Sem essa
que não nos deixaram indícios de como se faziam nenéns lá nos primórdios da
civilização. Deixaram sim. Basta ler os Salmos de Salomão, um dos livros comuns
à Torah e à Bíblia cristã. Sexo é bom e todo mundo gosta, seja com quem for,
para uns e umas, seja só para uns ou só para umas. O que importa é “desafogar o
ganso”, ou deixar molhar o biscoito. Há gostos para tudo e com camisinha não há
problema desde que ninguém as tenha furado previamente. Vejamos como caminharam
os conceitos de sexo e de amor ao longo dos tempos...Sem esquecermos que
instituições sempre aparecem para fazerem “lavagens” cerebrais e, por alguns
tempos, mudarem conceitos e a forma como se encaram estas coisas. Depois a
humanidade vai para onde quer ir ou entende, sem que possamos mudar – e nem
queremos – os seus rumos. Rumos da humanidade não se mudam. Apenas se desviam
por alguns tempos.
1. As primeiras tribos
de pré-humanos antes das civilizações.
Não havia o
conceito de família, e sim de tribo. O chefe da tribo, do grupo humano era
sempre o mais forte. Ele tinha o “direito” de transar com todas as fêmeas da
tribo, na frente de todo mundo para que vissem e soubessem quem dominava, quem
era o macho dominante. Evidentemente que, pelas sombras e ausências, machos
pegavam outros machos por falta de fêmeas, um sempre dominando o outro que
queria ser dominado para ter proteção já que as outras fêmeas não os queriam
por serem fracos, e alguns machos mais espertos transavam com as fêmeas do
chefe em sua distração ou ausência. Submeter-se ao chefe ou a um possível chefe
era uma garantia adicional de proteção e comida para os filhos. Elas não
reclamavam por temerem que um dia numa disputa um deles se tornasse chefe. Com
a decadência física do chefe isso era inevitável. Seria o sexo feito com amor?
Provavelmente não. Mais provavelmente era uma cooperação. Feito normalmente por
trás, na ignorância, e satisfeito o macho, a fêmea era largada. Normalmente
quando iam apanhar água em poças ou rios. Por essa época o prepúcio já tinha a
forma de “chapéu” destinado a extrair o eventual e provável esperma de outro
macho que tivesse fecundado a fêmea. Falar de amor seria temerário. A tribo
defendia as crias por serem da tribo e serem necessárias quando mais velhas,
para a defenderem e participarem de caçadas, assim como para procriarem. O
chefe da tribo acreditava, muito provavelmente, que fossem fruto de sua união
com as fêmeas. Provavelmente. Não havia ainda testes de DNA nem sabiam o que
era isso. Como todos eram da mesma família, todos eram parecidos e ninguém
desconfiava de nada.
2. No início das
civilizações.
O velho problema
dos excluídos das escolhas femininas continuava. Os mais feios, os menos
“nobres”, os mais fracos, não tinham a preferência das mulheres. Muitos deles
precisavam de proteção, que lhes era dada por outros iguais a eles, mas com um
pouco mais de alguma coisa, força ou hormônios masculinos, por exemplo. Alguns
ainda tinham alguma oportunidade dos dois lados do gênero humano. Transavam com
homens e com mulheres, mas sempre havia os que tinham nascido com essa
tendência. Gostavam porque gostavam. Estes eram aceitos na sociedade, tal como
o haviam sido nos tempos de pré-civilização, porque, imprestáveis para a caça,
podiam ficar entre as mulheres sem perigo de “concorrência”. Agora, no início
da civilização eram eficientes em muitas outras atividades e sempre tinham
protetores.
Nos
impérios de Roma e da Grécia sempre sob o temor de partirem para a guerra ou
serem invadidos, considerando a vida como uma existência precária, as diversões
se limitavam a jogos, circo, sexo e bebidas. Não é, portanto, de estranhar a
promiscuidade. Porém, havia a questão da família e o que a diferenciava dos
demais indivíduos e situações civis. Mulheres de família não poderiam ser
promíscuas como as mulheres da vida que existiam em Pompéia conforme anúncios –
os primeiros grafites de que se tem notícia – anunciando seus dotes e os
preços. Esta moralidade se deve principalmente á construção de um patrimônio e
à possibilidade de o patriarca se vir a tornar um tribuno, um homem do governo,
um homem de moral que tinha uma mulher que o respeitava. Fugas a padrões
estereotipados sempre foi uma característica humana, até mesmo porque para se
firmar como “homem”, macho, guerreiro, era necessário que tivesse fama com as
mulheres, e até de vez em quando comer, subjugar, dominar outro macho. Esta
forma de dominação levada ao extremo era dominar e “comer” um inimigo valente
que se batera em combate humilhando-o. E qual a mulher que agüentava sem sexo
por anos a fio com o marido longe em batalhas ou na administração de feitorias,
sem saber se voltaria?
A historia da Odisséia de Homero é uma ode á fidelidade
de Penélope, esposa do ausente Ulisses, assim como de seu filho Telêmaco, ela
resistindo ao assédio sexual de pretendentes.
Os grandes
profetas hebreus, e em geral os homens ricos e proeminentes do Oriente Médio
sempre tiveram seus haréns, suas vinhas. A proibição do álcool em algumas
religiões é hábito mais recente que não fazia parte dos primórdios das
religiões. O que se pode inferir é que o sexo fora do âmbito da família era
“consentido” sempre e quando “não corressem vozes” ou não houvesse flagrante.
3. Na idade Média.
A idade da
consolidação da moralidade das religiões, impondo ás sociedades a moral de
sacerdotes interessados em, exatamente, religião, aumentar o número de fiéis,
conquistar espaços e simpatias pela identidade da fé, aumentar os cofres,
recebendo mais do que davam. Recebiam em dobro, em triplo, mil vezes, sete mil
vezes sete o pouco que davam. Se olharmos pelo aspecto do benefício “moral”,
causaram mais incômodos tentando mudar o imutável na natureza do ser humano.
Quantos se abstêm da mulher do próximo ou do homem da próxima? Já em termos de
“conforto” as religiões são notáveis. O que se pode desejar de melhor do que
morrer, ir para o paraíso, e lá encontrar a paz de uns, sete virgens de outros,
milhares de paraísos a que se vai acedendo aos poucos, de acordo com a religião
do Tao. E se não fosse pelo convencimento era pela força. E foi assim que certo
dia as mulheres viram chegar no mercado uma peça de ferro com fechadura e
cadeado: O cinto de castidade, alguns com lâmina para que se algum pretendente
tentasse penetrar a esposa, tivesse seu falo cortado – ou a língua. As amizades
secretas de esposas com os armeiros que trabalhavam em fechaduras, não passaram
desapercebidas.
4. Nos tempos
modernos.
A
humanidade move-se por terrenos espirituais que estão em sua origem. Não abdica
de princípios, e esta tem sido a luta de religiões e políticos tentando desviá-la
normalmente pela privação, através de proibições. É uma luta em vão. Alguns
“líderes” que assumem governos de religiões ou de Estados conseguem mudar suas
sociedades por algum tempo, mas a humanidade dá-lhes a volta. Revoltam-se as
sociedades e a humanidade. Acontece a todo instante, e após 12.000 anos de civilizações,
e finalmente, a mulher consegue atingir a sua igualdade perante o homem,
podendo votar, tendo seu trabalho, podendo voltar a ser a matriarca de uma
família como já o tinha sido em algumas sociedades do passado e mesmo antes
deste século XXI, já em algumas sociedades africanas, em Roma, na Grécia,
Oriente Médio, até com direito a harém, tudo de forma oficial e aceita pelas
sociedades. Assim como existem homens que estão sempre prontos e dispostos,
também há mulheres que têm a mesma disposição e estão sempre prontas para fazer
sexo.
A
humanidade, sociedades em geral como parte da humanidade, na verdade,
parecem-se muito com uma esponja ou uma massa de moldar. Confinem-se entre as
mãos, apertando-a num sentido e ela se moverá para o outro, buscando espaços.
Não podem ser comprimidas. No caso da esponja, vomitam pelos poros, no caso da
massa, fogem do controle por entre os dedos da mão. Não estou certo se Maquiavel
de injusta má fama, percebeu isto embora explicitamente não pareça que tenha
construído uma “máxima” que assim definisse as sociedades e a humanidade. Para
esta, o tempo flui de forma diferente. O indivíduo tem pressa, a humanidade não
tem tanta. Quase nenhuma. E mesmo quando parece mudar, volta ao mesmo, às
mesmas atitudes, apenas com roupas e equipamentos diferentes.
5. O futuro da
liberdade sexual.
É
inevitável que a promiscuidade traga a transmissão de doenças sexualmente
transmissíveis. Vírus sofrem mutações a tal ponto que alguns chegam a parecer
que são vírus diferentes, mas não passam de vírus modificados. Entre a vontade
e a obrigação de usar um preservativo, vence sempre a vontade. São poucos os
casais que no gritar dos hormônios, se abstêm do sexo esperando uma outra
oportunidade em que haja preservativos disponíveis. O indivíduo tem pressa. A
liberdade sexual de hoje é fruto de uma série de “condições” em que se vive no
dia de hoje. Como simples exemplos, é fruto de uma perda de força das religiões,
da necessidade do mercado lançando mão do trabalho feminino e de sua igualdade
aos homens, da existência de preservativos mais suaves do que as antigas tripas
finas de bois e vacas, da evolução do Estado democrático, da simplificação de
tarefas através das facilidades permitidas por modernos equipamentos, a perda
de rumo e até certo ponto do enfraquecimento do homem como “senhor” da
situação, a perda de posição como chefe da “tribo do lar”, onde fatores
econômicos têm peso substancial. Em palavras bem diretas, a mulher se
masculinizou e o homem se afeminou. É o estado híbrido, do meio termo, que
parece irá dominar o futuro da humanidade nos próximos séculos, tempo muito
curto para a humanidade a ponto de aumentarem sensivelmente os casos de
hermafroditismo.
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O grande
segredo da humanidade é a adaptação e a inovação tudo com muita paciência, sem
pressas, e se o conceito de família já não é como antes, quem sabe voltará um
dia a sê-lo ou desaparecerá para sempre? Qualquer tentativa no sentido de mudar
a determinação da humanidade, isso sim, será em vão. O problema é: O que quer a
humanidade? O que governos, filosofias ou religiões querem é
volúvel e passageiro, sempre de forma apressada porque é coisa de indivíduos.
® Rui
Rodrigues