Mudanças climáticas - Resumo
Vivemos num mundo “amigo” para
a maioria de nós. Por exemplo, temos uma percepção de temperatura quando se sente
frio, na neve, ou calor ao Sol dos trópicos, quando abrimos um forno e
experimentamos temperaturas ainda mais quentes, e muitos de nós até podemos
avaliar o quanto deve ser quente num alto forno onde se fundem os minérios para
fabricar o aço (algo em torno dos 3.000 graus centígrados), mas para muito
poucos não conseguimos ter a percepção do que seja a temperatura no interior ou
exterior do Sol, ou mesmo de nosso planeta Terra. Também não podemos imaginar o
quanto é frio no espaço exterior, a temperaturas próximas do zero absoluto. Como,
com tamanha falta de percepção poderemos avaliar o que significaria um pequeno
aumento da temperatura média de nosso planeta, tão insignificante como apenas
dois graus centígrados? Quase a totalidade dos sete bilhões e meio de
habitantes deste planeta dirá que apenas dois graus de aumento na temperatura
média não pode representar absolutamente nada de fundamental. Mas quando acontecer, as mudanças climáticas mudarão as condições de vida de tal ordem que a invilibizarão, e não teremos agricultura, os oceanos subirão. Isto é certo!
Meditando sobre o assunto,
vejamos quais são as perspectivas, mas temos que viajar um pouco no tempo, para
trás, para vermos o que a história deste planeta nos conta. A partir da
história poderemos ver se existem fatores naturais – apenas naturais – que
possam ser determinantes para uma mudança climática catastrófica de forma suave
ao longo do tempo, ou de repente, como raio que cai à nossa frente, a meia
dúzia de passos de nós, e a escassos segundos do fim da nossa tranqüilidade. Este
artigo destina-se a quem nunca freqüentou salas de Universidades e para aqueles
que, mesmo que os tenham freqüentado, não tenham tido a oportunidade de
assistir a aulas específicas sobre estas matérias.
A Ciência do Planeta Terra
Para entendermos este nosso planeta, temos que aceitar que atualmente, em termos de ciência,
está mais perto do caos do que de ciência exata. Sabemos como funciona o clima,
o centro da terra, a atmosfera, a biomassa, as condições de vida dos seres que por aqui existem, mas
não temos equações matemáticas que nos permitam avaliar como será o “amanhã”, de
forma credível. A ciência da Terra parece-se mais com o caos (desordem) ou com a
física quântica, mas desta, já conhecemos muitas das equações e podemos
calcular com muito boa aproximação “onde” estará um elétron em determinado
momento. No que respeita a efeitos estufa, aquecimento global, aparecimento de
tornados ou terremotos ou erupções vulcânicas, temos algumas teorias e nada é
preciso, calculável, dedutível. No entanto vale lembrar que todo o nosso
sistema está relacionado com a cosmologia por efeito dos raios Solares e dos
movimentos em torno do Sol e da própria Galáxia, dos movimentos da crosta
terrestre e do estado magmático do interior do planeta, e de outros fatores
interdecorrentes. Alguns fenômenos são repetitivos, mas não têm ciclo
determinado: Sabe-se que irão acontecer, mas não sabemos quando nem seu grau de
intensidade, e a maior parte das vezes nem sabemos onde.
Parece que os governos têm
gastado o nosso dinheiro de impostos em coisas que não têm a mínima
importância, para mostrarem eficiência, e não os têm aplicado em ciências, pesquisa
e inovação de equipamentos exatamente onde deveriam ter sido gastos para não
continuarmos tão ignorantes sobre o nosso planeta. É certo que fazem aplicações
neste sentido, mas é muito pouco. Acham que quando a catástrofe chegar, as
perdas se contabilizarão como “coisas da natureza” e não como “ineficiência
governamental”. O planeta é forte, e inteligente, como podemos ver, mas nós
somos fracos, e pelos vistos com inteligência bem reduzida, apesar de nossas
vaidades e autoconvencimentos.
Mas temos certeza absoluta
de uma coisa: Se a temperatura ambiente subir em média mais dois pequenos e
inocentes graus centígrados, ou seja, passar para 16 graus centígrados à
superfície, estaremos literalmente “fritos”.
Nosso planeta teve um “parto
normal” isto é, no seio da “Via Láctea”, a nossa Galáxia, por sua vez fruto da
explosão de uma estrela “supernova” ao que tudo indica. Formou-se pela adição
constante de poeira e meteoros em rotação em torno de uma aglomeração maior (a
do próprio Sol), num processo que demorou bilhões de anos, pela ação da força
da gravidade. Na medida em que mais massa era agregada aos núcleos de formação
do Sol e dos planetas do sistema Solar, maior era a temperatura, atingindo o
ponto de fusão da matéria: A Terra chegou a ser uma enorme bola de massa
fundida, avermelhada, fumegante, um oceano único de lava sem montanhas. Isso
foi há 4.567.000.000 de anos atrás, mas o interior de nosso planeta continua
sendo uma massa de lava incandescente. Vivemos sobre uma crosta dividida em
placas a que chamamos de tectônicas, que “navegam” muito devagar nesse magma
interior. Os choques dessas placas provocam terremotos. O
choque de duas dessas placas são responsáveis pela elevação dos Himalaias, e o
choque de outras duas, pelos Andes. Algures há bilhões de anos atrás, um
meteoro chocou-se com a Terra e sua massa, levando junto parte da de nosso
planeta, formou a Lua. O ciclo da Lua é hoje de 28 dias, mas de tão próxima da
Terra já chegou a ser de cerca de 10 dias apenas. O nosso próprio dia já chegou
a ter apenas 10 horas e não 24.
Ao longo da história deste
planeta já houve períodos de extremo calor, de frio extremo, os oceanos já
tiveram seu nível a cerca de 50 metros acima do atual, já passamos por duas
eras em que todo o globo estava coberto de gelo. A temperatura fora de nosso
planeta é de cerca de -40 graus negativos na estratosfera, até cerca do zero quase
absoluto para além dela, no espaço sideral. O universo todo em média é frio,
beirando o zero de temperatura.
Nosso planeta ainda é
naturalmente instável num universo também instável. Numa escala de tempo
cósmico, tudo muda. Somos um nicho ecológico instalado num planeta, por um
período de tempo predeterminado. O fim deste planeta está programado para mais
uns quatro bilhões de anos. Nosso fim está próximo por mais distante que nos
pareça. Seria uma pena que perecêssemos como uma espécie viva. Nem nos
confortaria pensar que poderíamos sobreviver transformados num simples “chip”
inteligente, ou que Deus, aos nos fazer como dizem os crentes (e cada um tem
seu deus) já programou também o nosso fim.
Como vemos, a instabilidade natural
do planeta continua viva em nossos dias. Não há motivos para relaxarmos a não
ser nossas vaidades e falso conforto, nossa irresponsabilidade pelo futuro.
As mudanças climáticas após o surgimento da vida na
Terra.
Há cerca de 3,5 bilhões de anos atrás, a vida surgiu neste planeta, mais provavelmente nos oceanos, ao abrigo dos raios infravermelhos emitidos pelo Sol. Mas, ao aparecer e se multiplicar, largou na atmosfera um gás ao qual teria de se adaptar ou perecer: O CO2, que invadiu o nosso planeta - substituindo a de amônia e metano - e viria a filtrar os raios solares permitindo o aparecimento de novos tipos de vida. De simples bactérias, a vida evoluiu para organismos maiores e logo a Terra se encheu de vida, com plantas e animais de grande porte. Onde estava a inteligência para esta adaptação da vida ao ambiente? A resposta só pode ser uma: Residia no ADN, a molécula em espiral que carrega toda a carga genética. Note-se que nos dias de hoje, nós mesmos estamos mudando, também, a atmosfera em que vivemos. Mas não somos apenas nós que a modificamos. Vulcanismos sem aparente explicação já a transformaram de tal forma que quase toda a vida se extinguiu há cerca de 400 milhões de anos. Há cerca de 286 milhões de anos um meteoro que também acabou com cerca de 98% da vida na Terra criou um inverno nuclear (quando o Sol fica encoberto por nuvens por vários anos seguidos). A vida depende da luz do Sol, benigna, mas não consegue viver com a incidência de raios ultravioleta e infravermelhos. Não a vida como a conhecemos por aqui. A atmosfera serve para filtrar estes raios, além de manter a temperatura ambiente que sem ela seria de aproximadamente 18 graus negativos em média. A Terra voltaria a ser uma bola de gelo como o planeta Europa do sistema solar.
Parece-nos, ao olharmos para
o passado da vida neste planeta, que o ciclo de vida e morte não se aplica
apenas aos seres vivos como nós, simples mortais, mas também a todo o universo.
Espécies aparecem e desaparecem da face da Terra como que numa renovação.
Estrelas e Galáxias aparecem e desaparecem como numa renovação do Cosmos. A
existir Deus, ele certamente é perfeccionista e ainda não acabou de construir o
Universo. Não vem isto ao mérito da existência ou não de Deus, mas em favor de
uma coerência, de uma lógica. Se o Universo ainda está sendo construído, então
Deus não fez ainda o Universo, embora já se tenha feito a Luz, e a semana de
trabalho já tenha terminado porque temos luzeiros no céu para presidir os dias
e as noites, e a vida existe. Somos os reis da Terra, porém, ainda não
aprendemos a administrar-nos e a administrá-la. Somos como filhos perdulários e
pródigos.
Clima atual
Desde cerca de 200.000 anos atrás que o clima se estabilizou. Para nós, parece-nos que sempre foi assim, mas o deserto do Sahara já foi uma floresta, depois uma savana onde tribos criavam gado, muito antes que formassem as cidades de Tebas ou Menfis no Egito. Hoje é um imenso deserto, seco e árido.
Parece cada vez mais que a vida dos seres humanos se abriu numa janela no tempo que ainda existe, mas que se pode fechar a ao longo de mais umas décadas, centenas ou milhares de anos. Com ou sem fábricas, com ou sem toneladas de lixo soltando vapores de metano e de CO2, com ou sem aviões, e todos os veículos motorizados lançando estes produtos na atmosfera, a Terra segue seu traçado caótico onde os últimos 200.000 anos parecem mais ter sido um “descanso” ou férias planetárias em seu rumo desconhecido.
Concentrando-nos objetivamente em nosso futuro
Desde cerca de 200.000 anos atrás que o clima se estabilizou. Para nós, parece-nos que sempre foi assim, mas o deserto do Sahara já foi uma floresta, depois uma savana onde tribos criavam gado, muito antes que formassem as cidades de Tebas ou Menfis no Egito. Hoje é um imenso deserto, seco e árido.
Parece cada vez mais que a vida dos seres humanos se abriu numa janela no tempo que ainda existe, mas que se pode fechar a ao longo de mais umas décadas, centenas ou milhares de anos. Com ou sem fábricas, com ou sem toneladas de lixo soltando vapores de metano e de CO2, com ou sem aviões, e todos os veículos motorizados lançando estes produtos na atmosfera, a Terra segue seu traçado caótico onde os últimos 200.000 anos parecem mais ter sido um “descanso” ou férias planetárias em seu rumo desconhecido.
Concentrando-nos objetivamente em nosso futuro
O que precisamos realmente,
não é ficar em discussões sobre o que causa ou o que não causa o aquecimento
global. Precisamos mudar o foco de nossos esforços no que se refere às mudanças
climáticas, porque seja qual for o motivo, humano ou natural, sabemos que a
Terra muda seu clima por ação externa de meteoros ou por ação da própria
constituição do planeta que ainda se acomoda e está em total movimentação, ou
por ação do homem. Precisamos preparar-nos para catástrofes, nem que para isso
se retirem verbas de Prefeituras para pagar shows de propaganda para distrair a
nossa atenção, ou se tenha que pagar menores salários a deputados, senadores e
vereadores: Precisamos investir em soluções a futuro, e não em conforto e
conveniências de políticos.Não temos tanto tempo assim para nos prevenirmos porque não existe fórmula da matemática ou da Física que possa determinar o
“quando” acontecerá. Certeza, mesmo, é de que acontecerá. E o que acontecerá? A
subida de nível dos oceanos que atingirá mais de cinqüenta metros acima do
nível atual; secas prolongadas e invernos terríveis, falta de água e de
alimentos porque perecem as culturas.
Precisamos acabar com o
conceito pueril e inconseqüente de que a vida tem que ser vivida enquanto
estamos vivos sem pensar nas gerações para além da nossa. Nem que para isso
tenhamos que reduzir as riquezas de quem tem exageradamente muito, para
investir em projetos de salvação da humanidade. A maior e mais importante
“propriedade” deste planeta é ele mesmo: Nossa querida Terra, nossa querida
humanidade.
Por vezes chega a parecer que não somos sérios com a existência de nossa espécie, e passamos o tempo e gastamos nossas verbas preocupados com qual Deus é o mais forte, qual partido político nos dará mais sobras anuais de salários, qual nos proporcionará mais conforto temporal enquanto pudermos pagar para ter seja o que for, mesmo que absolutamente temporário ou para guardar no armário até que passe de moda e não sirva para mais nada.
Já sabemos administrar o
lixo. Foi um grande passo. Agora precisamos aprender a administrar o desperdício
e olhar para o futuro de nossa espécie. A natureza não desperdiça nada, nem
tempo. Se olharmos à nossa volta e voltarmos a ler os velhos e novos livros
sobre a história da Terra, podemos aprender muitas coisas.
Somos importantes, mas não
para nós mesmos. Somos importantes para a humanidade. Sem nós ela não pode
existir.
Rui Rodrigues