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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Diálogos, ao luar de lustres, com pingentes brilhantes!



Num Universo paralelo encostado ao nosso, Louis chegou no horário no palácio do Crepúsculo, cercado de seus seguranças,e subiu serelepe as escadarias, tanto quanto lhe permitiam as pernas ainda trôpegas, efeito de uns goles de bebida forte que sempre tomava antes de encontros complicados para ganhar coragem, habito que adquirira desde pequeno, quando perdeu um dedo por distração num torno mecânico e o pessoal do trabalho lhe  deu três talagadas de "fogo paulista" para aliviar a dor. Alguns dos companheiros dizem que antes de Louis perder o dedo tinham tido uma conversa sobre seguro desemprego, sindicato, e sua vontade de seguir carreira de sindicalista, porque até já tinha perdido emprego por se recusar a trabalhar aos sábados. Ganhou uma boa indenização, passou a viver ninguém sabe como - porque ficou desempregado por muito tempo - e também ninguém sabe como, conseguiu fazer um "curso" de sindicalismo nos EUA, mesmo desempregado. Não foi em Cuba, nem na URSS, nem na China nem em nenhum pais comunista. Foi nos EUA, que passou a amar, a amar o capital, a ganhar dinheiro sem trabalhar. Como não sabia falar inglês, ficou "nas mãos" - ou na conversa - de um interprete das entrevistas que fez com os sindicalistas, indicado  por quem lhe proporcionou o "curso". Nunca quis aprender mais nada, nem fazer o Mobral, nada... Meteu na cabeça que seria rei do mundo sem ter que trabalhar ou estudar. Isso era necessidade de burguês ou de pretendente a burguês. Todo trabalhador que queira "melhorar" de vida é um pretendente a burguês na visão estreita mas ambiciosa de Louis. Na America os sindicalistas o chamavam de "Nine fingers squid"(calamar de nove dedos).Fundou um partido, e passou a viver de doações de campanha,do partido, de amigos e simpatizantes. Amado por empresários e por metalúrgicos esperançosos e iludidos, com a imagem de "bom e esperto malandro", conseguiu eleger-se presidente depois de três fracassos retumbantes. Foi eleito por "pena" do eleitorado.
Mas, sem instrução, sem saber matemática, governou por "conselhos"de terceiros. Teve sorte por não ser delatado, porque conseguiu encher de dinheiro seus amigos empresários, e controlar a oposição e os demais políticos, distribuindo ministérios entre os partidos, fechando os olhos a "deslizes" e "mal-feitos" de opositores. No final de seu segundo e ultimo mandato, todos os escalões de governo, políticos, instituições, Órgãos e empresas do governo tinham virado chiqueiro, nau de piratas e flibusteiros, covil de rapinas, porque todos tinham o rabo preso e ninguém queria puxar as orelhas de ninguém, sob pena de ter as próprias orelhas arrancadas. Foi assim que, chegadas as eleições, conseguiu indicar sua sucessora, por indicação de um grupo de antigos terroristas a quem pedira para participar de seu ultimo período de governo, porque sua elite de intelectuais o haviam abandonado decepcionados. Louis achava e ainda acha que professores e intelectuais não precisam ganhar bem por trabalharem "por amor" pela profissão ou idealismo.             

Depois que o ajudante de ordens o mandou entrar, Louis entrou na sala de jantar onde Ivana já o esperava sentada à mesa, na cabeceira, empunhando o garfo e a faca em riste com os cotovelos apoiados na mesa, braços erguidos, guardanapo no peito, e um sorriso de quem nunca aprendeu a rir direito. O "chef" de cozinha retirou-se  imediata e silenciosamente deixando-os a sós. Sobre a mesa, lagostas Roseanas do Maranhão com cajus, Côcos Coloridos e Mellosos de Alagoas, pamonhas fresquinhas com tempero Maluff, macaxeiras do Nordeste, costelas de novilho do RGS, e tutu, muito tutu ao molho Pimentel de Minas Gerais. Como se fosse da casa e sem cerimônias, Louis sentou-se ao lado de Ivana. Faziam um par intimo em "L" numa mesa solitária para 14 comensais, doze ausentes como se tivessem falecido. Parecia um velório, apenas desmentido pelos sorrisos que aprenderam a sorrir por força das circunstâncias da vida, e pelo luar que emanava dos lustres com pingentes brilhantes que pendiam do teto, que nao era da Lua. Foi ela quem abriu o diálogo . 


- Meu caro Louis... Que bom que vieste...

- Não poderia fartar ao teu convite.
- Chamei-te porque preciso de uns conselhos. Momento dificiu. 
- Nem acredito. Nunca ouvi falar que tivesses probrema...
- Tenho sim, na economia, com os juízes, com o Acunha da Câmara,de montão...
- Deixa o pessoal resorver. Tens 39 ministro, tudo nosso companheiro, eles sabe das coisa e noiz não. Cuida só da fidelidade deles, paga bem, fecha ozóio  para as merda que eles faz e toca o barco. 
- Por isso dei um pé na bunda daquele economista, o que parecia um guri...Nunca conseguiu nada que lhe pedi. Destaquei-o para o Senado como se fosse eu para convence-los das aprovações, e nada!
- Ora Ivana, no Senado todos os dias, passaram a tratá-lo como mais um senador, e desses, o senado tem bastantes falando e tentando convencer uns aos outro. Burrada tua, companheira. E se tu fores la, como não entendes nada, vais falar besteira e periga de levar vaia.
- Ta...Já troquei por outro que planeja muito bem. Sabendo planejar não tem como  falhar e vamos conseguir aprovar tudo até o CPMF...Me diz uma coisa...Esse tal de CPMF aplica em cartão corporativo e em minhas despesas? Porque se aplica estou lascada. Vou precisar pedir aumento...
- Não se preocupa, Ivana. Mesmo que aprique, que eu não sei, tu mesma num paga nada proque quem paga é o governo com o dinheiro do povão, e tu não é governo nem povo.
- Como não? Que absurdo!...
- Se tu governasse, tu pedia ao Congresso e o congresso aceitava. Ia lá na Câmara, pedia, eles fazia...Maiz eles num fez e num faz! Então tu não governa,e povo povão tu já deixou de ser desde quando te enfaixaram de verde e amarelo, e tu reagiste como peido promovido a vendaval, levantando os braço... E olha que tu estavas mais gorda que vaca prenhe estabulada...Num pode mostrar tanta fissuração nas coisa como se fosse uma conquista de um premio Nobel ou ganhar um óscar em Roliudi.   
- Louis, Louis...Prometeste me fazer presidenta se eu fizesse o que me pedisses, mas isso é um insulto... Tenho pedalado muito... Estou mais magra. Meu problema maior ainda é o Impeachment. Como saio dessa? 
- Nem ideia... Tens que perguntar ao Bolor de Bello, que já passou por isso, mas ele perdeu!...Tinha um tal de PC Azarias que era tesoureiro, e que mataram por causa de umas sobras de campanha. Avisa o Vacária para não abrir a boca senão vai passar um mau bocado, um perrengue.
- Podíamos nos encontrar um dia destes lá na tua mansão no Guarujá...Guarujá não, que tem muita gente olhando a sua casa, a sua vida...Melhor em Atibaia que ninguém vê...
- Num vai dar, Ivana...
- Por causa de tua mulher? Ciumes? 
- Não... Não...Porque parece que aquilo lá vai virar um "point", interesse turístico. vai parecer um centro de peregrinage...E nem sei quem é o dono. Minha mulher que tem um grande coração, fez a decoração do triplex para uma família - de graça - porque não gastou nem um tostão, e o pessoal veio dizer que a família era a nossa...logo a minha a mais honesta do praneta.     
- Mas vocês foram lá  quase duzentas vezes em dois anos... Vocês não trabalhavam? parece que passaram lá quase metade do ano de cada ano...Em dois anos...Nem tempo para as palestras você tinha...
- Não sei fazer contas, Ivana...Mas esse tempo todo acompanhei a minha mulher que era a decoradora voluntaria, assim como o pessoal voluntario da Copa das Copas... Eles nas arenas dos jogos e nós no apartamento tripléquis com todas as mordomia...Mordomia num paga imposto nem é salario ou doação.
- Tô pensando em fazer isso com minha carreira politica, depois que deixar de ser presidenta. Vou concorrer para o governo do Nordeste...
- Mas tem que acabar primeiro o valão do São Francisco caso contrario não te elegem. Qual estado? 
- Então no Sul...
- Também num vai dar... No Paraná tem o lava-jato e o japa, no RGS faliu tudo com os nossos governo dos Taços, em Santa Catarina falam igual que nos outros dois...Dificiu pra dedéu, Ivana... 
- Então...
- Então, tens as reserva do exterior, com aqueles  perdão de divida, financiamento de obra no exterior, e se algo de ruim acontecer, tens propriedade la fora, com os laranja, que podes ir pra lá... Bulgária, Cuba, Russia, China, Guiné-Bissau, Angola e arredores, só não deixa o Japa te pegar.
- Pegam não... Nem que se tenha que doar toda a grana arrecadada dos Impostos para pagar a todos esses nossos empregados do Acunha e do Calhorda...nem que se tenha  que gastar os bifes das merendas escolares, o esparadrapo da saúde, as balas da segurança...
-Ivana... Só me diz uma coisa quê qué feito daquele crucifixo que sumiu do gabinete da presidência? passo a mão em muita coisa, mas esse num fui eu que roubei...
-Ninguém roubou. Eu que joguei fora. Pra mim, ver cruz, basta durante visita do papa com muitos repórteres, fotos, noticias nos jornais.  


E, à luz diáfana do luar dos pingentes de cristal,o jantar politico-romântico a dois se desenrolou evoluindo para uma concupiscência de concubina com eunuco, que só existe num universo paralelo ao nosso e ao qual não temos a menor chance de acesso. Lá, naquele universo paralelo, gasta-se tanto por mês em comida quanto de merenda escolar em toda a nação, olhando-se para o que chega no prato, onde muita vez falta um tal de "arrodz"...

Martinho da Vila já dizia: "Segure tudo o que for conquistado". Ivana e Louis curtiram muito essa musica,jantaram a sós nesse universo paralelo e por isso não há uma só foto do encontro, mas sempre se escuta alguma coisa que depois se confirma. Ivana estava fabulosa, ostentando seus colares de pérolas, de brilhantes, seus anéis, pulseiras e relógios de marca, que competiam com os pingentes de brilhantes com escutas. As nuvens de mosquitos não atrapalharam em nada. Absolutamente em nada. Mosquitos preferem outros ambientes menos socialistas, menos comunistas, embora adorem morder gregos, troianos e brasilianos, incluindo turistas e emigrantes.   

Rui Rodrigues    
    



    

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