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sábado, 10 de janeiro de 2015

Pela União das Sociedades Livres Internacionais.



A água só encharca a areia e o solo, porque há espaços entre os pequenos grãos de matéria, de areia... Há solos desde secos até encharcados e submersos...
Nós, humanos, não temos como sociedades formadas, a coesão necessária, como nas argilas onde todos os grãos estão perfeitamente unidos e coesos, e quando isso acontece, com a população toda unida, dizemos que estamos politicamente sob a forma de um ultranacionalismo que leva ao nazismo, ou ao comunismo ou à extrema-direita.
Os movimentos "de exceção", fora da curva provável (de Gauss) de comportamento social, vêm crescendo assustadoramente. Primeiro foram atos terroristas de cidadãos de países árabes nos idos dos anos 60, desviando aviões da rota e abatendo-os. Mataram atletas judeus nos jogos Olímpicos de Berlim. Aqui no Brasil também os tivemos. Depois, mais tarde, apareceram os Talibans no Afeganistão, as FARC na Colômbia, A Al-Qaeda, outros mais, grupos confusos na Síria, e o Boko-Haram, este o mais recente, que matou recentemente mais de 2.000 cidadãos na Nigéria, povoados inteiros em fuga. E há o ISIS, este mantendo um exército de simpatizantes de muitas nações do mundo. Nesta semana a Al-Qaeda fez vitimas entre inocentes de um jornal humorista francês em Paris: o Charlie Hebdo.
Tal como a água, estes grupos terroristas encontram seu espaço para invadirem sociedades, torna-las reféns, cortar-lhes os pescoços, abatê-las a tiro, crucificá-las, bater em mulheres, raptar mulheres estudantes, apedrejá-las, praticando todo o tipo de barbáries medievais, em nome, dizem eles, de Maomé, de Alá.
Nossas sociedades têm-se mostrado permeáveis a este tipo de penetração estranha ao nosso contumaz comportamento de sermos democráticos e a favor de não medir esforços para manter a paz e a tranquilidade. Mas aqueles não nos deixam viver assim...E nestes casos, dar a outra face a quem nos mata, torna-se impossível, e a fé tem que ir para o lixo...Nossos governos precisam unir-se todos em prol de um mesmo objetivo...
É guerra ao terrorismo, aos terroristas, tirá-los do poder, estejam em que países estiverem, acabar com exemplos de que terroristas podem chegar ao poder de uma nação!!!!!
RR

A experiência do semelhante.

A experiência do semelhante.


Ele acreditava que o universo era “algo” muito simples. Tão simples tão elegante, que se pudesse aplicar uma força de modo adequado num pedaço à toa de espaço-tempo, poderia formar outro universo distinto deste em que vivia, sem que, contudo, os dois interferissem um no outro. Era como se criasse um novo universo, com as mesmas propriedades, numa outra dimensão de espaço-tempo, os dois invisíveis um para o outro. Afinal, já era fato assente na comunidade astrofísica internacional que nosso universo tem onze dimensões. Não doze, nem dez. Onze!



Para isso, precisaria de um acelerador de partículas, hádrons, ainda maior que o da Suíça, lá em Berna, chamado de CERN. Para a sua experiência, precisaria de um que acelerasse muito as partículas a serem colididas, de forma que a alta velocidade lhes desse a energia necessária para deformarem o espaço-tempo de forma a criar um novo universo. Achava que sabia, tal como os outros físicos seus conhecidos, como Deus havia feito este nosso Universo. Exatamente com que instrumentos, não sabia, mas sabia que tudo havia começado com um enorme big-bang, uma partícula extremamente carregada de energia, quente, pouco pesada, mas com altíssima densidade, tudo beirando o infinito e que logo após a sua formação começou a inflar tal como um balão, mas a uma velocidade ainda maior, muito maior que a da luz. Nada viaja a velocidade maior que a da luz, mas a inflação não é nada que se move. Nada se move na inflação, Tudo fica em seus lugares relativos, sujeito localmente a forças da gravidade na medida em que a matéria vai sendo criada.

Todos os seus cálculos estavam bem guardados em seu computador. Uma senha toda sua era necessária para dar-lhe acesso. Seus cálculos mais recentes indicavam que nem precisaria de nenhuma partícula para iniciar um novo universo. Bastava comprimir o espaço-tempo, todo ele à sua disposição em qualquer lugar da sala, da área junto ao seu quintal, a uma pressão quase infinita, assim como uma boa martelada dada com muita força, usando uma marreta. Claro que era só uma forma de se expressar para simplificar a forma de obtenção de um novo universo. Na verdade, precisaria mesmo de um acelerador de partículas que desse a volta á Terra e não apenas um círculo de uns 5 km de extensão como o CERN lá na Suíça. Deitou-se cedo naquela noite, e antes de adormecer, ainda lançou um pensamento para Deus, feito à sua semelhança, isto é, ele é quem tinha sido feito à semelhança de Deus, podendo até, eventualmente vir a ser um Deus, porque para ser aceito como Deus, bastava construir um universo. O problema maior para seu pequeno ego, era: Mas quem o aplaudiria depois? Quem o reconheceria como Deus?



No meio da noite, acordou suado. A noite estava quente e o pequeno ventilador que sempre fora suficiente para outros dias quentes não dava vazão suficiente de ar ventilado para baixar a temperatura. Era estranha a sua casa. Mesmo em dias quentes, bastava o ventilador para sentir um pouco de frio e ter que arrumar o lençol para se cobrir um pouco, dormindo tranqüilamente, mas naquela noite não. Fazia muito calor. Levantou-se, bebeu um copo de água fresca que retirou de uma jarra guardada na geladeira fiel comprada há dez anos atrás, nova ainda, e foi até a área da churrasqueira. Sentou-se numa cadeira para apreciar a brisa da noite que soprava do mar. Sempre soprava do mar, trazendo-lhe os sons fortes das ondas batendo nas areias da praia. Sabia que os peixes têm ouvidos e sempre se impressionou como poderiam os peixes viver perto da praia com um barulho terrível e constante das ondas martelando ecos na água de uma potência tão tamanha. Não ficariam surdos? Ou esses, de perto da praia, já seriam surdos por natureza? Levantou-se. Da cadeira, pegou o copo de água vazio e ia voltar para dentro de casa quando viu o martelo, a marreta, parecida com aquela de Thor, o deus nórdico do trovão, das histórias em quadrinhos. Era apenas mais pontudo numa das extremidades. Voltou a colocar o copo vazio em cima da mesa, pegou na marreta e foi até uma pedra grande, onde costumava fazer algumas de suas simples experiências. Ele era um semelhante de Deus. Poderia fazer um novo universo sem mesmo interferir com este nosso onde vivemos. E imaginou, num acelerador de partículas construído no caminho da Terra à Lua, uma partícula sendo acelerada, aumentando a velocidade a cada trecho de um enorme túnel, acelerada por enormes aparelhos magnéticos, e indo chocar-se contra um anteparo onde estava outra partícula. O choque das duas teria a energia necessária para a criação de um novo universo.



Repetiu o pensamento, mas desta vez segurando o martelo no ar, e baixando-o com força sobre a pedra de suas experiências. O martelo baixou estranhamente mais rápido do que de costume. Ao atingir a pedra com toda a força, não conseguiu ouvir o som da martelada. Não ouviu nada mais, mas conseguia ver perfeitamente. Via o planeta Terra na sua frente afastando-se bem devagar, ainda imenso, diminuindo a cada segundo. Sentia-se numa malha como feita de linhas de pescar, uma rede. Uma porção delas onde seu corpo se diluía, se esfumava de três para duas dimensões e depois nem um ponto sequer sendo. Sentia que seu universo estava criado, mas não via mais nada, nenhum brilho, nenhuma luz. Havia uma explicação científica: A luz ainda não se formara. Só daí a 300.000 anos luz, uma imensidão de tempo, mas evidentemente que veria tudo o que acontecesse nesse seu belo universo por toda a eternidade, desde a formação de matéria até a concentração em planetas líquidos, que secariam, teriam água, onde cresceria a vida. Minúsculos seres desceriam de árvores e começariam a caminhar até se tornarem deuses. Esse era agora o “seu” universo ao qual estava indissociavelmente integrado.Sua casa, seu martelo, estavam irremediavelmente perdidos num outro universo perdido definitivamente e do qual já não fazia parte.

Agora ele era eterno, e sabia o que era ser um Deus! Só ele sabia. Mais nada nem ninguém. Sem aplausos!

® Rui Rodrigues



Pontal do Peró, 10 jan 2015

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"Pazta- zupa de Camarrun" ao Curry de Monsieur Rui - Sou eu mesmo....

"Pazta- zupa de Camarrun" ao Curry de Monsieur Rui - Sou eu mesmo....




(Prove e lamba os beiços e os dedos)

- Limpe um peixe extraindo apenas a carne e corte em cubos ou lascas. (Do restante, cozinhe tudo numa panela com restos de tempero e guarde no freezer para uso em caldos, para fazer uma sopa de piranha, etc...)- coloque numa panela com água...E já acenda o fogo...
- Corte um reponho médio em quatro partes. Picote uma (ou duas) delas e jogue na panela
- Adicione três dentes de alho picado, uma colher de chá de curry, meia a uma embalagem de creme de leite...
- 250 gramas de camarões pequenos, médios ou VG.. (Você manda na cozinha)
- Uma pitada de sal
- Coentro, um manchão picado... (mão cheia)
- Quando parecer que está tudo cozido, uns dez minutos, jogue massa a gosto (furadinho, pene, parafuso, etc... Não esqueça nunca... Você manda na cozinha)
- umas gotas de pimenta dedo de moça guardada em azeite (piri-piri para os portugueses)

Espere mais cerca de oito a doze minutos e escorra (jogue este produto do escorrimento junto com o molho feito do resto do peixe)

Sirva com queijo ralado generoso e uma boa regadela de azeite, juntando algumas azeitonas pretas. Pão caseiro pode ser uma excelente opção, tudo regado a vinho branco seco...

Passe bem... Viva bem... Coma bem... E não se envergonhe de molhar o pão na sopa... Ou melhor .. Na "Pazta-zupa de camarrun" ao Curry. Mas... Se preferir, bata tudo no liquidificador e CRAU! Trace sem medo de ser feliz...Com boa companhia ainda é melhor... E se não gostar... beba muito!....

RR

Em quantas partes o mundo se divide...O cardápio!

Em quantas partes o mundo se divide...O cardápio!


Em milhares... Talvez milhões... Mas não há maternidades no Vaticano. Todos são turistas residentes por lá.  

Em Norte e Sul, querendo dizer que o Norte do globo é mais desenvolvido que o sul do globo terrestre... Em desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos... Em Cristãos, árabes, judeus, muçulmanos e terroristas... Em gays, heterossexuais, homens, mulheres, velhos e crianças... Em ricos, classe média, classe C, pobres e miseráveis... Em europeus, asiáticos, africanos,  americanos, sul-americanos, cubanos, hindus, indianos, albinos, albigenses...

Em pacifistas, terroristas, apáticos, ateus, professores, alunos, eruditos, alfabetizados, analfabetos e analfabetos funcionais.. Em internautas e nerds, humoristas, pessimistas, cínicos e fiéis... Em sulistas e nordestinos... Em padres, pastores, pais de santo, rabinos, brâmanes... Em negros, brancos, peles vermelhas, hindus, asiáticos, mulatos...

Em comerciantes, industriários, políticos, povo, policiais, bandidos, terroristas e religiosos, pedestres, motoristas, ciclistas, astronautas, aviadores e marítimos... Em ingleses, portugueses, franceses, brasileiros, alemães, escoceses, irlandeses, japoneses, chineses, norte-americanos, afegãos, uruguaios... Em continentais e insulares... Em velhos, homens, mulheres, crianças, parturientes... Em vivos, doentes e mortos.

Em esfomeados, bem alimentados, bafejados pela sorte, alijados... Legítimos e bastardos, bandidos, policiais e ladrões, réus advogados, promotores e juízes, assistência e jogadores...Futebol, voleibol, cricket, pôker, salto à vara, maratonas, natação... Nacionalistas, traidores, socialistas, comunistas, capitalistas, esquerdistas, direitistas, mafiosos, extremistas de esquerda, direita, centristas, democratas...

Governos e povos, polícias e ladrões, ateus e religiosos, médicos e pacientes, prós e contras, agricultores e pacifistas, loucos, dementes, sãos, perdidos e salvos, náufragos e imigrantes, bons e maus, ocidente, oriente, extremo-oriente e Oriente Médio, Mídia e espectadores, telespectadores, médicos, enfermagem e assistentes... Corruptos e incorruptível (só deve haver um, mas ninguém sabe quem é, onde reside)...

Honestos, maldosos, gozadores, humoristas, teatrais, exagerados, discretos, tímidos, metidos, dançarinos, atores, palhaços, equilibristas, bêbados, drogados, fumantes, cachaceiros, uisquistas, vinhistas, cervejistas e cervejeiros. Vascaínos, flamenguistas, barçeiros, monarquistas, democratas e republicanos, barqueiros e balseiros, boiadeiros e trompetistas. Dijêis e diferentes, iguais, funckistas e fogueteiros, narcisistas, apologistas, escritores e beneficentes, poetas, versistas.

Cada um pode ser muitas coisas simultaneamente, fingir que é adepto de outras, tudo em maior ou menor grau e contra da mesma forma. Sempre unidos em grupos minoritários por si mesmos, mas que podem constituir imensas nações unidas pela liberdade ou pela força das instituições, com ou sem violência. Um indivíduo pode simultaneamente pertencer a vários grupos, e ao se falar contra um grupo, por vezes se mobilizam outros, dependendo da força de aglutinação de indivíduos em torno de um tema.

A mesma regra aplicada a todos os grupos, de coibir a liberdade de expressão, ainda que a expressão pareça de ódio, de humor, ou do que quer que seja, tornaria a humanidade como um enorme animal de boca fechada para não ferir susceptibilidades. Nenhuma delas!...Para uns, parece um anjo... Para a maioria é um demônio... Temos que ser menos susceptíveis, para não sermos tão odientos, odiados, odiosos...

Os limpadores de chaminés foram extintos com o advento do motor a gasolina, e não eram nenhuns demônios. Os inquisidores já se aposentaram para o bem da humanidade. Chega de inibir para proibir e castigar.... 


® Rui Rodrigues 

Charlie Hebdo (Hebdomadaire) et le monde...

Charlie Hebdo (Hebdomadaire) et le monde...

Faço-me uma pergunta: - Que outra religião, além da muçulmana, produz tantos “heróis!” terroristas que se dizem ser vingadores do profeta, do Islã, que são até capazes de confundir bom humor com afrontas?

Parece ser uma tendência mundial que luta pelo “politicamente correto”, pelo “fim” de declarações de “ódio”... Mas o que é “ódio”? O que é “afronta religiosa” ? Qual a interpretação?

Ninguém aceita que se fale mal da própria mãe, mesmo que ela seja capa de revista pornográfica, tenha traído o pai com mil amantes, e desfile hoje na zona de baixo ou alto meretrício da cidade. Baseamo-nos em “valores” e tradições que estão em desuso. É uma questão de tempo nos habituarmos às mudanças de sociedades em evolução e transformação. Quando evoluem no sentido de nossas tradições, costumamos apoiar. Quando elas divergem, costumamos recriminar. Daí ao ódio – o que quer que isto possa significar – vai um curto passo. Ódio se evita imediatamente, ao vermos algo novo e dizermos nós mesmos: Gosto (ou não gosto) disto, não sou assim (ou sou), mas todos têm o direito de pensar diferente. Foi graça a pensamentos diferentes que evoluímos e estamos aqui, agora e hoje, nos questionando sobre o que é “direito” ou não. E o que é direito?


Mas há vários fatos que explicam este comportamento de não se aceitar o pensamento dos demais. O primeiro deles é a competição num mundo cada vez mais povoado onde as disputas por empregos, pelas condições de vida em geral, buscam alguns a se unirem a grupos de mesma idiossincrasia para se sentirem mais apoiados e mais fortes. Cresce assim a ultradireita no mundo, tão terrível quanto a extrema-esquerda: Costumam ser excludentes e de controle social extremamente ditatorial e duro. Não é disto que precisamos. Mas este é um tipo de raciocínio racional. O outro motivo é religioso. Sempre foi. Mas ambos, quer o primeiro quer o segundo motivos, sempre acompanhados de fundo também político. No nosso passado histórico já tivemos perseguições a católicos, a judeus, e até aos próprios muçulmanos. Usaram todo o tipo de aberrações de controle. Tais como circos para jogar pessoas às feras, até as jogarem em fogueiras para assarem e todos verem. Muitos mudaram de religião para não serem perseguidos.

Nos dias de hoje matam-se até em jogos de futebol. É a raiva, o ódio, e uma porção de sentimentos que os levam a isto, mas a solução não é “corrigir” os desgarrados da “conduta”, mas tornar o mundo mais justo para todos. Esta função pertence hoje, integralmente, aos governos, mas não é isto exatamente o que vemos. O problema está em outro fator diferente da religião e da política: A economia!... Todos dão dinheiro, lucros, a quem chega ao ponto de liderança, mas os “súditos” continuam envolvidos por enormes pirâmides que não lhes permite participar dos lucros. Os lucros dos negócios que envolvem a política, a religião e a economia,constituem uma outra pirâmide invertida da primeira, a da sociedade dos dirigentes e súditos. Na primeira, poucos mandam a maioria obedece, na segunda poucos ganham muito e o resto pena para sobreviver ou viver mais ou menos. Duas pirâmides que precisam ser achatadas.

A primeira se achata com a Democracia Participativa(
http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/), todo mundo poder votar em tudo, absolutamente tudo. A segunda será achatada em decorrência da mesma Democracia Participativa. Mas... Há sempre um “mas”, tal como as sociedades buscam grupos de igual idiossincrasia, e são muitos os grupos de idiossincrasia semelhante, também os políticos se unem em grupos semelhantes em pensamento filosófico ou de conveniência, e muitas são as religiões até de mesmo deus ou semelhante.

Ou seja,... Mesmo na identidade comum continuamos a competir. É uma característica da humanidade, baseada no medo de perecer, na necessidade de pertencermos a grupos que defendam ideais comuns. Somos uma sociedade humanizada – pelo menos assim pensamos que seja – que não tem salvação, uma garantia de paz eterna, de um Éden na Terra.


Charlie Hebdo é um jornal semanal. Nele. Com muito humor, têm sido, e continuarão sendo postadas imagens hilárias que nos mostram como somos falsos, de conveniente interpretação de fatos assim nos agradem ou não, que vamos aos templos com coração protegido pela couraça da fé, e quando saímos enfrentamos o mundo “hostil” às nossa volta com tacapes, porretes, armas, e frases feitas aplicadas à conveniência de nossa (falsa) moral.  Tudo para fazermos parte de um “grupo” que só por sorte será unido e o mesmo quando entram em jogo outros fatores, como a sociedade, a religião, a política ou a fé...
 Não valemos nada... Ou quase nada. Somos uns falsos. Mas sabem quem não era falso?


O pessoal do Charlie Hebdo. Por isso os amo bastante, e os admiro... Dizem tudo com humor e sem ódio algum. Quem vê ódio em seu humor, tem ódio até o mais profundo de sua alma negra e mais falsa do que a nossa.


® Rui Rodrigues 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O custo do litro de água no Brasil, pode estar engordando políticos...


A inflação dos custos de água chega a preocupar... Mas não é nada que não se possa entender...
Como sabemos, água não tem que se alimentar de ração, não tem que usar vacinas para evitar doenças, não precisa de ação de veterinários... Nem de grandes instalações para pastos... Nem sequer de petróleo para alimentar enormes caldeiras onde possa ser amassada, pasteurizada... E ainda produz dois subprodutos: O vapor e o gelo... por que será tão cara?Porque se vende a água a um custo de litro superior ao da cachaça e do leite?
Porque é um “mercado” que interessa a muita gente, e do qual se extrai não só altos lucros, como também propinas e “extras” sensacionais...
Por isso não há interesse em aumentar a quantidade de Usinas de Tratamento de Água... Nem de construir adutoras para levar a água a essas usinas... Com tantos e imensos rios, nossa água no Brasil poderia ser até Grátis. Perguntem a vossos governadores que dizem representar vocês, porque não fazem isso...Ou também estarão interessados na “falta” de água que faz subir os preços? É a falta de interesse de governantes que alimenta esse fabuloso comércio da água... Alô Polícia Federal !!!!!
Quem não sabe ou é porque não estudou ou por que não quer saber...E para os "GOVERNISTAS", todos os erros são "atos de heroísmo"...
RR

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A célula do Espaço tempo


A célula do Espaço tempo




Hoje, dia 05 de janeiro de 2015, entra para a história de minha história. É um dia de extrema felicidade. 

Vinha desenvolvendo uma teoria que aparentemente não tinha empecilhos. Comecei a desconfiar dela, não uma, mas duas , três, muitas vezes, sem encontrar defeito. No entanto, na medida em que mais procurava por erros, mais consequências decorrentes eu descobria que a consolidavam... E foi assim que, de algo que parecia pronto em dezembro de 2013, se prolongou por 2014  todo, e quase terminando hoje. É que ainda falta voltar a redigir tudo (porque descoberta gera descoberta) em PDF, anexar uns gráficos e mandar para a Science...

A unica coisa que posso adiantar é que descobri a mínima célula de espaço tempo, explicando o que é espaço-tempo, velocidade e tempo, sem ferir as equações de Einstein ou a Física Quântica modernas, mas complementando-as. Agora podemos saber com toda a certeza porque não podemos superar a velocidade da luz, porque as viagens no tempo são completa e totalmente impossíveis, e porque a velocidade da luz tem um limite. Porém, sob uma abordagem completamente diferente que pode abrir caminhos para uma tecnologia impressionante. E para finalizar: O Espaço-tempo pode ser usado como computador. (Não poderia deixar de levantar pelo menos este véu)

Algo completamente inesperado, apaixonante. Estou dando pulos de alegria, mas completamente frustrado: Não há bebida em minha casa hoje.... rsrsrsr

® Rui Alberto Monteiro Rodrigues

domingo, 4 de janeiro de 2015

Viver é muito simples e gostoso.


Viver é muito simples e gostoso.

Costumamos reclamar muito da vida. Então, para mostrar que não temos tantos motivos para reclamar, escolhi o mais difícil período da evolução humana para poder mostrar que a vida sim é muito simples, e gostosa de ser vivida. E como prova de que valeu a pena, estamos aqui para lembrar nossos amados ancestrais, nossos heróis, nossos milhares, milhões de pais e mães que ficaram no passado. Ficaram não. Se pudéssemos viajar a outro planeta em outra galáxia e assestássemos um telescópio super potente para a Terra, veríamos todo o passado de nosso planeta dia a dia, instante a instante e cada um deles. Mas falar desta possibilidade [1]é outra história.


Imagine um mundo selvagem daqueles tempos em que, extintos os dinossauros, os primeiros primatas começaram a palmilhar este planeta sempre em busca de fontes de água e árvores de frutos, arbustos comestíveis... Não tinham noção nem de quem eram, nem de onde estavam, e muito menos da razão, se é que havia alguma, de estarem ali, fazendo parte de pequenos grupos para melhor se defenderem dos predadores. Sim. Havia predadores, bastantes, fortes, ágeis. O tigre dente de sabre era um deles. O que pensariam esses primeiros primatas, numa situação de perigo, vendo um tigre dente de sabre atacando um membro do seu grupo, que se isolara por descuido, ou, para garantir a segurança do grupo, que se aventurara a ir um pouco mais á frente, assim como uma isca, um escuta. Talvez que o primeiro sentimento fosse o da perda de “algo” que fizera parte de suas vidas, e com o qual talvez até se tivessem divertido algumas vezes, quiçá um bom companheiro que os ajudava a colher frutas, um herói de lutas contra predadores, o mais atento do grupo que podia detectar o perigo mais facilmente que os demais. Talvez, porém, logo lhes adviesse um segundo sentimento. E agora, que ele estava sendo comido pelo tigre, quem iria à frente como escuta, para ajudar o grupo em seu caminho a são e salvo? Qual deles seria escolhido pelo macho dominante, o chefe, para a função? E talvez um ultimo sentimento, caso ele tivesse uma companheira, filhotes: Quem se tornaria responsável por eles? Como lhes contar a fatalidade?


Visto assim, a vida parece difícil, mas esses momentos tensos não aconteciam todos os dias, nem todas as semanas. Viviam tão preocupados com a vida do dia a dia, que o tempo para eles deveria ser muito relativo. Nem sabiam contar os meses nem os anos. Simplesmente viviam. Suas preocupações eram a água, o alimento, a segurança, conseguir uma fêmea para sentir prazer, mas para isso era necessário que ela tivesse “o cheiro”, aquele cheiro que os excitava, e elas nem sempre tinham esse cheiro. Não eram raras as brigas às dentadas, porque não conheciam armas nem utensílios para bater. Também não tinham nem idéia que transando poderiam gerar filhos. Seu faro apuradíssimo lhes salvava as vidas amiúde, percebendo a presença de predadores nas imediações. No entanto, predadores sempre pegam as presas mais fáceis, e esses nossos ancestrais não eram fáceis de pegar. Por outro lado, predador alimentado não costuma atacar, a não ser que se sinta provocado ou em risco e só matam o que precisam para comer. Por isso a mortandade entre eles era baixa. O maior problema eram as doenças, as quedas, a idade que geralmente não passava dos 30 anos. Mas não eram dias mais perigosos que os de hoje.


Podemos imaginar melhor vida que sair pelo mundo sem estradas, sem aviões, em contato direto com a natureza, sem grandes ambições porque os bens disponíveis se resumiam apenas a alimentação, água e oportunidade de fazer sexo? O máximo de que poderiam ter inveja era a força do mais forte do grupo para comer sempre o melhor pedaço, pegar o melhor lugar á sombra, ter a mulher mais apetecível. Mas quando descobriram o fogo, almejaram também se sentar no lugar mais conveniente perto do calor nos dias frios e nas noites escuras, mas isso era prerrogativa do mais forte. A descoberta da primeira arma, um tacape provavelmente, transformou seus objetos de desejo. Cada um queria ter o tacape mais eficiente. Depois, com a evolução, o arco mais duro e flexível, as melhores flechas, a melhor casa feita de varas e cobertas com peles de animais.

Estamos chegando a um ponto, nos dias de hoje, em que há tanta coisa, tanta coisa que se poderia ter, que queremos ter tudo. Continuamos apreciando a mulher do próximo, perdemos o faro para o cheiro das mulheres que já nem têm cio, porque isso se tornou irrelevante, já nem importância damos á virgindade, e até a cada dia mais de nós perdem o interesse por mulheres, e vice-versa, porque o objeto do desejo passou a ser o prazer, e não a mulher ou o homem. Discussões atentam contra o prazer e o matam. Já não precisamos viver em grupo, mas com tanta violência crescente, talvez tenha chegado o tempo de resgatar esse hábito dos nossos ancestrais. Andar em  grupos pelas ruas pode ser uma razoável  estratégia de defesa, até o dia em que os “predadores” percebam que também podem andar em grupos para terem mais eficiência nas “caçadas”. Por isso que muitos se isolam numa era de nossa evolução em que, em vez de 30 anos de expectativa de vida, já chegamos aos quase 80 anos. Somos agora mais altos e mais fortes que nossos antepassados e a coleção de bens disponíveis candidatos a objetos de nossos desejos, são inumeráveis.

Já pensou em passar seus dias vendo o nascer do Sol, trabalhar umas horas, comer, voltar a trabalhar, preparar o jantar, ver o pôr do sol, dar uma transada, conversar, tomar um copo de água e ler antes de dormir? Pode ter um automóvel, mas com tantos transtornos valerá a pena, com tantos ônibus, metrôs, trens, barcaças, todos com motorista privado, pagando apenas a passagem e nada mais? 
Apenas como exemplo.

E o que é “qualidade de vida” sem que nos tornemos escravos dessa qualidade?

Vale a pena pensar enquanto se lê sobre a vida na Terra, um conto de Shakespeare, um livro de história de qualquer nação, civilizações antigas, e há tanta literatura em prosa e verso... E com música então, fica muito melhor.

® Rui Rodrigues




[1] Passado, presente e futuro co-existem eternamente neste nosso universo. É uma vertente muito forte das características da Física Quântica. 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

As marcas.


As marcas.

Algum adulto criança, ou mesmo uma, em minha ausência do condomínio provavelmente no dia (23 de dezembro de 2014) em que minha gata com quem convivia há 13 anos sumiu, se divertiu com o meu galo arrancando-lhe penas do rabo, reluzentes, brilhantes, coloridas, uma obra de arte. Alfredo é um galo naturalmente belo, uma obra prima da engenharia genética da natureza que nem usou de laboratórios nem de equipamentos sofisticados, embora tenha demorado milhões, bilhões de anos, para transformar pequenos dinossauros em aves. Tenho uma das penas que caíram no galinheiro como uma marca de um momento, de uma tragédia. Se há coisa que um galo preza são suas penas do rabo, uma distração para as fêmeas, um aviso aos outros galos de quem manda no terreiro.

A vida nos deixa muitas marcas. Colecionamos marcas. Umas delas me impressionaram bastante e eram tão simples... Marcas de rodas de carroça nas ruas empedradas de Pompéia, na Itália. Fui numa excursão saindo de Roma. Não tinha muito tempo para ver todo aquele mundo de outrora, colhido de surpresa pelas cinzas do Vesúvio quando entrou em erupção no ano de 49 DC. Fiquei ali sentado por momentos, vendo fantasmas vivos vestidos a rigor de tanto ver os figurinos em filmes e ilustrações de história, fugindo a esmo, na direção do Porto perto de Nápoles, sufocados, sem saber se chegariam na próxima esquina. Vi também os bares, as casas de prostituição com “grafites” da época fazendo propaganda para os dotes de prostitutas, propaganda para lutadores nas arenas de coliseus romanos: “Ave César, os que vão morrer te saúdam...” A vida de braços dados com a morte, uma fatalidade assumida, viver o momento enquanto se pode, e me pergunto quão longe estamos desses tempos de precariedade. Sexo era algo como comer, andar, sem restrições ou maledicências... Trepava quem queria com quem queria, como quem toma um chope com amigos ou amigas nos dias de hoje. Deixaram marcas... Muitas!

Quando visiteamos Citânia de Briteiros (eu e minha ex-esposa) no norte de Portugal, onde nasci, parei numa daquelas muitas construções de bases circulares, apreciando o que deveria ser a vida Celta naquele Castro. Crianças brincando, cavalos passando pelas ruas empedradas, o rio lá embaixo, mulheres lavando roupas, e numa das casas um druida usando plantas para curar um enfermo que sofria de sezões. Dava-lhe vinho para afinar o sangue, passava-lhe panos de linho umedecidos em água fresca de bilha, pedia um carneiro para lhe ler nas entranhas o futuro do doente, um homem rico que possuía terras rio abaixo onde cultivava vinhas. A mulher, jovem ainda, era bela, de lindos cabelos ruivos, olhos claros, e já não havia muitas assim, por se terem mesclado com os iberos. Só os costumes ainda perduravam. A genética, essa, já não era exatamente a mesma. E meu meditar sumiu como por encanto, quando ouvi e vi, claramente visto e ouvido, uma sentinela gritar: “Alerta!... Uma hoste romana se aproxima...” E deixaram suas marcas nas terras, nos costumes, em tudo e até na genética. Até hoje.

Um dia, em plena guerra mundial, a segunda, meu pai largou o radio onde escutava a BBC de Londres e as notícias da guerra. Deveria ser um sábado ou um domingo, porque tinha tempo livre, e saiu de casa. Encontrou-se com minha futura mãe no Caminho da Fonte. Foi ele quem me contou. Na verdade gostava da irmã dela, mas acabou se apaixonando pela minha mãe. O Caminho  da Fonte é um simples caminho, muito importante para mim, que aprecio tanto as coisas imateriais quanto as materiais. Um belo caminho idílico, nas proximidades da Serra do Marão, logo ali ao lado, encostada, visível, cheia de neve em muitos invernos. Como nasci em setembro, o dia em que meu pai se encontrou com minha mãe, deveria ter sido em dezembro, por volta do dia 08. Tento seguir-lhes os passos nesse dia, frio de inverno, um chegando depois do outro e não sei quem chegou primeiro ao lugar marcado. Sei que se amaram como se fosse a primeira e ultima vez. Quando minha mãe e meu pai se separaram nesse dia, o espermatozóide vencedor de meu pai já corria a caminho do útero de minha mãe, procurando freneticamente um óvulo acolhedor, pronto para ser penetrado e se fundirem num só elemento criador de vida. Que inteligência a desse espermatozóide e desse óvulo. Um, porque sabia perfeitamente o que procurar e o que fazer, como se tivesse “vida” própria. O óvulo, porque logo que o espermatozóide vencedor o penetrou, se fechou definitivamente para qualquer outro espertinho que tentasse penetrá-lo. Não há nada como se saber o que se tem que fazer. Quando meu pai chegou na aldeia, já minha avó materna gritava a plenos pulmões que meu pai tinha desgraçado a filha dela. A promessa veio em seguida á gritaria de minha avó, o casamento se consumou, mas só durou dois anos. Fiquei órfão de mãe por duas vezes. Uma foi essa, ao final de dois anos de casamento. A outra foi quando ela veio a falecer quando eu tinha dez anos. Deixaram marcas desde o Caminho da Fonte que tentei percorrer agora, tantos e tantos anos depois...

Mas voltemos ao passado...

O que somos realmente? Creio que somos produtos naturais importados da genética do passado, exportados para o mundo fora das origens e limites de nossas aldeias, lugares de nascimento. Movemo-nos num mundo onde ejetamos espermatozóides com mais ou menos amor, muitas vezes sem a intenção de procriar, outras sem se importar que se procrie, e na maioria das vezes desejando que do ato sexual não venha prole. Prefiro que se faça com amor, querendo mesmo que se procrie, com o fim de uma união e não porque seja “interessante” ter um filho ou uma filha. Jamais para ter um “troféu”... Meu pai ou queria ter um filho, ou não se importava de o ter. Para mim, vale. E carrego suas marcas, as marcas de minha mãe, minhas próprias marcas e outras familiares, de convivência onde já tive de ouvir uma frase destas: “Os outros que fazem os filhos e eu que tenho de os criar”. Sei perdoar e perdôo, mas não posso esquecer. Ainda mais quando ela dizia para a minha professora, já em Lisboa: “ Se ele chegar suado depois do recreio, dê-lhe umas boas palmatoadas”... Apanhei muitas, com uma palmatória de madeira cheia de furos, até o dia em que  de iniciativa própria estendi suado minha mão suada para a palmatória da professora. Nunca mais me bateu, e acabei com a vontade “dela”. Não se pode impedir uma criança determinada marcada por marcas, com genes de pai e mãe que se amaram.

O Caminho da Fonte  ainda existe, Pompéia e Citânia de Briteiros são museus a céu aberto, as marcas viajam no tempo, e só sabe delas quem delas avalia.

Agradeço a meu pai e minha mãe a minha existência feita de forma feliz. Estejam onde estiverem, saibam que me fizeram feliz e que sempre vivi feliz mesmo quando, aparentemente, não deveria estar. As marcas são mais fortes que qualquer coisa, até que religião, coisa forçada pelos costumes e não pelo raciocínio, pela racionalidade. 

® Rui Rodrigues 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Curta peça de teatro em dois ATOS escandalosos


Curta peça de teatro em dois ATOS escandalosos

Segredos de Alcova de palácios e casas com pessoas de idade média, ou dos autos dos compadrecidos...

I) Na casa até então imaculada de branco

Hillary – Jura que foi só com a boquinha, Mônica Lewinsky?
Lewinsky – Juro, HC!... Já fiz até corpo de deleite na polícia. Sou virgem atrás e na frente. Adoro rolinhas...
Hillary - E tu, traidor, tarado... Juras que só molhaste o biscoito na boca da Mônica?
Clinton - Arrám...Bom.. Confesso que beijei o Clintóris dela... Uma vezinha só...
Hillary – Ta bom... Então fica tudo aqui nas quatro paredes desta casa branca, mas com duas condições. Aceitam?
Hillary e Mônica assentiram com a cabeça.
Hillary – Tu, traidor, tarado, vais me indicar para cargo público que depois eu resolvo minha vida sexual e política... E tu, Mônica, me ensina como que tu fazes... E ficam libertos para sempre. Podem chupar picolé e manga à vontade que eu num to nem aí. Beijim no ombro pra vocês...

II) No palácio do alvorecer da noitada

Diuma – vem cá, copeiro-mor, traidor de uma figa... Que porra é essa na Petrobrás que eu num tava nem sabendo? Até agora não recebi vintém...
Lulo – És muito esquecida... Então não combinamos que tu tinhas o PAC? É muita grana só pa ti... na Petrobrás temos que dividir com uma patota de cumpanheros... Já ajudei o Eike, o meu filho lulinha...
Fosteres – Eu não recebi nada. Vocês só me indicaram e os meus diretores são os que vocês colocaram lá para dividir o petróleo...
-Lulo – Deixa de ser mentirosa, bicho feio... Tu não levaste, mas teu marido levou, ou já esqueceste que ele faz parte da companheiragem?
- Fosteres. Não importa. Foi muito pouca coisa. Quero continuar no posto para equilibrar a minha orçamentação , senão eu boto a boca na jaca e toco o trombone, insuflo a flauta, toco a sirene, incendeio os propinodutos.
Diuma – Também quero... Aqui prócêis, Ó...Ô... Tenho uma filha e uma neta pra criar e um ex-marido inepto que nunca fez porra nenhuma. Não posso me aposentar em Cuba. Quero viver na Suíça, perto da FIFA. Estou cansada de ser secretária do Fodel.
Lulo – Então ficamos assim... A Fosteres continua no posto, a Diuma será reeleita com o equipamento das urnas venezuelanas, e eu fico na moita pra não levantar marola... Mas na Caixa Econômica, no BNDES, e nos Ministérios, ninguém mexe. Só os Partidos. Não podemos perder a boca que nem a Mônica Lewinsky... Num caso desses nem o Lewandovsky podia defender...



Cai o pano mas não caem governos...

E assim cada um arranja um modo de transar em paz... Uns transando uns com os outros ou outras, e outros e outras transando com o povo sem se compadecerem porque é tudo coisa de cumpadrecimento... Política e coisa amoral mesmo!

RR

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Carta aos Magriços.

Carta aos Magriços.




Consta em “Os lusíadas” de Camões, a história dos “doze de Inglaterra”, quando os segundos e terceiros filhos se transformavam em cavaleiros andantes que percorriam o mundo defendendo os indefesos, os desamparados, e aproveitando para ganhar algum dinheiro que os pudesse manter. Não sendo o primeiro filho, e para manter a riqueza da família, o primeiro filho a nascer era sempre o único herdeiro. É uma verdade histórica, não lenda, que marca uma grande diferença de comportamento para os dias de hoje. O que impressiona é que Dom Quijote de La Mancha era um cavaleiro andante imaginário de Miguel de Cervantes, e ficou famoso. Não era real. Álvaro Gonçalves Coutinho foi um cavaleiro andante real, mas não ficou tão famoso. Ele e mais onze se dirigiram a Inglaterra a pedido indireto de 12 damas inglesas que foram chamadas de feias e que não houve cavaleiro inglês que as defendesse. Lá foram os doze cavaleiros para Inglaterra, todos de navio menos um, o magriço (Álvaro Gonçalves Coutinho) que foi a cavalo para conhecer “novas águas, novas gentes e novas manhas” até o canal da Mancha, ali por Calais na França, e de lá pegou um barco. É até bem possível que Miguel de Cervantes tenha idealizado seu cavaleiro andante Dom Quijote na história real do Magriço, já que este passou pela Mancha e Quijote seria de lá mesmo se tivesse existido. Podemos imaginar uma das missivas, por exemplo, a enviada a Dom Álvaro, o Magriço, pela dama feia que queria ser considerada como bonita, com o seguinte teor:
Ao Mui Nobre D. Álvaro Gonçalves Coutinho, da brava terra de Penedono, excelsa terra portuguesa de nosso senhor, filho de valentes e piedosos nobres, defensor da honra de damas, doentes e indefesos, no ano de 1381 de meu amado rei Eduardo III e de vosso amado rei D.João I. Que assim conste, por minha fé.
Nobre cavaleiro,
Eis que me encontro, juntamente com mais onze damas inglesas numa situação inusitada para a qual não temos quem nos defenda, sentindo-nos humilhadas a tal ponto que nossa vergonha nos impede de sair às ruas, fazer nosso footing nas praças, ir a templos, namorar, casar, termos filhos. Algumas de nós já perderam pretendentes. Nossos desafetos são doze cavaleiros ingleses que publicamente nos chamaram de feias, afetando assim, sobremaneira, nossa honra e comprometendo nosso futuro.
Não tendo encontrado nem parentes nem nobres amigos que nos defendam, estamos enviando cartas de igual teor aos nobres amigos de vossa nobreza, por termos tido notícias de vossos fortes braços, afiadas espadas e pontudas lanças, montando belos e inteligentes cavalos de raça lusitana, que, em saindo vencedores da lide, sereis beneficiados com generoso e condizente dote.
Sua antecipada e desde já agradecida por protegida,
Lady Mary Anne Sotheby, baroness of Kent





E lá se foram os 12 cavaleiros: O Magriço, Dom Álvaro Vaz de Almada, João Fernandes Pacheco, Lopo Fernandes Pacheco, Álvaro Mendes Cerveira, Rui Mendes Cerveira, João Pereira da Cunha Agostim, Soeiro da Costa, Luis Gonçalves Malafaia, Martin Lopes de Azevedo, Pedro Homem da Costa, Dom Rui Gomes da Silva, Vasco Anes da Costa. No dia da grande lide, as trombetas tocando, e o Magriço ainda não havia chegado, a dama já vestida de preto, em luto, porque não teria defensor. O Magriço despontou no ultimo minuto, os doze de Inglaterra ganharam o torneio, foram condecorados pelo Duque de Lancaster, e voltaram ricos para Portugal, cobertos de fama.   
Nos dias de hoje, numa situação semelhante, imaginável, numa era plena de facilidades nas comunicações, nenhuma mulher pediria que a defendessem só porque a chamassem de “feia”. Até as brigas entre tribos de bairro, famosas nos anos 60 acabaram. Agora há guerras entre grupos de traficantes que disputam pontos de venda de drogas. Os padrões de honra também mudaram muito, e agora, na era moderna, basta olhar meio interessado para os dotes físicos de uma mulher desinteressada que se pode ser indiciado por assédio sexual. Com duas boas testemunhas, pode até provar-se que um cego tenha feito assédio só no olhar, assim como podiam provar que alguém que tivesse feito vasectomia era o pai de seu filho, isto até uma década atrás, antes dos testes generalizados de DNA. Aliás, já nem se fala tanto, ou fala-se quase nada, em honra. Honra ao mérito só em medalhas e numa ou outra festividade para “inglês ver”, português ver, brasileiro ver, o mundo ver.

Mas de que honra  se poderia falar numa época em que os nobres já não mandam nem fazem política, os políticos não têm nobreza, os proletários ascendem ao poder e pensam que governar é agir como a nobreza do passado, os juízes são arbitrários, os burgueses são de classe inferior e há políticos que os detestam mas lhes cobram altos impostos para lhes pagarem altos salários, e de modo geral nada é o que parece e o que parece não é?
E estando assim tudo posto e explicado, como de fato parece ser, até ao menos preparado para entender, admiremo-nos com o passado de glórias de uma humanidade que tanto quis mudar, que mudou demais e agora se encontra sem cavaleiros que a defendam. Mas que moral podemos ter para criticar, nós que construímos o mundo e assim o construímos dia a dia, lei a lei, governo a governo? 



Portanto, som na caixa, pau no bumbo, ferrinho no triângulo, e toca a desfilar no próximo carnaval, cheios de animação, bom humor e gelada cerveja.


® Rui Rodrigues

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Este mundo nu e cru habitado por nus e crus.

Este mundo nu e cru habitado por nus e crus.

  1. A artista


Era linda, tinha apresentação, passava horas em frente ao espelho fazendo caretas e arremedos, rindo e chorando quando ainda era adolescente. Quando finalmente repararam nela e a convidaram para fazer um teste, foi um sucesso: Conseguia fazer o que lhe mandavam fazer, e conseguia decorar pelo menos duas linhas de texto. Passou de “menina que ia a festas” a artista muito bem paga em poucos meses. O povo exultava com sua presença frente às câmaras da TV. Não sabia cozinhar um ovo, suas notas medíocres no colégio não lhe garantiam futuro técnico. Na emissora de TV era muito popular em novelas e fez bastantes filmes. Chegou até a contratar quem lhe escrevesse um livro de memórias. Em sua vida de artista, viajou muito, comprou um apartamento, deu almoços e jantares, sua vida foi de “glamour”, contas bancárias no vermelho que “amanhã será outro dia” principalmente se fizer propaganda para político. E foi. Depois que seu glamour acabou, e seus jeitos e trejeitos já não interessavam tanto às platéias ávidas de novidades, caiu no esquecimento, deu apenas mais uma ou duas festas para ver se era relembrada, e como não foi, vendeu o apartamento, ou o que restava da hipoteca, suas contas de banco passaram a ser coisa do passado e passou a ser sustentada pelo Retiro dos Artistas cada vez de verbas mais reduzidas por causa da administração. Sua aposentadoria é aplicada no Retiro para se manter. Ainda pode respirar, maquiar-se em frente ao espelho, falar da velha vida aos outros artistas do retiro que não lhe fazem inveja e aos quais não faz inveja nenhuma, mas sustenta-se pela caridade que não é dela. Já se habituou ao fato que rege as amizades: Os objetivos comuns e o mérito de cada um. Sem estes ingredientes os amigos se resumem a dois beijinhos de cumprimentos, um sorriso de artista, e meia dúzia de frases agradáveis, decoradas, comuns e correntes em todos os meios mesmo os que não são de artistas consagrados. Ela acha tudo isso injusto porque alega ter dedicado toda a sua vida à “artistice”.

  1. O prêmio Nobel


Há umas décadas atrás andava muito preocupado com as ciências. Fez várias descobertas, que outros aproveitaram, e quando percebeu, suas idéias tinham sido publicadas por outros que ganharam os méritos e dinheiro com patentes. Só uma teoria foi o bastante para ganhar um Prêmio Nobel, com toda a projeção e reconhecimento internacional, acompanhado de um belo cheque de quase um milhão e meio de dólares. Ainda hoje décadas passadas, com um milhão e meio de dólares se faz muita coisa e até uma garantia de aposentadoria tranqüila. A esse dinheiro ele somou pagamentos por palestras, salários da Universidade onde era professor. Provavelmente nunca fez uma planilha de projeção de economias, para saber o que fazer com seu dinheiro. Só se deu conta quando, depois de declarar que negros são menos inteligentes que os brancos, perdeu o cargo de professor, olhou sua conta bancária e viu que estava zerada, já morando num quarto alugado.  Longas noites passadas em laboratório viram afastar-se sua esposa, depois os filhos, um amigo se juntou à esposa, outros amigos se evaporaram como vapor em tubos de ensaio porque nunca mais teve notícias deles. Quando o oficial de justiça lhe bateu á porta do quarto mostrando-lhe uma intimação de despejo, bateu-lhe um estalo de neurônios ainda ativos. Procurou avidamente em sua carteira e ainda encontrou uma nota de cinqüenta dólares guardada para as ultimas e derradeiras emergências. Deixou os poucos  pertences na portaria do prédio, apanhou o metrô e dirigiu-se à redação de conhecido jornal. Lá explicou sua situação, afirmando, com toda a razão, que havia dedicado toda a sua vida à pesquisa científica a ponto de esquecer a família, e as poucas aulas de economia. Hoje há uma campanha na Internet tentando colher alguns dólares daqueles que ele desperdiçou durante toda a sua vida, mas a situação de todos é parecida: Quando jovens, adolescentes e maduros não se pensa na vida. Depois convocamos a sociedade e os amigos e passamos a ser socialistas. Alguns passam a ser mais cedo, mas os motivos são outros. Alguns são racistas.

  1. A Comerciante


Quando era jovem seu pai, comerciante, lhe dava de tudo, até coisas que não dava ao filho. Ela era filha de sua mulher atual, ele de sua primeira, e havia até um terceiro á margem. É aí que se vê a diferença nos tratos materiais, porque no trato verbal sua linguagem os tornava irmãos igualitários, sem diferença alguma.
Crescendo assim de vida tão fácil, casou com outro comerciante que logo ficou rico, com a ajuda do velho que ainda era vivo. Quando se separaram, ela aceitou uma lojinha e um apartamento como pagamento pelo desquite, que logo torrou. Comeu o marido da prima em troca de um empréstimo de alguns milhares de dólares que ela nunca mais voltou a ver, e quando lhe disseram a respeito de seu apartamento de 300.000 reais (naquela oportunidade): - Bem... Se a senhora está com pressa, só lhe posso dar agora 40.000 à vista. Ela vendeu e foi passar férias no Nordeste para esquecer as amarguras da vida. Já pensou em se juntar a um grupo, o MST, que luta pela posse de terras encrencadas e não encrencadas, dando tiro a torto e a direito, passando tratores em áreas plantadas. Ela jura, desde os tempos de seu deficiente aproveitamento escolar, que não tem culpa se o mundo não lhe corre como aos “outros”, mas está ciente que se os irmãos não conseguirem a tempo fazer agilizar a justiça, ainda poderá ficar vivendo no apartamento que o pai deixou para ela e seus dois irmãos. Vive da pensão de um filho que o marido lhe deixou. Os outros vivem com o pai como sempre viveram. Seus olhos grandes já não atraem pretendentes como nos tempos da difícil vida de ter de trabalhar para ganhar o sustento, e sendo nisto incapaz, de aproveitar a vida com o dinheiro disponível. À Europa só foi quando o pai a levou por um par de vezes e mesmo assim, só conheceu mesmo, a terra natal do pai. O resto, se lhe perguntarem, não saberá dizer de nada: Via a paisagem passar...

  1. O trabalhador da terra


Não há muito que dizer dele. Faz parte de uma massa cinza que come com as mãos ou com uma colher a marmita que lhe dão todos os dias no trabalho. Nunca freqüentou a escola, e é tão crente esperançoso quanto trabalhador. Não tem bagagem para argumentar. Quer dizer: Não tinha, porque agora tem. Depois de passar por empregos vexatórios e esclavagistas nos quais lhe cobravam pela alimentação, pela roupa de trabalho e pelo colchão estirado em úmido e fétido barracão, de forma tal que sempre devia mais do que recebia, passou também por outros que não lhe descontavam tanto, mas o que sobrava era sempre uma mixaria que dava vontade de trocar por meia dúzia de garrafas de cachaça barata para esquecer apenas duas coisas: Porque o mundo era assim,  e o que fazer para ser como aqueles que têm carro, boas roupas e comem sempre em restaurantes no centro das cidades. Um dia soube que estavam chamando gente para cortar cana perto da cidade de Campos. Meteram-no dentro de um caminhão e lá foi ele juntar-se a mais algumas centenas. Quando o salário atrasou pela segunda semana e sentiu que lhe pagavam menos do que a área que cortara, começou a murmurar. Outros murmúrios se lhe juntaram. Numa noite, antes de dormir, soube de um movimento: O MST - Movimento dos Sem Terra, uma forma de fazer reforma agrária, ocupando terras e dá-las a quem está interessado em cultivá-las. Na semana seguinte, com o pagamento dos atrasados que já lhe chegara, partiu de abalada para o Rio Grande do Sul onde havia uma grande concentração reivindicando terras. Mas não sem primeiro passar em casa para avisar a mulher. Chegou tarde da noite e estranhou a luz acesa passando como um filete por debaixo da porta da entrada do casebre. Movido pela curiosidade para fazer uma surpresa á mulher, enfiou a chave na porta suavemente, e espreitou. Sua mulher, a sua mulher, estava de quatro, coisa que ela nunca fizera para ele, debaixo da carcaça gorda de um sujeito que já vira várias vezes de passagem pelo bairro. Pensou em sacar a peixeira e matar os dois ali mesmo, mas não o fez. Em vez disso, fechou a porta bem devagar sem a trancar e saiu para a rodoviária a pé. Depois de muitas ocupações, está rico. Sua parte nos assentamentos “vendeu” sem papel, para os companheiros da Reforma Agrária. Só guardou uma posse para não dizerem que era mercenário traidor ou algo do gênero, o dinheiro guardou em conta bancária. Quem fiscaliza o pessoal do movimento não se preocupa com contas bancárias. Agora tinha uma liderança e já comandava sozinho algumas tentativas de novos assentamentos. Um dia a esposa o viu num desses movimentos á beira da estrada, reconheceu-o e dirigiu-se a ele. Viu-o mais gordo, banho tomado, roupas simples, mas sem remendos, perfumado. Deduziu que estava rico e que tinha tido direito a alguns nacos de terra. E disparou-lhe à queima roupa: Na hora de seres pobre e precisares de mim, me exploraste. Agora que estás rico, quero o divórcio, pensão e metade das terras. Ele jura que foi um acidente na estrada, quando o carro que vinha em alta velocidade a atropelou a um par de passos da linha amarela da faixa de acostamento.

  1. O político de ocasião.   


Nunca tinha pensado em ser político, mas num comício durante as eleições de 1988, quando o candidato no palanque disse alto e bom som, que o partido político precisava de gente dedicada, com opinião, alguns amigos interromperam-lhe a fala e gritaram o nome dele. Foram poucos, talvez uma meia dúzia, mais por gozação que por outro motivo válido qualquer, mas o fato é que o candidato o chamou para o palanque e não o largou mais até o final do evento. Foi assim que entrou para o partido e para a política. Começou a receber um “salário” bem farto, e largou a empresa para a qual trabalhava como chefe do departamento de pessoal. Elegeu-se vereador, depois deputado, finalmente, depois de tantos anos, perdeu as eleições e não se elegeu mais, mas aquele candidato que o chamara para o palanque do comício nunca mais o largara. Pareciam sócios no partido. Agora era presidente do partido e indicou-o em 1996 para uma das diretorias de uma empresa mista de capital do governo e de capital privado, ligada a uma ainda maior também de capital misto. Não tinha que fazer nada na empresa. Apenas assinar o que lhe pusessem na frente, desde e exclusivamente que lhe fosse levada pessoalmente por seu assessor. Quem mandava nele era o assessor, porque se um dia fosse demitido, o assessor que sabia de tudo ficaria para assessorar o novo indicado do partido. Embora não tivesse instrução técnica suficiente nem soubesse lidar com nenhuma das disciplinas inerentes a uma grande empresa de capital misto, mesmo assim, foi-lhe fácil entender que se aprovavam documentos envolvendo grandes, enormes somas de dinheiro. Pelo pouco que entendia das letras, das vírgulas, pontos, parágrafos, tiles, circunflexos e aspas, conseguia perceber que faltavam alguns documentos, que outros eram taxativamente prescindidos, e temeu por seu emprego, por sua carreira. Um dia foi falar com o tal político que o indicara. Foi acalmado com uma pequena porcentagem sobre os valores aprovados em tais documentos, com a explicação necessária de que, para ter merecido aumento, não poderia ser da forma convencional porque a política de cargos e salários não o permitia na empresa. Tinha que ser por porcentagens.
Em casa, depois de ter conhecido a Suíça e outros países da Europa, Estados Unidos e “Maiami”, com apartamentos, carros de luxo e farta mesa, seus filhos estudando nos melhores colégios, costumava ter ataques de moralidade. Como a vida lhe correra de tal modo que agora tinha tudo aquilo, só assinando documentos e falando em palestras e reuniões da Empresa sobre o que todos sabiam sem contar novidades, uma idéia brilhante sequer, senão as que lhe vinham por telefone de seu benfeitor político de carreira?
Foi num acesso destes de moralidade que resolveu, depois de apanhado pela polícia federal, em participar de “delação premiada”. O dinheiro que colocara numa conta de um grande amigo, residente no exterior, estava garantida e era bem gorda. Ele jura que fez tudo isso porque quando entrou para a política já era assim, e que por sua falta de conhecimentos técnicos pensou que estava trabalhando para o bem do partido e em decorrência para o bem da nação.



A propaganda é a alma do negócio e o melhor negócio é o da oportunidade, já que cavalo encilhado só passa uma vez, e quem não tem padrinho morre pagão. Tal é a natureza na pirâmide que não sendo egípcia por cá também se plantam dentre outras obras faraônicas perpetradas por políticos de ocasião, apoiadas por artistas de ocasião, construídas por trabalhadores de ocasião, financiadas por comerciantes de ocasião, com instrumentos descobertos e inventados por prêmios Nobel. Quem não é de ocasião também jura que está nu e cru nesta etapa humana de conseguir o que pode... E quem não pode se sacode, não importa que bandeira levante nem quem tenha inventado a bandeira.

E qualquer um desses poderia ser "nosso" presidente da República...E eu juro que tudo isto é ficção!


®Rui Rodrigues