A moça!
A moça da pensão que eu morava
Era linda ela e eu a amava.
Cuidava de flores, num jardim suspenso
Por cordas imensas, presas a arvores
Grandes, imensas, folhosas, frondosas.
Era linda ela, com um rosto arredondado
Cabelos louros, macios, encaracolados.
Era linda ela, era apaixonante, era luz!
Valia voltar ainda que cansado, para
Para servir-lhe o vinho tinto na taça.
Beijar de novo o rosto lindo, radiante.
Sentar de novo naquele banco de madeira,
Enfeitado e perfumado
Pelo pequeno jardim suspenso nas arvores.
Na varanda, na tarde noite quente,
Ouvir e dizer juras eternas, sensíveis.
O caminho que percorria na volta,
Sempre foi enfeitado pela saudade,
Pela vontade de vê-la de novo!
Que chatice cúbica!
Não quero falar sobre isso!
Quero falar sobre quadros vermelhos
Pontes de concreto branco, nada floridas.
Quero que a vida seja abstrata, nada concreta
Nem mesmo o concreto do prédio azul,
É literalmente, realmente, concreto.
Ele, embora feito de concreto,
É abstrato na minha mente.
Não existem flores no vôo do avião de guerra
Não existe perfume do lado de baixo da ponte
Nem tampouco a moça mora naquela pensão.
Nunca me apaixonei por ela.
Nem os quadros que me passam na cabeça,
Nem os pássaros amarelos que pousam sobre
A estátua do herói na praça.
A música, a criança, o quadro, o avião
O pássaro, o abstrato, o concreto
A vida, a moça, o jardim, a flor vermelha,
Nada existe realmente, tudo é abstrato!
Um abraço, Paulo Pacheco, 24/08/09
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