Então, do nevoeiro que mais parecia fumaça de mata ardendo, escuto o barulho pesado de pistões batendo pino e apareceram-me o Rubirosa e o Berenício num carro de motor a lenha resfolegando fumaças de histórias de Hollywood num tempo em que animais falavam. Tinham bigodes que mais pareciam duas virgulas apontando pra cada orelha, um cachecol de lã tricotado, um capacete de couro de aviador, e mesmo parado o carro resfolegava como uma locomotiva American espantando bisões na pradaria.
- Prepara as malas e vamos embora (disseram-me com semblante circunspecto, rugas na testa, olhos franzidos pelas sobrancelhas)
- Pra onde?
- Não sabemos. É isso que queremos descobrir... Te explicamos pelo caminho.
Arrumei as malas que era uma só, e o carro alçou voo. A carripana voava, suportada por asas de lona parecidas com as de morcego. Eu deveria estar sonhando. Berenício era mudo. Foi o Rubirosa que me gritou do banco da frente:
- Sabes o que é aquilo ali embaixo?
- Não... Mas está tudo destroçado. Uma cidade inteira...
- Damasco, Síria... Uma diáspora. Todo mundo abandonando o pais.
- E ali? (perguntei quando vi uma cidade que reconheci logo). Porque aquela gente sai da cidade?
- Londres... Com o Brexit, os ingleses estão saindo da cidade.
E assim fomos passando por Portugal, pela Sérvia, Espanha... Ao redor do mundo todos que podiam estavam saindo de seus países. Mas para onde estariam indo?
Depois de darmos voltas ao redor do mundo não chegamos a conclusão nenhuma. O povo não tinha pra onde ir num planeta esférico com algumas borbulhas vulcânicas, umas poças d'água muitas poluídas, e uns filetes que parecem de água, mas não deve ser porque água é inodora e transparente. Andavam de um lado para o outro do planeta procurando cada um o que mais lhe interessava. Alguns queriam mais dinheiro, outros pessoas interessadas na responsabilidade de criar e viver em família, outros queriam paz e tranquilidade, outros simplesmente comer nem que para isso tivessem que trabalhar. O dinheiro do mundo desaparecera para esconderijos tão bem guardados, que se alguém disser que tem mapa de tesouro, pode acreditar que é mentira.
Nessa noite começamos a trabalhar num novo motor que nos levasse para a Lua. Tínhamos que arranjar mulheres dispostas a transar só conosco (cada uma com o seu)e que quisessem viver no mundo da Lua. Não havia mais nenhuma terra de Canaã na Terra.
Rui Rodrigues
- Prepara as malas e vamos embora (disseram-me com semblante circunspecto, rugas na testa, olhos franzidos pelas sobrancelhas)
- Pra onde?
- Não sabemos. É isso que queremos descobrir... Te explicamos pelo caminho.
Arrumei as malas que era uma só, e o carro alçou voo. A carripana voava, suportada por asas de lona parecidas com as de morcego. Eu deveria estar sonhando. Berenício era mudo. Foi o Rubirosa que me gritou do banco da frente:
- Sabes o que é aquilo ali embaixo?
- Não... Mas está tudo destroçado. Uma cidade inteira...
- Damasco, Síria... Uma diáspora. Todo mundo abandonando o pais.
- E ali? (perguntei quando vi uma cidade que reconheci logo). Porque aquela gente sai da cidade?
- Londres... Com o Brexit, os ingleses estão saindo da cidade.
E assim fomos passando por Portugal, pela Sérvia, Espanha... Ao redor do mundo todos que podiam estavam saindo de seus países. Mas para onde estariam indo?
Depois de darmos voltas ao redor do mundo não chegamos a conclusão nenhuma. O povo não tinha pra onde ir num planeta esférico com algumas borbulhas vulcânicas, umas poças d'água muitas poluídas, e uns filetes que parecem de água, mas não deve ser porque água é inodora e transparente. Andavam de um lado para o outro do planeta procurando cada um o que mais lhe interessava. Alguns queriam mais dinheiro, outros pessoas interessadas na responsabilidade de criar e viver em família, outros queriam paz e tranquilidade, outros simplesmente comer nem que para isso tivessem que trabalhar. O dinheiro do mundo desaparecera para esconderijos tão bem guardados, que se alguém disser que tem mapa de tesouro, pode acreditar que é mentira.
Nessa noite começamos a trabalhar num novo motor que nos levasse para a Lua. Tínhamos que arranjar mulheres dispostas a transar só conosco (cada uma com o seu)e que quisessem viver no mundo da Lua. Não havia mais nenhuma terra de Canaã na Terra.
Rui Rodrigues
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