Arquivo do blog

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Uma visão, uma surpresa e uma vingança.



Uma visão, uma surpresa e uma vingança.



O esqueleto do cachorro era metálico, suas patas almofadadas como as dos gatos. Não tinha carne, órgãos, pele. Deveria ter saído de uma sala, saído pela porta entreaberta, descera as escadas e chegara à rua. Saiu disparado na noite iluminada da cidade em direção à praça pública. Passou pelo casal que se amava louca e explicitamente num dos bancos da praça vazia, e tomou o caminho de umas moitas. Um grilo cantante interrompeu seu trinado, deixou que o cachorro passasse, e retomou seu diálogo noturno com a arte e a vaidade de um Pavaroti logo que o cachorro passou a uns escassos centímetros de distância.  Atrás das moitas, o cachorro desapareceu como se nunca tivesse existido. O casal terminara seu ato sexual imperativo, ávido. A moça levantou-se do colo do rapaz, deram uma arrumada nas vestes, e saíram da praça de mãos dadas, ela com o rosto descansando encostado no ombro do rapaz. Um táxi apressado passou levantando respingos do asfalto. Começara a chover. Das moitas emergiu um pequeno clarão azulado e ouviu-se um zunido como de descarga elétrica. Depois o silêncio de alguns sinais de trânsito comandando um trânsito inexistente, alternando o verde, o amarelo e o vermelho, consumindo energia elétrica como se a cidade ainda existisse. Pelo menos foi o que o mendigo pensou ter visto enquanto se dirigia para o centro da cidade. Tinha saído de sua casa no subúrbio onde guardava as sobras dos trocados que conseguia durante o dia, cheirara um pouco de cola de sapateiro para aliviar a barra. Passaria a noite no centro. Lá havia comida.


Mais para o centro da cidade, onde os prédios eram mais antigos, quase caindo, e as lojas eram mais pobres e remediadas, de trânsito congestionado durante o dia, àquela hora da noite estava vazio, as ruas ainda cobertas de lixo dos transeuntes. Mendigos dormiam pelas ruas embrulhados em papel de jornal, cobertores velhos, depois de comerem os restos da comida dos restaurantes e bares que encontraram nas lixeiras. Já não havia transeuntes, as portas das lojas estavam fechadas. A cidade estava morta. Aqueles “pontos” eram disputados de forma até violenta entre os mendigos. Suas mortes não costumam sair nos jornais nem o móbil do crime. A não ser quando se tratava de violência de não mendigos contra eles. Um deles jazia aparentemente adormecido, um olho para fora do cobertor, atento ao movimento. Sabia que havia quem estivesse interessado em eliminá-los. Já assistira de longe a um assassino desse tipo e o conhecia de vista. Quando um mês atrás dois indivíduos trocaram tiros e um deles caiu morto, acercou-se, recolheu a sua arma e as balas que encontrou nos bolsos, e guardou-a.
Cerca de uma hora depois, apareceu um motoqueiro com capacete e uma bolsa a tiracolo. Parou a moto, encostou-a no meio fio. Desceu. Olhou à volta. Não viu ninguém de pé, apenas sombras humanas adormecidas nas soleiras de portas de lojas, normalmente sob marquises para se protegerem da chuva. Escolheu um deles e caminhou em sua direção. A uma distância de mais ou menos uns quatro passos, parou, abriu a bolsa e sacou uma arma. Apontou-a na direção do mendigo mas não teve tempo de atirar. Um lampejo brilhante como o sol, emanado do corpo do mendigo cegou-lhe a visão e seu corpo sentiu um impacto que o fez cambalear. Sua pressão baixou a tal ponto que não tinha forças nem para se levantar, mas estava ainda consciente quando uma sombra se interpôs na sua frente, lhe tirou o revólver que nem tinha forças para segurar e lhe arrancou o capacete deixando ver seu rosto. Ouviu inerte mas consciente, os olhos começando a turvar-se:
- Escuta, filho da puta... Estás morrendo quando pensavas que ias matar. Deves estar frustrado, fodido. O cara que ias matar era eu. Agora que me conheces, não precisarás de olhos para onde vais.
E com aqueles dedos ainda sujos de comida, enfiou-os nas órbitas do moribundo e arrancou-lhe os olhos. Depois se levantou e seguiu seu caminho de volta para casa. Iria de metrô. Tirou uma muda de roupa e trocou-se ali mesmo, numa esquina escura, mudando a aparência.

Eram umas dez horas da manhã. A chuva parara. A cidade sorria. Quem tinha saúde caminhava pelas ruas, dirigia veículos, abria lojas, trabalhava. Quem não tinha estava em casa ou em hospitais. Muita gente estava morrendo, sofrendo, mas o mundo nunca sabe desses. As notícias são sempre dos outros, os que estão vivos ou acabaram de morrer. De passagem por uma banca de jornal, o mendigo olhou as manchetes. “Homem armado morre no centro da cidade vítima de bala. Olhos arrancados. Vingança?”. Era um incentivo a permanecer no anonimato. Como poderia provar que agira em legítima defesa? Qualquer advogado, por pior que fosse, o incriminaria se fosse descoberto. Seguiu seu caminho em direção ao centro da cidade. Ao passar em frente à igreja do bairro, quase sempre fechada, viu sair um garoto de seus nove anos, chorando sufocado. Tentou parar o garoto para conversar com ele, ajudá-lo, mas ele fugiu. Correu atrás dele e alcançou-o no quarteirão seguinte. Perguntou-lhe o que tinha acontecido. Então o garoto contou em detalhes, a voz entrecortada pelo choro. Há poucos instantes tinha sido abusado pelo padre. Ele tentara de outras vezes, mas sem ser objetivo e a criança não entendera muito bem. Mas hoje o padre perdera o controle e o obrigara a praticar o ato. Envergonhada, a criança fugira. Logo em seguida, o garoto saiu correndo novamente. Deveria estar arrependido de ter contado a sua triste história. O mendigo deixou que fosse. Voltou para trás e bateu na porta dos fundos da igreja. Um acólito muito jovem atendeu. Disse que a igreja estava fechada e que o padre não estava. O dia da sopa era aos sábados antes da missa. O mendigo enfiou o pé na porta e impediu que fosse fechada. Disse ao acólito:
- O padre te ensinou a mentir, meu filho? Que mais sabes e não podes contar? – E mostrou-lhe um distintivo falso da polícia federal. Ouviu perfeitamente os sons saindo do traseiro do garoto e o cheiro logo se espalhou pelo ambiente. Fez-lhe um sinal para que saísse da igreja. O acólito saiu correndo. Então entrou. Encontrou o padre na sacristia. Quando o viu, o padre arregalou os olhos. Na mão do mendigo havia uma pistola engatilhada.
- Vim para saber do menino, padre, aquele que foi abusado pelo senhor hoje pela manhã, alguns instantes atrás. Tem alguma coisa a dizer?
- Não me mate. Deus não lhe perdoaria e você iria para o inferno, meu filho. Não sei do que está falando, mas juro que é mentira. Crianças não sabem o que dizem.
O padre não pode dizer mais nada. O tiro partira inesperadamente á queima-roupa, atravessando-lhe um pulmão. O segundo atingiu-lhe o baixo ventre. Já no chão, o padre ainda conseguiu ver o brilho de uma navalha riscando o ar contra a luz filtrada dos vitrais da igreja. Depois viu um prepúcio e dois colhões em frente a seus olhos. Morreu sufocado por seus próprios órgãos sexuais ensangüentados.

Rui Rodrigues. 

domingo, 7 de abril de 2013

Coisas de bares no Rio de Janeiro.



Coisas de bares no Rio de Janeiro.


(De coisas que contam ou se ouve pelas mesas de bares. Qualquer semelhança com qualquer figura pública ou com a realidade, é mera perda de tempo)


Aqui pelo Bar do Chopp Grátis, como é costume, passam tipos de todas as cores, gêneros, idiossincrasias, nacionalidades, credos, estados de espírito, mais ou menos vestidos, mais ou menos duros. Hoje estou quase de pileque, desanimado por alguns problemas, e resolvi abrir o verbo, conjugar no passado, sem medo do pretérito futuro. O Ex-Prefeito ainda é amigo do Bar. É cumpincha! Já fez muitos negócios por aqui, já carregou muita marmita para casa.

Mas todos os clientes chegam com vontade de bater um papo, confessar o que não confessam em casa nem para o padre, certos da confidencialidade que a convivência com desconhecidos proporciona. Falam tudo em voz alta porque sempre apostam que ninguém presta atenção. Eles é que não prestam atenção a nada. Se vejo alguém caladão, com olhar circunspeto, posso assegurar que estão no conluio, na maracutaia, e que são figurões da política. A ultima vez que fizeram um negócio desses, os caras levaram a grana dentro das marmitas de alumínio, daquelas que servem para levar os restos para o “cachorro”.

Depois que entram pela porta do Bar todos os fregueses e freguesas são desconhecidos “amigos”. A casa, pelo sim, pelo não, tem o seu sistema de segurança muito próprio: Um chip debaixo de cada mesa, ligado a um auricular do respectivo garçom (eles são “túmulos” e guardam todos os segredos) para evitar que alguns fregueses nos queiram deixar sem pagar, e, lá do lado de fora, também com um auricular, um guarda que faz o seu serviço e está sempre por perto nos acode quando o chamamos para alguma emergência. Nunca precisamos chamar o guarda Abraão, com seus noventa e sete quilos de músculo, um cassetete que em cada paulada aplica uma carga de setecentos quilos nas costelas de belicosos descomprimidos. Ele tem curso de respiração boca a boca e de reanimação cardíaca para recuperar suas vítimas. Aqui é assim. O prefeito é freguês da casa!


Alguns fregueses entram armados. Sabemos disso porque logo na entrada temos um detector de metais, como aqueles dos aeroportos, e que emoldura a entrada. Parece uma esquadria de metal, mas é um detector. Quando o cliente está armado, acende uma luz no painel do computador de controle, e uma câmara o segue até sentar-se à mesa. Fica identificado sem ninguém saber. Quando um cliente entra armado, fazemos o possível para “aliviar” a carga alcoólica de seus drinques, e os garçons vão até o vestiário e vestem seus coletes à prova de bala. Nunca se sabe. Por precaução adicional, todos os quitutes que pedirem, são servidos quase sem sal para não provocarem sede e o cliente vir a pedir mais bebida. Junto ao portal de entrada, perto do detector, há uma câmara de raios-X. Dá até para ver o que ainda digerem em seus estômagos antes de chegarem ao Bar, tão eficiente é a carga. Sabemos se têm cartões de crédito nas bolsas e bolsos, talão de cheques, documentos. O programa de computador identifica as informações contidas nos documentos, e pode até ler-se o canhoto dos cheques, e qual o valor de cada um. Mas a principal função é saber se levam alguma arma escondida em bolsas, pastas ou mochilas. Nossa segurança está de acordo com os princípios de segurança, e o prefeito, amigo de três juízes, é cumpincha. Quem pode, pode, e quem não pode se sacode. Nosso Bar é três estrelas, e os jornalistas que o freqüentam dão cobertura.  Nenhum cliente morreu até hoje. Até agradecemos à lei seca.  Vendemos menos drinques, mas temos motoristas que nos faturam uma baba só para levar madame em casa. Sem pagar imposto porque motorista não emite fatura. Madames, madamos, monsieurs e monsieuras se servem destes nossos serviços preferenciais...


Há câmaras escondidas nos banheiros. Os banheiros femininos são controlados por nossas empregadas, que fizeram testes psicotécnicos para evitar admissão de taradas sexuais. Já pegamos uma freguesa guardando um copo de cristal na vagina. No banheiro dos homens, o nosso vigilante já pegou um sujeito se masturbando com uma argola de enrolar guardanapo. Passamos um perrengue danado. O “negócio” do cara inchou, a argola trancou o fluir do sangue no pênis dele, e tivemos que chamar os bombeiros, porque os enfermeiros da ambulância disseram que não tinham condições de retirar a argola. Os bombeiros fizeram a operação lá mesmo, no banheiro, com um alicate que estraçalhou a argola. Mas como não podia deixar de ser, o estrago no pênis dele foi tão grande, que saiu de maca a caminho do hospital. Tudo por causa de uma loura de perna aberta e sem calcinha, que ele vira na mesa em frente à dele. Homens e mulheres provocam-se uns aos outros fazendo “charme” e depois vem a encrenca. O pior é quando as namoradas ou os namorados estão presentes. Ainda muitíssimo pior é quando são casados e cada um se julga dono do outro. Enquanto estão juntos até pode ser, mas depois que saem de casa para trabalhar, a coisa complica. Quase que tivemos que chamar o Abraão, o policial parrudo, quando um sujeito que costumava vir com a mulher e sempre fazia cenas de ciúmes, a pegou com outra no banheiro. Era a amante dela há muitos anos, como só então, no acalorado da discussão, ele ficou sabendo. Nós também ficamos sabendo. Aos gritos, ele dizia-lhe com os punhos cerrados, no melhor estilo Mike Tyson:

 - Vem se tu é homem... Vem... 

Mas ela não foi. Com toda a classe, empinou o nariz, deu-lhe uma banana e saiu sorrindo do Bar. O casal saiu logo em seguida, depois que ele tomou mais duas Marguerita, dois Bourbon e um Bloody Mary para arrematar. Na saída ainda ouvimos o cara dizer para ela:

- Sorte tua e dela que ela não era homem...


Pareciam um par matemático de zero vírgula um, ele à esquerda dela.
Agora ele vem aqui de vez em quando, sempre com um cara meio fortão, de sobrancelhas aparadas, unhas cuidadas e pintadas com verniz incolor, gravata cor de rosa combinando com as meias da mesma cor e um leve bamboleado quando caminha. Um casal interessante. A ex-esposa dele também, mas a mulher dela é muito mais bonita. As câmaras registram tudo. Ninguém escapa de ser vigiado em nome da segurança. Mas daqui do Bar não sai nada, nenhuma fofoca. Fico imaginando se tudo se soubesse. Não sobraria quase ninguém no Bairro e arredores. Aquela franzina do 21 é uma desgraça. Nem loura ela é, porque quando as câmaras mostram no detalhe, lá embaixo é cinza escuro e o cara do 32, do outro lado da rua, quase não tem nada para segurar quando urina, mas vira trabuco quando encosta a morenaça na parede, e ela tem que levantar a perna e apoiar o pé no vaso sanitário. Êta morenaça... Um dia o pé escorregou e entrou todo. Quando ela voltou para a mesa onde estava com outro pessoal, o sapato assobiava toda vez que dava um passo. Mas todo mundo está seguro aqui no Bar. Cuidamos de tudo com a máxima segurança.

O belo de tudo isto é a representação do “angelicalismo”. Trai-se em cinco minutos, e ninguém repara nisso. O bar só por si nem é trabalho. É diversão!

Rui Rodrigues
   


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Pizza mata leão do Rui




Pizza mata leão do Rui


(Para quatro pizzas médias pelo menos, dependendo da espessura que desejar).

Escute uma música legal enquanto prepara, abra a garrafa de vinho e vá degustando. Um Cabernet, Sauvignon ou Carmenére, vai bem. Se tiver alguém por perto que ame, vá passando a mão. Aproveite e goze a vida, gozando na vida e com a vida. Muita tranqüilidade sem medo de errar que qualquer zebu faz uma pizza destas.

  1. Ingredientes massa:

  • 750 g de farinha de trigo
  • 250 g de fubá fino
  • 30 g de fermento biológico
  • 3 xícaras de água morna
  • ¾  de xícara de azeite extra virgem ou óleo
  • 1 colher de chá de sal.
  • 1 colher de chá de açúcar
  • 1 colher de sopa de cachaça, vinho ou uísque (para deixar a massa seca)
  • Molho de tomate
  • Queijo parmesão ralado a gosto



  1. Preparo da massa
  • Dissolva o fermento, o sal e o açúcar em um pouco de água morna
  • Junte um pouco de farinha e o óleo
  • Misture tudo e acrescente o restante da farinha alternado com a água até desgrudar das mãos
  • Deixe para levedar por cerca de 30 minutos
  • Abra os discos com o rolo e pincele com o molho, jogando um pouco de queijo ralado por cima.
  • Leve ao forno por 15 minutos
  • Pode ser congelada em seguida se desejar conservar ou recheada e levada novamente ao forno para assar.
  1. Ingredientes do recheio (por pizza)




  • Uma berinjela média
  • Dois dentes de alho
  • Orégano
  • Um tomate
  • Cem gramas de queijo catupiri
  • 100 gramas de queijo mussarela
  • Um quilo de sardinhas sem cabeça, sem cauda, sem escamas, sem espinha
  • Um pimentão médio
  • Azeitonas pretas ou verdes sem caroço, cortadas pela metade.


  1. Preparo do recheio

  • Corte a berinjela em fatias e espalhe sobre a massa até cobrir toda a pizza
  • Espalhe o queijo catupiri da mesma forma
  • Idem com o queijo mussarela
  • Corte o tomate em quatro partes pelo eixo vertical, fatie, e espalhe sobre a mussarela
  • Nos intervalos do tomate, espalhe o pimentão cortado em tiras.
  • Refogue no alho e no orégano as sardinhas até quase secar o molho. Espalhe de forma a cobrir toda a pizza.
  • Coloque as azeitonas espalhando para ninguém reclamar.

Leve ao forno por cerca de trinta minutos ou até achar que está no “seu” ponto. Enquanto isso, leve seu amor ou sua amada para a cama, e divirta-se que ninguém é de ferro e não está ali na cozinha um tempão só para fazer uma pizza que dá uma trabalheira danada.

Se gostar, recomende... Eu nem ganho nada com isso!!!!!!

Rui Rodrigues




Precisamos de um novo modelo econômico?



Precisamos de um novo modelo econômico?
(Trata-se de uma proposta para análise de economistas)

                
Todos sabem o que é economia. A maioria sabe apenas que economia significa trabalhar a vida toda para, próximo do final, não ter nada além da sua vida que pode estar mais ou menos saudável. Outros, poucos, chegam ao final cheios de moedas, notas e outros bens, e da mesma forma com mais ou menos saúde: Mal aproveitando a vida porque de um lado o trabalho duro lhes consumiu todos os dias, privando-lhes a felicidade, a diversão, o conforto. Por outro lado, os que acumularam “capitais” passaram a vida preocupados, cheios de problemas, a diversão sempre foi fictícia ou parcial e destinada a fazer mais negócios. Todos privados da liberdade. A chamada “classe média”, entre os dois extremos, até se diverte bastante em sua relativa liberdade, mas sempre endividada. É um pesadelo. Chegam ao final da vida da mesma forma. Todos morrem entre sustos de esquecimento, de saúde, de ausência da sociedade, abandonados por todos ou quase. São raros os que não passam por esses sustos e partem tranqüilos, amados. 

O paraíso não se situa neste planeta solar, e os sistemas de governo trabalham em torno de uma economia que se desvenda dia a dia pelas redes sociais – uma novidade recente neste planeta – que demonstram dia a dia como se enriquece. A forma de enriquecer está sempre na base de truques, formas de enganar os consumidores, regulada, ou devemos dizer desregulada, por “sustos” de mercado que se refletem nas bolsas de valores, no valor das moedas, no crédito psicológico e financeiro de governos, na bolsa dos cidadãos. Quem produz os sustos joga como em cassino: Por vezes ganha, em outras perde, empresas trocam de mãos, todos percorrendo o mesmo caminho que seus antecessores percorreram, fadados ao mesmo fim. A crise de 1929 e a de 2008 foram provocadas por banqueiros assustados e ambiciosos, ambas em Nova Iorque.

O pior aspecto de tudo isso é a constatação que o maior produto nacional bruto e estúpido que se produz em todos os países é a pobreza. Pobreza financeira, moral, ética. Pobreza de todos os tipos. Atualmente o dólar é a moeda padrão para trocas internacionais, mas quem não sabe ou não percebe que o valor do dólar está severamente inflado? No dia em que se constatar e vier a público, ocorrerá a crise apocalíptica da economia mundial que envolverá o mundo numa crise antropofágica.

Voltou o tempo em que se faz necessário acabar com as moedas atuais substituindo-as por “moedas de vida”. Neste planeta a população aumenta enormemente todos os anos, pobreza gerando pobreza, e não haverá lugar para todos. É necessário mudar antes que comecemos a comer-nos uns aos outros. A economia deve mudar.
Tem que mudar! E de qualquer forma irá mudar.

  1. Modelo para uma nova economia
Evidentemente que ninguém guardará bois, ovelhas, nabos, maçãs em cofres de Banco ou particulares para garantir a emissão de cheques. Cada produto terá o seu valor “intrínseco”, fixo, irreajustável. Não haverá inflação sob nenhuma hipótese. Quem quiser ter mais lucro, vende mais. Imaginando uma catástrofe que reduzisse a safra de grãos a um terço, logo os grãos acabariam e a venda cessaria, sem aumento de preço adicional. Isso é oportunismo, exploração desonesta e não o simples e aparentemente honesto “mercado”. Por outro lado os cidadãos deste planeta poderiam planejar as suas vidas sem grandes sobressaltos. As disparidades de preços dos produtos quanto a seus valores relativos acabaria de uma vez por todas. Não é possível viver-se de forma razoável num mundo em que o custo de um automóvel represente o equivalente a dez mil quilos de batatas, e uma TV média quatrocentos quilos de batatas, o que decorre que a equivalência carro x TV, corresponderia a uma paridade de um carro para 24 Tvs. Um salário mínimo no Brasil corresponde a 170 quilos de batatas, e deste, o Estado leva 50 quilos em impostos quando se gasta o salário em mercadorias.  
Não parece justo que meia dúzia de governantes e de “capitães de mercado” determinem as regras como lhes dá na vontade sem a correspondente compensação a nível humano. Fazem as suas vontades em reuniões, cujos resultados levam aos corredores do poder constituindo lobies. Como estamos, a ambição humana, desmedida, não tem limites. Isso oprime e joga famílias no lixo todos os dias, como se raios lhes caíssem nas cabeças sem explicação alguma. O que se houve é: Foi a crise!
É necessário, para um mundo melhor, mais tranqüilo e mais justo, que quem trabalha mais, melhor, de forma mais eficiente, com melhor qualidade, ganhe mais, porém sem sobressaltos nos lares dos mais necessitados. O mercado livre e a globalização ficam garantidos, mas os juros terão sempre o mesmo valor.
Como funcionaria uma nova economia baseada no valor padrão, moeda padrão?

  • Uma comissão de economistas de todos os países reúne-se para elaborar uma lista completa de todos os produtos e serviços do planeta e estabelece uma paridade razoável, tomando como unidade um produto padrão, por unidade padrão de medida. Por exemplo, tijolos, quilo do boi médio, feijão, combustível, sem relação alguma com qualquer moeda de qualquer país.
  • Cada produto ou serviço será dividido em padrões, de forma a classificá-los de acordo com a sua qualidade e características, assim como se classificam, por exemplo, os apartamentos por piso, quantidade de quartos, tipo de acabamento, total de metros quadrados, zona de construção. Ou ainda, boi gordo e boi magro, os vários tipos de café.
  • Estabelece-se um padrão internacional de moeda que não variará. Cada país terá maior ou menor montante de acordo com o seu desenvolvimento e capacidade, o que não impede que cada país tenha sua própria moeda, embasada na moeda padrão.
  • A emissão total de moeda em cada país será a correspondente ao total de sua produção em serviços e bens. Os juros para empréstimos a países, entidades e cidadãos serão estabelecidos com base num padrão.
  • Os impostos serão estabelecidos como padrão em cada país, diferenciando por patamares de renda.
  • Os produtos de mesma classificação variarão de país para pais em função dos custos de transporte e impostos locais.
  • Os salários de cada país serão estabelecidos, com plano de carreira, de acordo com cada função, por valor de hora trabalhada, hora extra, adicional noturno. Os impostos sobre os salários contemplarão a aposentadoria. No entanto, a saúde, a educação, a segurança e os transportes serão custo de cada estado, exceto em caso de escolas privadas, hospitais privados, segurança pessoal e de instituições privadas, veículo próprio.
  • Na conjuntura atual, os cidadãos são iguais perante a lei, mas não têm salários iguais, exceto quando se trata da mesma função em trabalhos similares. Por isso os impostos devem incidir com taxas diferenciadas para cada tipo de salário.

Aos senhores e às senhoras economistas, a palavra final...

Rui Rodrigues.     

terça-feira, 19 de março de 2013

Os sete trabalhos de Francisco – Uma terrível dor de cabeça!



Os sete trabalhos de Francisco – Uma terrível dor de cabeça!
                                         Sua santidade o Papa Francisco
Quem tem consciência dos grandes problemas da Igreja Católica, pode avaliar o grave momento que esta igreja atravessa. O maior de todos é o da fé, do crédito que seus fiéis podem ter nela. Nos últimos anos a ajuda aos pobres tornou-se irrelevante face à sua importância e aos valores nela investidos. Esta igreja não vem sendo atacada. Está se desfazendo aos poucos: O numero de fiéis diminui, a vocação sacerdotal está sendo posta em causa face à quantidade de pedófilos em suas fileiras, o Banco do Vaticano tem problemas de lisura e está vetado de transacionar com os demais Bancos europeus, a igreja já não se pode envolver na política das nações, e finalmente, mas não os últimos problemas, o mundo evoluiu de forma a aceitar as mulheres como iguais dos homens, assim como as tendências sexuais de cada ser e a longevidade e a saúde humana dependem agora dos progressos da ciência em lidar com células tronco.  
A Igreja vem destoando de tudo isto, perdendo credibilidade, fiéis, dinheiro de esmolas e contribuições, fechada em si mesma, vivendo no paraíso e esquecendo o mundo. O Papa Francisco, recém eleito, desde o primeiro momento vem dando mostras de querer mudar este panorama. Bom sinal, antes que ser “católico” passe a ser um termo pejorativo no panorama internacional deste mundo. Os problemas que Francisco irá enfrentar podem ser resumidos nos seguintes:

  1. Aumentar o número de fiéis
 papisa Joana ou Papa João VIII
Fé é a grande mola que move os fiéis para os templos onde depositam as suas contribuições para a manutenção da Igreja que lhes deve devolver em fé com relativamente grande grau de “certeza” de serem recompensados. Em todas as religiões é assim. Na verdade, à luz da mente humana analisada por Sigmund Freud, é uma troca comercial: Dádivas em troca de fé e uma recomendação para os paraísos do céu, embora ninguém tenha a mínima ideia de como será esse paraíso. Cada religião tem a sua forma de tratar e entender este assunto, e não se podem jogar dados para determinar qual delas estará mais perto da verdade. No entanto, cada uma atrai seus fiéis pela idiossincrasia popular. Pregar xintoísmo no ocidente é muito difícil e pregar cristianismo na China é tanto ou mais.
Num mundo cada vez mais instruído a fé vem sendo substituída pela certeza de que se ficará cada vez mais perto do paraíso terreno se tivermos melhores condições de saúde, mais alimentos disponíveis, controlarmos melhor os fenômenos da natureza, tivermos cada vez melhor grau de instrução. Ninguém quer morrer para ir logo para o Paraíso dos céus. Em decorrência, a falta de “informação” sobre o céu, e sobre o que Deus realmente quer de nós, faz gerar a diversidade de interpretações. Em nome da fé ou do bem estar dos sacerdotes, ou remuneração por seu trabalho em nome de Deus, Francisco tem um grande problema: A fé diminui na medida do nível de instrução popular, e o ocidente se instrui mais e mais a cada dia que passa. A Net muda o perfil psicológico das populações. A ignorância reduz seus redutos.
O mundo crê cada vez menos no ilógico, que sofre de credibilidade. O grande temor da Igreja Católica no passado, tentando reduzir o conhecimento, tolhê-lo e enclausurá-lo, fez-se realidade. O conhecimento destrói mitos. A Igreja católica vive de mitos.
Precisa mudar, tornar-se mais lógica e moderna, ou perecer.
  
  1. A vocação sacerdotal e a pedofilia
 Vinde a mim as criancinhas tinha outro significado
O problema que a Igreja Católica vem enfrentando neste campo do comportamento humano se deve principalmente à castidade como demonstração de sua fidelidade ao comportamento de Cristo, mas tem raízes ainda mais profundas nas “necessidades” da igreja. Gays são mais “dóceis”, não casavam, estavam mais predispostos à “dedicação” sacerdotal. A testosterona, coisa que a Igreja não conhecia quando foi fundada, leva à violência, ao machismo, à ambição. Mas gays mantêm relações sexuais, sim, mas não “convencionais”. Querendo fazer sexo, mas estando impossibilitados pelas convenções eclesiásticas, de alguma forma esse problema afloraria. As crianças não conhecem o mundo e têm medo de quase tudo. A pressão sobre elas é enorme, e nas aldeias européias e do mundo católico, muitos padres já foram expulsos de suas paróquias, ficando estes assuntos mornos, latentes, entre paredes. Isto está acabando depois de tantos escândalos. Agora a população fala, denuncia. A Igreja terá que rever o meio onde irá buscar seus futuros sacerdotes, ou seguir Jesus que nunca disse que não mantinha relações sexuais. Pelo contrário, está patente nos evangelhos apócrifos e até nos da Bíblia que a festa do casamento, quando Jesus multiplicou o vinho, era a festa de seu próprio casamento, quando também pelas leis judaicas, deixou de chamar sua mãe Maria  como mãe e passou a chamá-la de mulher. Pelas leis judaicas a mãe perdia o filho para a nora. O filho tinha agora uma nova família.
Constantino, o imperador romano, convocou um Concílio para definir que livros iriam compor a Bíblia a exemplo da Tora, e o que neles deveria constar. Francisco pode fazer o mesmo. Uma revisão para tornar o Segundo Testamento mais verdadeiro e não provocar confusões. Para Felipe, Jesus nem ressuscitou, e nenhum deles afirma que Maria era Virgem. Ser virgem, na religião judaica da tribo de Levi, a que gera sacerdotes significava que a esposa era virgem de filho homem enquanto não tivesse um, e que o prazo máximo para ter umfilho varão era de dois anos. 
Conhecemos as histórias dos Papas do passado, e não podemos acreditar num Deus que se deixa levar por alguns Papas levianos, outros assassinos, outros ainda corruptos. Basta ler a história da própria Igreja. E da mesma forma, o sacerdote pedófilo não deveria ministrar hóstias, nem ouvir confissões para as perdoar em nome de Deus. Mas como sabermos quem são os pedófilos sem serem denunciados? Isso prova que o perdão não depende de quem o dá. Podemos pedir perdão a Deus e sermos ouvidos sem a interferência papal ou de sacerdotes.    

  1. A igualdade dos sexos
 Igualdade dos sexos, uma realidade desde o Gênesis
Já no Gênesis há uma clara diferenciação dos gêneros. A mulher teria sido feita a partir do homem, mas essa regra, a ser de Deus, caducou de imediato: São as mulheres que geram e não o homem, e geram tanto homens como mulheres. E como se não fosse suficiente para ficar bem clara a supremacia do homem, nos livros sagrados, a mulher é castigada em especial ficando submissa ao homem. Não... A mulher já não fica submissa ao homem. Ou os livros estão equivocados por força do equivoco de quem os redigiu segundo o conhecimento que tinham na época – e não por inspiração divina – ou faltou que dissessem algo: Que foi dado ao homem e á mulher o poder de mudar as coisas deste mundo, por serem também, e todos, filhos de Deus. Ao que parece, esta propriedade humana foi escamoteada dos filhos de Deus e atribuída aos Papas. Papas são falíveis como qualquer ser humano.
Qual o seria o sexo de Deus, se Deus não foi gerado nem gera descendência?
A igualdade social e moral dos sexos foi uma catástrofe para a Igreja Católica, que sempre descriminou as mulheres, alijando-as do sacerdócio. Servem para freiras e para limpar e arrumar as sacristias, assim como, para redimir os seus “pecados”, deixarem as gordas verbas disponíveis para a Igreja no leito de morte. Servem também para serem “santas” e lhes fazerem estátuas como compensação pelos atos discriminatórios.  As mulheres sabem disso. Não estão satisfeitas com isto. Conquistar-lhes a fé parece ser cada vez mais difícil. Deve conquistar-lhes a confiança. Mas para isso tem que mudar. O mundo não muda. O mundo segue o seu caminho. Quer puder que acompanhe... Somos humanos. Que todos sejam tratados como iguais. Se os dogmas, preceitos e conceitos não puderem ser mudados pela Igreja, ela continuará a perder fiéis.
  1. A ciência, a política e a Igreja.
 A Inquisição tortura mulheres por bruxaria
A ciência e a política evoluem segundo as características de nossa constituição animal, seguindo as leis que foram atribuídas a este universo. São leis de Deus. Não exatamente o Deus da Igreja Católica, mas do Deus Único que não conhecemos, nunca ninguém viu, o construtor deste e de outros universos. Ele é a verdade. Suas leis regem nossas vidas. Deus age a cada instante em seu Reino, não de forma direta, mas através de suas leis aqui impressas, e de nosso livre arbítrio. Evoluímos tanto que estamos, para bem ou para mal, alterando o mundo. A Igreja Católica tem-se atido a conceitos antigos que foram gerados numa humanidade ignorante de onde realmente estava, como funciona este planeta, e nem sabiam ainda o que é um planeta. Jesus Cristo não sabia o que era o DNA... Não sabia que se poderia construir veículos e muito menos um papamóvel... Não sabia que se podiam fazer cesarianas, nem que se podia evitar o nascimento de filhos usando preservativos. Jesus Cristo achava que os demônios podiam ser expulsos do espírito dos doentes, sem saber que se tratava de histerismo ou demência, coisa que só depois de Sigmund Freud se pôde tratar com conversas de especialistas e meia dúzia de pírulas. Nem imaginava que um dia todos os seres humanos pudessem conversar ao mesmo tempo e trocar idéias através de uma rede social “mágica”, vendo-se uns aos outros em fotos. E muito menos que se pudesse “fotografar” alguém. Precisaria de algo mais para ser Deus. Assaz bastante.
Jesus Cristo foi um excelente ser humano, certamente dos raros e únicos a seu nível, que já passaram por este mundo.
Neste estado de mundo, de comunicações instantâneas, o que a Igreja pode esconder? Praticamente nada. Sabemos todos quando os sacerdotes e dirigentes se omitem em suas práticas, quando falam demais, quando se metem onde não deveriam meter-se e quando não interferem quando deveriam interferir. Tudo isto compõe os cristais com que se constrói o templo da credibilidade numa igreja. No passado, eram os religiosos que nos julgavam. O tempo mudou e hoje somos nós, os fiéis, quem julgamos a igreja e os religiosos.
Francisco terá muito trabalho para se adaptar a esta evolução da humanidade, e principalmente a uma igreja que tem de passar de dirigente da moral e da fé, a ser dirigida pela moral e pela fé. Nestes quesitos, a Igreja Apostólica Romana já errou muito. Há muito que refazer. Talvez a primeira delas seja ajudar a refazer os muros do templo de Salomão. Era a casa de Deus, do Pai de Jesus. Jesus sempre honrou o Pai. Porque não continuarmos a honrar o Pai?   
O povo muçulmano foi atacado injustamente no passado para “libertar” a Terra Santa. Morreram milhões de seres humanos nessa luta fratricida, porque Deus, o Pai, é exatamente o mesmo, e quem é Alah, senão D’Us. Deus? Talvez seja a hora de reparar os danos e melhorar a moral e a ética deste mundo. É este mundo que tem que ser cuidado, para que possa atingir o outro, o do além, o do paraíso. Esperamos notícias do paraíso de lá enquanto aguardamos alguém que possa transformar este planeta num paraíso.

  1. A Igreja e os ensinamentos de Jesus
Pregação de Jesus na Montanha 
No seio da Igreja católica, retirou-se a devoção ao Deus de Jesus e adora-se o filho como se fossem uma e a mesma entidade. Jesus nunca disse isso. Na cruz, moribundo, perguntou-se porque o Pai o havia abandonado. O Pai não o abandonou. Foi Constantino que fundou a Igreja Católica Romana. Um romano que queria facilitar o seu governo através de uma religião única, uma mais forte e que estava tomando conta de seu Império: A do cristianismo primitivo. Fundou-a. Não foi Pedro. Pedro, Paulo e os apóstolos eram líderes de grupos que ofereciam mais do que os deuses romanos: O paraíso nos céus. A fé comprou a religião romana. Os deuses romanos não ofereciam nada disso. Nem as demais religiões. O que Jesus esperava era a vitória final da Ordem sobre o Caos, uma mudança radical na desordem do mundo. Era o Messias. Continuamos por aqui na esperança de que um dia a Ordem se imponha ao Caos na política, no comércio, no comportamento humano. Nas religiões modernas esse é o caminho. Ninguém chegará ao Pai se não trilhar esse caminho: O da prevalência das sociedades sobre as decisões unilaterais dos governos que oprimem mesmo dando shows grátis em praças públicas, enganando a seu modo, compensando sem compensar nada, a não ser propiciando alegrias momentâneas e fúteis.
O que pregava Jesus que visitava as sinagogas e nelas pregava, mas evitava ir ao Templo de seu Pai? O que pregava Jesus cujo templo por tantas vezes foi a paisagem pura da montanha, como no seu sermão, falando para as multidões sobre o advento do novo Reino, vestindo simples sandálias e uma túnica usada, limpa e simples? Um doce para quem descobrir qual o nome do Banco de Jesus onde depositava as suas moedas. Não se pode, sem perda de credibilidade, tentar vender um lugar no céu, em troca de confissões, moedas, notas, heranças, e transações bancárias, andando de papamóvel, tendo uma guarda suiçã para garantir a segurança, morando em palácio. A impressão que se tem é que a Igreja Católica aprendeu mais sobre o materialismo selvagem do que dos ensinamentos de Cristo. Da mesma forma os apóstolos fugiram dele e se esconderam no anonimato. Os apóstolos não eram Jesus, não o entendiam, como consta nos livros, e cooperaram para fundar uma nova igreja, porque os adeptos largavam tudo o que tinham para ir para o céu e assim enriqueeram. Morreram num inferno caótico de vida, e não temos notícias deles. Perderam o que tinham nesta vida, para não se sabe o quê.
São poucos e cada vez menos os que largam tudo para seguir ricos senhores que abrem Bancos para gerir as riquezas de Deus. Francisco tem que se perguntar o que Deus fará com tanto dinheiro, tantas obras de arte, tantas propriedades espalhadas pelo mundo, um mundo onde floresce a pobreza: Benemerência ou espalhafatosos aparatos de riqueza, que chegam a parecer ridículos para quem lê e entende o segundo testamento?

  1. O Banco do Vaticano
 Banco do Vaticano e lavagem de dinheiro
Banco gere dinheiro e gera dinheiro. É algo muito terreno. Para quem já disse no passado: larguem tudo e sigam-me, não faz o mínimo sentido. Há que haver coerência no largar tudo e seguir Jesus. O que o Banco do Vaticano faz hoje, poderia fazê-lo abrindo contas em Bancos locais onde houver paróquias e uma conta central. Mas entende-se que possa haver segredos de Estado. Segredos. Jesus tinha Judas como tesoureiro e nenhum banco. Sinal que ele e os apóstolos viviam de parcas moedas. É esta igreja, a dos pobres, mas com moral e ética, que faz falta neste mundo. Uma verdadeira Igreja de Jesus, que use as doações para distribuir pelos necessitados, porque sempre sobrará para se alimentarem e vestirem. O Banco do Vaticano é a negação das prédicas de Jesus, de suas parábolas, de sua vida.
Lutero já falou sobre isso, mas os seus seguidores também não o entenderam. Sócios nos negócios ou nas idéias são sempre uma dor de cabeça.  As transações bancárias, a cobrança dos juros, a aplicação de verbas, a sobrevivência no mercado, o uso de métodos escusos no mundo dos negócios, não podem estar de acordo com o daí a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Uma igreja rica pode servir aos ricos se for admiradora de Robin Wood e distribuir pelos pobres. O Vaticano acumula riquezas e dá migalhas aos necessitados.
Francisco tem uma enorme dor de cabeça!
Há sócios no Banco do Vaticano. Talvez a primeira coisa a fazer seja verificar o enriquecimento dos Bispos, Arcebispos, Cardeais, chafurdar nas emissões de seus cheques, saber o que e quem foi beneficiado, seus padrões de vida, seus gastos, seus salários. Então se terá a medida de sua fé.
Terão todas as parábolas de Jesus sido jogadas sobre as pedras e não germinaram?

  1. O mundo moderno
Muitos pobres e poucos ricos como no tempo de Jesus 
Jesus dizia que o fim estava próximo. Não estava. Ou melhor, estava e não estava. O fim do Império Romano estava próximo, sim. O fim de Israel como país independente também, mas a Ordem não substituiu o Caos. O Reino de Deus não chegou, e já se passaram mais de dois mil anos. O Caos, sob uma capa de aparente ordem continua imperando num mundo desordenado. Há mais pobres e miseráveis do que no tempo de Jesus, talvez mesmo na proporcionalidade entre ricos e pobres. A fé e as preces, mesmo em uníssono pelas multidões ao redor do mundo não mudam este estado de coisas. É preciso algo que efetivamente mude tudo o que deve ser mudado. A grande operadora desse milagre será a própria humanidade. Efetivamente Deus não se imiscui em nossas vidas. Ou temos mérito ou não temos mérito próprio. Se o mérito não fosse importante, Deus vinha à Terra e nos impunha a Ordem que Jesus não conseguiu impor. É a Igreja que deve apoiar a humanidade e não esta à Igreja.
Se a Igreja Católica seguir a humanidade, estará ligada com o povo de Deus. Se remar em contrário, jazerá no pó.
Em verdade, em verdade vos digo, que tudo o que a humanidade ligar na Terra será ligado nos céus e tudo o que desligar na Terra será desligado nos céus.

Rui Rodrigues  

terça-feira, 12 de março de 2013

Geo-Papalítica (está na moda)





Geo-Papalítica 
(geopolítica está na moda)
Sob o ponto de vista do Vaticano

Prestenção aos Cardeais inelegíveis:

- 1 Argentinos - Os fiéis brasileiros iriam até trocar de religião... Papa pode ser de qualquer país menos da Argentina... E além disso, a Cristina mantém controle sobre todo o centavo que sai e entra nesse País... Nem pensar...

-2 Da mesma forma, mas não pelo mesmo motivo, são inelegíveis Cardeais judeus, muçulmanos, Japão, Sri-Lanka, Vietnam, Russia, China, Mali, Nepal, Índia, Irã, Iraque e um etecetera que não acaba mais (entenderam, né?)

3- Negro - Pode ser que com as "mudanças" no futuro, mas agora ainda não. O Vaticano acha que ainda não está preparado para isso no momento. Pelo modo como faz mudanças... Ainda vai demorar.... E bastante... 

4- Países encrencados com os Bancos - Nem o cardeal italiano se salva...Nem grego, nem português, nem espanhol, nem francês, nem irlandês e nem Inglês porque a Inglaterra nem entrou para o clube do euro... Ah!... E pelo mesmo motivo, Noruega, Suiça .... 

5- Alemão - já tiveram a decepção de ver que um alemão pediu demissão e teve problemas com o Banco do Vaticano ... Se mesmo assim, com a Angela Merkel com os euros todos no baú, deu problemas deste tipo, escolher outro alemão seria chover no molhado... Nem pensar... 

OOOOOpsssss (será que nenhum se elege ????)

5- Do Caribe --- Estais brincando ???? Colômbia com o problema de drogas, Venezuela com mortos vivos que não aparecem de demoram a morrer, jamaica "no problem" ... Inimaginável... Não... Daqui não sai papa

6- EUA e Canadá - Quando a Inquisição andava mandando todo mundo para a fogueira, a turma da Inglaterra com um pouco de miolos, fugiu para o Canadá e os EUA... Lá, a maioria é Protestante e ainda protestam pra caramba... Difícil fazer mais fiéis por lá ... Estão fora... 

7 - México - Poderia ser... Mas nem os outros cardeais o conhecem muito bem... Além do mais, o México não tem moeda forte... Está fora.

Parece que sobra o Brasil como pais de expressão... E com grandes chances pelos seguintes motivos importantes:

i - Está precisando de investimentos, os juros são altíssimos (os maiores do mundo, mais altos que o Cristo redentor) e aceita grana estrangeira para especulação. Vai entrar toda a grana suja do Banco do Vaticano que aplicada aqui vai render tanto, mas tanto, que o Banco do Vaticano sai do buraco em um par de meses e vai dar lucro aos cardeais acionistas

ii - O descontrole de saída de divisas é famoso: Sai dinheiro nas cuecas, nos sutiãs (usarão as freiras) nas meias, e sai até pelo ladrão... Alem disso ninguém vai preso. Basta pagar uma propina gorda como aquele cara inglês do assalto ao trem pagador... 

iii - Os políticos estão todos comprados e até da Mega Sena e das loterias do Estado se paga uma taxa à CNBB, depois que um Lobby da Igreja conseguiu essa façanha... Esperam conseguir mais por aqui.

iiii - A Bancada evangélica está muito forte e precisa ser controlada senão substitui a própria católica como preferência nacional. 

E finalmente, Deus é Brasileiro, caramba!!!!!!!!!!!! Vai dar uma mãozinha... 

Rui Rodrigues...

PS- Já avisei que o cardeal AVIZ vai ser o novo Papa

segunda-feira, 11 de março de 2013

A segunda guerra da Coréia


Existe um risco de guerra eminente envolvendo numa primeira instância as duas Coréias, e os EUA. É um assunto antigo, não resolvido, que data de 1950 numa época em que o mundo estava polarizado numa guerra muito especial: A guerra fria. O mundo se dividia entre duas potências quase igualmente fortes: A URSS e os EUA. A guerra entre as duas Coréias no entorno do paralelo 38, foi quente. Bem quente e raivosa. Nela morreram três milhões e meio de pessoas. Nunca um tratado de paz foi assinado e a solução ficou postergada através de um cessar fogo. Entretanto, a Coréia do Norte dominada sucessivamente por membros da mesma família no governo, fortaleceu-se como nunca se imaginou que pudesse e agora ameaça com bombas nucleares afirmando que podem alcançar os EUA. Até uns dias atrás estava suportada pela China e pela Rússia. A China desistiu de apoiá-la. A Rússia deverá anunciar sua retirada de apoio nos próximos dias.

O que aconteceu desde 1950, o que está acontecendo e o que poderá acontecer?

 1.      A primeira guerra da Coréia.
 a raiva
Em 1950 a Coréia era um marisco batido por três mares em disputa de uma rocha dividida: Os EUA e a URSS em conjunto com a China eram os mares. A Coréia do Norte era uma rocha e a Coréia do Sul outra. O povo coreano, o marisco que habita as duas rochas. Na verdade, uma disputa de influências. A região é estratégica e comercial. Em 1945, ao final da segunda guerra mundial, EUA e URSS haviam assinado um tratado dividindo as duas coréias: A do norte sob influência russa, e posteriormente também da China, comunistas, e a do Sul sob influência americana. Justamente em 1950, Num ato tresloucado, a Coréia do Norte invade a Coréia do Sul e toma a capital, Seul. O resultado foi a intervenção da ONU e a convocação do general Mc Arthur, herói da segunda guerra mundial, que retaliaram. As forças comandadas por Mc Arthur retomam Seul e logo avançam pelo território norte-coreano.  Morreram cerca de três milhões e meio de pessoas.
 Marlim Monroe visita tropas na Coréia                  coreia do norte invadida
Em todas as guerras os soldados lutam com certa dose de raiva. É normal, mas relatos pessoais de soldados, filmes, livros, denotam a existência de uma raiva “anormal” por exacerbada. O ingrediente extra era a guerra fria entre as duas maiores potências mundiais. Qual era o sistema mais forte? O capitalismo ou o comunismo? Foi por esta razão que, para equilibrar a imagem dos dois sistemas o caso se resolveu temporariamente com um cessar fogo e não com um tratado de paz. Ambos os lados ficaram satisfeitos, e as duas coréias, tal como o marisco, ficaram divididas 

2.      De 1953 até março de 2013

Kim III visita fronteira em 09 março 2013
Neste período a Coréia do Norte dividiu toda a pobreza, que sempre foi enorme entre a população, manteve o nível de raiva elevado, e gastou todo o dinheiro disponível na manutenção de forças armadas sempre preparadas para o combate aguardando a “redenção”, a batalha das batalhas. Desenvolveu armas nucleares e foguetes, fez testes, lançou foguetes até quase o mar do Japão, atingiu “sem querer” uma região sul-coreana e provocou na imprensa mundial os EUA e a Coréia do Sul afirmando que tinha armas nucleares apontadas para o seu território. No início as nações unidas e os EUA contemporizaram e trocaram o cessar dos testes nucleares em troca de alimentos e outros gêneros de ajuda ao povo norte-coreano. Deram-lhe uns bois. Agora dão uma boiada inteira para não ouvirem mais nenhuma ameaça, porque a Coréia do Norte não pára com as ameaças, nem com os testes com foguetes.
O sistema capitalista tem os seus problemas, e muitos são graves. Muito graves. As populações estão diariamente envolvidas na luta pela sobrevivência. A competição é muito grande e há injustiças sociais de toda a ordem. No sistema comunista, a população divide o que tem disponível, não luta pela subsistência. Quem faz isso é o sistema de governo. Todo o produto interno bruto é usado para obtenção e manutenção de forças armadas fortes, compra de bens imprescindíveis. Se um dia precisarem entrar em guerra estarão poupados da luta pela subsistência, mas não terão esta pratica e será sinal de que chegaram ao limite de suportar, anos a fio, por gerações, a falta de tudo até de notícias. Sua guerra será cega guiada por generais. Deu certo na guerra do Vietnam, mas os tempos mudaram e a geopolítica também. Agora a China omite-se, até porque está em transição para um governo completamente capitalista, e a Rússia, em face desta posição da China, também desistirá porque já não é comunista. Nem um pouco. Recentemente um famoso jogador de basquete norte-americano, Dennis Rodman visitou a Coréia do Norte. Voltou de lá dizendo que Kim III é um bom garoto e que quer negociar com Barak Obama.  Parece ser bastante tarde. A ONU já decretou as sanções. O jogo acabou. Entendendo a situação, mas não muito, Kim III declarou que o cessa-fogo tinha acabado, um general diz que a Coréia do Norte está absolutamente preparada para a guerra. A Coréia do Sul afirma que não aceitará mais nenhuma provocação, os EUA dizem que defenderão firmemente a sua aliada, a Coréia do Sul, e em seguida, nesta segunda feira dia 10 de março de 2013, Kim III manda cortar as comunicações com a Coréia do Sul.
Dennis Rodman e Kim III bons amigos








Qualquer criança do primeiro nível escolar entenderia isto como uma declaração de guerra posto que o cessar-fogo acabou e as comunicações foram cortadas.
3.     A nova guerra da Coréia
 Aviões invisíveis aos radares, que a Coréia do Norte não tem, e poderosos telescópios estacionados em órbitas estratégicas, que a Coréia do Norte também não tem, já invadiram o seu território. As forças já selecionadas para a guerra sabem tudo sobre a Coréia do Norte. Esta pouco saberá, a partir de agora, sobre os EUA e a Coréia do Sul. Sinal de uma guerra eminente, porque qualquer demora em tomar ações representara maior grau de cegueira de informação. Ao menor movimento norte-coreano que indique qualquer preparativo para ação, será julgado de acordo e Coréia do Sul e EUA em ação conjunta, invadirão. Como sempre, com demolição de alvos com aviões stelt. Tal como na guerra dos seis dias, os equipamentos e instalações terrestres da Coréia do Norte serão destruídos num prazo que não passará dos três dias. Em mais uns dias para completar a semana, Kim III abdica, ou é suicidado, e ele ou seu representante nem assinarão acordo de paz. A Coréia do Norte será final e definitivamente absorvida pela Coréia do Sul. Porquê?

Porque o comunismo acabou e o Vietnam do Sul, capitalista já foi absorvido pelo Vietnam do Norte comunista num passado recente e precisa de redenção. E as raivas acabarão finalmente. O povo da Coréia do Norte voltará a ter leite, pão, ovos, carne e roupas. Terá TVs de plasma, digitais, computadores, fará parte do contingente de trabalho da Coréia unificada. Terá que trabalhar no duro, num sistema produtivo, lutar pela vida como o restante dos 7 bilhões e meio de seres deste planeta. Sem cupons de racionamento, mas com os problemas do capitalismo.
Se eventualmente a Coréia do Norte lançar alguma bomba atômica, será sobre a Coréia do Sul, novamente na condição de marisco, mas neste caso, não haveria muita população do norte da Coréia que sobrasse para consumir os ovos, o leite, o pão, a carne e as roupas disponíveis.
E quatro lideres sul americanos pretendem restaurar o velho comunismo que de podre se está acabando. Será uma doença que se pode classificar como “síndrome Fideliana de King - Kim III” ?

Rui Rodrigues

quinta-feira, 7 de março de 2013

Dia movimentado de apos-sentado...

Dia movimentado de aposentado...

O mundo anda meio conturbado. Sabemos disso, mas por aqui, há paz e tranqüilidade. Como os raios do Sol andam ferinos, principalmente os raios-x e os ultravioletas, para não assar a pele só vou à praia em horários de sol nascente ou poente. Livrar-me da crise econômica que alguns de nós fingem não ver, é relativamente fácil. Ainda, por que não tenho compromissos com banqueiros. Aqueles belos tempos em que era bom fazer dívidas para ter crédito, já se foram há pelo menos uns cinco anos. Bom mesmo é não ter compromisso nenhum com bancos. Se não posso ter agora, separo a grana até fazer volume para poder ter à vista. O problema mesmo é me livrar das notícias, mas destas não quero livrar-me. Se ficar sem notícias, fico sem saber a quantas ando.

Então, tomei meu banho, separei a grana que precisava, e ainda meio úmido enfrentei os oitocentos metros que me separam da portaria. Fazia um calor de rachar apesar de ser ainda cedo, nem nove horas da manhã ainda eram. Fui pela sombra do lado direito da estrada. Do lado esquerdo batia o sol. Caminhar assim era agradável, ouvindo os pássaros, mas o suor já me escorria pela testa. Nem passei pela portaria. Atalhei caminho pela vereda ao lado do Motel, aquele que diz “ Mais vale à tarde do que nunca”, uma bela frase para animar a tarde e arranjar uma bela de uma dor de cabeça à noite para explicar onde esteve toda a tal tarde, se tiver a quem dar explicações. Fui pensando em algo que nem me lembro, mas só podia ser besteira. Não me lembro por isso mesmo. Cheguei rapidamente ao ponto de ônibus que não demorou mais do que meia hora. Esse é outro problema: Ninguém cumpre horários a não ser na hora de chegar ao trabalho e na hora de sair dele.  O “serviço”, esse, tem sempre uma explicação para atrasar. É como chegar sempre na hora, sair até depois do horário, receber o pagamento, mas o “serviço” estar sempre atrasado. A culpa é dos outros.

Nada como uma estrada esburacada, aquela do caminho de Búzios, que passa pelo Tangará, para nos exercitar os músculos. Curvas do tipo “chega para cá” me empurravam na direção de alguém mais próximo. Curvas do tipo “chega pra lá” quase me jogavam pela janela, que este é o modo dos motoristas mostrarem serviço para não serem demitidos por demorarem muito nas viagens. Ninguém se ofereceu para me dar lugar. Apreciei a educação, principalmente daquela turma de escolares, ainda jovens, que devem ter tido uma bela educação em casa. Por outro lado, fiquei satisfeito. Minha saúde realmente é invejável e devem ter percebido isso. Quando chegarem na minha idade, nem adianta ficarem zangados se não lhes oferecerem lugar. Lembrar-se-ão de sua educada juventude. Verão jovens fingindo que estão com sono, escondendo-se atrás de óculos escuros, olhando sempre para o lado da janela até ficarem com torcicolo... Vibrarão de raiva surda, calada, engolida. Arrotarão desespero, não porque necessitem que lhe dêem lugar. Ninguém morre por isso, mas por verem que a educação é essa mesma, a de que “cada um que se vire”, e que quando pedirem ajuda, receberão um olhar de desprezo ou de ignorância.

Fui até o Jacaré, Fiz minhas compras lá porque, sabendo os preços, economizaria 70 reais. Nem mais nem menos. Valia a pena ir lá. Entrei no super, enchi minha mochila e como o calor estava realmente me desfazendo em suor resolvi tomar uma cerveja em lata no balcão do bar em frente. Eu merecia. Nesse instante a senhora do balcão ria a bandeiras despregadas de um sujeito que estava sentado numa mesa. Ela e mais duas mulheres riam muito. O motivo era o sujeito que enchia a boca com cinco pastilhas de menta enquanto tomava uma garrafa de cerveja e comia um pastel salgado. Dizia a senhora que “só cristo...” E repetia rindo: Só cristo”.. Deixei-os rindo ainda mais ao perguntar se Cristo, sem que ninguém soubesse estivesse concorrendo a Papa se o elegeriam... E ganhei da senhora a promessa de me contar outras histórias ainda melhores, do que ela via naquele bar... E saí determinado a almoçar um PF – Prato Feito, no restaurante de um velho amigo conhecido. Ali a comida era nota dez apesar de ser um restaurante de “enésima” categoria, á margem da avenida. Se quiserem ir lá, é comida segura, honesta, feita pelo casal. A filha atende ao balcão. De vez em quando ele prepara umas ovas de peixe de agradar aos deuses. O restaurante fica em frente às peixarias à margem do canal do Itapiru, depois do posto de gasolina, primeira rua à direita (só pode ser à direita) no sentido Cabo Frio- RJ, depois de passar pela ponte velha.  Comi um prato de carne ensopada com batatas, acompanhada de espaguete, arroz, farofa, salada de tomate e alface. Desceu direitinho com garfo e faca de metal, copo de plástico e mais uma latinha de cerveja bem gelada para aprumar o meu esqueleto neste dia de verão que derrete até os ossos.

No almoço não se falava de outra coisa: A condenação do goleiro Bruno que mandara esquartejar a amante. A mulher esquartejada foi dada a cães que a devoraram. Os ossos devem ter sido queimados numa churrasqueira e as cinzas espalhadas pela terra. Discutia-se que o bandido goleiro ficara com os seus próprios bens, e quando saísse da prisão ainda teria um salário gordo mensal para economizar. Toda a grana lhe será entregue quando o soltarem. Se sair vivo. Diziam no restaurante que havia a possibilidade de o matarem lá dentro. Na mesa em frente um sujeito contava que também tinha um irmão preso. Lembrei-me da moça de roupas soltas e mente solta que no ponto do ônibus, acompanhada de seu jovem amante contava que seu irmão estava preso, mas que quando saísse da prisão iria tomar satisfações dos que lhe andavam rondando a saia porque a julgavam desamparada. O jovem amante, ou ficante, não se metia nos assuntos de família e a especialização dele não era afastar os outros pretendentes. A julgar pelo corpo da moça, deveriam até ser muitos. Um drama familiar particular. Fiquei com a sensação de, com tanta gente com irmãos presos, a justiça estar realmente funcionando. Até o dia em que as prisões ficarem entupidas de gente.

A escassos cem metros do restaurante apanhei o ônibus de volta até em casa.  Só me servia o que ia para Búzios. Lotadão. Nem lugar em pé quase tinha, e para minha constatação de que a educação é deficiente como epidemia nacional, ninguém me ofereceu o lugar apesar de ser nítido o peso de minha mochila ao alcance de minhas barbas brancas, logo abaixo do meu cabelo branco: Mais de sete quilos que agora, depois da faina, parecia ter uns quinze. Vi as mesmas caras desprevenidas de emoção, de gente “importante” com todos os direitos de permanecerem sentados porque tinham pago as passagens. Temi chamar a atenção dos nobres passageiros e ainda me encherem de porrada, apesar dos lugares destinados a idosos e gestantes estarem ocupados por gente sadia, jovem e bem disposta. Um dia exigirei meus direitos, mas ainda é cedo. Suporto bem e até com certo prazer.

Logo que cheguei em casa, por volta das duas da tarde, tomei um banho de chuveirão que parecia uma cascata, reconfortante. Hoje não tinha mais nenhum compromisso. É quinta feira e os estudantes que não me deram lugar, têm um longo e penoso trabalho pela frente: Construir um Brasil mais educado.

Já escuto isso há um tempão, na verdade há uma meia dúzia de décadas... Será que vão conseguir?

Rui Rodrigues

terça-feira, 5 de março de 2013

ETERNAMENTE


ETERNAMENTE
Marlene Caminhoto Nassa

Eternamente
É ter éter na mente
Eterna mente
Mente eterna
Mente e terna
Mente!
E ternamente
Mente!
Mente ternamente
E mente
Eternamente!