A bolha imobiliária brasileira - 2014
Vivemos na ilusão de que “um dia seremos
ricos” e para isso há que poupar e trabalhar duro. Não é bem assim. Claro que
se não pouparmos e não trabalharmos duro jamais seremos ricos, mas a inversa
não é verdadeira. São necessários muitos outros atributos e cuidados para que
possamos um dia vir a sermos ricos. Muitos de nós não o somos por que não
estamos dispostos a arriscar, a seguir por caminhos menos ortodoxos, ou não
temos visão para os negócios. Quando chamamos sócios, ou arrebentamos com eles
ou eles arrebentam conosco mais dia menos dia: Não há “amizades” nos negócios.
O que há são conveniências temporárias. Nem mesmo entre pais e filhos (único
caso de saudáveis exceções), e entre familiares é quase impossível a completa
honestidade de princípios. Formei-me em engenharia por vários motivos: É uma
ciência fascinante, exige conhecimentos da maior complexidade multidisciplinar,
e aplicar em imóveis sempre foi o tipo de negócio mais seguro do planeta. Engenheiro,
dono de uma empresa de engenharia, seria como sopa no mel, ainda mais que na
Universidade passamos três longos anos estudando economia, calculo vetorial,
resistência dos materiais, construímos e mandamos foguetes para o Espaço. Apesar
de engenheiro bem sucedido, nunca montei minha empresa de engenharia, não
fiquei nem rico nem pobre. O equilíbrio na vida nos traz felicidades que o
exagero na sovinice, na ambição, na alta competição não trazem, e passar a vida
toda juntando bens para acabar morto como todo mundo sem levar nada para o
além, realmente não fez a minha cabeça. Pude assim dar mais atenção à minha
família. Não dei a atenção ideal, mas fiz o melhor que me foi possível sem
jamais ter deixado cair a peteca.
Mas o que isto tem a haver com a bolha
brasileira - 2014?
O que tem a haver é que as bolhas
imobiliárias são perigosas, estamos numa delas, e se não houver equilíbrio em
você e em todos os setores da economia – porque tudo é interdependente – pode
perder o que já pensou que havia ganhado, ou perder tudo o que investiu. Nossa
bolha é fruto de vários fatores: Uma inflação proveniente quase que
exclusivamente da ambição dos banqueiros com seus juros altíssimos insuflados
por um ministério da Economia compromissado com esses banqueiros, e por uma
falta de confiança no governo. Todo mundo aumenta os preços, e portanto os
lucros, em função da oportunidade da “copa do mundo” e dos turistas que vêm
gastar suas economias, e principalmente para garantia de manter uma boa reserva
de fundos para os tempos “pós- estouro de bolha”, quando a economia, se não
colapsar, ficará tão frágil que qualquer boato adicional a derruba.
Fruto desta ambição, deste oportunismo, desta falta de confiança no governo, os preços dos imóveis aumentaram desde 2008 cerca de 136 % acima do aumento da renda média, no Rio de Janeiro, cerca de 158%. No total, e respectivamente, os imóveis aumentaram 158% em S. Paulo e 203% no Rio de Janeiro. Mas o que esperar do mercado? Que continue subindo? Para quem comprou seu primeiro imóvel “à vista” neste período se deu bem. Quem comprou a prestações tem que rezar para não perder o emprego. Atrasos nos pagamentos implicam em juros altíssimos, os maiores deste planeta. Países como Japão cobram zero de juros para impulsionar o consumo, em outros países os juros são também muito baixos pelo mesmo motivo. Aqui no Brasil os juros beiram a extorsão, a usura. No Japão dos anos 80, a bolha estourou por lá quando o aumento chegou a 168% acima da inflação (num período de seis anos). A dos EUA quando chegou em 2008 a 140% (nos últimos seis anos).
Quando nossa bolha estourar, teremos um caos dos
piores da nossa história, porque os demais países do mundo, os mais evoluídos e
fortes economicamente, ainda não saíram da crise de 2008 e não compram nossos
produtos nos volumes que compravam antes da crise de 2008, ou pelos menos não
aumentaram esses volumes de compra na proporção suficiente para nos
proporcionar uma balança comercial mais equilibrada. Nossa população continua
crescendo. Quem comprou o segundo ou outros imóveis, terá problemas de liquidez
se a bolha estourar. Quem comprará de volta esses imóveis se precisar vendê-los
e a que preço? Algo que a maioria dos investidores novatos não entendem é essa
gangorra da economia: Ações e imóveis sobem astronomicamente ao longo de um
período maior ou menor de tempo, e como parece lógico, de repente param de
subir. Então, o mercado se torna vendedor em vez de comprador. Os preços caem.
Caem tanto, que quem tiver reservas podem comprar de quem precisa por preços
aviltados, e em certos casos, quase de graça. Os ricos ficam então mais ricos,
os remediados mais pobres, os pobres mais miseráveis, os miseráveis morrem em
maior proporção. É a velha teoria da “escada do investidor” : Tenha sempre uma
reserva financeira de extrema liquidez, comprando sempre quando os preços estão
quase na base da escada, vendendo a partir do momento em que chegarem á metade
da escada. Nunca espere os preços chegarem ao topo da escada, porque nunca
sabemos onde fica o “topo”, e o topo já está perto do estouro da bolha.
A Europa e os EUA já passaram pela
turbulência do estouro das bolhas em 2008. Nós estamos atrasados até no tempo.
Não se trata de milagre brasileiro. As bolhas vão estourar e ao que tudo
indica, nos meses finais de 2014, inícios de 2015. A desastrosa política
econômica do PT, misturando economia com política, não conseguiu frear a
inflação. Oficialmente, o governo diz que é baixa, mas quer a bolha
imobiliária, quer a manutenção dos altos juros, quer a redução do poder
aquisitivo dos salários mostram que anda na casa dos dois dígitos. Quando após as eleições as concessionárias de
serviços públicos aumentarem seus preços e o governo tiver que aumentar
impostos para manter seus “programas” eleitoreiros de governo, então as bolhas
estouram. Estouram muito feio...
Preparem suas malas e reservem passagens de
avião. Mantenham seus passaportes em dia, reze para que não venham com uma lei
de retenção de capital, impedindo investimentos no exterior... Invista em ouro,
pedras preciosas. Taxas de câmbio não são seguras para guardar dólares ou
euros. Governos autoritários costumam estabelecer taxas de paridade fictícias,
como na Argentina e em Cuba. Isso não salva a economia, como todos nós sabemos.
Nem adianta a pressão dos políticos do PT sobre o IBGE e outros órgãos para
tentar distorcer a realidade. Tudo vai mal, e quando estourar, porque a
inflação está represada, será como o nascimento de um novo universo. Um
universo sem PT com muitos fogos de artifício...
® Rui Rodrigues
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