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terça-feira, 8 de setembro de 2015

O caderno do senhor Kent.


Nunca se ouvira falar de Johnny Crisp Lend, na verdade Johnny Lend. Crisp era o apelido por ter a pele seca como couro de cobra, a barba dura que ao cortar fazia barulho como estalar de batata frita quando amassada, e ter tão bom ouvido que podia perceber uma cobra rastejando a mais de dez metros de distância. Foi no Bar do Chopp Grátis – “Free Beer Bar” – um posto de troca de cavalos de diligências que ficamos sabendo de sua existência. Um dia, pelos idos de 1860, Sally O. Burke entrou no bar acompanhada de Preston “Cake” Bernardine, tomou uma garrafa inteira de whisky e contou a história. Johnny saiu da Carolina do Norte em 1841, atravessou o Tennessee, Arkansas, Oklahoma, Novo México e Arizona, e só conseguiu chegar á Califórnia [1]em 1855. O caminho foi-lhe ficando mais comprido a cada dia. Fez essa proeza de atravessar os Estados Unidos da América do Norte a pé, a cavalo, de carroça, deitado e algemado. Mas sempre foi um homem livre. Eis sua breve e desconhecida história. Quem contou foi Sally e Preston.Sim senhora... Johnny Lend tinha sido seu amante. O melhor segundo ela. Ele tinha sido um cara de sorte por toda a vida até aparecer todo o seu azar até então represado, num dia só, num minuto só, talvez num segundo só se seu relógio tivesse ponteiros de segundo. Isso foi no segundo qüinquagésimo nono, do quadragésimo minuto da décima sétima hora do dia 13 de agosto de 1865. Ele nunca soube disso. O relógio marcaria 05:40:59 PM. Preston Cake Bernardine sabia.Por aquela época, o dono do “Free Beer Bar” era o meu ta-tará-tatáravô, senhor Kent, que anotou tudo em seu caderno junto com algumas fotos. Resolvi contar hoje.



Naquele dia o vento soprava forte, de levantar poeira e encobrir o sol, tempo extremamente seco. Construíam-se linhas férreas por todos os Estados Unidos da América. A Wells Fargo, uma companhia de diligências, tinha iniciado seus serviços havia poucos anos. Havia guerras com tribos índias por todo o território. A União comprava territórios e conquistava outros. 
À beira da estrada poeirenta por onde passavam as diligências ficava o “Free Beer Bar” cujo dono, o senhor Kent, costumava sempre oferecer grátis a ultima cerveja, mas só depois de pagarem a conta desde que fosse superior a dois dólares. Ele já se tinha sentado em sua cadeira de balanço, no lado do Bar protegido do vento mais forte, que levantava rodamoinhos, quando sentiu os passos do casal que se alojara na véspera, descendo as escadas para o saloon. Então entrou para lhes dar atendimento. Sentou-se com eles á mesa.


Preston Cake meteu a mão em seu colete preto, puxou um pacote de tabaco de mascar, tirou uma dedada, enfiou na boca ajeitando com o dedo indicador e deixou que ficasse entre a bochecha esquerda e os dentes por um bom tempo antes de dar a primeira cusparada no piso do bar. Segundo ele, era tabaco do bom, da Virgínia, mas começou a ficar tão alegre que todos suspeitamos que tinha mais alguma coisa (estava escrito assim mesmo no caderno do meu tatá-taravô, o senhor Kent). Ofereceu-lhe um copo de whisky bem cheio, mas Preston apontando com o dedo para a bochecha cheia de tabaco ou que quer que fosse, com a outra mão fez um gesto largo horizontal, negando a oferta. 
Aquilo não era uma ofensa.  Sally em contrapartida bebia pelo gargalo. Tinham chegado pela manhã, empoeirados, suados, montando bons cavalos, e haviam pagado adiantado com dólares de ouro “double eagle” [2].Sally era magra como um pingo de chuva do Novo México, onde a chuva já chega quase seca ao solo, depois de despencar lá de cima, de milhares de milhas de altura. Era interessante Miss Sally. Por vezes parecia ter carnes apetitosas, dependendo por onde se lhe olhasse o corpo proporcional. Sua magreza era falsa, e era bonita, embora parecesse daquelas mulheres de Saloon de N. Orleans.


Abusava das rendas e tinha uma fita preta no pescoço. O senhor Kent por essa época ainda podia desejar uma bela mulher e já beirava os setenta anos.Preston Cake era o típico jogador elegante, de mãos finas, casaco aprumado, botas de couro trabalhado, e não dava importância aos olhares do senhor Kent para a linda Sally. Preston o julgaria velho demais. Foi quando Sally se referiu a Johnny Crisp Lend, dizendo que o amava, que era companheiro de Preston e que falecera.
O senhor Kent perguntou a Sally porque amava tanto o Johnny Lend. Disse-lhe que era por sua conversa, a história de sua vida, e porque o achava muito triste do tipo de sujeito calado e muito só. E antes que o senhor Kent perguntasse, ela foi adiantando: - Não é que ele tivesse a coisa daquelas enormes, mas sabia usar tudo que tinha para agradar. Dava atenção, falava coisas lindas no meu ouvido. Mas vou lhe contar a história dele conforme me contou. Quer ouvir? O senhor Kent assentiu com a cabeça e apanhou mais uma garrafa de whisky. Não tinha muita coisa para fazer. Preston já tinha deixado uma poça de cuspe meio marrom, meio cor de whisky, pastosa, no chão do bar. O senhor Kent ofereceu-lhe então um copo. Ele aceitou. Cuspiu o tabaco que tinha na boca dentro do copo e começou a tomar seu whisky. O senhor Kent cheirava rapé, aquele pó de tabaco de colocar no nariz e que fazia espirrar muito, e nunca entendeu como se podia mascar tabaco e tomar whisky ao mesmo tempo. O senhor Kent escreveu em seu caderno que Sally tomava whisky na garrafa para não se enganar com os copos do senhor Preston Cake Bernardine, e beber coisa errada. Mas Sally já estava contando a estória.  
- Contou-me o Johnny Crisp Lend, que quando saiu da Carolina do Norte, terras de Cherokees, o presidente dos EUA ainda era o John Tyler. Crisp tinha saído para lá em 1841 por causa da corrida do ouro, mas ela terminou em 1850. Quando chegou em 1855, foi uma grande decepção. Deu azar.
Crisp fugiu de Charlotte ao que parece porque não lhe quiseram pagar o que deviam na plantação de algodão onde trabalhava. Foi despedido e na noite seguinte entrou no escritório da companhia e tirou exatamente o que lhe deviam. Não foi muito esperto, porque o contador da companhia associou o volume de dinheiro roubado ao valor total reclamado por Crisp. Então o Xerife de Charlotte reuniu uma patrulha de civis a cavalo e partiram no encalço do homem. Acharam que não poderia ir muito longe, mas Crisp era muito esperto, e tinha amigos.
- O melhor amigo dele era eu, senhor kent! – Disse Preston. Fugimos juntos desde Charlotte. E continuou: Aliás, ajudei-o a assaltar os escritórios da companhia. Naquela noite levamos dois cavalos encilhados com armas e roupas, dois cantis de água e cavalgamos a noite toda, e chegamos aos Montes Apalaches. Logo na saída resolvemos cavalgar, um de cada lado da estrada das diligências até passarmos pelas primeiras duas estações. Assim se alguém da "Posse" - aquele grupo que nos perseguiria - perguntasse, não teriam visto ninguém passar parecido conosco. Depois da segunda estação passamos a usar a estrada que era mais conveniente para as montarias. Encontramos manadas de búfalos. Da costa levamos sal. Salgamos uma porção de carne de búfalo e tocamos para Nashville, passando pela reserva Cherokee. Não tivemos problemas com eles porque quando fomos abordados por um grupo de cinco cherokees que nos interceptaram, dissemos que éramos desertores. Então nos perguntaram porque tínhamos desertado. Dissemos que tínhamos que avisar as nações dos Arapaho, Cheyenees e Sioux no Arkansas, porque o exército ia atacá-los. Deixaram-nos passar e ainda nos deram uma cota de tabaco e duas mantas de pele de urso em troca de dois pacotes de sal. Ainda nos interrogaram antes de sairmos. 


Apontaram para o John Crisp e perguntaram se era meu escravo...
- Escravo? Como escravo? Os EUA nunca tiveram escravos brancos...Perguntou-lhe o senhor Kent.
- Ele não era branco, senhor Kent. Disse Sally. Crisp era negro! Ele decidiu vir para a Califórnia porque soube que aqui havia gente com pele mais escura, e que eram mais compreensivos com os negros. Foi por isso que veio para cá. E prosseguiu: - Johnny Crisp Lend e esse sujeito aí, o Preston, pretendiam chegar a São Francisco em um par de meses desde que fugiram de Charlotte, mas sofreram atrasos porque as pessoas só criam dificuldades. Ninguém aceita qualquer um em seu meio. Só as igrejas, mas isso é porque cobram os dízimos e lhes interessa. Sofreram muito. No Tennessee o xerife de Nashville os interpelou quando tomavam um drinque num bar e disse pra saírem da cidade no dia seguinte porque não foi com a cara deles. Como é que foi, mesmo, Preston? Conta você...



- Dia seguinte para nós era depois que amanhecesse até que a noite chegasse, mas o xerife nos mandou dois delegados com estrela no peito para nos tirar da cama porque já tinha passado da meia noite e já era “dia seguinte”... Nem nos tínhamos deitado e estávamos ainda vestidos. Entendemos logo que o xerife queria nos encrencar e dissemos para nos deixarem em paz. Então um deles levou a mão á arma enquanto o outro já estava com as mãos ocupadas empunhando algemas. 


Já encrencados e com mais uma encrenca á vista pela frente, olhamos um para o outro e sacamos as nossas. O delegado bandido tombou ali mesmo de arma na mão. Tiramos a arma do outro, trancamo-lo no quarto e abalamos a cavalo com intenção de irmos para o Missouri, mas fomos levados para o Arkansas á força.
- E porquê? Perguntou o senhor Kent.  
- Por bobagem, disse Sally. Resolveram jogar pôker num bar de Dyersburg, no Tennessee, e ganharam muito dinheiro, mas se enganaram no caminho e foram parar em Blytheville no Arkansas. Não conseguiram explicar para o Xerife de lá como tinham tanto dinheiro, e porque o Preston tinha um escravo. Foi o modo de explicar por que ele estava acompanhado de um negro. Tinham até falsificado um título de propriedade. O Xerife disse que ia investigar, mas tirou-lhes tudo que ficou sob custódia num cofre no escritório do Xerife que era também comerciante. Ele tinha um saloon na cidade e só trabalhava quando o chamavam. No segundo dia em que estavam presos, os dois se aproveitaram de uma bobeada do carcereiro que tinha o péssimo hábito de beber e conseguiram sair da cela. Arrombaram o cofre que não era nada seguro, mas não havia nada dentro dele. O Xerife os enganara. 
Na fuga tiveram que embarcar num vagão de carga vazio. Estavam duros.Quando viram umas grandes plantações de tabaco, aproveitaram e saltaram do trem. Ficaram por lá empregados durante mais de ano até conseguirem dinheiro para seguir viagem.Não se fala muito nisso, mas há alguns índios descendentes de negros com índios. Crisp teve uma filha com uma índia Cherokee. Ela morreu num ataque de cavalaria.


- Mas trabalhando em plantação não se ganhava muito...- Interrompeu o senhor Kent.
- Não - respondeu Preston – Mas tenho métodos seguros de ganhar no pôquer quando os outros jogadores não são muito violentos. Sempre observo quem está na mesa. Partimos então a cavalo porque nem havia a companhia de diligências Wells Fargo [3] passamos por Little Rock e fomos até Fort Smith na fronteira com Oklahoma. Não deveríamos ter ido. Os índios Creek e Cherokee, dentre outras tribos, atacaram o forte logo depois que chegamos lá.
- E da guerra contra o México, vocês não participaram? Perguntou o senhor Kent.
- Oh.. Sim... A guerra terminou em 1848 se é que terminou mesmo até hoje. Por essa altura, em 1846, quando começou, andávamos já por Oklahoma, na fronteira com o Novo México. Participamos de batalhas sangrentas. Os mortos ficaram lá, enterrados, e ninguém mais sabe quem foram. Tivemos que perseguir e prender um batalhão inteiro de irlandeses desertores que apoiavam o México por serem católicos e não protestantes.
Eles achavam que nós éramos muito violentos com o tratamento aos mexicanos por sermos protestantes. Formaram um batalhão o "San Patricio Batallon". Conseguimos prender 16. Em setembro de 1847 o exército enforcou esses dezesseis por traição á pátria. Foi uma satisfação politica porque o pessoal não gostava muito dos imigrantes irlandeses. Vocês não sabem o que é ver gente estrebuchando na ponta da corda desesperados para se aguentarem enquanto os músculos ainda estão fortes e conseguem respirar, mas o peso do corpo vai apertando o nó da corda e com a perda da força, ainda mais. Os olhos ficam esbugalhados, o pênis fica grande e duro. Escolheram o Johnny para abrir os alçapões da forca e a mim para lhes passar os laços á volta do pescoço um por um. 
Fizemos isso por obediência e não por prazer. Foi por isso que sempre fugimos desde Charlotte na Carolina do Norte até São Francisco na Califórnia. A lei é muito cega. Produz "foras da lei" e depois os persegue.
- O senhor é religioso, senhor Preston?Perguntou-lhe o senhor Kent.
- A pergunta que sempre se fazia o Jonnhy Lend, senhor Kent, era esta: Se um Deus criou a humanidade e a protege, pode ele proteger apenas uma parte dela? Claro que não. Não seria justo, e um deus tem que ser justo. Por outro lado, são tantos os deuses que se adoram, e até o mesmo de forma tão diferente, que teremos que nos perguntar qual a razão verdadeira dos religiosos.Eles passam bem de vida, sempre. É como se deus os ajudasse e aos fiéis não.
- A vida deles até chegarem a São Francisco foi toda assim. Em 1855 finalmente chegaram lá. Foi quando os conheci - disse Sally – Preston até foi eleito xerife e Crisp seu ajudante, mas deviam um favor a quem o elegera:Um Grande criador de gado que os queria usar para se apropriar de terras de outros criadores mais fracos. Um dia se rebelaram e mataram o sujeito e os dois filhos no meio da rua em frente ao saloon em duelo, porque resistiram á prisão. 


O senhor Kent tem uma porção de anotações em seu caderno sobre este trio que eram quatro. Havia também a mulher do Preston Cake. Nem contei sobre aquela vez em que, para encontrá-la e salvá-la, tiveram que ir até o Colorado. Preston foi apanhado e enterrado na areia do deserto só com a cabeça para fora, e quem o salvou foi Johnny Crisp. Mas não lhe conseguiu salvar os olhos. Preston perdeu um para os corvos e sua boca ainda tem as marcas da secura dos lábios por falta de água. Passou quatro dias enterrado. Voltaram para São Francisco. Numa tarde, um garoto com seus quinze anos de idade apareceu-lhe na frente. Vinha armado. Desafiou  o Johnny, que não aceitou o desafio e lhe disse: - Não se brinca com armas, garoto. Solta o cinto bem devagar para que não tenha que te machucar. Mas o garoto sacou rápido e atirou. O relógio marcava 05 horas, 40 minutos e 59 segundos no relógio de Preston que assistiu impotente de longe.

O copo de cuspir tabaco do senhor Preston Cake estava agora cheio de um líquido que parecia whisky. Sally encostou a cabeça na mesa e dormia. 

Um dia conto o resto.

® Rui Rodrigues

Os filmes de Hollywood contaram histórias de um velho Oeste violento, para encher bilheteria, mas não era. Quem acreditou enganou-se. A maioria dos Estados proibia armas de fogo. Mortes assim não passavam anualmente de cinco a seis em média por Estado, 30 a 40 foi o máximo. Mas aqui no Brasil ultimamente estão fazendo filmes sobre bandidos que querem transformar em heróis e preparam-se para escrever "biografias” com o mesmo intuito. Gastarão milhões de verbas públicas para escrever livros que só meia duzia irá comprar e ler. Só falta que obriguem á compra, novamente com verbas públicas, pelas universidades: O povo pagaria duas vezes pelo mesmo produto questionável.    






[1] O primeiro explorador europeu a chegar á Califórnia foi o português João Rodrigues Cabrilho em 1542. A serviço de Espanha.
[2] Dupla Águia. Valia 20 dólares, o que era muito dinheiro, embora envolvesse uma troca de cavalos. Os cavalos de meu avô até nem eram tão bons quanto os de Sally e Preston. Na época da corrida ao ouro, as passagens de navio custavam 90 dólares e davam a volta ao continente porque ainda não tinha sido construído o canal do Panamá. Era mais seguro do que ir por terra sem a estrada de ferro ainda construída até a Califórnia, evitando bandoleiros e índios renegados.
[3] Fundada em 1852.

sábado, 5 de setembro de 2015

Quem manda aqui afinal?... E O rombo do Orçamento.



Quem manda aqui afinal, Mercadante? Não sou eu? (Perguntou Dilma Rousseff)
- Porra Dilma... É você... Mas nunca sabe o que fazer, aí você vem, me pergunta, eu falo e você faz...
- Então quem manda é você?
- Não Dilma... Você também pergunta ao Lula...
- Então é o Lula que manda?
- Porra Dilma... Tu tá ficando um porre...Ontem quiseste demitir o Levy
- Por que ele só me diz : Não tem dinheiro...Não tem dinheiro.... E eu preciso de alguém que me arranje dinheiro..
- O Brasil não é como o teu pai que sempre que você lhe pedia dinheiro te dava dinheiro, nem a URSS, nem a China, nem o Fidel que te mandavam grana quando eras guerrilheira... O Brasil tá mais duro que pau de sebo...
- O Temer pode ajudar a aprovar o aumento de impostos. Não pode?
- O Temer? Porra Dilma... Você não vê que o Temer agora faz parte da DESARTICULAÇÃO política? 
- Não faz mal... Ontem passei a tarde com o Lula e pedi para me ajudar...
- E o que ele prometeu, Dilma?
- Não lembro bem... Mas sei que está muito mal...
- Porquê?
- Estava com muita flatulência...Falou em Trabuco...Será o Stedille e a turma do MST?




Notaimportante... Mercadante, a exemplo de Dilma, Lula, Genoino e Zé Dirceu, são dos que levantam o braço...


O caso do rombo no Orçamento



Há quem garanta que os dois ministros conspiraram contra Dilma Rousseff: O do Planejamento e o da Economia. Depois de  um grande vai e vem de orçamento de um ministério para outro seguiu com rombo mesmo por determinação da presidência. Dilma queria que o planejamento cobrisse o rombo, mas o rombo só poderia ser tapado se a presidência desistisse de quase todos os ministérios e uma porção de ajudas aos correligionários do partido. Então Dilma encaminhou o orçamento para o ministro da economia, que não conseguiu arranjar tanto dinheiro para cobrir os rombinhos da presidência que somados são um rombão, sem que tivesse que aumentar os impostos em mais dez por cento, mandando o Brasil de volta para os tempos da Colônia... A presidência também não conseguiu cobrir os rombos porque em termos de economia a presidência anda um pouco sem tempo para fazer contas e nem lê jornais... Consultou-se com Mercadante que lhe disse:
- Manda essa boçta assim mesmo - arrombada - e eles que se virem lá no Congresso e na Câmara...
Ao que Dilma respondeu:
-É eles se axam... Já paçei por Minas e Energia, pelo Crecimento do PAC, pelas Obras da copa das copas, já comandei, demandei e mandei em muito engenheiro. Tenho experiênssia em mandar. Querer é poder. Se eu quero então eu poço, disse aquele famoso filósofo, o... Aquele que o Genoíno tanto gostava de falar... O... Aquele.. Ai... Axo que era o Sócrate... Não importa nem exporta. Sei como é Eça tal de Matemática. Deviam ter me dado um diploma de engenheira em vez de economista que aí entenderia mais de matemática finansseira.

JARBAS !!!!! ... Leva esta boçta lá pra câmara daqueles caras!

E aquela boçta  foi assim mesmo. Tá lá, fedendo ainda ! 


Nota Importante - O Diploma da presidência, que é de economista, tem a chancela da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

® Rui Rodrigues 

Conto de Terror – Os vermes da Terra.

Há histórias que parecem verdadeiras apesar de mal contadas. Há histórias que são a pura mentira apesar de bem contadas. O que será esta?  

Introdução- O clima


Em 1963 o Rio era uma cidade tranqüila, onde despontava um ou outro meliante, coisa rara. O governo tinha dado um ultimato aos políticos para se deslocarem para Brasília em definitivo. Havia relutâncias porque o Rio era o centro cultural da Nação. Por outro lado havia movimentos estudantis, liderados pela UNE - União Nacional dos estudantes, a favor de uma socialização política. Ativistas políticos tentavam sublevar os sindicatos por todo o país. Os movimentos se baseavam mais no comunismo de Marx, Lênin, Mao Tse Tung e Fidel Casto do que no socialismo. Não tinha nada, aparentemente, de parecido com o nacional socialismo nazista da Alemanha. A maioria esmagadora do povo brasileiro via nesses movimentos uma “ideologia sonhadora” coisa da juventude. Já se falava em “golpe” para derrubar o presidente João Goulart, Jango. Era voz corrente pelas ruas que a reforma agrária teria que ser efetuada para valer, tal como o presidente apregoava. Che Guevara e Fidel Castro chegaram a visitar oficialmente o Brasil, e esta atitude vista como apoio político ao governo, que era de esquerda, além das contribuições monetárias para alguns movimentos armados criaram um impasse político.


Em época de guerra fria, a nação tinha um grande problema. Ou caía para o lado comunista, ou se mantinha na mesma linha de pensamento dos aliados na segunda guerra mundial. Para piorar as coisas, Fidel se envolveu juntamente com a URSS numa crise envolvendo mísseis nucleares que até começaram a ser instalados em Cuba. Fidel e Nikita Kruchev perderam esta queda de braço para JFK , o presidente dos EUA. A melhor fotografia que se pode tirar desta fase política é que o governo socialista de João Goulart queria dar um golpe para mudar a constituição e impor o comunismo no Brasil. Forças sociais e militares queriam dar um golpe para acabar com estes movimentos. Quando as forças militares se envolvem, o resultado de vitória só pode ser do lado que apóia. Se a população está do lado das forças armadas, tudo corre normalmente na política. Se não estivesse, e fosse de opinião geral, não poderiam calar a população. Eram muito poucos os que queriam uma revolução de esquerda no Brasil . Os terroristas estavam em Agosto de 1963 em plena fase de guerrilha no Araguaia tentando sublevar as populações á moda da revolução russa. Nunca conseguiriam.
Não era o povo que queria o comunismo, porque nosso povo não tem "o perfil". Eram os interessados no poder querendo impor-lhe o comunismo. Queriam sua vez de mandar. Os únicos realmente socialistas e comunistas eram os intelectuais.


Ao anoitecer no Bar do Chopp Grátis


Não se pode imaginar como chovia naquele dia ao entardecer. Chuvas torrenciais são sempre desagradáveis por que acabam por trazer para o Bar do Chopp Grátis pessoas molhadas que nem pensariam em entrar com tempo mais agradável. O cheiro a molhado é sempre desagradável. Essas pessoas aparecem para se proteger da chuva, e acabam até por tomar alguma bebida só por vergonha e não “fazerem feio”. Nenhum cliente habitual as conhece, os olhares são de curiosidade. Naquele dia, de chuva, raios e trovões, um sujeito de aspecto tétrico apareceu imponente na porta, justamente quando a energia elétrica se foi abaixo e um relâmpago iluminou o céu e a rua e a luz invadiu o bar parecendo que tudo era feito de eletricidade azulada tremeluzente como a luz negra das boates do Rio de Janeiro. Corria o ano de 1963, pelos meados de Agosto. Um homem apareceu na porta de entrada do Bar. 





Ouviu-se um murmúrio. O homem era alto, sua silhueta contrastou com a luz que iluminou a rua com o relâmpago. Usava um chapéu de abas horizontais e largas. Vestia uma japona escura sobre os ombros. Não era uma figura usual. Parecia uma assombração que ficou por algum tempo no olhar de todos quando se deu o primeiro apagão. A energia elétrica voltou logo em seguida. Os sons que vinham da rua e se misturavam ao tilintar de copos e pratos e a vozearia do bar misturava-se aos da chuva torrencial batendo forte nas pedras da calçada e ao rolar de pneus afastando as águas da rua em sua passagem. Alguém colocou na velha vitrola da Phillips um disco de 78 rotações com uma versão de “El condor pasa”, uma linda música triste tocada com flauta peruana [1]. O novo cliente procurou uma mesa, viu que uma delas estava vaga, perto da porta, e sentou-se tirando o chapéu e a capa. Pediu um Bourbon e um charuto cubano, um puro Montecristo. Sua pele parecia de cera. Quando o garçom chegou com o seu pedido, puxou de uma carteira e pagou com uma nota de cem dólares. Enquanto esperava o troco acendeu o charuto e tomou seu primeiro gole de Bourbon. Deu uma baforada, recostou-se na cadeira e caiu com um estrondo. Enquanto alguns clientes e o garçom corriam para a mesa do freguês a chuva caía implacável. E mais um apagão. Esse durou um pouco mais de tempo.

1. Dois dias antes.




Usar estolas de pele mesmo sendo inverno no Rio de Janeiro, somente por vaidade, não por necessidade, mas para quem embarcava no Aeroporto argentino de Ezeiza, tinha toda a razão. Lá faz um frio de rachar.

Os últimos passageiros subiam as escadas móveis para embarcarem no aeroporto de Ezeiza num Super Constellation da Panair do Brasil, vôo 263, debaixo de chuva. Essa chuva chegaria ao Brasil em mais um par de dias aproximadamente. São as frentes frias que vêem da Antártida. Iza Lendel era uma bela mulher, habituada aos olhares de admiração e desejo dos homens. Sabia como atrair os homens sem chamar a atenção nem se mostrar oferecida, e era exatamente por isso que decidira usar seu vestido tubinho preto, sapatos pretos fechados, de salto alto, chapéu de tule com uma discreta flor, e uma estola de marta para embarcar. O batom rosa discreto realçava levemente os lábios carnudos numa boca perfeita. Ela tinha uma missão. Para cumpri-la tinha que atrair um homem. Esse homem estava justamente atrás dela preparando-se para subir as escadas de acesso á aeronave. O homem parecia um criador de gado argentino. Usava um chapéu de abas largas, parecido com aqueles usados nos pampas pelos gaúchos e japona de tweed. Virou-se lentamente para trás como se procurasse alguém que deixara na gare do aeroporto e seus olhos pousaram docemente no olhar do homem, voltando-se imediatamente para frente. Para ela seria o suficiente.

 

Rafael Perez tinha uma missão. Sua primeira regra era não se envolver com estranhos nem para dar informação. Nada de simpatizar com ninguém. Desde que recebera a missão até que fosse cumprida, tudo deveria decorrer como se o tempo não existisse entre os dois extremos sem envolvimento, nada a lembrar a não ser a normalidade. A mulher á sua frente era linda. Passaria por essa. Durante o vôo percebeu que a mulher o olhou mais uma vez. Depois adquiriu um semblante de cera, impávido, indiferente. O que chamou a atenção de Rafael foi o ar de pessoa confiante e determinada que ela passou a ostentar. Sua viagem iría apenas até o Rio de Janeiro. Não iría até Londres. Perguntou-se qual seria o programa da bela mulher. Não lhe pareceu que fosse daquele tipo de mulher fatal.
Quando desembarcaram no Rio de Janeiro, Rafael e Iza se encontraram no ponto de táxi. Ela se ofereceu para dividir o táxi com ele. Ambos iam para o bairro da Glória, Hotel Glória, perto do Palácio do Catete. Foi durante a viagem que decidiram como passar o tempo. Jantaram juntos no restaurante Casa da Suíça, na subida para Santa Teresa. Passaram a noite no mesmo quarto no Hotel.



Iza Lendel era uma ativista comunista que operava na Argentina. Roberto Perez estava de passagem pela Argentina. Tinha viajado de Washington para Santiago do Chile, e de lá até Buenos Aires. Para todos os efeitos, parecia mais um chileno que visitava a Argentina e que se dirigia ao Brasil. Iza sabia quem era Roberto. Roberto não sabia quem era Iza.



2. Um dia antes.


Aquela era uma missão muito simples para Roberto Perez. Tudo o que tinha a fazer se limitava a apanhar um pacote de documentos que lhe seria entregue num bar da cidade. Depois pegaria um vôo para Washington, e o entregaria diretamente a seu chefe no FBI – Federal Bureau of Investigation. Havia um ponto de interrogação que lhe roia o cérebro: Porque o pacote não seguiria diretamente pela mala diplomática. Será que temiam os “acordos diplomáticos” pessoais do embaixador no Rio de Janeiro? Só saberia se nos próximos dias, um par de meses, chamassem o embaixador a Washington e não voltasse mais. De qualquer forma, tinha ainda quase dois dias inteiros para se divertir. Iza era uma mulher muito interessante, daquele tipo que não pergunta sobre o sujeito, e se concentra em agradar ao máximo. Só tinha conhecido uma assim no Japão, mas achou que fosse por causa da língua. Aproveitaria sua estadia o melhor que pudesse com Iza na bela cidade do Rio de Janeiro. Quando acordou, o sol já brilhava na cidade, o povo carioca tentava chegar na cidade com ruas inundadas. Havia uma enchente devido ás chuvas torrenciais que começaram durante a noite. A temperatura da cidade estava amena mesmo em pleno inverno. Iza tinha passado cerca de duas horas com ele em seu quarto, depois se retirara para o seu. Nada de anormal em sua atitude que lhe despertasse qualquer suspeita, a ele, membro treinado da melhor agência do mundo, o FBI e a CIA. 


Não é qualquer um que pertence ás duas organizações. Foi por isso que notou uma ligeira desarrumação no modo como suas roupas estavam dispostas no quarto. Adquirira o costume de colocar primeiro a calça sobre o assento de uma cadeira, e depois a roupa restante, de tal forma que um alinhamento da borda da camisa ou camiseta indicasse a direção de sua maleta de viagem, assente no piso, a exatos dois passos. Não estavam assim, embora a diferença fosse muito sutil. A nota de cem dólares em sua carteira, bem no meio das outras, porém, estava certinha no lugar. Não deveria estar. Ele a deixara levemente fora de alinhamento das demais. Tinha sido espionado, mas não se incomodou muito. Sua missão era tão simples, que tudo o que tinha que fazer estava em seu cérebro. Não havia nada que o pudesse incriminar, denunciar. Teria sido Iza, o pessoal do Hotel, ou algum vizinho de corredor? Arrumou-se e bateu no quarto de Iza. Quando ela abriu a porta do quarto fecharam as cortinas e se entregaram ao sexo mais selvagem que ele já tinha praticado na vida. Ficaram no hotel até á noite. Saíram para jantar na casa da Suíça já passava das 22:00. Saíram a pé e caminharam por algumas ruas na direção da Cinelândia. Antes de apagar por breves instantes, Roberto se criticou por ter sido tão ingênuo.Iza chegou sozinha no Hotel. 

3. Os Vermes da Terra. 



Roberto estava completamente lúcido mas não podia se mexer. Nenhum músculo seu respondia a qualquer comando. Apenas ouvia e pensava. Não sabe como aconteceu, mas tinha sido muito rápido. Não chegou a cair quando a paralisia surgiu porque Iza e dois sujeitos o ampararam. Colocaram-no num táxi e o levaram para algum lugar do subúrbio da cidade onde havia um descampado logo depois que as casas começaram a rarear. Depois que pararam ouviu os sons de pás cavando a terra, as conversas, e deduziu que não sabiam nada de sua missão. Era um alívio que não ajudava muito. Tentou imaginar o que teria acontecido. Devem ter-lhe dado uma droga que o deixara em estado catatônico, em letargia. Talvez introduzida em sua bebida. Poderiam também ter-lhe dado alguma pancada na cabeça de que não se lembrava, ficando naquele estado. Sabia que se recuperaria, mas se o estavam enterrando é porque esperavam ter dado uma dosagem mortal, certa. Depois que o jogaram na cova, sentiu pazada por pazada de terra se acumulando sobre si. Quando tudo ficou escuro começou a sentir os primeiros vermes tentando entrar em sua boca, percorrendo seu corpo por entre a roupa. Os vermes eram muito rápidos. Farejavam carne enterrada. Quem o poderia salvar? Foi uma agonia não poder se mover. Sentiu seu corpo ser mordido sem sequer poder gritar.
               
Não pôde precisar quanto tempo ficou enterrado. Lembra-se apenas do momento em que sentiu uma necessidade imensa de respirar e conseguiu encher os pulmões num urro.  Era noite ainda e estava deitado no solo. Via as estrelas e duas pessoas a seu lado. Eram pessoas simples. Contaram-lhe que tinham visto quando dois homens e uma mulher o enterraram e que logo depois que o automóvel em que tinham chegado se afastara correram para ver se estava vivo. 
Roberto perguntou-lhes se tinham contado para alguém. Ninguém sabia, afirmaram. Então levantou-se com esforço, tirou a carteira do bolso e lhes deixou umas notas pedindo para que ficassem calados. Depois saiu para a rua.Olhou o relógio. Tinha tempo ainda de cumprir sua missão. Depois de caminhar uns dois quarteirões, conseguiu um taxi. Rumou para o Bar do Chopp Grátis. Tinha um encontro inadiável. 

4. Décadas depois do apagão.  

Quando a luz voltou no Bar do Chopp Grátis, cerca de dois minutos depois, Roberto já estava de pé. Pediu um prato para viagem, esperou cerca de vinte minutos, recebeu o troco, pegou o embrulho com a comida e saiu. Nunca mais vimos Roberto Perez. Como dono do Bar deveria saber tudo o que se passa por aqui. Todo o meu pessoal é de confiança. Mas até que ponto?

Um dia destes, um sujeito que trabalhara para nós há muitos anos atrás passou por aqui. Fizemos-lhe uma festa que serviu para os outros empregados saberem como se tratam bem os empregados neste bar onde todos têm participação nos lucros. É muito modesta a participação, mas é incentivadora. Todos trabalham com prazer. Foi durante a libação em sua homenagem que ele contou o resto da história. Disse-nos:
"Naquela época eu era agente ocasional da CIA. Recebia uns trocados por cada serviço leve. Por mais fiel ou infiel que eu pudesse ser, não lhes importava, porque eram tarefas muito simples, como ser intermediário. O intermediário nunca tem responsabilidades muito grandes, e se for apanhado, só pode contar que um sujeito, jamais o mesmo, lhe entregou algo para dar a outro que jamais viu e verá de novo. 
Roberto Perez era também agente do FBI. Não se tinha muita confiança no embaixador, porque quando se comunicam com pessoal graúdo nos países em que atuam, para demonstrem confiança, costumam falar um pouco demais de vez em quando. Fora ele, o garçom, quem colocara no pacote da comida para viagem, que Roberto encomendara, um pacote contendo documentos importantes tal como instruído. Tinham-lhe mostrado Roberto Perez com a bela mulher no Hotel Glória quando o contataram para lhe entregar o pacote no dia seguinte. Deveria por na vitrola uma musica "El COndor pasa". Foi o que ele fez exatamene quando Roberto entrou no bar. Vinha sem a tal mulher. Anos depois, contou, viu a foto dela num jornal. Tinha sido morta misteriosamente mostrando sinais de tortura na Argentina."
Quanto aos movimentos de esquerda que não deram certo na época do regime militar no Brasil, e que não dão certo agora nem nunca darão, se deve principalmente ao fato de a população - apesar do nivel baixo de instrução continuar praticamente o mesmo - não ter o perfil adequado ao comunismo e já saber um pouco mais de história que constata por todos os lados: Quem quer o poder faz a hora, não espera acontecer... Mas quem faz a hora? Nenhum movimento revolucionário foi feito pelo povo neste Brasil amado. Todos foram feitos por outros que querem pensar "pelo povo". E quando os movimentos são feitos por outros, minorias, com botas de veludo ou com coturnos, o povo desconfia... O povo brasileiro pode ser qualquer coisa, menos burro!... O PT sempre foi mais ignorante do que o povo. COm os cofres abertos por ter ascendido ao poder, comprou o que pôde e quem pôde até o dinheiro acabar...

Pois que acabe o PT - que não tem perfil nem de socialista nem de comunista - e toda a corrupção deste país que o PT incentivou e ampliou. Companheiros no PT são os que eles mesmos chamam ao poder e com eles divide "benesses". O povo não é companheiro. O povo está sendo roubado a cada dia e é chamado a comparecer em manifestações de apoio á base de pão, mortadela e uns trocados pra se sentir feliz.  

 
® Rui Rodrigues


PS - Dedico este conto aos leitores de Allan Edgar Poe e de Agatha Christie. Nos dias atuais nossa realidade é ainda mais amedrontadora do que no tempo deles.



[1] Se desejar ouvir a bela música enquanto lê, favor clicar em https://www.youtube.com/watch?v=M_gSydN_BYM


[2] Fidel Castro sempre disse que os americanos o queriam matar. Quem morreu assassinado foi JFK em novembro de 1963. Esta história se passa em agosto do mesmo ano.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Conversas Hipotétricas [1].



1.   Conversa Hipotétrica na reunião de ministros

Chefa - E então? Quem acha que seu ministério deve se sacrificar e acabar?
Ministro 1 - E os pixulecos? Se não vamos mais receber pixulecos vou me queixar ao Lula.
Chefa - Prometemos aos companheiros que não serão esquecidos. terão uma aposentadoria integral e mais umas benesses extra.
Ministro da Economia - Eu... Podem acabar com o meu Ministério inteirinho... Torrei o saco de falar merda e saber que todos sabem que estou falando merda só para manter o cargo e os benefícios decorrentes.. É um vexame!...
Chefa - Ah.. Então.. O Minha Pátria Minha Educação, NÃO funcionou... Se já todos sabem, ensinou errado ... Era para todos concordarem com o governo...
Ministro do Planejamento - Eu também... Já perceberam que não planejo nada, que nada dá certo... Estou passando por burrinho de presépio, dizendo sim prá vaquinha...
Chefa - Mais alguém aí ????
Depois do silêncio, os Ministros fizeram uma reunião secreta e votaram pela demissão sumária da Chefa... Sem pixulecos, não aceitam continuar.


2.   Conversa Hipotétrica na sede do partido dos trabalhador.

Hipotétrico 1 - Fárcão!... Ó Fárcão !... Preciso de grana pra levar o pessoal lá prás concentração....
Hipotétrico 2 - Ué? Já cabô a grana que o companheiro Vaccari trouxe?
Hipotétrico 3 - Xi... Faiz é tempo!... Agora está todo mundo cuz óio na pixulecage...
Hipotétrico 1- Então vamos esperar o Orçamento aprovar e aguardar a distribuição das verba.... Falow?
Hipotétrico 4 - E inté lá, até desfazer esse rolo orçamentário que grana que usamos, a que está guardada para as próxima eleição?
Hipotétrico 2 - Não, não, dessa não... Liga lá pra papuda e bate um papo com o Zé...


3.   Conversa Hipotétrica no Palácio do Planalto



- Tá vendo, Dilma, o safado do Zé dizia que só recebia uns pixulecos e recebeu mais de 30 milhão e não disse nada...
- É um ingrato... E nós pensando que era tudo pelo partido e pela revolução...Pra mim só me deu um Rolex de presente. 
-Pra mim me mandou uma cachaça lá de Minas.


Entrementes numa conversa Hipotétrica na Papuda

- Tão vendo, companheiros? Pelo tamanho dos pixulecos podem avaliar o que já fiz pelo partido...
-É Zé... Se só você recebeu 30 milhão, imagina os chefões lá em cima, o partido, e os companheiro importante... 
- Afora o que entrou pelo Vaccari, né?

4.   Conversa Hipotétrica na Reunião na Câmara dos Deputados

Deputado Hipotétrico 1 – E Aeo, Chefinho... Quanto que ela vai nos mandar neste final de ano? No passado foram mais de setecentos milhões...

Deputado hipotétrico 2 – Permita-me o aparte, excelentíssima excelência, mas nem a oposição disse não!... Isto deve ser notoriamente notado e anotado...

Chefo – Não sei, mas deve ser maias ainda, até por causa do apoio. Vamos manter este jogo de pescador: Primeiro dar-lhe linha para ela correr e dar saltinhos de contente, e depois um tranco pra ela estancar e contribuir, ficar mais macia e acessível...

Deputado hipotétrico 3 – E quando vai ser o dia dela ir pra panela? ... Isto é... Do Impeachment? Eu disse panela, porque é como se fosse uma galinha dos óvulos de ouro.

Chefo – Isso depende também dos companheiros lá do Senado... Temos que ver se vão ficar satisfeitos com as doações da dona do Bordel que é amante dos tesoureiros e dos donos do tribunal. Não vamos levar pra panela a galinha dos óvulos de ouro, como bem disse o nobre deputado hipotétrico 3.

Deputado Hipotrético 1 – Eu sei que a maioria dos deputados desta nobre casa, me desculpem vossas insolências, não entende nada de nada e são umas marias vão com as outras, mas ninguém se lembrou de perguntar sobre a aprovação do Orçamento da galinha dos óvulos de ouro?

Chefo – Pela ordem.. Pela ordem... Não se exaltem... Vamos deixar o governo sem orçamento, navegar á deriva, deixar que peçam licença item por item para gastar... Nós que damos aprovação ás contas deles... Se não aprovamos todos os itens do orçamento de uma só vez, vamos aprovar um por um... Teremos agora um Governo Orçamentário...


5.   Conversa Hipotétrica na Reunião no Senado.

Chefo – Senhores e senhoras estamos temendo que a Câmara dos Despistados nos tolha as verbas, porque não vão aprovar o orçamento furado com rombos... Íamos entrar pelo cano antes, agora entramos pelos rombos... A Câmara pensa em “administrar” o governo. É um golpe e estamos com a Câmara. Nem Temer nem Dilma vão mandar. Nós que vamos. O governo vai ter que dizer o que quer aprovar e nós aprovamos ou não.

Senador hipotétrico 1 – E o futebol quanto vai levar nessa?
Senador hipotétrico  2 - E o circo vai voltar para a cidade?
Senador hipotétrico 3 – E os sem terra agora vão ficar com a terra toda?
Senador hipotétrico 4 – Arrá... Finalmente vamos enterrar a classe média!
Senador hipotétrico 5 – E nossa aposentadoria integral como fica nessa penúria?
Senador hipotétrico 6 – E a Associação dos Marqueteiros?
Senador hipotétrico 7 – E....

Chefo – Que susto me deram... Pensei que alguém fosse tão idiota – aqui – de perguntar “E como ficará o povo”... Ainda bem que não perguntaram...



Um popular no ponto de Ônibus da cidade, ao lado de um posto do SUS com gente desmaiada na fila, que fica ao lado de um supermercado com clientes de cara á banda, que fica ao lado de um posto policial com um guarda reclamando que lhe roubaram um revólver, que fica ao lado de uma escola onde os alunos sob um cartaz de Pátria Educadora perguntam quando vai ter merenda escolar decente, boas instalações, e ensino que valha a pena estudar:

- Puta que pariu, que governo de merda, cheio de filhos da puta que só pensam neles... Será uma máfia chinesa, japonesa, italiana, ou de alguma outra origem que se apossou do governo? Se for, foi a Dilma que delatou todo mundo no DOPS lá atrás... Ela é traidora mesmo... Está dando grana só para os amigos...

Não pegamos a identidade do popular nem os nomes dos outros... Não interessa.



® Rui Rodrigues 





[1] Conversas Hipotétricas são conversas que além de serem hipotéticas são tétricas. Explico porque pode haver algum petista, pessoal do governo incluindo vereadores, deputados, senadores, ministros, que leia este texto e não entenda direito. Fazemos tudo pela educação. Basta querer ser educado.