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segunda-feira, 28 de março de 2016

Estava escrito na pedra: Hoje vou ser feliz...

A Foto da 
Frase Na pedra

A frase é muito triste pelo "hoje", como a indicar que ser feliz não é algo que comumente aconteça na vida de quem a escreveu. Isso é muito, muito triste, mas pelo menos demonstra uma certa determinação que, naquele dia pelo menos, seria - ou iria tentar - ser feliz. A praia é na Nazaré, território português, mas a frase está escrita em castelhano, talvez fruto daqueles amores tórridos de férias de verão, que logo desaparecem com as primeiras brisas frias de outono. Um alternar de felicidade, e tristeza. O amor tanto pode ser o tempero dos dias difíceis, como o veneno que nos estraga os dias mais fáceis. 


Numa mesa do bar, junto a uma janela, um par de senhores relembravam velhos tempos mostrando fotografias que comentavam para matar as saudades. Os tempos são muito esquisitos. Não voltam para trás, e os amores também. Nunca são como dantes, nem o reatar de velhos amores os torna iguais como se o tempo não sofresse lapsos. De fato os tempos não sofrem lapsos. O que sofre lapsos é a continuidade da vida num lugar, com uma pessoa, num local de trabalho, é a vida em si que os sofre.


Mas no fundo, bem no fundo, tudo é uma questão de sexo ou dinheiro que mais influenciam na felicidade, ou por ausência, na infelicidade. Naquele dia, o autor e escritor da frase "HOY VOY A SER FELIZ" certamente foi. Espero que tenha sido.    


A foto do

Grupo da Nazaré 


- Vês esta foto cheia de gente alegre e feliz? Eram pescadores da Nazaré, um lugar de mar bravio que engoliu muita gente que nunca mais apareceu. Era coisa muito comum, e eu, que costumava ir para lá de férias, perguntava-me como podiam ter momentos alegres assim, sem se preocuparem com a perspectiva de verem um ente querido desaparecer num par de dias, numa dessas saídas ao mar.
- Namoraste alguma menina de lá?
- Não. Namoravam entre eles ou com gente conhecida da família que os visitava vindos do estrangeiro. Algo muito parecido com povos pelo mundo inteiro em que se busca um modo familiar, comum, idêntico  de pensar, para facilitar o entendimento entre o casal. Nesse ano, creio que foi lá por 1954, fui com minha namorada. Vês aquela menina do meio? o rapaz por detrás implicou com ela e nota-se que com o braço direito ela lhe dá um safanão amigável. Um casal feliz? Nunca soube, mas naquele dia estavam todos felizes.
- Hoje a pesca melhorou. Tudo mecanizado, já não há exércitos de gente arrastando as redes pesadíssimas pelas areias, não se precisam de carros de bois para arrastar os barcos, mas ainda se morre no mar. As viúvas já não se vestem de preto. Creio que hoje são bem  mais felizes que antes.          

O Homem  

Pendurado


- E essa tua foto?
- Não sou eu! Este foi o artista principal da película. Eu não apareço porque era o dublê...
- Então também fizeste filmes?
- Uma meia duzia, mas sempre como dublê. Cinema é uma grande ilusão, a começar por aquelas fotografias em serie que, passadas a uma certa velocidade davam a impressão de movimento. Depois os dublês e artistas, indo a fama toda para os artistas que nunca quebravam uma costela ou morriam nas filmagens, como "ossos do oficio". Mas não eram apenas essas ilusões: Também as próprias histórias que tentavam transmitir a doce ilusão de amores eternos, de culpados sempre julgados e presos, que o bem se sobrepõe ao mal.
- Olha... Olhando a foto pode ver-se que o homem pendurado parece mesmo estar em pe, porque se estivesse pendurado as mãos teriam que ser enormes por causa do tamanho das vigas, e os braços estariam retesados...
- Claro... E pela posição, com o braço esquerdo do homem tão aberto, ele cairia...
- O mundo mudou muito, não foi?... O que você acha?
- Ensinamos nossos filhos, nossos alunos nas escolas, mas há sempre políticos que tentam influenciar no lado errado do ensino, da educação... Tentam educar mudando valores que não fazem parte da politica, mas sim da idiossincrasia humana. Pensam que assim conseguiriam mudar as "referências" para escravizar e poderem "comandar"... Criar autômatos. isso parece muito com nazismo!
-É... Hitler fazia isso, e o Mussolini também. Acabaram mal...
- Para nossa felicidade. somos mais felizes que naqueles tempos.
-E você trouxe mais  alguma foto?

O Modo Americano

De Vida.        
       
- Trouxe esta... De 1930. Meu pai a deixou pra mim. Recortou de uma revista da época.
- Essa fila é para quê ?
- Fila para comida grátis distribuída nos EUA pelo Exército de Salvação ou por comerciantes bondosos, e até pelo próprio governo.
- Ah... A Grande Depressão de 1929...
- Isso mesmo. tudo por causa de uns banqueiros inescrupulosos cuja ambição os pôs a perder, arrastando o mercado e o povo. O dinheiro desapareceu dos bolsos e dos bancos. O mundo inteiro sofreu com isso.
- Ironicamente o cartaz fazia propaganda sobre o maravilhoso Modo de vida americano. Não é uma ironia?
- Foi!... Você lembra do Getúlio?
- Não é da nossa época, mas lembro sim...Li muito sobre esse período. 
- Então?... A ascensão dele foi fruto de dois acontecimentos mundiais: A crise de 1929, que refletiu no Brasil e o perigo comunista por causa dos abusos do Stálin...
- Agora estamos mais ou menos repetindo a historia...
- Besteira!... Políticos dos mais sujos que já apareceram por aqui, se aproveitaram dos "ideais" comunistas para se elegerem, roubaram o que puderam, quase tudo o que havia, mas vão acabar sendo presos. Uns aventureiros temporariamente bem sucedidos. 
- Mas depois vamos ser mais felizes!
- "Mais não"... Vamos finalmente ser felizes, porque nestes últimos 13 anos temos sido muito infelizes.

Shamim é a minha gerente. Já falei muito sobre ela. Tomamos dois chopps grátis e subimos para o escritório. Fomos ser felizes.  
     

Rui Rodrigues 

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