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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Escolha o cenário do crime. O caso dos Pesseghini.

Escolha o cenário do crime. O caso dos Pesseghini.


Leio autores de livros de ficção desde os meus dez anos de idade. Meus autores favoritos eram S. S. Van Dine, Ellery Queen, Agatha Christie, Conan Doyle, Maurice Leblanc... Desde garoto que leio até no banheiro. Aprendi que para desvendar um crime é necessária muita isenção de julgamento, mente aberta para todas as possibilidades mesmo que pareçam absurdas, tempo disponível e uma boa conta bancária que permita o tempo necessário para se dedicar á causa de descobrir o “móbil” do crime que quase invariavelmente nos levará ao suspeito – ou suspeitos - mais plausíveis. Disponibilizar de uns trocados extras para comprar informações costuma ser muito útil. Quando, porém, os crimes ocorrem com políticos, policiais, gente importante, é necessária ainda mais atenção, porque as forças políticas podem tentar omitir provas, dificultar as investigações ou ainda simplificar a explicação do crime dando-lhe uma plausibilidade que de fato não tem, e acabar por conduzir a algum inocente como autor do crime.




Cenário conhecido


Em meio a uma onda de assassinatos que assolam a cidade de S. Paulo, há já vários meses, quase meio ano, movimentos de rua, assaltos e assassinatos perpetrados por narcotraficantes e bandidos em geral, ocorre um caso inusitado: Dois policiais, marido e mulher são encontrados em casa, assassinados, e na mesma cena do crime, o filho, de apenas 13 anos, sua tia e sua avó, também mortos. Segundo fotos de uma reconstituição, a mãe morreu de joelhos encostada ao lado esquerdo da cama, o torso tombado sobre o leito. Do outro lado da cama, o pai, de bruços. Em outros aposentos, a tia e a avó estavam deitadas em seus leitos. O corpo de Marcelo, o filho, estava caído sobre a arma, em decúbito dorsal, segurando-a com a mão esquerda. Um familiar de Marcelo afirmou que ele era destro. Posteriormente a polícia assumiu que ele era canhoto. Os corpos foram encontrados numa tarde de segunda-feira e segundo a polícia, foram assassinados durante a noite. O filho Marcelo foi à escola, com os pais já mortos, e voltou para casa onde morreu. Um amigo dele disse que ele pretendia ser um policial como o pai, e ultimamente tinha apresentado um “comportamento estranho”. O mesmo garoto disse que Marcelo tinha planos de matar os pais e depois fugir no carro da família. O mesmo colega afirmou também que Marcelo pretendia ser “matador de aluguel”. Os tiros não foram ouvidos pelos vizinhos. Não havia sinais de resistência das vítimas nos aposentos. Em sua mochila foi encontrada outra arma de fogo (do avô) e uma faca.  

Além do depoimento do amigo de Marcelo, familiares afirmam que Marcelo era um bom garoto, tranqüilo e que não acreditam que Marcelo pudesse ter efetuado os disparos. Uma professora afirmou que Marcelo lhe havia perguntado se já fizera mal aos pais e se tinha dirigido automóvel. Disse-lhe Marcelo que já tinha dirigido um “buggy”. Em vídeos de câmaras o carro aparece em frente à escola.
Presume-se que o cenário do crime tenha sido perfeitamente preservado, e que foram retiradas amostras do estômago das vítimas para se certificar que tenham ou não sido dopadas.  As vítimas foram enterradas na terça-feira.      

Marcelo teria sido o autor e depois se suicidou.


Para que esta hipótese seja verdadeira – e pode ser – vários fatos teriam que ter ocorrido.

Marcelo teria que se assegurar que todos estariam dormindo e que o primeiro tiro não despertasse ninguém em casa. Seus pais eram policiais treinados. Depois do primeiro tiro, os demais acordariam. O que teriam comido todos, ou que tipo de veneno ou tranqüilizante se teria valido Marcelo para que todos estivessem dormindo no mesmo instante de forma a não acordarem com o barulho dos tiros? Teria ele pensado que teria que abater primeiro os pais – por serem policiais – e depois a tia e a avó mais indefesas? Realmente é difícil aceitar isto de ânimo leve para uma criança de 13 anos. E ainda mais aceitar que tivesse interrompido o seu plano para ir à escola tranqüilamente no dia seguinte, sem aproveitar o momento para fugir como seriam os seus planos, se é que o amigo não está mentindo. Depois de matar a família, seria fácil sair de casa e consumar o plano, mas contrariamente, vai para a escola, volta a casa e se mata. Que nível de confiança tinha Marcelo com seu amigo a ponto de confidenciar seus desejos de matar os pais, e que confiança tinha de que seu amigo não o trairia, contando para os demais?

Um tiro de “.40” faz um bom estrago no cérebro, impulsionando-o para o lado do sentido de movimento da bala. Se ele o efetuasse sentado ou em pé, certamente seu corpo, mesmo em decúbito dorsal não ficaria “arrumado”, O braço esquerdo ficaria nitidamente afastado do corpo, este torcido. (a arma seria impelida pelo tranco numa direção e a cabeça na direção contaria).

Ao dizer à professora que já tinha dirigido um Buggy e presumindo que seus pais não o deixassem dirigir o automóvel da família, Marcelo parece ter dirigido muito bem seu carro até a escola que fica a cerca de 5 km de distancia, estacionado, assistido às aulas, e fazendo o percurso inverso. Notáveis o sangue frio, sua experiência com armas de fogo, dirigir automóvel, manter-se tranqüilo nas aulas da manhã com a família morta em sua residência. E o que fazia a arma do avô na mochila de Marcelo? Marcelo agiu sozinho ou foi instruído?

 Mas então para quê a luva que tardiamente foi encontrada no carro ???? para não ser descoberto, se estava a fim de acabar com tudo? 

- E o ângulo de dobra do pulso para uma arma tão longa poder encaixar perpendicularmente ao crâneo? Não teria como encaixá-la no lobo esquerdo com mão tão pequena... 

E ele não era canhoto...

Não parece muito “plausível”, e certamente os exames de perícia, a terem sido corretamente executados, com a devida “reconstituição do crime”, podem levar à possibilidade ou impossibilidade de o crime ter sido efetuado por um ou mais suspeitos.

As vítimas foram mortas por terceiros, o que exclui Marcelo como autor.


Neste caso há uma hipótese para a autoria ou co-autoria do crime quer por policiais quer por narcotraficantes ou bandidos de qualquer espécie, para duas hipóteses de Móbil do Crime: Queima de arquivo ou vingança.

Nesta hipótese, e como os vizinhos não ouviram os tiros, também não devem ter escutado qualquer veículo nas imediações, e mesmo por volta das seis ou sete da manhã, o carro dos pais de Marcelo não pareceria estranho ao dirigir-se à escola. Neste caso alguém poderia estar dirigindo o veículo.

Reconstituição hipotética do crime sob esta hipótese:

Marcelo, segundo familiares, queria ser policial, em total oposição aos comentários que teria feito com seu amigo de escola, segundo o qual queria matar os pais e ser um matador de aluguel.

Quer por vingança, ou queima de arquivo, policial ou bandido entra na casa da família e atira com abafadores de som (pode ter sido mais de um). Isso explica porque os vizinhos não escutaram os tiros. É possível que Marcelo lhes tenha aberto a porta. Só há uma vítima que não estava acordada: A mãe de Marcelo, que morreu de joelhos em frente à cama. Por estar acordada, provavelmente foi a primeira a ser atingida. Isto explicaria porque razão todas as demais vítimas poderiam estar dormindo, não dopadas. Tiros certeiros (como devem ter sido a julgar pela posição arrumada do corpo de Marcelo) denotariam que o autor fosse exímio atirador, coisa que Marcelo aparentemente não era.

Para confundir as investigações, mandam Marcelo à escola sob promessa que lhe garantiriam a vida se procedesse desse modo. Na volta atiram em Marcelo. Esta hipótese explica também porque razão Marcelo não apresentou vestígios de pólvora nos dedos, assim como explicaria que Marcelo, tendo a arma na mão esquerda o colocaria como canhoto, contrariamente às afirmações de familiares de que era destro.

O fato de Marcelo ter na mochila a arma do avô e ter preferido a arma da mãe, abre outras hipóteses que parecem menos plausíveis, mas que não podem ser descartadas. Uma delas teria por base o fato de a mãe estar acordada no momento do crime, abrindo uma hipótese adicional de ter sido ela a perpetrar o crime e a atirar na família, tendo sido o filho morto por ela num processo de “eliminação familiar”. Neste caso teria atirado logo que o filho foi para a escola, dando-se um tempo para decidir se o matava na volta ou se cometeria suicídio antes de sua volta poupando-o. O ideal seria determinar a “seqüência das mortes”. 


Todas estas hipóteses possuem falhas evidentemente. Trata-se de especulação, mas de qualquer forma as perguntas devem ser respondidas – estas e outras - para que a determinação da culpabilidade esteja de acordo com os padrões de análise da cena do crime, dos motivos, da analise química do conteúdo estomacal das vítimas e da reconstituição do crime.


© Rui Rodrigues


O texto abaixo está no link http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/08/11/legista-do-caso-pc-farias-contesta-pm-de-sp-e-diz-que-filho-de-sargento-da-rota-foi-assassinado.htm

O médico legista e professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) George Sanguinetti, que ficou conhecido por refazer o laudo das mortes do casal Paulo Cesar Farias e Suzana Marcolino e apontar que eles foram assassinados em 1996, afirmou em entrevista ao UOL que o filho do casal de policiais militares paulistas Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13, também foi assassinado junto com os pais.


Ao analisar as fotos da sala em que Marcelo e os pais foram encontrados mortos, Sanguinetti foi categórico ao afirmar que a posição do corpo do adolescente não é compatível com a de um suicídio, e sim, com a de um assassinato.
"Há muita clareza nas posições dos corpos, que mostram que os três foram assassinados. Ao fazer os cálculos de corpos com estatura semelhantes à da mãe e do filho, podemos observar que todos foram mortos por outra pessoa", disse Sanguinetti, explicando em um cenário montado com um colchão no chão e um boneco na posição semelhante à qual Marcelo foi encontrado morto.
"A posição em que o corpo do menino caiu, com a mão direita em cima do lado esquerdo da cabeça e o braço esquerdo dobrado para trás, com a palma mão esquerda aberta para cima, não é compatível com a posição de um suicida, e sim, com a de uma pessoa que foi assassinada. A arma do crime também não está no local compatível, que iria aparecer na foto em cima da cama ou próximo aos joelhos do menino", explicou Sanguinetti.
Para ele, a equipe da perícia precisa refazer os cálculos do trajeto dos corpos ao serem atingidos pelos projéteis porque a conclusão está equivocada ao afirmar que o menino assassinou os pais e depois se matou. Ele explicou que não é impossível refazer os cálculos mesmo com o cenário desfeito e que os peritos devem se basear nas imagens para concluir "claramente" que o menino também foi vítima.
Am"Apesar de as pessoas próximas ao menino dizerem que ele sabia atirar, a forma como cada um deles foi morto, com apenas um tiro na cabeça, é de atirador profissional. Por mais que o menino tivesse habilidade, ele iria efetuar mais de um disparo para atingir os corpos dos pais e para se certificar de que eles teriam morrido", argumentou o legista.
Sanguinetti disse que também seguiu os cálculos da medicina legal para afirmar que o corpo de Andreia foi colocado no local em que foi encontrado. Para ele, a policial não foi morta na posição fetal. "A parte do corpo que ficou suspensa na cama corresponde a 15% da massa [corporal da vítima], e o peso restante iria fazer o corpo ser arrastado para o chão. Jamais, ao levar um tiro, o corpo conseguiria se manter em uma posição que a parte mais leve seguraria a parte mais pesada, a não ser que já estivesse com rigidez cadavérica, como podemos observar na foto."
O legista também questionou o argumento de que não foi detectada a presença de chumbo, antimônio, bário e pólvora nas mãos do menino, e que, ao efetuar supostamente os cinco disparos que mataram o adolescente, os pais, a avó Benedita de Oliveira Bovo, 67, e a tia Bernadete Oliveira da Silva, 55, o polegar e a parte dorsal da mão esquerda, obrigatoriamente, teriam algum vestígio.
pliar"Informaram que o menino era sinistro e nem a mão esquerda, a provável a ser usada para fazer os disparos, e nem direita apareceram com resíduos de tiros. Obrigatoriamente quando efetuam-se disparos de arma de fogo os resíduos aparecem. Se disserem que ele efetuou e deu negativo o exame residuográfico estamos indo de encontro com toda a medicina legal", afirmou
O médico legista questionou ainda o porquê da equipe de criminalistas não realizar exame em microscópio para observar resíduos dos tiros na derme e na epiderme do garoto. "Eles fizeram exames somente com a lavagem das mãos em soro, mas deviam ter retirado pedaços da pele do menino para investigar os resíduos e iriam encontrar", disse.

Você acredita na versão dada pela polícia para a morte dos PMs e de toda a família em São Paulo?





domingo, 4 de agosto de 2013

Pauta do dia



  • A ÚNICA ESPÉCIE QUE NOS DÁ PRAZER DE VER EXTINGUIDA


O Papa não vê com agrado os políticos perto de suas manifestações
Os manifestantes não querem esses políticos em suas vidas nem em suas manifestações
Os políticos não querem manifestantes nas ruas
O Papa manda manifestantes para as ruas por seus direitos.

Parece que religião e povo estão unidos, e quem destoa são os políticos.
Só falta as demais religiões aderirem ao movimento contra a corrupção.

Político é uma espécie que começa agora a extinguir-se. Será um processo lento ou rápido dependendo do nível de consciência de cada cidadão. Se pensa assim, cidadão, responda nas urnas omitindo-se, e o que restará como eleitorado para esses políticos, poderão ser zebras, burros, mulas, antas, porcos, toupeiras, avestruzes, zebus... Uma vasta fauna sem CPF.   

© Rui Rodrigues


  • A Milionária indústria da escassez: A água!


Chove todos os dias em qualquer país do mundo, exceto em zonas desérticas. A água é abundante e causa deslizamentos de terra, inundações. Barragens hidroelétricas não raro são obrigas a abrir as comportas por excesso de água. Porque falta água no mundo e é tão cara, cada vez mais cara?

O raciocínio é muito simples: Apesar de serviços de terraplanagem sejam dos mais baratos em engenharia, construir pequenas barragens para coleta de água não se cogita de sua construção. As próprias estações de tratamento de água não são caras. O motivo principal é a indústria da escassez. Quanto mais faltar a água, mais caro é o preço, menor é o investimento, maior o lucro. 

A água, um bem necessário á sobrevivência, poderia ser gratuita em todos os países do mundo. Até no Saara, mas não há interesse pela lei da oferta e da procura. 

Solução: Cidades, vilas, aldeias, estabelecimentos no campo, podem unir-se em cooperativas e fazer as obras necessárias sem depender de seus governos. Se a lei proibir a livre iniciativa em algum desses países para este tipo de empreendimento, saiam para as ruas e exijam revisão na constituição ou na lei

Este conceito se aplica à energia eólica, aos serviços de tratamento de esgoto, e outros. Os gastos devem ser descontados do imposto de renda ou dos impostos federais, estaduais ou municipais por serem serviços que deveriam ser fornecidos pelo Estado e não o são. 

₢ Rui Rodrigues.




  • O Gerenciamento de Construção, os cartéis, a participação estrangeira no metrô de S. Paulo.



O Gerenciamento de Construção, os cartéis, a participação estrangeira no metrô de S. Paulo.

Administração honesta. é honesta. Quando a administração não é honesta, como considerar que as empresas contratadas sejam honestas? Afinal das contas, empresas esperam lucros, e lucros grátis são sempre os mais desejados. 


Quando uma administração é honesta, contrata uma empresa de "gerenciamento de construção", que supervisiona o empreendimento desde o inicio até a entrega das obras. Porém, no Brasil, "não sei porque razão", as empresas de gerenciamento de construção desapareceram. Elas trabalhavam na maioria dos casos para governos. 


No caso do Metro de S. Paulo, com uma obra de cerca de 15 km a serem executadas por valor estimado de cinco bilhões de reais representaria um custo de 333.333.333,00 (trezentos e trinta e três milhões) de reais por km. Abriram a concorrência a empresas estrangeiras para "baratear" o custo. Nesse caso, deve haver um estudo de custos por km que suporte a verba destinada, mas tem-se a impressão que, pelo valor do quilômetro, o lápis escorregou para o item de custo "colou não colou", e parece que tem colado mas agora não cola mais.

 
Não estará o Tribunal de Contas da União - TCU, apto a fazer uma verificação honesta, ou teremos que chamar uma empresa internacional para avaliar os rombos? Talvez se possa formar uma associação de engenheiros honestos multidisciplinar, egressos de grandes empresas internacionais e fazer um estudo completo das Obras Públicas no Brasil, analisando desde a estimativa de custos até o planejamento, o acompanhamento dos custos, a pertinência dos Termos Aditivos Contratuais... Até o encerramento. 


Por onde andam as empresas de GERENCIAMENTO DE CONSTRUÇÃO que eram tantas por este Brasil afora? Parece que foram substituídas por "consultores"... Alguns até sem curriculum adequado.


₢ Rui Rodrigues. 











sábado, 3 de agosto de 2013

INTERVENÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS.


As forças armadas defendem a constituição, não os políticos
INTERVENÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS.


Não há como negar. A indignação contra políticos corruptos e visões distorcidas do que significa governar numa democracia em que os representantes eleitos devem representar os cidadãos em seu nome e em seu favor, perdeu-se na complexidade do que se entende por democracia e pela ação de agentes que pelos corredores do poder defendem seus interesses. Os cidadãos não têm hoje, representantes à altura, com moral e ética, e isto se vê não só no Brasil como na Espanha, em Portugal, na Grécia, por todo o globo exceto nos países onde a educação fez superar a fome, os cupons de racionamento, e baniu o comunismo. De modo geral, a Europa prepara-se para uma mudança radical que não abraçará nem o capitalismo exacerbado, nem o comunismo nem o socialismo doente que busca no comunismo moribundo, quase morto, a verborréia com que atrai multidões em torno de um ideal inalcançável: A igualdade na posse de bens, porque quem trabalha mais e melhor merece ganhar mais e melhor, sem descuidar quem não possui esses atributos.

Sem representantes à altura, a indignação encontrou nas ruas a resposta para a solução de se fazer ouvir, porque governantes que têm as leis e a constituição que eles mesmos fizeram, têm também as forças armadas, os juizes e a polícia ao seu lado. Não há como tirá-los porque qualquer tentativa dirão que se trata de um atentado à democracia. Mas se não representam, como não estão representam de fato os cidadãos, em tão não se trata de democracia, e as Forças Armadas estão livres para agir ao abrigo da Constituição – SEM AS EMENDAS QUE A ALTERARAM – que foi aprovada no tempo em que os representantes ainda pensavam como cidadãos honestos, de bem, em favor da população ou da maioria que os elegeu. Hoje os partidos políticos estão mancomunados, dividem as verbas, os cargos, os ministérios, e a vida social se degrada dia após dia.

Democrata ferrenho tenho que admitir que, democraticamente jamais se mudará alguma coisa porque não há diálogo. O governo atua como quer, de forma mancomunada interpartidária. Nosso senado hoje é um clube particular onde se decide da sorte dos sócios que pagam caro mas não recebem nada em troca.

Ao aventarmos a hipótese de uma intervenção militar teríamos que fazê-lo considerando a repercussão nacional e internacional de forma a que fosse aceita em ambos os campos. Eis como vejo uma hipotética intervenção militar, com uma prévia declaração pública e mundial de que a intervenção seguiria os seguintes passos:

  1. A duração do governo militar se iniciaria com a votação nas redes sociais e em site que instalaria na Net de uma Nova Constituição que não permita o aparecimento de políticos oportunistas; que esteja de acordo com a moral e a ética que os cidadãos merecem; que será votada item por item pelos cidadãos maiores de 15 anos.
  2. O término da intervenção militar será ao final de no máximo dois anos contados a partir da data da declaração de intervenção
  3. Os políticos condenados pela justiça aguardarão o resultado da análise de seus recursos em prisão domiciliar.
  4. Todos os políticos identificados como ‘fichas sujas” serão afastados de seus cargos definitiva e para todo o sempre.
  5. Casos em que haja indícios de corrupção serão investigados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, e julgados de forma rápida.
  6. Não haverá revanchismos, torturas, perseguições, nem censura de qualquer tipo, exceto no que tange ao item 7 a seguir.
  7. Fechamento sumário e investigação de todos os Institutos e associações que tenham comprovadamente colaborado com o desvio de verbas públicas quer por contratos viciados, quer por concessões do poder público que as beneficiou, ou por desrespeito e conspiração contra a constituição [1], antes das emendas provisórias que devem ser excluídas, visto não terem sido votadas pela maioria dos cidadãos.  
  8. Aplicação de impostos aos lucros das Igrejas.
  9. Ministros escolhidos por votação popular
  10. Verificação de diplomas para concursados ou contratados do serviço público quando a função o exigir.
  11. Verificação de toda a documentação onde haja suspeitas de corrupção por grupos aleatórios de cidadãos capacitados, aposentados, agindo em conjunto com a Polícia federal e o Ministério Público[2].    

Neste momento crucial da política mundial e nacional, há que ter a “cabeça fria” e tentar a todo custo frear o extremismo a que a nossa indignação nos poderia levar. O foco deve ser dirigido exclusivamente ao combate á corrupção, à imoralidade, à falta de ética com a “res pública”, a coisa pública.

De outra forma, a própria intervenção estaria sujeita ao julgamento público sobre sua credibilidade, e neste caso, uns sairiam das ruas e outros passariam a ir para as ruas. O movimento tem que ser de unidade nacional.

© Rui Rodrigues


  



[2] É tanta a corrupção que não haveria funcionários suficientes no Ministério Público nem na Polícia federal para analisar tudo de forma rápida para evitar injustiças ou solução de continuidade. 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Venha viajar de balão. É grátis.

Venha viajar de balão. É grátis.



Quem nunca passou por uma universidade não tem a mente suficientemente preparada para ter uma abrangência ampla e global do mundo, compreender as “leis” que o regem. Destes, que passaram pela universidade, uns usam o conhecimento adquirido de forma extremada em seu favor, não se importando se suas ações ajudam a melhorá-lo ou a afundá-lo ainda mais. Não têm o conceito da perenidade das civilizações, de seus enredos. Outros olham o mundo de forma oposta e, desde organizações de beneficência até instituições religiosas vão sofrendo a dor de se opor àqueles. Outros ainda, desanimados, com diploma válido, catam alimentos em latas de lixo para permanecerem vivos por mais alguns inconstantes dias, esperando a morte verdadeira chegar, porque a social já faleceu há muito tempo.

Dos que não freqüentaram as universidades, tendo ou não um diploma comprado, ajudado, compartido, muitos entendem perfeitamente o mundo que os cerca, mas se podem encaixar perfeitamente nas classificações do primeiro parágrafo, daqueles que freqüentaram e universidades e ganharam com mérito seu válido diploma. A diferença entre uns e outros é o conhecimento. O conhecimento geral e o de causa própria.

Mas para entender o mundo de forma global e ampla, é preciso subir num balão, tão alto, que se veja a Terra girar e todos os países do mundo nos passem pelos olhos, pelos ouvidos, pelo entendimento. Vamos lá? A viagem é completamente grátis.


  1. A partida

Na partida está a família e os amigos e ou uns ou outros. Entre frases de despedida para a viagem, ouvem-se as mais dispares que chegam a parecer não fazer muito sentido, como por exemplo, para se tirar fotos lá de cima, para se ter cuidado, para nos agasalharmos. Uma tia ou uma amiga nos diz que podemos ficar descansados porque cuidarão do cachorro, que aquela conta do Banco será paga e que depois lhe reembolsaremos. Que o chefe do escritório mandou lembranças. Que a mídia nos pagará uns trocados pelas fotos. Que o aeroporto mais próximo já está avisado que o balão irá partir em seguida. É um mundo pequeno, limitado, tão ínfimo que se não fosse pela mídia, ninguém saberia da partida do balão nem quem ia a bordo. Nesse mundo pequeno, notícia só é divulgada, e de primeira página, se a bordo estivessem o presidente da república, ou a presidenta do Republico, se falássemos de “governo”. E ao dizer isto, todos em volta, assistindo à partida ririam muito, com o melhor bom humor, das cretinices alheias.

  1. Subindo em baixo nível.

Subindo a baixo nível ou em baixo nível, podemos ver casas, cidades, campos, lavouras, reservas índias, fábricas, estradas, barragens, postos de saúde, estabelecimentos de ensino, e se estivermos perto, a cidade de Brasília e o Congresso, mas não os corredores do Congresso, porque são escuros, cobertos, tapados, e lá existe uma fauna muito especial sem qualquer representante do povo. Chamam a essa fauna de lobistas, mas o nome verdadeiro deveria ser o de conspiradores, “maracutaios”, “conluistas”. E sempre subindo... Lá está... Vê-se agora perfeitamente o Brasil inteiro sob nossos olhos, do Oiapoque ao arroio do Chui. Que lindo. Sem nenhuma nuvem vê-se tudo.

Vê-se uma seca imensa no Nordeste que desde os tempos da Sudene nunca foi resolvida e canais e obras do ultimo governo paradas, mal executadas, como prenuncio de que só serão concluídas algum dia, quando derem o calote nas empresas construtoras que serão indenizadas sobre preços de custo já por si astronômicos, por atrasos no pagamento, projetos mal rascunhados, garatujas de criança. As estradas esburacadas, de terra, apesar dos bilhões de moedas pagas para a sua construção e manutenção. Escolas com merenda roubada, estragada, sem merenda, prédios ao abandono de cuidados, e como os professores mesmo assim estão dando suas aulas, não podem ser vistos do alto por causa dos telhados. Vêem-se fábricas fechadas por causa da alta do dólar que dificultou a venda no exterior de seus produtos que assim ficaram mais caros. Vêem-se cidadãos desabrigados pelas cheias e pelas derrocadas de morros, por bueiros de água que arrebentam, pro falta de emprego. Vêm-se idosos nas ruas pedindo que não lhes baixem seus miseráveis pagamentos de aposentadoria, bandidos roubando á vontade, matando, invadindo a propriedade, e assentamentos que no inicio eram povoados pelos sem terra, e que agora estão na mão de meia dúzia deles, que os outros, os que saíram dos assentamentos, estão em movimentos para ocupar novas propriedades das quais venderão depois as suas partes. Vêem-se reservas índias invadidas, nenhum índio no senado, cemitérios de ambulâncias “zero quilômetros” sem uso apodrecendo ao tempo, equipamentos hospitalares que nem sequer foram desempacotados. Podem ver-se grupos imensos de pessoas drogadas, consumidas pelo crack, gente morrendo em filas de hospitais, médicos que recebem o salário, batem o ponto e vão embora.

Do balão, a esta altitude, vê-se o que se quer ver, lê-se o que se quer ler. Muitas visões e leituras incomodam.

  1. A alta altitude.

Começam a aparecer os contornos de África, e ao norte, revolução no Egito porque um presidente se quis fazer rei e legislar em prol de um grupo, quando são muitos os grupos no Egito. Vemos pobreza em África, como se África fosse uma enorme teta seca de mãe faminta que não tem leite para dar a seus filhos. Outros lhe chuparam o leite. E quando todo o resto parece em paz, passamos por cima da Síria onde ainda há um rei absolutista que governa como rei tirano. Mais de cem mil mortos na Síria, e o mundo num impasse. Quem se importa com o povo sírio?
Subindo chegamos à Europa. Na Grécia há cerca de sessenta por cento da população desempregada. O Sul da Europa passa fome. Seus governantes agem como reis absolutistas, que legislam em causa própria e comprometem a economia, a saúde, os serviços públicos. Alguns se auto-exilaram e vivem em capitais gastando por conta de um povo que exploraram. E dizem todos que vivem numa social democracia, protegidos por União Européia que viaja agora a quatro, cinco, dez, vinte e sete velocidades, sendo que algumas não passam do zero. Estão paradas, seu povo emigrando para o desconhecido, com esperanças de sobreviver. Até na China e nos EUA, numa década apenas, cidades enormes, prósperas, ricas, se transformaram em cidades fantasmas, com industrias falidas, fechadas.

Lá do alto, vê-se o mundo inteiro e ficamos ansiosos para descer, buscar livros de história universal e pesquisar para sabermos onde erramos para vermos tanta desgraça. Talvez se os cidadãos pudessem dizer a seus governos, pelo voto, o que querem, pudessem ser ouvidos, como numa Democracia Participativa que Sócrates descobriu há milênios e agora é possível através de voto pelas redes sociais ou um site do governo para votação pública.

A paisagem vista do alto a olho nu e cérebro desligado, é soberba, divina, Mas, quando assestamos os binóculos e ligamos os neurônios do cérebro, vemos que é necessária uma grande obra para mudar o que nos incomoda.

© Rui Rodrigues,




AO MUNDO - POUR LE MONDE - AL MUNDO - TO THE WORLD

AO MUNDO - POUR LE MONDE - AL MUNDO - TO THE WORLD

El pueblo no tiene policía ni tampoco ejercito.. Si los tuviera, habría una guerra civil, porque gobierno y pueblo contrariamente al que se supone, son dos cosas COMPLETAMENTE diferentes...

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People doesn't have police and Army. Would it, and all of us would be in a middle of a civil war, cause citizens and government are two completely different things, and it shouldn't be.

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Se o povo tivesse policia e exército estaríamos no meio de uma guerra civil, porque contrariamente ao que deveria ser, governo e povo são duas coisas completamente diferentes.

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Si les gens avaient police et l'armée serait au milieu d'une guerre civile, parce que contrairement à ce qui devrait être, le gouvernement et le peuple sont deux choses complètement différentes.


quarta-feira, 31 de julho de 2013

Porque o Papa Francisco pede para rezar muito por ele.

Porque o Papa Francisco pede para rezar muito por ele.

Ateus, muçulmanos, judeus, católicos, e gentes de outras religiões sabem que o Papa Francisco I pediu por várias vezes para rezarem por ele. Fez isso na posse e na viagem ao Rio de Janeiro em julho de 2013. Pediu para rezarem muito. Porquê?
Para dar uma explicação completa, teríamos que regredir na história da Igreja Católica, saber como candidatos a Papa já assassinaram outros concorrentes para evitar que fossem eleitos, saber que o cargo de Papa já foi comprado por pesadas somas de dinheiro, que houve Papas excomungados, Papas assassinados, Papas que sofreram atentados, que já houve eleições tão demoradas que a Igreja ficou sem Papa por muitos períodos de cerca de três anos.

Tudo isto já aconteceu na Igreja Católica. Há muitos interesses em jogo no Vaticano, nas Igrejas católicas em geral, ao redor do mundo.
O Vaticano é um Estado soberano encravado na Republica Italiana. Uma ilha cercada de terras italianas por todos os lados. É um estado católico onde não se professam outras religiões, talvez uma falha conceitual da Igreja, num mundo cada vez mais ecumênico.


  1. Origem do Vaticano.
 Cidade-Estado do Vaticano
Após a morte de Jesus Cristo os discípulos se espalharam pelos continentes para evangelizar os povos, mas foi na cidade de Roma que mais sofreram sendo perseguidos, devorados em espetáculos de circo, queimados em fogueiras, no tempo do cristianismo chamado de primitivo, o cristianismo das catacumbas. O Império Romano havia expulsado todo o povo judeu, incluindo os cristãos – que também eram judeus – de suas terras na Palestina. Foi exatamente em Roma, na capital do mundo de então, que uma nova religião católica realmente se fundou como uma instituição reconhecida ao final do governo de Constantino, o Imperador. Exatamente no maior centro mundial de corrupção.
A Igreja católica exerceu enorme influência no mundo das nações durante a Idade Média, nomeando imperadores, aprovando ou desaprovando a formação de Estados Independentes, fundando Impérios, declarando guerras. Era praticamente a “imperatriz” do mundo ocidental. Cometeram-se muitas atrocidades em nome da fé, assim como se cometeram outras tantas em nome do comunismo, ou de ditaduras ou ainda de qualquer regime de governo. Em qualquer estado o que domina é o poder e o capital.

Por Constantino, o primeiro Papa com o título de Sumo Pontífice, não deveria estar sujeito a governos temporais e sua “jurisdição” se estendia à cidade de Roma e arredores. Esse estatuto durou até Napoleão conquistar a cidade de Roma e aprisionar o Papa Pio VII. Em 1815, com a derrota de Napoleão, o Papa retornou aos seus domínios: Roma, os territórios vizinhos conhecidos como o “Patrimônio de S. Pedro”, a România [1] e as Marcas [2], do outro lado dos Montes Apeninos. Numa Itália ainda dividida em pequenos principados sem uma unidade política – como Nação – a velha idéia da reunificação viu-se fortalecida na época em que Pio IX era Papa (1846). Pio IX não se opunha à reunificação, mas a Áustria ocupava territórios ao norte da Itália e a reunificação só seria possível com uma guerra, coisa que o Papa não desejava por ser a Áustria um país católico. Os nacionalistas viraram-se então contra ele. Os Piemonteses que lideravam o nacionalismo tomaram em 1860 os territórios papais da România e as Marcas. O Papa Pio IX ficou assim apenas com a cidade de Roma e o Patrimônio de S. Pedro. Foi-lhe oferecida uma compensação em dinheiro para que o Papa abdicasse do seu poder temporal sobre Roma, mas a sua consciência, e possivelmente essa perda de poder, não o permitiu. De qualquer forma, os Papas ficaram proibidos de sair da área dos prédios onde se situa ainda hoje o Vaticano.

Em 1876, uma administração italiana mais anticlerical, estabeleceu que seria crime qualquer crítica feita por padres ao governo. Logo em seguida, interditava quaisquer encontros privados de padres e freiras. A resposta do Papa foi a bula “Non Expedit” que proibia os cristãos de participar em quaisquer eleições. No começo do século XX, Pio X temendo a crescente força do socialismo permitiu que em certas ocasiões e sob estrito controle episcopal os cristãos pudessem votar para contrabalançar a massa socialista. Bento XV, sucessor de Pio X cancelou a Non Expedit em 1919 e conclamou todos os habitantes de Roma a reassumir sua cidadania Italiana a que tinham direito. Formou-se então o Partido Popolare, muito semelhante ao Democrata Cristão. Um ano depois, Benito[3] Mussolini chegou ao poder carregando o Fascismo [4]em sua bagagem política.
 Benito Mussolini - O fascista ditador morto pela multidão
Naquela época havia na Itália três correntes políticas: O partido Popolare, dominado pela Igreja, os comunistas e Mussolini. Pio XI que sucedeu a Bento XV, optou por apoiar Mussolini, como a melhor opção entre ele e os comunistas.  


  1. 2.      O Tratado de Latrão.
 Assinatura do Tratado de Latrão
Em 11 de fevereiro de 1929, O Papa Pio XI e Mussolini assinam três documentos que constituem o Tratado de Latrão, vigente até hoje, apesar de o fascismo já não existir na Itália.

Pelo primeiro documento, o Papa reconhecia que Roma pertencia ao Estado Italiano e em troca a Itália reconhecia a soberania papal sobre o Vaticano, S. Pedro e o Castelo Gandolfo; A Itália reconhecia a posse pela Igreja dos edifícios eclesiásticos de Roma, dava imunidade diplomática, livre acesso aos diplomatas estrangeiros, e liberdade em relação a qualquer interferência por parte do Estado; em troca a Itália reconhecia a religião católica como a única religião do Estado; o Papa prometia manter-se afastado de toda a disputa temporal entre as nações, bem como de qualquer congresso internacional, exceto se chamado para intermediar em disputas.   
  
Pelo segundo documento, a Itália pagou uma indenização de dois bilhões de liras.

Pelo terceiro documento, a Itália reconhecia a liberdade de comunicação do Vaticano com os bispos e católicos do mundo inteiro. Os bispos seriam indicados pelo Vaticano que teria que submeter os nomes para apreciação do governo da Itália, de forma a comprovar que não havia empecilho político contra os indicados. Por outro lado, os bispos teriam que prestar juramento de fidelidade ao rei de Itália. O estado italiano pagaria os salários de bispos e padres, a instrução religiosa seria dada nas escolas públicas por pessoas autorizadas pela igreja. O clero ficava proibido de pertencer a partidos políticos. Em setembro de 1931 fez-se um acordo adicional: Os bispos não indicariam para liderança na “Ação Católica” – a organização política da Igreja, pessoas que fossem desfavoráveis ao fascismo.

O Partido Popolare acabou. Benito Mussolini não cumpriu a palavra e até a “Non Abbiamo Bisogno” do Papa protestando contra ele, teve que ser contrabandeada para a França e lá publicada. Papas não podem interferir com política. Não devem interferir em democracias. Em regimes totalitários podem e devem como Dom Helder Câmara, quando a violência é excessiva. O hábito e a ordenação, não tiram dos religiosos a sua condição de cidadãos. Isto deveria ser válido para os religiosos de todas as religiões, mesmo a Igreja não sendo uma ONG.


  1. 3.      A Jornada da Juventude no Rio de Janeiro.

 três milhões e meio de jovens e o Papa Francisco I
Não sou católico, não sou comunista, nem socialista, nem comunista, nem capitalista e detesto ditaduras. Sou deísta e tenho a Democracia Participativa como a grande meta da humanidade a ser alcançada. Mas gostei de ver o Papa Francisco, sua simpatia, sua franqueza e sua “Divinum Albus Seditio” [5], convocando a juventude para construir o futuro, uma igreja moderna, reformada, atualizada. Afinal, “tudo o que ligar na terra, será ligado nos céus”. Estou contigo temporalmente Francisco I, e com meu Deus eternamente.
 O Papa Francisco I - Essa simpatia e transparência
Porque o Papa pediu para rezar por ele? Porque sua reforma e suas palavras de humanidade desagradarão a muita gente por esse mundo, tanto dentro quanto fora do Vaticano. Sua segurança corre perigo e todos sabemos disso.  

© Rui Rodrigues


[1] Atual Romênia.
[2] As Marcas (em italiano Marche, pronuncia-se leˈmarke) é uma região da Itália central com 1,5 milhão de habitantes e 9 692 km² cuja capital é Ancona. Tem limites ao norte com a Emília-Romagna e a República de San Marino, a noroeste com a Toscana, a oeste com a Úmbria, a sudoeste com o Lácio, ao sul com Abruzzo e a leste com o mar Adriático.
[3] Mussolini viveu os seus primeiros anos de vida numa pequena vila na província, numa família humilde. Seu pai, Alessandro Mussolini, era um ferreiro e um fervoroso socialista, e sua mãe, Rosa Maltoni, uma humilde professora primária, era a principal provedora da família. Foi-lhe dado o nome de Benito em honra do revolucionário mexicano Benito Juárez. Tal como o seu pai, Benito tornou-se um socialista. Depois mudou ao sabor dos ventos das oportunidades políticas.
[4] O termo fascismo é derivado da palavra em latim fasces. Um feixe de varas amarradas em volta de um machado,  foi um símbolo do poder conferido aos magistrados na República Romana de flagelar e decapitar cidadãos desobedientes. Eram carregados por lictores (funcionários públicos) e poderia ser usado para castigo corporal e pena capital a seu próprio comando. Mussolini adotou esse símbolo para o seu partido, cujos seguidores passaram a chamar-se fascistas. O simbolismo dos fasces sugeria "a força pela união": Uma única haste é facilmente quebrada, enquanto o feixe é difícil de quebrar. Símbolos semelhantes foram desenvolvidos por diferentes movimentos fascistas. Por exemplo, o símbolo da Falange Espanhola é composto de cinco flechas unidas por uma parelha.

[5] Divina revolução branca

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Weimar 1919 e Brasil 2013 - Um paralelo


Weimar 1919 e Brasil 2013 - Um paralelo

Traçar um paralelo não significa que os dois assuntos tenham a mesma origem, se desenvolvam do mesmo modo e terminem da mesma maneira, mas simplesmente que existe algo em comum, como poderemos ver a seguir. Mas, seja o que for, não parece se solução para os problemas que se enfrentam nos dias de hoje.
Buscando a isenção, decorrerei sobre Weimar deixando aos leitores e leitoras o comparar com a situação política dos dias atuais. Certamente encontrarão paralelos entre situações, políticos, até mesmo cidades, movimentos e partidos políticos. Basta ler pausadamente e com atenção.

  1. 1.      A cidade
Weimar é uma cidade alemã, atualmente patrimônio da humanidade, com uma característica muito particular: É uma cidade independente, isto é, tem o estatuto de Distrito (para leitores portugueses) e de um Estado (para leitores brasileiros). Nela viveram Goethe, Schiller e posteriormente Nietzsche (quando já em estado adiantado de demência). Em 1919 fundou-se a Universidade da Bauhaus. É uma cidade preferida de “seres pensantes”. A 6 km de distância fica o campo de concentração nazista de Buchenwald destoando da paisagem e da cidade.
Sua história de cidade independente inicia-se em 1918, logo após a Alemanha perder a primeira guerra mundial, com um sistema parlamentarista democrático. As forças armadas alemãs, conhecidas por sua liderança autocrática e conservadora, empurraram as negociações de paz (a derrota na guerra) para o SPD – O partido Social democrata, no governo de Weimar. A partir daí ficou no povo alemão a imagem de um partido socialista democrático que negociara (mal) a derrota, e o saudosismo de uma nação outrora poderosa no tempo dos imperadores. Sebastian Haffner chamou a Weimar “uma republica sem republicanos” e Kurt Tucholwsky “O negativo de uma monarquia” porque não era o imperador Wilhelm II que mandava e sim o Reichstag. O imperador abdicou.
 Weimar
  1. 2.      A relação entre os dirigentes da nação Alemã e os seus cidadãos.

Os EUA não eram uma potência bélica mundial até um par de anos antes do ataque nipônico a Pearl-Harbour. Eram, e são, uma democracia que visa em primeira instância o bem estar geral da nação. Foi a partir desse ataque que passaram a ser uma potência bélica, iniciando um processo de armamento por força de movimentos internos que aproximavam a nação americana contra as forças do eixo, a favor de sua aliada a Grã-Bretanha. A Alemanha, até antes do fim da primeira guerra mundial, tinha um conceito diferente da relação governo e povo, tendo por este um profundo desprezo. Diz Harold Kustz “Frederico, o Grande, chamava o povo de uma nação de escravos. Bismarck, o criador da Alemanha moderna, afirmava que não podia suportar o povo, a não ser que houvesse bebido depois uma garrafa de champanhe. A maioria dos impropérios do Kaiser Guilherme contra o povo não podia ser impressa. Mais tarde Hitler diria que os alemães não eram dignos de sua grandeza. Não sabemos o que passa pela cabeça de Ângela Merkel, mas até podemos adivinhar. O exército alemão adotava a filosofia segundo a qual todos os recrutas deveriam ser despojados de seu ”espírito de porco” e de sua condição humana, domesticados até um nível quase animal. A figura do sargento era um dos arquétipos alemães, que deveria manter a população em seu lugar : Escravos e porcos. Até hoje, a educação alemã reflete essa rigidez militar. Governos que não se importam com o povo, por mais populares que sejam, mais cedo ou mais tarde acabam por demonstrar os seus princípios, torpes sem dúvida.

  1. 3.      O tratado de Versalhes e as conseqüências previsíveis
 Tratado de Versailles
Entre perda de terras, impossibilidade de formar forças armadas e uma pesadíssima multa a ser paga como indenização de guerra, o futuro alemão era previsível: Desordem total porque as metas eram inalcançáveis. A inflação bater-lhes-ia à porta. Quem sabia disso perfeitamente era John Maynard Keynes, que participou das negociações de Versalhes como observador. A França chegou a invadir a Alemanha, no Rhur, apesar do tratado de paz, para conseguir pagamento de parcelas atrasadas. Não demorou muito para o povo alemão ir para as ruas pedindo empregos, menos inflação, redução da dívida ou mesmo dar o calote, melhores serviços públicos. A Alemanha ficou a um passo da guerra civil. Altas dívidas externas e internas, juros altos, economia em queda, corrupção têm, um efeito devastador no moral e na confiança das populações. Keynes sabia disso. Quanto ao governo alemão da república de Weimar, democrata e socialista, sabia que era necessário acalmar o povo. Mas como?

  1. 4.      Surge Adolf Hitler de um dualismo entre a social democracia e a extrema direita.
 Hitler odiava o povo alemão
Já em 1918 se sufocara pela força das armas uma tentativa de implantação do socialismo através de forças revolucionárias de esquerda lideradas por Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht[1]. Aproveitando a instabilidade e o descontentamento, Hitler viu a oportunidade de voltar aos tempos imperiais, antidemocráticos, como a base de sua plataforma política para alcançar o poder e implantar o nazismo. Velhas cenas filmadas de seus discursos mostram a “força” e a determinação dos tempos do Império alemão, uma expressão corporal clara da intenção de domar os “escravos e os porcos” de sua nação. A proposta de Hitler não era a de uma democracia, mas a de um governo forte que colocasse tudo nos eixos. No dia 09 de novembro de 1923, Ludendorff e Hitler promoveram o seu desfile golpista pelas ruas de Munique. Não deu certo, voltou mais tarde
Na verdade, a fraqueza da republica de Weimar instituída em 1919 contribuiu para a expansão dos movimentos radicais e o surgimento do nazismo. No entanto, é notável como Hitler - cuja única virtude foi a de ser esperto durante algum tempo – chegou ao estabelecimento do nazismo: Através de emendas à constituição, sutis, uma após a outra. Hitler iniciara sua carreira política como chefe do pequeno Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores alemães. Por essa época, Goebels já fazia parte da assessoria de Hitler.
No Brasil, e no inicio, o Partido dos Trabalhadores não era socialista, o que veio a acontecer quando elementos terroristas de um socialismo do passado se lhe associaram.
Alterações à constituição, ainda que com o “beneplácito régio” de um senado que pode e foi comprado por mensalidades, tem o mesmo feito das alterações provocadas na constituição alemã por partidários de Hitler.
Com o leitor fica a decisão de estabelecer – ou não – os paralelismos com a República de Weimar, ou melhor, no que ela se transformou, considerando as forças políticas envolvidas e os meios utilizados para transformação da Alemanha de uma democracia que buscava os seus caminhos, numa ditadura que encontrou outros e desastrosos caminhos.

© Rui Rodrigues


[1] Os dois foram assassinados. 

domingo, 28 de julho de 2013

A neve de verão

A neve de Verão.


Parei de respirar, depois parei de ouvir qualquer coisa, meus pensamentos pararam por completo. Não havia nada e havia tudo à minha volta. Uma luz imensa e forte, invisível, estava lá em algum lugar de meu cérebro enquanto meu corpo e minha alma pareciam prestes a explodir de emoção, de prazer, de glória infinita. Então, de repente, explodi em gozo ao som de uma fanfarra de gaitas de foles, sentindo o perfume de flores do campo que acabava numa cascata de águas límpidas e ouvi dela o arfar do relaxamento do prazer. A paisagem, os sons, a cascata, esvairam-se de repente sem deixar sinal. Era um dia de Verão. A vida era de prazeres sem um amanhã a definir. Despedi-me e levei-a até a porta. Ela estava com pressa.

Quando voltei ao interior da casa para tomar mais uns goles de vinho, e ao abrir a porta de vidro que dava passagem para a área de churrasqueira e para o jardim, vi uma osga colada no vidro. Estava imóvel, parada, a cabeça levantada, os enormes olhos atentos em mim, aguardando os meus movimentos. Suas pontas de dedos em forma de bola e sua figura esguia, elegante e fugidia, davam-lhe um ar de inteligência e esperteza que não se notam numa vaca, por exemplo, embora o tamanho dos cérebros seja um abismo de volume. Inquiri-me sobre minha própria inteligência e o que tenho feito com ela, e foi inevitável deixar de pensar coletivamente: O que fazemos com nossa inteligência, que parece estar tão intimamente ligada ao prazer, à felicidade que o prazer nos dá?



Podemos juntar tudo o que pudermos, desde algum tipo de comida, alguns eletrodomésticos, um iate, um apartamento e oferecer a uma vaca. Podemos garantir que não desejará nenhum. O que uma vaca deseja, e é feliz com isso, é pasto, água, um lugar à sombra para se proteger do sol, uma relação sexual para procriar quando estiver no cio, dias calmos sem muito sol, sem muita chuva, sem muito calor, sem muito frio. A osga é exatamente igual à vaca, que é exatamente igual a todos os animais “irracionais” que conhecemos. Entre eles há dois sintomas constantes de infelicidade: Quando o predador está com fome e não encontra presa, e quando a presa teme os predadores. Afora isso, a felicidade é completa porque não há extremos de necessidades: Fome ou medo.

E é neste ponto que nos tornamos exatamente iguais aos animais e esquecemos toda a nossa inteligência. Momentos antes de iniciar este meu devaneio provocado pela contemplação sobre a atitude esbelta de uma osga, eu tinha passado por um momento de felicidade, com a mente completamente vazia como a de uma vaca, ou de uma menor e mais simples osga. Não sentia medo nem fome, apenas a felicidade do prazer. Minha felicidade era imensa. Ao retornar à contemplação da vida deixei de ser um simples “animal” e passei a ser um animal mais complexo, que pensa, que por vezes age em função do medo ou da fome. E isto faz toda a diferença.

Por medo, por exemplo, de sermos discriminados, aceitamos os ensinamentos de uma religião, e mesmo sem crermos muito nos deuses tal como no-los apresentam, unimo-nos ao grupo de crentes dos arredores de nossas casas, para mostrarmos que somos como eles e que fazemos parte do grupo. Por medo, por exemplo, de perdermos um emprego, aceitamos que se pratique a corrupção em nosso trabalho, e fechamos os olhos rezando para que ninguém descubra, mesmo não tirando qualquer vantagem dessa corrupção, e quando em data de ir aos templos, lá vamos nós, juntar-nos aos demais para fazer nossas orações. Seria hipocrisia se não fosse por medo.

Por fome de comida, de poder, se pode roubar desde uma galinha ou uma fruta de árvores dos vizinhos, que no fundo não faz falta a ninguém, até um carro forte, um banco, uma joalheria, ou o que é bem pior, as verbas públicas, que são destinadas a melhorar os serviços públicos, a prover água, esgotos, saúde  transportes e ensino públicos.  

A ambição advém do medo de ter medo e do medo de ter fome. A ambição é um lazer, uma distração de quem quer ter sempre mais e coleciona moedas, jóias, bens móveis e imóveis, mas não tem medo de que lhe assaltem a casa, de que lhes tirem os empregos, coisa de gente que concorre a cargos públicos, faz parte de partidos políticos, deseja viver isento de perseguições da lei e de suas punições. Este mundo seria muito melhor se tais políticos não tivessem o poder que têm, e se pudessem perder os bens acumulados com o poder e com a corrupção que sua ambição os faz aceitar como coisa “normal”, protegida pela lei.

Em algum momento que não percebi, a osga se afastou de mim. De mim, que jamais tinha a intenção de magoá-la, de lhe prejudicar a vida. Osgas são espertas e não se arriscam por muito tempo à espera de movimentos da vida que não conhece no seu entorno. Fogem antes que possam ser atacadas. Políticos não. Continuam lá em seus postos, protegidos por leis que só eles fizeram e aprovaram e que lhes dá a força das forças armadas com que atacam os cidadãos. Políticos são osgas protegidas pelas leis e pelas forças das leis. Frente a tudo isto, não passo de uma vaca, melhor, um boi de olho macio e perdido, ruminando sua felicidade parada sem sequer ter vontade de escolher o que mais gostaria de ter, porque o pasto parece-me suficiente.

Principalmente num dia de verão, em que não neva, não faz frio, e o calor não é muito. Mas como seria bom que nevasse, que a lareira tivesse achas queimando, o vinho tinto e seco estivesse a 19 graus, e as osgas fossem humanas. Então eu não seria um boi ruminante.


© Rui Rodrigues










    

sábado, 27 de julho de 2013

Fácil entendimento da relatividade e da velocidade da luz para leigos como eu.

A relatividade, a velocidade e o tempo para leigos como eu.

De olhos abertos não conseguimos ver nada. Ou melhor, vemos, mas nos perdemos na confusão da profusão do que vemos e dispersamos nosso olhar por uma paisagem rica em detalhes. Por outro lado, nosso pensamento é rápido e nossos olhos lentos. Albert Einstein tinha os mesmos problemas. 

De olhos fechados, não vendo nada, temos a vantagem de não dispersarmos o nosso olhar e de nos podermos concentrar numa imagem, visualizá-la de forma fixa e isolada sem perturbações. Então vamos lá, para a teoria da relatividade, tentar entendê-la da forma mais simples e de olhos fechados.

Antes porém de fechar os olhos, pense em algo desagradável que aconteceu em sua vida. O tempo demorou a passar, não foi? E quanto a coisas alegres, uma festa, por exemplo, ou as suas ultimas férias? Passaram rapidamente sem dúvida, mas para a média da humanidade, porém, o tempo decorreu sempre à velocidade de sessenta segundos por minuto. Nem mais nem menos. Ou seja, o tempo não mudou, mas “parece” que se alonga quando estamos vivendo um momento difícil e se encurta quando vivemos um momento feliz. A velocidade da luz tem algumas semelhanças com esse fato verídico.

Feche os olhos e imagine o que segue.

Agora se prepare para viajar numa nave muito especial: Ela é transparente, e você se vê solto no espaço, no vácuo, embora dentro da nave. Essa nave está solta, pronta para obedecer aos seus comandos e ela pode viajar a qualquer velocidade. Do lado de fora da nave, uma potente lanterna, um holofote poderosíssimo que você pode ligar a qualquer instante.

Dê a partida.  Pouco tempo depois, ligue o holofote e desligue... A luz emitida pelo holofote durou apenas enquanto o manteve ligado e depois sumiu sem rastro, tal como acontece normalmente: Quando o ligou, a lanterna disparou raios de luz a uma velocidade de 300.000 km/s. É natural que não tenha visto para onde os raios de luz foram, embora saiba que foram “em frente”, afinal a luz é muito “rápida”.

Então você decide igualar a velocidade da sua nave à velocidade da luz. Acelera e quando já está muito próxima dessa velocidade, ou seja, perto dos 300.000 km/s, você volta a ligar a sua lanterna. O que espera ver? Provavelmente a luz se afastar muito devagar da nave - já que as velocidades são quase idênticas - e poderia até perceber os raios ainda visíveis, quase emparelhados com a nave, mesmo depois de desligar a lanterna, mas não é isso que vê. O que vê é nada. A luz passou chispada à mesma velocidade de 300.000 km/s como se sua nave estivesse parada. A luz ignorou a velocidade de sua nave. E se pensou em virar a lanterna ao contrario, girando-a em 180 graus para que visse a luz viajar ao dobro de sua velocidade normal, engano seu: A luz chisparia em sentido contrario ao seu à mesma velocidade de 300.000 km/s.

Então pensaríamos que a Luz tem sempre a mesma velocidade de 300.000 km/s... Mas seria um engano lamentável... E para explicar, temos que voltar à comparação do tempo quando passamos por momentos felizes (quando parece passar depressa) e por momentos infelizes (quando o tempo parece andar muito devagar). 

Para a luz, todas as situações são de momentos felizes... Viaja sempre a 300.000 km/s em qualquer situação, exceto quando se encontra num momento infeliz, isto é, cerca de um buraco negro, ou de corpos celestes de grande massa (como o nosso Sol), em rota tangencial ou de colisão. Nestes casos temos que levar em conta que a luz se comporta ora como uma onda, ora como um corpúsculo, uma partícula, que, por menor que seja, tem massa, até mesmo porque se trata de energia e energia é massa e vice-versa. Sendo massa, está sujeita à atração da gravidade. Aos buracos negros se chama também de “singularidade”, exatamente porque são corpos singulares, únicos. Neles, e em suas proximidades, as leis newtonianas da física se modificam e entramos na física da relatividade de Einstein. Einstein provou que o espaço está intimamente ligado ao tempo. São indissociáveis. Não se pode separar um do outro. É nele que os corpos celestes se movem ou simplesmente “estão”. Um corpo celeste de grande massa como estrelas e planetas, por efeito de sua força de gravidade – ou de seu campo de gravidade – distorcem o espaço (entenda-se o espaço e o tempo simultaneamente). O campo de um buraco negro é tão grande, tão forte, que “atrai” até mesmo os raios de luz que reduzem sua velocidade até pararem por completo quando atingem a sua superfície, quando são absorvidos. Neste momento, o tempo pára os raios de luz, reduz-se a zero. O tempo pára, não há tempo numa singularidade, o espaço está tão comprimido que praticamente quase não existe: A massa do sol poderia caber na cabeça de um alfinete se fosse reduzida a um buraco negro. As dimensões de uma cabeça de alfinete comparadas às dimensões infinitas do Universo são praticamente igual a zero.

Apenas como curiosidade, se a sua nave se dirigisse a um buraco negro, ao chegar suficientemente perto, estaria sujeita à sua força de gravidade. Esta agiria sobre toda a nave, mas seria muito maior na cabine do que na cauda de sua “Enterprise”, para lembrar a série de televisão. A diferença da força agindo na cabine e na cauda seria de tal ordem, que sua nave –e você também – espicharia, rasgando-se em pedaços até não serem mais do que partículas comprimidas sem qualquer espaço entre si.

Não há luz nem tempo no interior de buracos negros, e todo o espaço se foi, agora ocupado por partículas comprimidas.


© Rui Rodrigues