existência como boas ovelhas que somos, controladas por linhas amarelas e que sofremos do mal da inércia: Demoramos a ter respostas para os nossos movimentos e continuamos no mesmo caminho mesmo querendo mudar imediatamente, mas para mudar de direção, é preciso vencer a inércia e fazer a curva em velocidade reduzida. Os lobos podem ser simples ovelhas disfarçadas que pintam linhas vermelhas onde não deveriam existir, linhas vermelhas por vezes disfarçadas de verde ou de amarelo. Outras vezes são os lobos que nos aparecem pelo caminho obrigando-nos a fazer curvas, assim de repente, e nós tendendo a continuar em frente, ou querendo fazer a curva reversa, aquela que nos leva para longe dos lobos.



Quando os lobos estão por detrás da linha amarela que nos tolhe o avanço para o alimento, o conhecimento, a educação, a liberdade, então temos que nos unir, avançar a linha amarela, e de herbívoros ruminantes, passarmos a ser antropófagas ovelhas comedoras de lobos, ou de ovelhas disfarçadas com peles de lobo.
Qualquer analogia com dificuldades para dormir quando contamos ovelhinhas pulando a cerca tranquilamente – velho sonho de homens e mulheres – ou com a política nacional e internacional não é pura coincidência [iii]. Ovelhinhas nos ensinam em sonhos que cercas não são para nos deter, mas para serem puladas. Sem alicates para não ferir a natureza... 



Se a cerca estiver pintada de verde, tome muito cuidado. Pode ser um engodo. Se estiver amarela, tome muito cuidado, porque como a cerca não é de confiança, tanto pode significar verde para passar como vermelho para parar... Se estiver pintada de vermelho pule... cercas vermelhas nos mandam parar tudo para nos submetermos aos lobos.

Pule sem receio. Cercas para a liberdade não custam nada para a humanidade. Vidas perdidas não são perdidas. Ganha a humanidade, a nação. As ovelhas ficam felizes como se administradas por um Ministério da Suprema Felicidade.  

® Rui Rodrigues









[i] Eu tenho um e não sou sequer muçulmano...

[ii] Não vai aqui nenhuma crítica ao mundo muçulmano. É uma constatação. Quem é muçulmano pode não admitir em público mas sabe disso perfeitamente. Cientificamente, o povo muçulmano parou no tempo desde os tempos de Avicena, o médico famoso.

[iii] É pura intenção.

Camarões com posta de peixe à Bulhão Rui do Ganso

Camarões com posta de peixe à Bulhão Rui do Ganso
(dose para comer a dois ou duas quando as crianças saírem de férias)

(esconda os tomates e a cebola... Nada disto entra)

Numa frigideira coloque cerca de 200 gr. de camarões [i]com muito pouca água e deixe cozinhar por uns cinco a dez minutos com um pouco de sal, pimenta [ii] do reino da república ou do Império, dois dentes de alho partidos em rodelas, duas colheres de azeite virgem [iii] e um pouco do delicioso coentro fresco [iv].

Entretanto, ponha três batatas grandes para cozinhar em um pouco de água, cortadas em rodelas bem grossas de quase dois dedos (deitados) de espessura.

Se for preciso adicione um pouco mais de água ao colocar as duas postas de peixe [v] para cozinhar na água com camarões que já deixaram de ser frescos e agora estão quase cozidos. Deve sobrar um pouco de molho deste cozimento.
(se estiver bem acompanhado (a), abra uma garrafa de vinho tinto [vi]cabernet sauvignon ou carmenére, ou vinho branco de qualquer marca decente e vá tomando uns goles. Se estiver maravilhosamente acompanhado, vá logo para a cama, faça o que tem que fazer e volte com disposição para cozinhar, mas desligue o fogo antes. A comida pode esperar. Os quitutes não. Primeiro o que vem primeiro e depois o resto).

No prato coloque as batatas em rodelas, uma posta de peixe, e regue tudo com uma parte do molho e com azeite virgem. Acompanhe com salada como quiser que ela não é muito importante. Basta que seja salada e pode até ser russa, ou de outra nacionalidade qualquer.

Se dirigir não beba. Se beber, me convide. Se for mulher, nunca me convide quando estiver acompanhada, Se for homem, nem me convide.

Depois deste prato, volte para a cama e agora tire uma sesta antes de ir afogar o ganso na praia.

® Rui Rodrigues.  




[i] Frescos como sinal de saudáveis, recém pescados ou colhidos. Mas se forem frescos daquele outro jeito, não se impressione. Aceitamos todos os cartões de crédito e todas as diversidades deste mundo. Pode descasca-los que não gostar de comê-los  vestidos com aquela carapaça de cavaleiro andante.
[ii] Dose generosa de qualquer pimenta... Pimenta é afrodisíaca, europadisíaca, americadisíaca, asiadisica, oceaniadisíaca e polodisíaca.. Todo povo fica animado quando come pimenta.  
[iii] Pode ser manteiga mas jamais margarina, aquela pasta de plástico.
[iv] Pode usar os temperos que quiser, mas o ganso será diferente.  Se o coentro fresco desmunhecar, não se impressione. O mundo que temos é este. Temos mais é que aceitar.
[v] Sugiro duas belas postas de cavala.
[vi] Não há regra para vinho branco com peixe e tinto com carne.. Depende da “força” do prato principal. Este prato é forte.  Depois de voltar da cama, o prato tem que ser forte mesmo para dar “sustança”. 

Três assuntos de fácil digestão - 21-02-2014

1 - Precisamos rever nossa legislação.





Quem se pode candidatar a postos de governo em cargos de" confiança" ?

-Pode por exemplo, um caminhoneiro vir a ser ministro da Saúde ou chefiar um Hospital? 

-E quem pode ser Prefeito? O bonitinho da esquina, ou a piriguete da Praça mesmo analfabetos e sem entenderem nada de Administração, Planejamento, legislação ? 

Pode um civil chefiar o Ministério da Defesa, ou alguma de nossas Forças Armadas, mesmo sem entender nada de como funcionam ???

Depois reclamamos de desperdícios de verbas públicas, de erros crassos, de todos esses tipos de crimes a cujo conhecimento só temos acesso através da nossa brilhante classe jornalística...

Legislaram para governar a população inteira do Brasil, mas não legislaram com a mesma intensidade para determinar como o governo deve governar, cargo por cargo, mediante contrato assinado, estabelecendo Termos e Condições de contratação... 

Por falta de contrato, roubam, desviam, e pedem demissão ou trocam de cargo para se manterem nas tetas do Governo livres de investigações ou investigados por amigos e parentes partidários, ilibados de toda e qualquer acusação.. 

Político é um trabalhador a serviço da nação e deve ter um contrato de trabalho como o de qualquer outro servidor público, sem qualquer diferença ou isenção de responsabilidade. Se nos representam, devemos ser representados com responsabilidade. 



₢Rui Rodrigues 

2 - Não se decepcione ao sofrer decepções...



Quem ainda não viu as pequenas tartarugas do projeto Tamar saírem de seus ninhos e sozinhas à noite, apressadas, tomarem rumo na direção do mar, sem pai nem mãe, aves de rapina e peixes rondando seus corpos para se alimentarem? E ninguém lhes ensina a sobreviver... Está nas ordens genéticas gravadas em seus cérebros.

Bem... Este não é um mundo cão... É simplesmente o mundo em que vivemos... Mas.. Já imaginaram o nível de informação que nós, seres humanos, temos logo à nascença? É como se soubéssemos que chorando causaremos constrangimento e chamaremos a atenção de quem nos deve querer bem...
Nunca menospreze o nível de atenção de uma criança nem os seus conhecimentos que lhe permitem “apalpar” o mundo desde a nascença.

Decepções nos fazem aprender...



₢ Rui Rodrigues.  

3 - Drones



Quantos de vocês já foram ao aterro do flamengo levar os filhos para operar aqueles pequenos aviões teleguiados ? Chama-se a esse esporte AEROMODELISMO... Alguém teve ideia de adaptar-lhes umas câmaras. Depois de construí-los não de madeira, mas de alumínio ou duralumínio, e colocar uns chips. Pouco mais tarde, colocaram armas. A estes artefatos se chama de DRONES... Já fizeram estragos no Afeganistão, em ações bélicas por todo o mundo. Alguns são relativamente grandes, e outros podem ser aviões normais sem piloto...

E nem isto somos capazes de construir com tecnologia nossa, brasileira ?

Onde estão nossos centros de pesquisa ? Porque insistimos em desperdiçar verbas públicas por preguiça mental? Temos tanto dinheiro disponível que é "melhor comprar o que já está feito" ?

Estamos sempre querendo aprender com os outros? Não temos capacidade de desenvolver aqui dentro? Ou o caso é outro? O que se passa com os nossos políticos ?


ver em.... http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/04/marinha-compra-drones-para-usar-como-alvo-aereo-no-rio.html 

₢Rui Rodrigues 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O Socialismo do século XXI – Nu e cru.

O Socialismo do século XXI – Nu e cru.



Povo estratificado
Poder.
Igualdade dos seres humanos.

Junte estes ingredientes e os diferentes graus de interesses particulares, e poderá inferir uma infinidade de teorias políticas para cada país, métodos para conseguir os objetivos e internacionalização de processos. O fator determinante principal para o sucesso ou insucesso de uma nação ou sistema político é: Quem manda?





Então temos que pensar em outros fatores a que podemos chamar de secundários, mas que influem fortemente na conduta e no processo de “governar”:A religiosidade, a industrialização, as propriedades produtoras de alimentos, o capital, as forças armadas, os serviços públicos, o desenvolvimento autossustentável.




Ao longo dos séculos e já lá se vão cerca de 1.200 séculos desde a primeira civilização humana, que temos assistido a lutas pelo poder, movidas pelos mais variados motivos, motivos que interessavam para explicar essas lutas, mas jamais por motivos abrangentes, concludentes, com visão global, que pudessem demonstrar que o interesse principal era o bem estar geral de TODA a população do país, das nações aliadas, do planeta, de forma sustentável. Todas essas guerras foram geradas por motivação parcial. E em nenhuma delas se perguntou aos cidadãos: Querem esta guerra? Sim ou não? Então, falar de democracia pode continuar sendo fácil, mas explicar que tenha ou haja democracia nessas nações do passado ou nas atuais, fica difícil de explicar. Nem voto dado em confiança se pode retirar quando o eleito perde nossa confiança. Para dar uma explicação “aceitável” como cortina que esconde o que vai por detrás, estabeleceu-se, na democracia da Grécia antiga, há mais de 3.500 anos, que a “representatividade” seria um modo democrático de governar. Os cidadãos elegem seus representantes, estes resolvem tudo o que querem e podem – em nome do povo - durante certo período no qual detêm o cargo. Se não cumprirem sua função a contento, não voltam a ser eleitos, mas o mal estará feito, difícil de ser reparado, muitas das leis que aprovaram em sua ineficiência, continuarão vigentes.




Então, e em oposição aos “cidadãos”, apareceu a definição de proletariado, juntando os trabalhadores do campo e da indústria porque agora tinham relevância por sua quantidade, logo após o inicio da industrialização promovida pelos teares ingleses. Apareceram novos nomes para qualificar o tipo de cidadãos, como “operariado”. Era o socialismo. O socialismo se colocava no caminho entre os “cidadãos” e o “proletariado”. Os cidadãos tinham dinheiro, contratavam os proletários. Mas a luta de classes sempre foi pelo “capital” [i]. Na classe média estavam incluídos os empreendedores, os que tinham maior volume de capital. 

Friederich Engels, George Hegel, Karl Marx, Lenin, Adolf Hitler, Antônio Gramsci, Saul Alinsky, todos eles foram ou socialistas ou comunistas. Não deixa de ser interessante a separação entre comunismo e socialismo, que pregam basicamente a mesma filosofia de ingredientes básicos, mas que chegaram a se odiar no passado. O próprio nazismo, nascido socialista e democrático, pode iluminar o nosso entendimento das sutilezas que as definições de sistemas de governo escondem em suas denominações, o que divide ainda mais a sociedade: Os filósofos entendem perfeitamente todas as sutilezas, o povo, o proletariado privado de educação só entende quando lhe falta o pão, a casa, a roupa, a água, a eletricidade, e somente se junta numa revolução quando lhe falta o pão. Não entende filosofias. Quem assume os governos não lhes proporciona educação. É um ciclo vicioso. 
 Friederich Engels, Georg Hegel, Karl Marx, Lenin, Adolf Hitler, Antônio Gramsci, Saul Alinsky, todos eles discutiram fundamentalmente três dos quatro assuntos fundamentais do socialismo: Como entendem a igualdade social, como chegar ao poder, como se manterem no poder. O quarto, que é como manter a produção e competir no mercado internacional, sempre foi algo a discutir posteriormente, porque o sistema se resolveria por si mesmo.


As designações dos líderes sempre foram importantes para dar a impressão de que algo mudou, como uma marca registrada. Na prática, que diferença existe entre um Rei, um Czar, um Imperador, um Presidente da república, um chefe do Politburo, se há sempre poder definido, povo estratificado pela quantidade de bens que possui (capital ou favores), as forças armadas, os servidores públicos, os trabalhadores do campo, os que trabalham na indústria? Os nomes mudam de regime para regime, mas basicamente nada muda. Quem manda é o governo. Quando o povo não aprecia sua forma de governar vai para as ruas. Os poderosos em qualquer sistema político mandam então avançar a polícia armada, as forças 
armadas. Não defendem o povo, mas o regime. O processo para se manter no poder é a “política” que, em qualquer sistema, inclui o uso de mentiras, de desvios de atenção para o fundamental, a distribuição de favores, a compra de votos [ii]. Sem isto os erros aparecem, os cidadãos e o proletariado se revolta [iii].

Socialismo é um sonho da humanidade, tal como a busca do Eldorado, a do Paraíso no mundo sonhado pós-morte e por todas as religiões. Religiões e socialistas deveriam dar-se muito bem, já que os objetivos são a felicidade terrena, a igualdade, e tantas outras qualidades de vida, e na própria religião católica, se incitam a “largar os bens e seguir a Jesus”, mas paradoxalmente não se têm entendido ao longo dos séculos. Podemos encontrar resposta imediata: Se o que existe de comum entre o socialismo e as religiões é a detenção do poder, então jamais se entenderão, e no dia em que se entenderem, nas décadas seguintes uma delas será aniquilada pela outra.Qualquer associação entre partidos e filosofias, acaba sempre numa operação de diminuição até restar um só, como nas sociedades capitalistas. O ser humano é altamente competitivo.


Se por um só momento aceitarmos raciocinar sobre “poder”, talvez tenhamos uma fortíssima decepção, já alertada num parágrafo acima, quando se disse que não há diferenças fundamentais entre reinados, impérios, repúblicas, teocracias, ditaduras. E qualquer uma destas pode ser capitalista, comunista, socialista. Recentemente fala-se muito em “nova ordem mundial”, começa a falar-se na Democracia Participativa. Com a queda até então imprevisível do comunismo, quando caiu o muro de Berlim que dividia a Alemanha Ocidental da República “Democrática” da Alemanha, fez-se um vácuo na luta de classes: Os cidadãos englobando a classe média, e o proletariado. Estes últimos se viram desprotegidos, e hoje na Europa ainda há uma crise financeira que afeta a ambos. Numa Europa unida pela Comunidade Europeia, voltaram os tempos da emigração. Uma aparente reversão da ordem está promovendo a troca da posse de bens, a classe média está sendo comprimida, cresce em quantidade o proletariado desempregado. A União Europeia é basicamente – ou se diz – socialista, no entanto, a luta continua sendo pelo capital, pela posse de bens.


No entanto há ilhas de "socialismo" - é o que eles dizem ser - eficiente ao norte da Europa, e na Suíça fruto da Democracia Participativa. Por lá, os cidadãos votaram através das redes sociais os itens de sua própria e nova constituição, longe da influência dos interesses do empresariado, de religiosos, de servidores públicos, de políticos “representantes” não se sabia de quem até então, mas não dos cidadãos. Lá, cidadãos e proletários têm quase o mesmo salário, porque investimentos incluem o risco de aplicar capital. E sem margem de lucro não há investimentos, o país decai, os proletários vão para as ruas.



Nem vamos falar de Brasil, Venezuela, Cuba, Argentina, Bolívia. Nestes países emergiram lideres que não têm instrução, que acham que o dinheiro dos impostos pode ser distribuído sem que aja planejamento para a revitalização de tudo o que esses países acumularam de bens e da capacidade de gerar recursos. Quando o dinheiro de impostos começar a diminuir sensivelmente, quer por falência dos sistemas sociais e produtivos, o que inclui a falência dos ministérios e do próprio governo, então esses líderes cairão: Faltará pão. Fidel Castro nunca se preocupou com o seu sistema produtivo, porque isso criaria uma classe poderosa: A dos investidores, os capitalistas. Cuba viveu assim da bondade da comunidade internacional. Recebeu ajuda da China, da URSS, e agora do Brasil. Temendo o aumento de influências, Os EUA tentam reatar com Cuba, levantar o cerco comercial à ilha, que se vê obrigada a exportar trabalho escravo. Fidel não resolveu o problema de seu povo, mas resolveu – tal como todos os outros lideres sob qualquer regime em qualquer país do mundo – sua permanência no poder com o uso dos manuais de Gramsci, primeiro, e com os de Alinsky numa segunda fase. Quando Fidel falecer, se seu irmão não tiver o mesmo carisma Cuba ficará livre numa explosão social. Que não seja sangrenta.




Na verdade, na verdade, a grande vitória do capitalismo é que já encampou e engoliu o socialismo e o comunismo. Líderes precisam de poder e dinheiro. O poder obtêm com frases de impacto filosófico. O capital apanham com os banqueiros e a classe média. E chegamos a um ponto tal na política de tornar todos iguais através da lavagem cerebral, que teremos de dizer em nossas casas, tal como o povo judeu adorava Jeová às escondidas no sótão de suas casas durante a perseguição aos judeus, que minha neta é uma menina, e meu neto um menino... O patrulhamento ideológico do socialismo voltou a provocar perturbações modernas: Querem que homens e mulheres sejam iguais. perante a lei são, sim, mas morfologicamente é uma luta insana, demente, e como é de hábito, os princípios desta atitude são irrepreensíveis. Eles têm razão nos motivos, mas vão muito longe, como sempre. Cigarro proibido, drogas liberadas.  O velho livro de Mao Tse Tung - o vermelho - em ação agora com texto alinskyano.


Quem manda é o capital. Para um mundo mais justo há um novo caminho : A democracia participativa  http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/   

® Rui Rodrigues














[i] Capital é um bem e pode ser um favor, uma propina, um cupom, dinheiro vivo, uma propriedade, um passe de transporte público, etc... E agora, a “felicidade” como na Venezuela chavista.  Muita gente encontra a felicidade se tiver acesso a drogas. Felicidade, portanto, é um fator subjetivo. Perguntar a alguém se é feliz, é um engodo, porque ninguém quer dar parte de fraco. Em regimes totalitários, uma resposta negativa a esta pergunta pode redundar na perda de “capital”, ou seja, um bem, um favor...
[ii] No Brasil, Dilma Rousseff disse que para manter o partido do PT no governo, faria “o diabo”. Ela já foi terrorista, incluindo assaltos a Bancos, guerrilha, sequestros relâmpagos.
[iii] Em qualquer sistema existe esta separação. Cidadãos contratam o proletariado para a execução de serviços. Alguns dos cidadãos são donos de empresas que fornecem bens, serviços, geram o capital que paga a cidadãos e proletários.