Já fizeram a
volta ao mundo em 80 dias num balão, e quando chegaram ao final havia um
problema de fuso horário que salvou a honra não sei de quem. Já não lembro nem
vou reler a história só por causa disso. Mas sei que quem escreveu foi um cara
que gostava muito de viajar e até foi á Lua numa cápsula disparada por um
canhão. Chamava-se Julio Verne e escreveu no tempo em que ainda não havia nem
Hollywood nem “Hollyhood”, nem televisão. E se vivesse hoje como daria a volta
ao mundo?
No trem
bala da Dilma, impossível. O PT e ela mentem muito e gastam mais ainda. O
projeto nem saiu do papel e até já gastaram quase toda a verba só em falar
dele. De avião demoraria uns dois dias, o que significa que ou a Terra é muito
grande ou nossos aviões são uns pangarés dos ares aos quais só falta parar nos
ares para pastarem alguns barris de petróleo por uns minutos. Mas não do
pré-sal, que esse é produto da importação de outros países e “etiquetado” como
pré-salino. A viagem tem que ser “impactante” para prender a atenção dos
Iphadianos e dos Uátzapistas que passam o dia e a noite grudados nesses
aparelhos, escrevendo só consoantes, e rindo pra dentro para não pagarem mico.
Fazem isso até dirigindo automóveis, mas só enquanto não se esborracham contra
outro automóvel, caminhão, trem ou a porta da garagem... Depois fica tudo mudo,
não se vê nada, nem se sente frio, e no dia seguinte é o enterro com flores
recicladas que já foram usadas no enterro de meia hora atrás no mesmo
cemitério. Só trocam as fitas com o nome do morto.
Nossa
viagem à volta da Terra para ser completada em oito minutos começa agora via
NET, numa máquina do tempo chamada memória. Os amigos leitores nem notaram, mas
já partimos e chegamos a Londres. É lá o nosso ponto de partida.
A ponte
continua no mesmo lugar, a Torre também, e a monarquia tem agora mais um bebê
com pretensões ao trono. A população não foi avisada de nossa chegada e por
isso está todo mundo muito fleumático, sem chapéus de coco como antigamente,
mas os ônibus vermelhos continuam com dois andares. O que acabou foram as
cabines telefônicas. O centro da cidade foi todo comprado por ricos
estrangeiros, porque na Inglaterra já não há muitos. E quando me preparava para
partir, já havia chegado a Paris. A memória é muito rápida.
Mas não
desci em Paris. Anda muito suja por causa da falta de verbas. Todo mundo anda
economizando e guarda o dinheiro não se sabe onde que ele desaparece para tudo.
Aquela Paris bucólica e citadina dos tempos de Jacques Tati não existe mais. Todo
mundo apressado, louco para chegar em casa e pegar seus Iphodes e Uátzapes, que
ir ao Ópera de Paris está muito caro e o gosto caiu. Até o circo do Soleil foi
vendido para uns chineses que estão comprando o mundo a preço de banana.
Ainda
deu para ver a Torre Eiffel e os barcos quase vazios de turistas do Sena, mas
já estava em Xangai. A memória é muito rápida e passou lotada por Berlim, onde
sei que a Merkel está, fumando um cigarro às escondidas no banheiro da casa
onde mora. Todos os que chegam com presentes em casa dela pergunta se é
presente de grego. Sofre dessa paranóia por causa de uma dívida de guerra do
tempo dos nazistas, e da qual ela não tem culpa nenhuma, mas os gregos dizem
que sim. Se ela topasse pagar alguma dívida, a Alemanha ficaria pobre e o mundo
inteiro apresentaria fatura. Os gregos não entendem. Falam outra língua!
Em Xangai,
a primeira coisa que fiz foi perguntar a um vendedor de carne de cachorro, o
que havia mudado na vida dele desde que a China tinha deixado de ser comunista.
Ele esticou os olhos a ponto de as orelhas quase se soltarem, abriu a boca num
fechado “O” e disse-me: - Não sabia!... Para mim, continuamos comunistas, e não
mudou nada. Já vendo cachorro quente desde os tempos do Mao Tse Tung. Nunca
ganhei nem mais nem menos. Desde então sempre comi arroz feito em casa com o
que sobra dos cachorros-quentes. O sabor é que está diferente por causa da
poluição. Agora praticamos Kung-Sifu, e na lareira por falta de madeira estamos
queimando livros vermelhos da época do Mao. Um parente dele é que imprimia os
livrinhos. Queimamos também aqueles bonés redondos cor de bosta para atiçar o
fogo. E nem ele tinha acabado de falar quando cheguei a S. Francisco da
Califórnia. Nenhum país ainda era comunista ou socialista, porque querem ter
dinheiro para poderem distribuir, e sem um sistema produtivo, capitalista, é
impossível.A população por lá não diz Xangai... Diz Xingai ! Xingai! Assim como os japoneses já disseram Banzai. Banzai... Estão paus da vida. Meia duzia de ricos e o resto que são bilhões todos pobres ganhando 50 dólares por mês.
Estava me
perguntando porque a volta ao mundo é sempre no Hemisfério norte sem passar
pela metade debaixo do planeta Terra, que nem é de baixo (mania que têm de representar
o planeta sempre com o pólo norte para cima) quando olhei o relógio... Nossa...
Tinham passado mais de sete minutos. Assim voltei logo a Londres e de lá voltei
ao Brasil.
Mesmo em cima da hora, vi passar uma bala perdida, li as notícias
dos jornais, e percebi que o governo está governando com a cabeça na Lua, o
estômago numa cozinha de luxo, o alfaiate preparou roupas com bolsos que são
alforjes para guardar a grana, que os sutiãs e calcinhas de governantes são
autênticos cofres, e até as meias, e que não têm mãos a medir para capitalizar
todo o centavo que podem. Perguntei-me: Mas que país é este?
E o guarda
do aeroporto me disse que também não sabia, e que não adiantava perguntar,
porque todos os 200.000.000 de habitantes se perguntavam o mesmo. Olhei o
relógio: Oito minutos cravados. Peguei meu velho PC, liguei na Net e li:
Governador de Minas sob vaias condecora Stédile com a medalha de Tiradentes.
Acho que foi só para irritar. Peguei a foto da presidente, dos presidentes do
senado e da câmara, a de um pato rouco sem um dedo e uma estrelinha, adicionei uma porção de pimentas amassadas para se transformarem num pimentel, pus tudo
no vaso sanitário e aliviei os meus intestinos. Depois dei descarga! Atos
simbólicos são assim! Cada um caga no que quer.
® Rui
Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato por seus comentários.