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terça-feira, 3 de junho de 2014

Coisas do comunismo e dos extremismos sociais...


Coisas do comunismo e dos extremismos sociais...



Alguém famoso já disse que as mulheres se vendiam ora por um casaco de peles, ora por um automóvel, e até por amor... Foi um machista que disse isto, e certamente não teria fama nos dias de hoje. Teve sua fama no passado.

Quando fui avaliar os estragos numa prisão de Luanda - os presidiários tinham ateado fogo a uma das alas - me receberam como um camarada, com comitê de boas vindas: Um coro de belas cabritinhas assistentes camaradas vestidas de branco com lacinhos vermelhos no cabelo, cantando trechos do livro vermelho de Mao Tse Tung ainda vivo lá na China. Embora os camaradas cubanos ainda andassem por lá fazendo mira em elefantes e rinocerontes para testar seus canhões de tanques, era a empresas portuguesas e brasileiras que entregavam as suas obras de engenharia. Cuba não era famosa em obras de engenharia e fui levado pelo páteo principal acompanhado de três guardas camaradas, dois funcionários públicos e o vice diretor. Uma vala de esgoto corria pelo meio do páteo a céu aberto, abrindo caminho até um ralo de águas pluviais que levaria o esgoto até a Baía de Luanda. Ouvi gritos pedindo assistência dos direitos humanos das Nações Unidas por alegada inocência. Homens semi-nus passeavam pela praça do presídio com olhares desconfiados, entre esperança e desânimo. Não mais do que eu. O incêndio era no segundo andar. Eu desconfiava que me estavam intimidando aproveitando a vistoria.

No escritório de Luanda havia uma sala. Havia uma sala no escritório de Luanda. Lá os senhores camaradas recebiam passagens grátis com estadia em Lisboa e no Porto. As cabritinhas faziam tudo em honra do partido, os funcionários tudo faziam em honra do partido, os aparatos bélicos chegaram a Luanda vindos de Cuba em frangalhos, por causa do boicote, saíram novos em folha, pintados e com armas mais modernas quando começaram a sair de volta a La Habana. Os charutos eram caríssimos. Os camaradas funcionários tinham sempre vales sobrando para comprar caixas de cerveja e eletrodomésticos no único shopping center de Luanda. Com as caixas de cerveja compradas em Kuanzas, podiam comprar dólares e escudos no mercado negro.

O comunismo também sabia ser selvagem na sua mais vermelha versão comunista. Se não era em vales e passagens, era com cabritas e favores, tudo valendo dólares e escudos com Kuanzas sempre desvalorizados. Os observadores internacionais sempre disseram que as eleições eram legais. Os diamantes sempre foram caros no mundo, mas por aquelas regiões eram mais baratos Em empresas privadas capitalistas funcionários não podem ser nem comunistas nem corruptos, mas por vezes até podem corromper.

₢ Rui Rodrigues

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