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sábado, 3 de maio de 2014

Á morte com carinho!

Á morte com carinho!




Não se assustem... A vida é assim mesmo, desde que em minha adolescência assisti ao filme “Ao mestre com carinho” [1]. Aquele filme lançado nos dias de hoje, da mesma forma, mesmo com figurino diferente, não teria, creio eu embora não seja um pessimista por natureza, o mesmo sucesso. Os tempos mudaram muito no Brasil e não parece que tenha sido para melhor. Mas não falemos de política. Falemos da alegria de viver e do equilíbrio na postura que nos faz sentir felizes apesar de algumas dificuldades, pequenas e grandes, que temos a ousadia de enfrentar nesta epopéia pessoal, de cada um, em Viver!... Viver desde que se nasce até que se morre, pondo-se fim a uma etapa de um ser que não é único, que deve tudo o que foi à diversidade das espécies deste planeta e à diversidade entre todos os seres aos quais chamamos, muito libertina e inconseqüentemente, de seres humanos. Nem todos somos humanos.

Sou um cara feliz, sim. Conto minha vida não pelos momentos felizes, mas pelos infelizes, que foram na realidade muito poucos. Minha felicidade vem sempre da constatação de que meus momentos infelizes foram sempre muito poucos. Sabem porquê? Porque mesmo nos momentos infelizes, eu sonhava com a solução para acabar com essa infelicidade e encontrada a solução, era fazer o “gol” e partir para o abraço. É a teoria do “desprendimento”, livrar-nos de tudo o que nos causa infelicidade. Arrisco até em dizer que Jesus, um grande perceptivo, percebeu essa faceta da “racionalidade” humana: Se a posse de bens te mal faz, larga-os e vem ser feliz. Daí a perceber que a vida é um “bem” altamente perecível, embora sem data de validade, foi um passo só, estricto, direto, valendo para todos os "bens". A vida é como é, o que é, nascemos jovens e morremos idosos porque a força da gravidade e o ambiente em que vivemos nos causam rugas, deformam o corpo. Ter uma cabeça jovem dentro de um corpo idoso não é virtude. É problema, um grave sintoma de inadaptação que gera infelicidade. O equilíbrio é a solução para a felicidade, não necessariamente para a longevidade. Essa nem importa. É necessário que percebamos que logo após a morte este mundo acabou com todas as suas virtudes, lembranças e vicissitudes. É como um desligar de energia em que a lâmpada se apaga. Pergunte a uma lâmpada apagada se (ela) se lembra dos momentos em que permaneceu acesa... Não obterá resposta. A você morto ou morta, poderão lhe fazer todas as perguntas tal como a uma lâmpada apagada que não obterão resposta porque suas condições vitais acabaram para todo o sempre. Se tivesse lembranças após a morte, sofreria por se lembrar das infelicidades e por se lembrar das felicidades perdidas, e isso não seria justo para qualquer deus.
  
Há, portanto, que incluir a velhice e a morte no nosso cardápio de felicidades. Não das felicidades que nos dão prazer, mas daquelas que não fedem nem cheiram, que não têm mais importância do que um par de meias que saiu de moda ou ficaram velhas e jogamos no lixo. Sobretudo, devemos ter um carinho muito especial pela velhice e pela morte. Através da velhice nos preparamos para a morte. Vamos aceitando as “perdas” pelo corpo, pelos bens, pela vida. Quanto mais demorarmos a perceber isto, mais difícil nos fica atingir o equilíbrio necessário e entendermos definitivamente que viver é bom enquanto dure, e que o “tempo” que durar não é o mais importante, mas como estaremos preparados para enfrentarmos as dificuldades sem perder o nosso estado de “felicidade”. Afinal, o mais importante desta vida enquanto vivemos, é o estado de felicidade. E por mais paradoxal que possa parecer, até podemos ser felizes na hora da morte se a entendermos como uma parte dos atos “involuntários” da vida.


E, afinal, mas não finalmente, pense que até os deuses morrem: Odin, Zeus, Marte, Poseidon, Osíris, Ptah, Jesus Cristo (morreu na cruz e não foi de mentira), Ahura Mazda, Ba’aL, Hermes, Euro, Nereu, Neptuno e um Panteão imenso cheio de milhares, talvez milhões de deuses mortos. Eles morrem. Porque nós não?
Viva feliz nesta vida criando para os outros - e para você mesmo (a) - o mínimo de infelicidade possível. Só a infelicidade alheia por frustrações em nos tornarem infelizes pode ser motivo de nossa felicidade. A morte não é bem vinda, mas sua chegada é sempre e felizmente aceitável com um sorriso de felicidade e de boas vindas: Em maior ou menor grau, é o sinal de “dever cumprido” da vida, sem medalhas de heroísmos, sem lugares privilegiados ou gordas contas bancárias no além. 




O tribunal de Osíris está tão morto quando o próprio Osíris, e “corações” não se medem em peso de penas. O que se mede em peso de penas, no sentido mais abrangente do significado da palavra “pena”, é o retorno da felicidade que transmitimos aos que nos cercam e aos que encontramos no caminho de nossa própria vida. Na real consciência, sem mentiras!



Enfrente a velhice e a morte com carinho, venha quando e como vier, para que ela não lhe estrague seus momentos de felicidade. Você vence sempre enquanto viver, e que o viver dure quanto durar!

® Rui Rodrigues


quinta-feira, 1 de maio de 2014

As minhas três mulheres

As minhas três mulheres

Sexta feira à noite no bar, já passando da meia-noite. O barulho agradável e acolhedor da vozearia dos clientes, do tilintar dos copos, do odor dos salgadinhos que passavam perto das mesas, os cartazes de filmes afixados nas paredes chamando a atenção, dando um toque especial ao ambiente. Prateleiras com garrafas antigas, copos antigos, e uma tela de TV enorme, das mais modernas, para os dias de jogos interessantes de futebol internacional. Jogos nacionais só na competição principal entre times de vários estados, conhecido como o Brasileirão.  Jogos entre times da cidade sempre acabam por provocar discussões, brigas... A TV fica desligada. Bem ao lado dela, o aviso!
Naquele dia de fim de primavera caia uma chuva fina, até agradável. As ruas molhadas dão uma impressão de lavadas. Em alguns lugares do centro da cidade, onde fica o bar, pensamos até estar em Montmartre na Paris dos anos 60, principalmente perto do museu de belas artes, do teatro Municipal, nas ruas da Lapa.




A bela mulher chamou a atenção dos freqüentadores do bar do chopp grátis que administro. De vez em quando até sou garçom, barman, caixa, cozinheiro. Depende de quem acho merecer minhas atenções, e fico em particular impressionado como nossos sentidos, todos eles reunidos, podem construir uma imagem, uma definição em tão breves instantes que duram muito menos do que um segundo. Um segundo no tempo que só percebemos quando todos os nossos sentidos estão atentos. Peça a alguém que não tenha praticado handebol, que conte três segundos o mais exatamente possível, e constatará, olhando o relógio, que todos erram para mais ou para menos dependendo de seu estado de ansiedade e atenção. Eles não sabem que para contar os três segundos basta dizer mentalmente e sem presa alguma, da forma mais natural: “Trinta e um, trinta e dois e trinta e três”... No entanto, somos capazes de perceber micronésimos de segundo ao olhar para uma mulher se lhe somos simpáticos, indiferentes, ou até, e de certa forma em maior ou menor grau, repulsivos. Quando ela entrou, percebi-lhe o olhar. Eu iría jurar que veio para me ver, já que não se deteve sobre os demais freqüentadores. Parecia um olhar com endereço certo, determinado, mesmo antes de entrar. Juraria que me procurava. Mentalmente, revendo meus arquivos, não encontrei algum indício de que a conhecera em algum outro lugar. Certamente me lembraria, mas é daquelas mulheres que depois do primeiro contato visual, passa a fazer parte dos “conhecidos” que polvilham nossa vida. Dirigi-me a ela e indiquei-lhe uma mesa perto da janela que sempre tenho reservada para casos especiais. Perguntei se estava sozinha, e deixei-lhe o cardápio com um sorriso que foi correspondido. Discretamente, afastei-me sem perder o contato. Quando ela levantou os olhos procurando-me, eu já estava a caminho. Pediu-me um chope, e um pratinho de mini-quibes [1]. Perguntei se queria molho de limão ou de pimenta. Preferiu o de limão. Escolheu bem. No bar esprememos o limão na hora. Depois me afastei e a admirei de longe.
Era uma mulher de pele morena de traços europeus, lábios ligeiramente grossos, sensuais, com mais ou menos um metro e setenta de altura, cabelos bastos penteados à moda afro. Um batom cor de rosa suave, os olhos límpidos, peito generoso que cabe na mão, cintura marcada, curvas perfeitas com pernas perfeitas, os pés com dedos bem torneados. O vestido era de flores, em tons violeta, de seda, brincos discretos, um colar que lembrava esmeraldas intercaladas com lápis-lazúli, e seu andar era firme, equilibrado, discreto sem chamar a atenção. Os sapatos, fechados, eram azul noite. Perfume Chanel numero cinco, que jamais sai de moda. Uma deusa! E a voz, clara, dicção sem vícios ou trejeitos. Mas era o olhar que me matava. Os olhos eram verdes!


A primeira fase da atração tinha me vencido. Aquela era a mulher que eu via, que eu sentia, minha cabeça se perdia em devaneios acompanhado de sua imagem. Era isso. A primeira das mulheres que vemos numa mulher, é sempre a imagem que construímos com nossos sentidos mais urgentes e imediatos. A imagem gera atração, desejo, aproximação. E neste devaneio, nossos olhares se cruzaram uma, duas vezes. Então me aproximei. Perguntei-lhe se o chope estava como desejava e se os quibes estavam a contento. Ela elogiou os quibes e o molho de limão. Pediu mais um chope e perguntou se lhe poderia dar a receita. Foi então que notei a sua pele. Era sedosa salpicada de discretos pelinhos cor de ouro, sem mácula. Não tinha mais que trinta anos. Talvez uns 27. Um universo com mãos do tipo que afagam mais do que trabalham no pesado! E não... Não era prostituta certamente. Perguntei se podia fazer-lhe companhia. Fez-me sinal para me sentar, e lhe expliquei como fazia os quibes. Foi então que surgiu, despontou, desabrochou a segunda mulher que habitava nela, um pouco ansiosa, como criança que se depara com um prato desprotegido de “brigadeiros”. Era casada há já alguns anos, uma meia dúzia. Seu marido estava viajando e ficaria fora por uma semana. Só voltaria na próxima segunda feira. Ela o amava e respeitava muito e sua relação não era aberta. Acreditava que seu marido não a traía, ou se o fazia era de tal modo discreto que não se percebia. Não queria em hipótese alguma terminar a relação. Pelo contrário, pretendia fortalecê-la, mas, como ela mesma explicou, precisava urgentemente de uma relação temporária diferente. Algo como uma aventura quente, sem compromisso, onde pudesse dar vazão a todas as suas fantasias.
Se a primeira mulher que conhecemos pela imagem de nossos sentidos nos desperta emoções, a segunda mulher que descobrimos por debaixo da capa da primeira, é sempre mais excitante se corresponde ao “sonho sensual” a que nos dedicamos a partir da primeira sensação. É como mel no pão, queijo com goiabada, torradas barradas com manteiga e café com leite. Só falta comer.


Fomos para minha casa. Convidei-a para tomar “qualquer coisa”, mas nada se preparou porque nos beijamos. E beijamos, mãos ávidas percorrendo os corpos. Levantei-lhe a saia levemente e senti-lhe a pele morna das coxas enquanto ela me despia a camisa. Convidou-me para tomar uma ducha, uma ducha também morna, a água escorrendo pelos olhos que tinha que manter fechados quando lhe tentava olhar o rosto em êxtase, abertos quando lhe olhava o corpo esbelto, sensual, firme, sem pêlos púbios. Meus 37 anos se abaixaram para beijar aquele monumento, meus dedos acariciaram-na, minha língua lhe deu o prazer entre suas pernas trêmulas. Não há quem dê sem esperar receber, e sua boca foi mais do que generosa, sua garganta em ânsias, espasmos, sua língua percorrendo tudo o que mais desejava dentro de si. Assim passamos o resto da noite até o sol nascer, alternando posições, penetrações, num corpo que já não tinha segredos. Um corpo desvendado e gozado em toda a sua amplitude, o meu oferecendo-lhe o mesmo gozo.


Acordei pelo meio dia sem conhecer a terceira mulher que existia dentro da segunda, esta coberta pela capa da primeira. Encontramo-nos mais uma vez, nessa mesma noite. Larguei o trabalho quando eram apenas oito da noite. Recebi-a em casa com um bom vinho, um jantar simples, mas preparado com todo o cuidado e o melhor do meu bom gosto. Nada para impressionar, apenas para saborear, dar prazer. Então, logo na primeira vez que nos amamos, ela me disse para ficar quieto com o membro dentro dela. E começou a apertá-lo em suaves contrações. Quem estaria disposto a abandonar uma mulher daquelas? Como seria possível que o amor, o desejo acabassem algum dia? E como me poderia abandonar, se lhe dava o que queria, o que desejava? Mas quando acordei pelas dez da manhã, ela não estava no meu apartamento. Deixou um bilhete: “Te agradeço todo o prazer que me deste. Gostei tanto que temo, que com mais outro encontro largaria tudo para trás e só pensaria em ti, mas a vida é complicada. Assim, mesmo sofrendo pela ausência futura, sinto que não posso mais te ver. Beijos e desejos eternos da eternamente tua”. E assinou com um “Eu”.


Nunca soube seu nome, onde vivia, onde morava, quem era o marido.  Um dia, cerca de dois anos depois, olhando os jornais, vi sua foto e li a notícia de que se tinham separado. Só então fiquei sabendo quem era. Tarde demais. A terceira mulher era simplesmente uma mulher com alma, como qualquer mulher ou homem, buscando a felicidade do momento. Então me lembrei de um dito feminista, que dizia para o marido “muito ocupado”: “aqui em casa só há uma regra: Transa-se todos os dias, a qualquer hora, seja com quem for”.

O terceiro homem que existia em mim, por aquela época – afinal todos somos iguais nisso, homens e mulheres – não estava disposto a dividir a terceira mulher que nela existia, e isso era pedir-lhe demais. Esperei, no entanto, que ela aparecesse lá pelo bar algum dia... Mas o tempo a engoliu por completo e me engoliu a sua lembrança. Não a perdi para o tempo, mas para a vida. Lembrei-me dela hoje, por essas coisas da vida que de repente se abrem em nossa caixa de pandora, o cérebro, a imaginação... Jamais um inventário. Nunca fui colecionador. Homens e mulheres devem ser "descascados" camada por camada, até que apareçam, despontem, todos os "perfis" de cada um. E ou aceitamos ou rejeitamos, a qualquer momento, por boas ou deficientes razões. Mas, se forçamos a convivência, seja por que motivo for, mesmo não querendo aceitar algum desses perfis, melhor procurar na Zona a aceitação geral e irrestrita sem questionamentos. Basta pagar uns trocados que não fedem nem cheiram. Proibir o meretrício é solapar a individualidade de cada um, a liberdade de se ser o que se quer ser de forma remunerada ou por simples prazer.  

Do mais fundo de minhas boas lembranças, as moças das fotos são apenas semelhanças. Jamais publicaria a foto verdadeira. 
® Rui Rodrigues
    
   






[1] Receita de mini quibes: Rende: 50  mini quibes, aproximadamente

Ingredientes

1/2 kg de trigo para quibe, 750 ml de água, 1/2 kg de carne moída, 3 dentes de alho picados, 1 colher (sopa) de hortelã picada, Sal a gosto, Óleo para fritar

Modo de preparo

Preparo: 20 mins  ›  Tempo adicional: 1hora de molho  ›  Pronto em: 1hora20mins 

1.                      Deixe o trigo de molho na água por cerca de 1 hora, ou até que tenha absorvido toda a água.
2.                      Doure a carne moída com o alho e o sal numa frigideira. Junte com o trigo e adicione a hortelã e mais sal, se desejado.
3.                      Enrole quibes pequenos e frite numa panela com óleo bem quente. Sirva a seguir.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Warning... Boycot to the 2014’s world cup – Brazil!

Warning... Boycot to the 2014’s world cup – Brazil!



Buses are being burned out through of the streets.  Police and narcotraffic forces are fighting everywhere. Underway stations and wagons are not enough to transport all  people and timing is not a priority. If you come to the world cup, you will be in a wild country. Your life is not guaranteed. A lot of people dies because of “losted bullets”, what means that you died and never the murder will be find or punished. The Brazilian government is lead by a woman, terrorist in the early past of 60's , who got the power through Lula’s indication. To her, the power is more important that the people. Whatever is needed to keep the power, she will do what she wants don’t matter what or how or even when. Better Brazilian’s way of life, or better education, is a lie. Keep in touch  with the international media.




₢ Rui Rodrigues 

domingo, 27 de abril de 2014

2020 - O retorno - capítulos 1, 2 e 3...

2020 - O retorno


Este conto será editado em capítulos nesta mesma página do blog. O ultimo capítulo sempre na parte superior do texto. Espero que gostem. Entre chopes grátis e belisquetes salgadinhos, os frequentadores do bar do Chopp Grátis gostaram. Se dirigir não beba. Se beber nos convide... venha para cá!

  1. A resistência.



- Nosso viajante está em apuros. Apertou a tecla! O homem que disse isto em voz calma vestia uma camiseta preta, um short bege escuro, era negro, calçava um tênis preto. Seu interlocutor tinha uma indumentária semelhante. O short era quadriculado em tons de cinza azul e preto, a camiseta e os tênis brancos, usava um boné preto de pala. Era mais moreno que outro. Respondeu que já esperava por isso. Fez uma chamada em seu celular e disse apenas uma frase: “pega o galo na capoeira”. Com um gesto, ambos saíram da casa carregando suas mochilas. Subiram numa moto e saíram em baixa velocidade. Passados dois quarteirões já “voavam” pelas ruas da cidade. Nenhum ponto da cidade ficaria a mais de 15 minutos com o velocímetro tremendo fora de escala. Ambos faziam parte da resistência ao sistema implantado por um partido que comprara a moral e a ética de muitos outros partidos, indicara gente sua para o Supremo Tribunal Federal distorcendo a lei e a constituição, colocando gente sua, incompetente mas fiel, muitos sem diploma válido e revalidado, à frente dos ministérios públicos. As verbas eram distribuídas e nunca chegavam intactas aos fins para os quais haviam sido destinadas. Era um governo sem moral nem ética, que se mantinha iludindo o povo e desviando dinheiro para contas particulares. A culpa dos erros na administração pública eram sempre atribuídos a “assessores”, ministros incompetentes, mas substituíam todos por outros igualmente incompetentes. Ministros, políticos eleitos, que podiam ser substituídos eram sempre a desculpa para os “erros”, e depois destituídos sem que tivessem que devolver as verbas desviadas. A devolução seria impossível, porque o dinheiro desviado não era apenas para eles. A maioria do povo conformava-se e não reclamava. Achavam que se o governo assim agia era em seu favor, isto é, do povo, dos cidadãos.
Os dois homens sobre a moto, agora em alta velocidade, pensavam de modo diferente: A corrupção deveria ser combatida e minada nas sombras, os usurpadores dos direitos de cidadania abatidos de modo figurado ou real. Perto da Rua do Canal de Itajuru, no centro de Cabo Frio, em frente à Igreja Conventual Nossa Senhora dos Anjos, no Largo de Santo Antonio, um carro preto aguardava a chegada do que transportava o Viajante. 


Postado debaixo do veículo, um homem todo vestido de preto segurava uma Carabina Hatsan 125 Sniper 5.5mm SAS, de alta precisão e potência. Estava em posição de tiro aguardando o veículo do Viajante. Ao longe ouvia-se o som do motor de uma moto em alta velocidade. O homem então colocou o dedo no gatilho e esperou. Quando viu o veículo dobrar a esquina para entrar no Largo da Igreja, disparou. Dentro do carro, o viajante ouviu o som de um pneu estourando, sentiu o carro balançar e logo em seguida voar em capotagem. Depois de umas três capotagens, o carro se imobilizou. Mãos firmes o retiraram do veículo. Ouviu mais três disparos de baixo calibre em seqüência ali mesmo a seu lado. Os outros três ocupantes do veículo estavam mortos ou agonizando. Não fez perguntas. Viu dois homens passarem numa moto, mas não se preocupou. Sabia que estava entre gente amiga que agora o levava correndo para o veículo estacionado em frente. Entraram e saíram dali rumo a Búzios. No carro capotado um homem com apenas nove dedos na mão esquerda agonizava. Muito ao longe se ouvia a sirene de uma ambulância, ou seria de um carro da polícia?


Na metade do caminho, pararam. Entraram num condomínio. Chegara finalmente a casa, mas não a sua. Depois dos acontecimentos duvidava que voltaria a habitá-la.

 Próximo capítulo:

Quero esse homem vivo.


No escritório central do Quartel da Polícia Internacional Da Defesa do Estado, em Cabo Frio, uma mulher gorda, pele suada,... 

2o capítulo - Uma casa muito longe



Antes de se preparar para dar uma cochilada no ônibus, o viajante deu uma olhada pela paisagem da ponte Rio-Niterói. A paisagem parecia a mesma de anos atrás, em 2014, quando após as eleições decidira sair do Brasil até que melhores tempos voltassem. Já fizera isso antes, em 1990 quando Collor se elegera para presidente. Dessa vez saíra porque soubera de antemão que o presidente pretendia “mudar o Brasil”, sem saber que o Brasil não se muda por decreto. Com aquele olhar de garoto drogado cheio de “vontades” e discursos inflamados como os de Hitler, sabia que viria chumbo grosso sobre a população. Acertara em cheio. Desta vez, em 2014, porque temia a instauração de um “estado novo”, uma nova situação, imposta por um antigo partido que tentava reviver os anos sessenta e implantar duas filosofias de governo simultâneas: Filosófica comunista para o povo se animar, e capitalista de quadrilha para que os políticos do partido pudessem ter todo o conforto e riqueza em palácio mantendo o poder perpetuamente. Povo ingênuo que é capaz de acreditar em ressurreições, em acertar a sena acumulada, em comprar lugares no céu, que um copo de água pode servir de benção se colocado perto da televisão durante prédica de pastores, e que a vontade do povo se exerce através de um partido único que dá festas gratuitas mas que nunca tem dinheiro para renovar serviços públicos, é assim mesmo. O problema é sobreviver num estado assim. Mexeu-se em sua cadeira no ônibus, já fora da ponte e deu uma olhada nos poucos passageiros. A moça e a avó pareciam inofensivas. Duas jovens que haviam entrado de mochila se acariciavam sob os olhares gulosos de um rapaz do banco ao lado. Havia um sujeito forte, sisudo, introspectivo no segundo banco logo atrás do motorista, e outro muito parecido no banco perto do banheiro do ônibus, lá atrás. Um casal com uma criança também não lhe chamou a atenção. Só havia uma linha de bancos no ônibus totalmente preenchida com passageiros. Pareciam ser nórdicos, dois casais. Uma moça que viajava sozinha estava sentada na mesma linha de cadeiras do outro lado do corredor junto á janela. Então o viajante se preparou para o cochilo. Ajeitou o encosto da cadeira e aparentemente adormeceu. Quem o iría incomodar naquele ônibus? Se o quisessem fazer poderiam tê-lo feito no desembarque quando apresentou seu passaporte na Polícia Internacional de Defesa do Estado. Por volta da uma hora da manhã, despertou de seus cochilos intermitentes. Tudo no ônibus estava tranqüilo, todos em seus lugares, exceto os dois homens que mais lhe haviam chamado a atenção. O que estivera sentado perto do banheiro do ônibus, estava agora sentado na cadeira a seu lado, o cotovelo sobre a perna direita, olhando para frente do ônibus aparentando que falaria com o motorista para saltar antes do ponto final. O outro estava de pé depois da porta de vidro, junto às escadas, pronto para descer do ônibus. Aparentemente os dois não se conheciam. Foi então que de repente, o que estava a seu lado se levantou, apoiou uma  das mãos sobre o encosto de cabeça de uma das cadeiras na sua frente, do lado do corredor e discretamente sacou uma arma da cintura e com rápidos movimentos, fez sinal ao viajante para sair da cadeira e se dirigir para a saída do ônibus. O viajante não resistiu, não fez cara feia, simplesmente se levantou, apanhou sua mochila que jazia no assento do lado, e se dirigiu para a saída. O ônibus já reduzia a velocidade para o acostamento da avenida. Estavam a poucos quarteirões da rodoviária. Os três desceram. Um carro preto os esperava. Além do motorista havia mais um sentado no banco detrás. 



Um dos caras do ônibus ficou na calçada, O outro e o viajante entraram no carro. Pelos vistos, sua casa ficava tão longe que pensou por breves segundos que jamais chegaria lá. – Para onde vamos? Perguntou o viajante. O raptor da frente não respondeu nem se moveu. O que estava sentado no banco de trás olhou o viajante com uma cara de atemorizar e não abriu a boca. Mostrou-lhe a arma que apertava em sua mão esquerda, e que estivera escondida em seu bolso. Sua mão não tinha um dedo, o mindinho. O viajante entendeu que não deveria fazer perguntas. Não fez mais nenhuma, mas no celular em seu bolso, seu dedo indicador apertou uma tecla. Um telefone tocou em algum lugar ali perto.

(a seguir) - A resistência.




  1. A chegada do viajante.




Havia anoitecido e chegara cansado depois de longo vôo desde Amsterdã. Por onde andara havia um sentimento geral de perda embora aparentemente nada houvesse sido perdido. Humanidade conformada. No aeroporto do Rio de Janeiro carregando sua mochila, passou pela livraria com o intuito de comprar um jornal que o pusesse a par dos acontecimentos mais recentes. Talvez por questões ambientais para preservação da vida no planeta não havia livros nem jornais. Havia chips pelo preço de um jornal de antigamente. Com o chip poderia ler as notícias de qualquer jornal diário. Os preços variavam para cada jornal ou livro e seriam descontados em sua conta corrente de forma automática logo que acabasse de os acessar em sites específicos, mas recém chegado depois de anos de ausência ainda não tinha conta em Banco. Poderia comprar o chip mas não poderia usá-lo. Comprou-o assim mesmo para poupar tempo logo que abrisse uma conta no Banco. Comprou também um “e-all-X32”, um aparelho que permitia tudo: Comprar, vender, assistir programas, ver filmes, fazer transações com o banco, tudo que de virtual se possa imaginar, com completa segurança e cobertura de eventuais prejuízos pelo Banco Central. A moeda nacional era agora o “Fidel”. Fidel lhe lembrava algo tenebroso mas não deu importância no momento. Quando ia saindo da livraria viu um enorme cartaz de propaganda de um livro virtual: “Che descobre o Brasil”. Devia ser uma brincadeira ou uma referência á visita de Che Guevara ao Brasil anos ou meses antes da revolução de 1964 quando havia sido condecorado pelo governo do Brasil. E então ligou as duas coisas: O nome Che Guevara e o nome da nova moeda brasileira. Seus olhos percorreram o cartaz pelas letras menores. Estava escrito: “Ultima revisão do livro oficial de História do Brasil – cadeira obrigatória para todos os alunos de todos os cursos incluindo doutorado e pós-doutorado”. E noutro bloco de texto o seguinte: “ Esta revisão destina-se a dar importância aos fatos relevantes de nossa história reconstruída pelo Partido da Totalidade, considerando-se que em 1.500, Pedro Álvares Cabral apenas descobriu as Terras de Santa Cruz por acaso, e que o Brasil só começou a existir realmente quando o grande Totalitário Che Guevara visitou nossas terras e semeou as sementes do grande poder da totalidade”. Ficou abismado. Não sabia que haviam chegado tão longe. Havia uma pequena bandeira nacional no livro que parecia a antiga: O verde tinha sido substituído pelo vermelho, o amarelo pelo rosa, e o azul com as estrelas e a faixa por um circulo branco do qual saiam pequenos triângulos de cor laranja alinhados pelo perímetro do círculo que era branco e onde se podiam ver inscritas as letras PT em preto. Pensou em sorrir, mas certamente estaria sendo observado por câmaras. Isso poderia chamar a atenção de alguém ou de algum departamento de vigilância que nem poderia adivinhar sua existência, mas que certamente deveria existir. Sua nação parecia ter sido invadida, reconstruída, modificada. Tinha que tomar precauções. O viajante estranhou não haver nenhum daqueles cartazes de “proibido fumar” com um cigarro na horizontal rodeado pelo sinal de trânsito de proibido. Em seu lugar havia cartazes verdes com imagens de uma planta por demais conhecida envolta num circulo verde que deveria significar “permitido trafegar”. Uma prova de que sua intuição não se enganara é que muitas pessoas fumavam maconha abertamente, vendidas em cigarros, pacotes e até charutos, com selos de procedência tal como antigamente se usava em pacotes de café.Todas as marcas tinham o mesmo slogan escrito: “A erva da revolução”. Começou a habituar-se ao fato de que não deveria jamais se mostrar surpreendido para não chamar a atenção. Por isso não estranhou nem mostrou qualquer emoção quando quase na saída do aeroporto viu um grupo de adolescentes oferecendo seus serviços sexuais aos visitantes. Eles, meninas e rapazes tinham mais de dez anos, mas nenhuma delas chegava aos dezessete. Policiais nas imediações não faziam qualquer objeção. O governo fechava os olhos para os problemas sociais para que as famílias pudessem ter uma renda extra, já que os salários eram muito baixos para beneficiar a competição comercial e poder exportar os excedentes. O “é proibido proibir” dos anos sessenta  do século anterior parecia agora ser um fato consumado. Porém não se poderia iludir: Todos os governos proíbem algo. E quanto menos proíbem nuns setores, mais liberam em outros, como que para desviar a atenção e manter um relativo nível de satisfação popular de forma a que o povo não se revolte e pelo contrário coopere com o governo. Se o povo queria festas, o governo permitia, incentivava e até as custeava. O governo dava pequenas coisas e cobrava grandes coisas como imposto de renda, coisa que todos eles sempre fizeram. Mas agora exageravam. Entrou numa agência bancária e abriu uma conta com uma nota de cem Euros. Apanhou um táxi. Pediu ao motorista que o levasse à rodoviária e que ligasse o ar condicionado. Impossível. Os combustíveis, explicou o motorista com a barba por fazer, sacudindo uma mosca teimosa, estavam muito caros e embora não houvesse racionamento, termo horrível que era detestado pelo governo, eram muito caros principalmente a gasolina. Explicou que o governo para não fazer racionamento aumentava o preço dos combustíveis. Fazia isso com tudo, também com a água, o gás e a eletricidade. Até com os alimentos. - “Se eu fosse o senhor, voltava para o avião que o trouxe e sumia daqui...”, disse melancolicamente o motorista girando ligeiramente a cabeça para o lado de forma a dar a impressão de credibilidade no conselho a seu passageiro. Iría para longe do Rio de Janeiro onde não o incomodariam, disse o passageiro. Vinha passar uns dias em Cabo Frio para visitar uns amigos e em breve, talvez uma semana ou duas, voltaria para Amsterdã de onde tinha acabado de chegar. Não deu muita importância ao comentário do motorista quando este murmurou “se o deixarem sair” porque estava seguro de sua condição de turista. Tinha adquirido nacionalidade holandesa embora fosse brasileiro. Esse problema não aconteceria com ele. Mas no fundo temeu exatamente por isso. Quando se lida com governos totalitários que se dizem protetores do povo e mantêm o país em estado de penúria, há sempre algo de fundamental errado em suas atitudes. Como é possível que um estado protetor do povo não permita ao povo ter tudo o que pode comprar? Afinal se trabalha duro para quê?  Se o governo quer proteger o povo que conduza a economia de forma a garantir trabalho para todos. 


E foi até Cabo Frio num ônibus quase vazio, sem ar condicionado, caindo aos pedaços, pensando numa porção de problemas que sabia que iria encontrar. Ele, o viajante, vinha para resolvê-los e não estava só. Se tivesse tempo livre iria até Búzios... 

 Próximo capítulo: 

  1. Uma casa muito longe



sexta-feira, 25 de abril de 2014

Notícias dos Fronts.

Notícias dos Fronts.

1.    Vietnam e a maconha.



Entre as notícias lidas nos jornais, nas revistas ou assistidas em jornais da mídia televisiva, não há diferença sensível da realidade informada por quem esteve na guerra do Vietnam e com quem tive contato. Um deles era filho do embaixador americano no Rio de Janeiro, por volta de 1969, outro foi um grande amigo meu, engenheiro, já falecido, o John Tankersley, com quem trabalhei em várias empresas e projetos, e alguns amigos de projetos em que participei na Bechtel e na Morrison Knudsen. Não vem isto a propósito de vôos em helicópteros atacados em dia de domingo quando lançavam panfletos, nem de construção de pontes sob ataque, nem de bombas de napalm ou de fósforo, nem uma referência às M-16. Vem a propósito da maconha. 

Num ambiente de guerra como aquele, e quem assistiu ao filme MASH pode ter uma idéia dos absurdos, fumar maconha era uma “obrigação” para se manter mentalmente são e aliviar a “barra pesada”. Todos os exércitos são assim. Ou é vinho, ou cerveja, ou maconha ou outras drogas e tudo junto. Guerra é uma situação anormal para ser vivida anormalmente. Mandamos nossos filhos mentalmente saudáveis para a guerra e os recebemos viciados, paranóicos, heróis sem futuro, guerras sem motivo, coisa de loucos, vaidosos, ambiciosos, que as declaram. Mas nem o capelão, lá no Vietnam, desprezava uma bagana da erva.

2.    Eu, Luiza e o francês.




Juramos juras de amor. Numa noite em que fomos roubar fruta, carro cheio, Luíza (chamemos-lhe assim) no meu colo, fizemos de tudo o que podíamos sem que os demais notassem até ela atingir o orgasmo, as pernas tremendo de prazer. Nunca entendi muito bem porque razão o perigo contribui para o aumento do prazer, mas é assim mesmo. De certa forma a adrenalina deve ser uma potencializadora do prazer.  Aconteceu ali pelos lados do castelo de Sesimbra há já muitos anos. Foi a primeira vez que percebi o que é o “amor”, e suas diferenças em relação ao “desejo” e à “vontade”. Primeiro pensei que havia sido pelo meu “abuso” em lhe dar prazer, mas logo abandonei essa hipótese, por uma razão muito simples que havia sido a sua conivência, participação e incentivo, seguido de gozo (havíamos nos conhecido dois dias antes).
Depois pensei que seria por minha situação de dependente financeiro de minha família (eu tinha apenas 15 anos) e ao podia pagar um hotel naquelas férias, nem nos aceitariam por sermos menores de idade, e não tinha onde levá-la para ambiente mais indicado do que aqueles onde a juventude costumava ficar mais á vontade: Ou entre os arbustos do campo, ou nas areias da praia à noite, mas em breve saberia que não foi por isso também que no dia seguinte logo após o almoço, ela subiu na garupa de uma lambreta de um francês que a convidou ali mesmo, perto de mim. Vi-os sumir pela estrada até desaparecerem de vista. Ela era linda, sem dúvida. Soube-o quando eu, chorando o amor perdido de forma tão estúpida, fui confortado pelo pai de dois amigos meus que a conheciam. Eu estava chorando no balaústre de um miradouro sobre o mar, sozinho, quando ele e a esposa passaram. Engoli as lágrimas de repente, sorri o melhor que podia, mas eles viram e me perguntaram. Pela intimidade – nos havíamos conhecido nos corredores do Liceu quando eu como chefe de turma defendi o filho por ter levado um tapa de um padre que nos instruía na cadeira de Religião e Moral - contei-lhes a verdade. Perguntaram-me o nome da moça. E eu disse. Então me disseram que eu não deveria chorar. Ela era assim mesmo, e minha história não era única. Disseram, e ainda me lembro muito bem, que não valia a pena chorar por uma menina como aquela porque eu valia muito mais do que ela.



Mesmo assim ainda continuei frequentado o Chinês (creio que existe até hoje), onde o meu grupo costumava tomar umas cervejas, mas nunca mais passou por lá até o final das férias. Percebi também que o amor é uma coisa muito simples. É familiar. O resto é desejo, vontade. Espero que ela tenha sido muito feliz e que continue sendo. O iludido era eu e chorar por mulher, jamais voltaria a acontecer. Não que não valha a pena chorar por elas quando sentimos a dor de uma perda dessa natureza, mas porque simplesmente temos que entender e respeitar a vontade dos outros e das outras. Tudo dura enquanto dura, e quando acaba... Termina.   

3.    As tralhas, o Betamax, a Super-8 e o Projetor.
Juntamos tralhas a vida inteira: Brinquedos de criança, fotos, cartas, e uma parafernália de bugigangas à espera de um uso tardio ou que alguém se interesse por nossos bric-a-braques. Mães sempre guardam o vestido de noiva para a filha, mas pais não guardam os ternos para os filhos, e se perguntarem a razão, tenho que chamar por Freud para ajudar. Talvez ele dissesse que nenhum pai incentiva o filho a casar e por isso não lhe guarda os ternos, com a alternativa de que os pais têm a certeza de que quando casarem a moda já terá passado e nem adianta reformar o terno. Talvez até Freud tivesse outra explicação: Se o filho quer casar, que compre seu próprio terno quando estiver bem de vida e possa casar, porque papai não incentiva uma coisa dessas. Mas então lançaram o Betamax. Enfiava-se um “cassete” grosso no meio, e na TV se assistia a filmes pré-gravados. Comprei o meu novinho em folha em Barranquilla, como sempre acompanhado de uma fita de instalação. A imagem era deslumbrante e uma voz dizia: Itz ei Beramax, itz ei a sôni! (It’s a Betamax, it's a Sony)... Dois anos depois virou tralha. Tinha sido suplantado por um outro tipo de equipamento similar e deixou de ser fabricado. Guardei-o enquanto havia fitas cassete de férias para ver. Depois foi para o lixo porque ninguém queria um Betamax. 


A câmara de Super-8 e o projetor que tanta alegria me tinham dado, e estavam com o fim anunciado pela mídia, foram parar nas mãos de um amigo meu. Chamei-o no escritório, o Rafael Borda, e disse-lhe: -Te dou um presente que não vale nada por 2000 pesos. Isso eram mais ou menos 60 dólares. Topou e me perguntou se eu não ficaria no prejuízo. Claro que não. Eu não queria era jogar no lixo. Outros que os jogassem. Minha ultima declaração de amor a equipamento que dera tão boas alegrias á família.

Não guardo mais tralhas, e aprendi a viajar com uma mochila  para qualquer lugar do mundo. Cabe tudo o necessário para passar pelo menos uns 15 dias limpo, lavado, cheiroso, barbeado, arrumado. Tralhas só ocupam lugar, atrapalham-nos a vida, e não servem para nada. Casa “clean” sem muitos móveis, de modo geral só o necessário, dão menos trabalho.

Um dia conto outras notícias de vários "fronts".

® Rui Rodrigues   





Cinco Reflexões em 25 de abril de 2014

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1.    Correndo com o mundo

Sempre tive a plena sensação de que o mundo corria mais do que eu, e que jamais o poderia acompanhar. Mas nunca lhe pedi para parar. Ainda corremos juntos, mas eu bem mais devagar. A revolução dos cravos foi muito bem vinda, mas se perderam na sua consecução. Socialistas e comunistas não sabem gerir capitais nem cidadãos, os capitalistas são ávidos, avaros e ambiciosos. O capital é amoral. Este ano os capitães de abril não participaram das comemorações conjuntas entre governo e população. Bom sinal. 

  


2.    Resista Sempre.

Não sei se entre meus amigos e amigas existem alguns que sejam "jovens" independentemente da idade... A juventude está na forma de pensar e não nos acessórios.

Nossos pais tentaram nos "encaminhar" na vida segundo sua forma de pensar. Nossos professores fizeram o mesmo. Nossas esposas e maridos tentam de forma suave ou mais agressiva nos impor sua própria forma de pensar. Os governos nos "enquadram" com suas leis, mas todos eles, desde os pais aos governos, erram tanto ou mais do que nós próprios.



Por isso, e apesar de toda e qualquer adversidade, resista sempre ás tentativas de lhe encaminharem sua personalidade, sua forma de agir, seus princípios, a menos, evidentemente, que se coloque à margem do que é justo, ético, moral, pelos princípios.

No entanto, não seja tonto ou tonta o suficiente para não perceber e reconhecer seus próprios erros. Um bom costume é analisar, de seus atos, os que lhe geram "certa angústia", logo após cometidos e fazer uma análise de consciência.

Então poderá julgar os outros, e não sofismar como Platão, afirmando "Só sei que nada sei", excessos de humildade são deficiência, soa a falso.

(Na foto, uma das mulheres é Madeleine Truel, peruana y heroína da resistência francesa) 



3.    O mundo realmente real da realidade... 

... É o que se vê e sente, prédios, casas, veículos, paisagens, pessoas, notícias, alegria e dor... O resto, mesmo existindo, está escondido, é ignorado ou foi esquecido e por isso “não existe”. Existe a Humanidade e a ahumanidade, assim como existe a moral e a amoralidade, mas tudo é como uma onda, ora em cima, ora em baixo, dependendo da hora em que se olha no espelho.




Olhe a foto do navio. O que lhe importa quando foi, quem está dentro dele se nem sabe quem são, o que são, o que fazem, se tiveram que vender algo para comprar a passagem ou se estão dormindo ou transando na cabine? Navio cheio ou vazio, nada existe lá dentro, exceto quando é noticia: O Titanic afundou! Quem se importa disso, hoje? 

Mas quem se importa com você deve ser importante. 


4.    Os bandidos e nós.

Bandidos devem ter milhões de "razões" para dizerem para si mesmos : "Eu estou certo, eu estou certo, eu estou certo...".O problema é que nossas opiniões não coincidem e bandidos geralmente não têm consulta marcada em analistas.



O estado deveria providenciar analistas para toda a classe política nacional.


   5.  Tenha muito cuidado em tudo que fizer...


As empresas não têm confiança no governo e tentam ganhar o máximo possível para acumular "gorduras" que lhes serão úteis quando chegar a rebordosa da inflação e do desabastecimento... Cuidado com as contas !!!!!

As empresas de transportes em geral, com a crise do aumento dos combustíveis, se viram como podem, e não podemos assegurar que continuem gastando em manutenção de veículos o que deveriam gastar: Aumentam os desastres!!!!

O governo precisa de dinheiro e esse dinheiro vem de impostos e de venda em leilão do patrimônio... As prefeituras, então, nem se fala, e as eleições estão chegando. Vão precisar de muita grana... Cuidado com o que lhe cobram, venda se for o caso, porque no futuro quando quiser vender, não haverá comprador... Daqui a uns anos, o mercado voltará a ser "comprador". 

Não adoeça nem morra!... Ou não há vaga para fazer exames médicos - o seguro saúde não segura nada, só nos larga na rua da amargura - ou na rede particular vai pagar os olhos da cara e o anelar anal... Não há "culo" que agüente... 

Se quiser falar contra alguém tome cuidado... Só a Marilena Chauí pode dizer que "odeia a classe média" sem ser indiciada por desrespeito às minorias, é uma "homo-socio-classes"... De resto todo mundo pode ser encrencado pelo Marco Civil, que soa a "Pedrada Cível".... 

E, sobretudo, não deixe cair o sabonete na prisão da delegacia nem em Bangu I, II ou III... é um perigo, porque a fila anda e nunca se sabe quem está atrás de você... 

A moral e a ética saíram de férias, Dona Prudência não foi ao enterro, e presunção e água benta não casam bem: A presunção se vende a quilo, a água benta é da represa vazia e lamacenta lá para os lados de S. Paulo onde falta água... 

® Rui Rodrigues

terça-feira, 22 de abril de 2014

O que podemos mudar no mundo para ser mais justo?

O que podemos mudar no mundo para ser mais justo?

A humanidade busca um mundo melhor, assim se entendendo como um mundo mais justo. Vimos tentando isto há milhões de anos. Primeiro pensávamos que ensinávamos muito bem a nossos filhos e que eles se desviavam do bom comportamento porque não nos “ouviam”, embora só raramente fossem surdos.  Por isso lhes batíamos. Agora já entendemos que não adianta bater neles, e que, pelo contrário, o efeito desejado é exatamente o contrário como se tem comprovado. Mudar a essência de cada um de nós é bastante difícil, porque nosso tempo e nossa dedicação aos filhos são precários: O trabalho do dia a dia nos assoberba e nos exige quase toda a atenção que lhes possamos dedicar. Nossos filhos passam mais tempo com “estranhos” do que em família desde que passam a freqüentar a primeira aula do primeiro ano do primeiro colégio. A influência do meio é sempre maior e mais diversa. E uma grande verdade é que a humanidade se rege pelo coletivo e muito raramente por um indivíduo. Neste caso, temos sempre uma figura de um “populista” que, se guindado ao poder, se transformará num ditador. Está no perfil humano: Ninguém gosta de perder o que já conseguiu, e quanto mais se tem mais se quer, com temor de se perder substancial parte do que se tem num mau passo, ou num imprevisto do que chamamos política, economia, ou negócio. Então vamos desistir de um mundo melhor? Não! Vamos, pelo contrário, avaliar em poucas linhas, que caminhos poderíamos trilhar para obtermos um mundo duradouramente mais justo.

À primeira vista há vários caminhos que aparentemente nos levariam até ele. Vejamos quais e que probabilidades têm de êxito.

1.      Um mundo governado por mulheres.


Criou-se um mito de que homens são diferentes de mulheres. Não é propriamente um mito, os homens são fisicamente diferentes das mulheres, mas o meio que rodeia homens é o mesmo que rodeia as mulheres. A inteligência para se adaptar e sobreviver nele é idêntica a ambos os sexos. As reações são similares. Quando os homens saíram para os campos de batalha nas duas grandes guerras mundiais, faltaram nas cidades para efetuar o serviço pesado que não poderia ser realizado por idosos e crianças. As mulheres enfrentaram o batente com todo o mérito. Algumas ferramentas foram adaptadas para elas, é certo, mas o trabalho foi realizado. O patriarcado está sendo abolido exatamente pela evolução de um conceito mais do que justo: A igualdade dos sexos. É lamentável que a humanidade não tenha enfrentado a necessidade da igualdade há muitos séculos atrás, mesmo durante o começo da humanidade, mas por aqueles tempos, a inteligência era pouca, a evolução muito lenta, a força predominava, e quem a tinha era o homem. Os livros a que chamamos de sagrados expressam isto exatamente. É hora de adaptar os livros “sagrados” escritos por inspiração divina e se conseguirmos enxergar que Deus não poderia ter sido tão injusto. Ou falhamos na inspiração divina ou nosso Deus não é tão justo assim. Precisamos urgentemente decidir entre estas duas hipóteses urgentemente para que não continuemos caminhando no mesmo erro a estrada da evolução humana. Chegaremos mal e atrasados ao destino justo.

Homens e mulheres podem hoje avaliar em conjunto – porque passam pelas mesmas alegrias, situações e percalços, com a mesma intensidade - as dificuldades na política, na economia, em todas as manifestações humanas. As dificuldades são as mesmas. Homens ou mulheres no poder têm que enfrentar os mesmos problemas, e de tão iguais – somos todos humanos, da mesma espécie - não haverá mudanças substanciais neste mundo a caminho da justiça geral e irrestrita. Todas as qualidades e defeitos são comuns de gênero. Ambição, por exemplo, como dizer que mulheres não são ambiciosas de poder? Que não querem riqueza seja de bens ou de favores? Que não trairão ou trairão menos? Que usarão menos das forças disponíveis?

Nada mudará de essencial com as mulheres no poder.

2.      A volta de um sistema de governo comunista




Certamente que o medo do comunismo freou um pouco a ambição do capitalismo. Os sindicatos se desenvolveram á sombra do medo da ambição do capitalismo e da ditadura do comunismo: Os sindicalistas sabiam que a ambição do capitalismo lhe diminuía os salários, mas tinham trabalho embora não suficientes para as suas necessidades. Sabiam também que no comunismo nem poderiam reclamar ou fazer greves. Foram-se sustentando fortes até que um por um dos países que se diziam comunistas começaram a falir. O comunismo precisa de dinheiro, e o dinheiro somente se consegue no capitalismo. Por isso, Cuba e a Coréia do Norte, os dois únicos países comunistas que ainda restam, dependem da ajuda de terceiros países. Estas perdas do comunismo enfraqueceram os sindicatos, o capitalismo ambicioso recrudesceu á sombra do socialismo, um meio caminho paralelo entre o comunismo e o capitalismo, um meio termo. Mas quem resiste ao dinheiro, á compra de uma casa, de automóvel, de umas férias na Europa, EUA ou no Caribe, ou em qualquer lugar? Nem comunistas, nem socialistas e muito menos os capitalistas. No capitalismo troca-se qualquer coisa por dinheiro, inclusive influência e favores. No comunismo trocam-se as mesmas coisas sob o controle do estado. No socialismo troca-se tudo por qualquer coisa com a permissão do estado. No socialismo e no capitalismo, troca-se tudo o que se produz interna e externamente. No comunismo troca-se o quase nada que se produz internamente depois que os melhores e mais importantes produtos foram exportados. A balança comercial nunca fecha positivamente porque falta estímulo à produção e ao trabalho.


A volta do comunismo poderia diminuir um pouco da ambição capitalista, mas não mudaria nada. Já foi tentado e deu errado em menos de um século [1]. Foi um sistema político de curtíssima duração. Divide o nada entre toda a população e precisa de capital de ajuda externo. Não é solução. É mais um problema. Além do mais, somente com um governo ditatorial o comunismo consegue sobreviver por um tempo razoável em qualquer república: O que um ser humano dá de livre vontade não é suficiente para manter um programa comunista como, por exemplo, casa para todos os cidadãos. Nem todos os cidadãos de uma nação doando. É preciso que seja obrigado a doar para que o montante necessário seja levantado para o programa, e mesmo assim, depende da economia dessa nação. O mesmo se aplica a manter respirando uma nação com grande índice de pobreza. Mas à força, a ditadura não subsiste por muito tempo.


3.      Socializar o planeta.


O socialismo é um sistema de governo representativo como outro qualquer, a meio caminho entre o comunismo e o capitalismo. Para cumprir com metas sociais baseadas na doação de insumos e concessões às classes menos privilegiadas, usando dinheiros públicos, é necessário que o partido no poder entre em acordo com os demais partidos e a classe produtiva da nação, os capitalistas, para poder doar sem reclamações que levem o povo para as ruas, e que evite a fuga de capitais. Quanto mais abrangente for o governo, mais aumenta a necessidade de verbas para cumprir as metas e diminuem as aplicações em obras públicas. As concessões são uma porta aberta para a corrupção. Quanto mais ambicioso os planos gerais de socialização, maiores os gastos nos planos e maior o rombo na balança comercial, no equilíbrio financeiro, maior o desvario no equilíbrio entre a aplicação de recursos nas necessidades básicas de investimento e os planos sociais. Seria necessária uma fonte de fabricar dinheiro – sem gerar inflação – para manter o equilíbrio econômico. Os países com governos socialistas na grave crise econômica de 2008 estão em más condições, com exceção da Alemanha ainda: Não conseguem manter os planos de investimento produtivos, de infra-estrutura e sociais em mesmo nível e aumenta a corrupção. Não há dinheiro suficiente para manter os “padrões”. A Alemanha é como um “Tio Patinhas” Irlandês, altamente produtivo, inventivo, com uma população dentro dos limites permitidos pelo bom senso de forma a que as classes trabalhadora e improdutiva estejam equilibradas a ponto de não gerar pobreza. O povo alemão economiza e sabe aplicar, sua educação é estrita, gerando determinação e responsabilidade. O povo alemão sempre foi assim, e a pesar do alto nível de vida não se vêm praticando turismo com gastos exagerados nos locais de veraneio. Não fazem alarde, como por exemplo, os brasileiros esbanjando e alardeando dólares em Miami, portugueses nos bons tempos em praias do Caribe, japoneses pelo mundo todo nos tempos de ouro do pós-guerra até pouco antes da crise de 2008. Quem viaja agora pelo mundo todo continuam sendo americanos e nórdicos, russos e chineses [2]. Cubanos e norte-coreanos sempre foram impedidos de sair do país desde que lhes foi imposto o regime comunista.
Ainda que com mulheres no governo, o socialismo não tem apresentado resultados convincentes e práticos de ser o caminho certo para um mundo - ou nação - mais justo.  Não, de forma suportável. É um sistema altamente instável sob qualquer ponto de vista, principalmente econômico pelas razões já expostas.

4.      Dar mais poder ao Estado








É tempo perdido, dinheiro jogado fora. Num sistema com alto poder do Estado, os políticos acabam por fundar uma oligarquia de poder e se transformam numa ditadura. Ditaduras sempre foram derrubadas, os ditadores têm tempo pré-determinado no poder até que sejam depostos e suas estátuas derrubadas. Basta ler os livros de História de qualquer nação.

5.      Dar mais liberdade ao “neoliberalismo”







É tempo perdido, dinheiro jogado fora. A ambição e a ganância humanas, se não controladas, empobrecem as populações na competição na redução de custos e aumento de lucros. A arrecadação de impostos se dirige exclusivamente para a produção decaindo os investimentos no setor social.


6.      Adotar a democracia participativa.




Há muitas formas de “democracia participativa”, a maioria esmagadora sendo não democrática, porque colocam entre o povo e o “governo”, ou mesmo no governo, intermediários que mantêm certos poderes e acabam por encaminhar ou conduzir os cidadãos, acabando finalmente numa ditadura. Só há uma Democracia Participativa, real verdadeira [3].

Uma democracia sem intermediários em que tudo é votado pelos cidadãos através de rede social fiscalizada pelos próprios cidadãos, de forma absolutamente transparente, e na qual os “políticos” são meros servidores públicos sem qualquer tipo de poder. Fazem apenas cumprir as leis aprovadas pelos cidadãos. O “presidente” expressa a voz da maioria dos cidadãos e não tem poder de declarar guerra, não decide por si só. Os votos podem ser retirados on-line, pode perder o cargo em menos de 24 horas, assim como qualquer eleito para cargo público. Não há imunidade política para nenhum cidadão. A distribuição de verbas recolhidas de impostos é feita de acordo com as votações populares. Para maiores detalhes, verificar em http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/
Neste sistema de governo, não importa se os “políticos” são homens ou mulheres, nem qual a “filosofia” política. São homens e mulheres quem vota nos projetos de governo segundo sua própria solicitação para que sejam votados.

É impossível a compra de votos ou votos de cabresto. A Constituição é aprovada pelos cidadãos mediante votação item por item.

7.      Resumo

Todos os regimes políticos que a humanidade teve a oportunidade de conhecer e pôr em prática faliram exceto os que reconhecidamente se entendem como democráticos, embora não o sejam realmente: Há sempre interesses em jogo, nem sempre em prol da população ou de sua maioria, muitos acordos escusos pelos corredores, e muitos políticos ambiciosos estão no poder. Neles se pode declarar guerra e explicar-se depois. As verbas são distribuídas de tal forma que não provocam revoltas em populações que sabem que podiam ser mais bem distribuídas, mas cujas deficiências não são tão graves que levem a uma sublevação. Quando a ambição ou vaidade se sobrepõe aos interesses nacionais, e quase sempre em nome desses interesses, surgem as ditaduras. Normalmente, de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos, os políticos eleitos são tão protegidos que é extremamente difícil retirá-los do poder. Nesse ínterim desempenham seu trabalho para os partidos e votam normalmente mesmo sob pressão da oposição.

São governos Representativos, que representam não necessariamente os cidadãos em todos os seus atos.

A Democracia Participativa é o governo do povo, pelo povo e para o povo obedecendo a vontade da maioria. Dizem que para isso é necessário ter bom nível de instrução ou que o País não pode ter muita extensão territorial nem população muito numerosa. Não é verdade. Quem não entende do assunto se sentirá “inadequado” a votar. Cada cidadão vota no que entende ou nos servidores públicos que mais lhe agradam para fazer cumprir as leis que os próprios cidadãos pediram para ser votadas e que tenham sido aprovadas, quer a nível nacional, quer a nível estadual.

O mundo da "representatividade" já está velho, decrépito, por demais conhecido e desmascarado. 

® Rui Rodrigues





[1] A revolução proletária de 1917 pôs fim ao Império Russo e estabeleceu o comunismo como sistema de governo. Quase cem países se lhe seguiram incluindo a China. Estamos em 2014 e só persistem dois países comunistas: Cuba e Coréia do Norte, falidos, tal como todos os demais antes de o deixaram de ser. Passaram-se 97 curtíssimos anos de existência deste "novo" sistema de governo que "imporia a justiça social no mundo inteiro". Fracasso total.  Foi o mais curto período de existência de um sistema político de que se tem notícia