Lula suicidou-se!
O suicídio político é pior do que o suicídio físico: Este acaba com tudo na vida e com ela própria; aquele deixa o indivíduo consciente de sua inutilidade e incapacidade em todos os dias que restarem de sua vida. Passa a ser um vivente abandonado, execrado, desconsiderado.
Lula suicidou-se politicamente. É o único responsável por sua morte política, porque pederu o senso do que é justo, do que é errado até mesmo perante a lei. Ou é mal aconselhado, ou Lula é assim mesmo.
Lula foi um político, um ser humano como outro qualquer, dentre aqueles que tiveram um princípio político, um apogeu e um declínio. A história universal é uma fonte de consulta onde podemos encontrar figuras históricas como a de Lula em cada dia da história da humanidade, em cada página de livro. Lula não foi mais nem menos do que um desses. Houve piores e menos ruins. Raros foram os que se possam considerar como “melhores”. A política não serve ao povo, mas às instituições. A prova disto são as forças de polícia e os exércitos quando marcham sobre o povo quando este reclama.
Lula, sua determinação e a sociedade.
Com o mesmo ufanismo e prazer com que uma criança de oito anos mostra para os pais que conseguiu andar numa bicicleta sem as mãos, Lula mostraria para a sociedade que, apesar de tecnicamente analfabeto, sem diploma, sem nunca ter sido eleito para cargo publico, sem nunca ter passado em concurso público, sem nunca ter mostrado sua competência, chegaria a presidente da República. Mas como conseguir isso, desta forma tão incongruente, tão atípica, tão estéril e vazia?
Teria que apostar em várias coisas: No populismo, na venalidade dos políticos, valer-se dos momentos históricos da política. Tinha consciência, nos anos 70 e 80 que o Brasil estava numa ditadura odiada pelo povo e por larga banda dos próprios políticos, artistas, intelectuais. Traria todos os descontentes para o seu lado. Como? Usando seu poder de persuasão sobre os trabalhadores do ABC onde atuava, mediando salários e condições de trabalho entre esse povo trabalhador e os empresários. Tiraria partido de ambos os lados, porque precisaria deles para se tornar o primeiro presidente analfabeto e ignorante do Brasil. É altamente provável que, naquela época, Lula realmente pensasse que poderia tirar o povo brasileiro da miséria financeira, política, de educação, e de tudo, incluindo água potável, rede de esgotos, energia elétrica. Como não seguir um homem destes que apostava o que tinha, e que era nada, contra os que tinham tudo?
As sociedades sempre agem com o coração, enquanto as elites agem com o conhecimento. É uma guerra desigual. O coração sempre perde, mas Lula apostou que venceria.
Lula, o ABC e seus aliados políticos.
Como líder sindical, Lula conseguiu sempre duas vitórias, uma de cada lado: Os trabalhadores obtinham algumas vantagens aparentes através de mobilização para greves em movimentos de ruas, o patronato não perdia, porque obtinha razoáveis vantagens nas negociações. Lula intermediava, fazia adesões políticas de ambos os lados do muro. Todos se julgavam vencedores, e Lula poderia ser a balança da razoabilidade interposta entre o povo e o governo com os empresários do outro lado. Mas havia alguém que discordava: Leonel Brizola, o qual, de esquerda desarmada, sempre havia combatido a ditadura. Lula poderia ter-se aliado a Brizola desde o começo de sua carreira francamente política, mas preferiu a esquerda armada, porque Brizola, de brilhante carreira política, era agora um adversário com alto potencial de lhe tirar a oportunidade de vir a ser presidente. Leonel o chamava de “sapo barbudo”. Se fosse vivo, hoje, Leonel Brizola o chamaria provavelmente de “cobra barbuda”.
Depois que Lula se dedicou exclusivamente à política, as greves se reduziram, os sindicatos foram perdendo a força. O ABC e seus problemas já não preocupavam Lula. Foram os dois primeiros erros de Lula: Abandonar o ABC e aliar-se à esquerda armada não representativa da nação brasileira. Esquerdas e direitas armadas são extremistas e o Brasil não é extremista.
Lula presidente do Brasil
É praxe ou costume, ou hábito que quem tem mais dinheiro disponível para propaganda e outros atos, se elege presidente em qualquer nação: Dinheiro compra opinião, faz opinião e pode comprar votos de forma direta ou indireta. É assim também nos EUA. Sobras de campanha nunca se sabe para onde vão nem a quem pertencem, se ao Partido político, ou se aos candidatos, ou se é distribuído entre todos. No Brasil soube-se através do caso PC - PC Farias, que ele detinha as sobras da campanha de Collor. Foi Collor quem não permitiu que Lula ganhasse uma das eleições para presidente da República a que concorreu. Lula muniu-se de sujeitos semelhantes que controlavam o caixa dois de suas campanhas. Enquanto iludidamente se pensava que o caixa dois representava sobras de campanha, o povo nunca deu muita importância. O problema apareceu quando se soube que as sobras de campanha eram verbas públicas utilizadas pelo PT para eleger os seus candidatos. A extrema esquerda sempre apóia qualquer ato por mais torpe que seja, justificando que os meios justificam os fins. Dilma, José Genoíno e a esquerda coadjuvante nos governos e campanhas de Lula, também. Porém, o povo, não. O povo continua querendo justiça, e esse foi mais um erro de Lula, ao achar que o povo justificaria seus atos mesmo que injustos.
Face ao governo de coalizão entre um ex-sindicalista ignorante e a esquerda armada do passado, Lula foi endossando posicionamentos políticos que deixaram o povo ainda mais apreensivo: Simpatia com Fidel Castro que governa uma Cuba desatualizada e cada vez mais decadente. Simpatia por Ahmadinejad que quer fabricar uma bomba atômica e nega, assim como diz que não houve Holocausto dos povos judeu e cigano; a Hugo Chávez que é outro ignorante de esquerda que afunda a Venezuela cada vez mais, e a Cristina Kirshner que afunda a Argentina, e a outros visionários ignorantes que não percebem para onde o mundo caminha, e que nem sabem contar pelos dedos. Se soubessem, veriam quantos países comunistas ainda existem no mundo e quantas eram há algumas décadas atrás. O mundo muda, mas a esquerda não muda. Não muda porque é ignorante e idealista e mesmo contra tudo e contra todos não sabe mudar. É como fiel de fé. Ainda bem que são cada vez menos.
Lula, os empresários, os políticos e a corrupção.
Na vida de todo o cidadão, há sempre um momento em que se governa a vida por esforços pessoais, e o momento em que a vida passa a governar o cidadão por causa e conseqüência de seus próprios atos. Foi assim também e inexoravelmente com Lula. Ficou amarrado aos tratos políticos e às uniões políticas que promoveu ou aceitou. Assim, já durante o primeiro mandato, deixou o governo entregue, como sempre, a seus conselheiros políticos de extrema esquerda que já sabiam que revoluções pelas armas, sem o apoio do povo, não logram êxito. Entretanto, fez uma simbiose com o poder do empresariado: Financiava as viagens a negócios a título de relacionamento internacional, enquanto aproveitava para alardear sua figura pelo mundo e conhecer novos países. Não que se seja contra o aumento das exportações brasileiras, mas à manutenção da ineficiência de nossas industrias e empresas em termos de competição internacional, através de mecanismos de ajuda com verbas públicas. O que Lula fazia era conceder ajudas dos mais diversos tipos, fazendo aparecer chefes de industria como Eike Batista. E continuou numa série de erros políticos e conceituais, próprios de ignorante ou de líder populista mal aconselhado: Deu indevidamente um passaporte diplomático para o filho que a justiça foi obrigada a retirar-lhe; Numa visita a Cuba posiciona-se a favor de Fidel Castro quanto à manutenção e condições de vida de presos políticos; tenta interferir na política internacional contra a nuclearização do Irã, propondo negociações com Ahmadinejad, quando este nunca se dispôs a negociar verdadeiramente, abrindo e franqueando o acesso às informações e instalações pela fiscalização internacional; Usa verbas públicas para se reeleger; compra votos no senado com verbas públicas conforme demonstrado no julgamento do mensalão. Une-se a um político que fora indiciado, julgado como corrupto e finalmente libertado após cumprir pena: Paulo Maluf.
Lula aprendeu que mesmo sendo preso, se pode voltar à política, e mesmo sofrendo impeachment, se pode voltar ao senado, como bem demonstrou Fernando Collor que cada vez mais apresenta um olhar e um comportamento irritadiço de menino mimado ou de portador de deficiência mental. Tanto Collor, quanto Lula, ambos ambiciosos de poder, para mostrar ao mundo com quantos paus se faz uma canoa. A sociedade percebe isso. Fidel pegou em armas. Lula e Collor jamais se atreveriam. A política teria que ser mais sutil. Se o senado é corrupto e se fizeram eleger para distribuir cargos, prestígio, Lula sabia muito bem com quem estava lidando, e deu-lhes o que queriam: O partido dele – e como se fosse possível, sem o conhecimento de Lula – distribuíram verbas públicas para comprar votos no senado e fazer passar leis que lhes interessavam. Indicaram militantes sem qualificação, inclusivamente um bacharel para o Supremo Tribunal Federal e detrimento de outros mais capacitados. Nem perguntaram ao pessoal do ABC nem à sociedade brasileira se aprovariam tais projetos e leis. Mas a sociedade ainda estava deslumbrada com o trabalhador sem dedo que nunca tinha trabalhado, nunca tinha ocupado cargo público, e passara a perna em todos fazendo-se eleger e reeleger. Saiu com aprovação recorde, não sem antes colocar no governo uma esquerdista, antiga militante da guerrilha, que sabia o que Lula não sabia: Um pouco mais sobre canoas. Ela sabe com quantos paus se faz uma canoa, e tal como Lula perde todos os dias colaboradores por corrupção. É como se o PT, ou a presidência do PT só indicasse corruptos para governar uma nação. E o povo, quem elege? Com que consciência elege? Nem repara que enquanto lhe dão um salário família, uma bolsa família, outros levam muito mais do que isso em maracutaias que nunca devolvem aos cofres públicos. O PT parece que dá, mas tira muito mais, milhares de vezes mais.
Lula suicidou-se politicamente e não vale mais que uma pequena parcela do que já valeu. A ala intelectual do PT afasta-se a cada dia desse partido que , certo dia no passado, chegou a representar os ideais de um mundo mais justo com bandeira verde e amarela.
Dilma não pode ficar em cima do muro, sob pena de ter sua confiança abalada pelo partido que a suporta. O povo não admitirá outro mensalão, nem algo parecido. Nem ministras da casa civil corruptas, nem ministros corruptos, com sinais de riqueza inexplicável, cometendo todo o tipo de atrocidades sobre o tesouro público. Para onde vai esse dinheiro? Quem o recebe? O que faz com ele?
Lula suicidou-se politicamente a nível nacional e internacional. Algumas instituições lhe retirariam os “diplomas” com que foi agraciado no tempo em que ainda representava um sujeito idealista, justo, incorruptível.
Dilma é uma incógnita para quem conhece a idiossincrasia nacional.
Rui Rodrigues.