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sábado, 22 de junho de 2013

Carta aberta ao Governo e ao Congresso Nacional


Carta aberta ao Governo e ao Congresso Nacional
(Para ler com calma e muita atenção)
A política nacional vandaliza a nação  
Em face da incredibilidade do setor político da nação quanto aos movimentos de rua  e à aparente ignorância sobre o que se passa, como se isso fosse possível num elenco de “eleitos” que por conhecerem os desejos da nação, a representam, aqui vai a explicação e vontades expressas nas ruas.
Se estivéssemos na década de 60, poderíamos dizer que nossos políticos são da “velha guarda” e os movimentos de rua da “jovem guarda”. Porém muitos de nossos políticos são exatamente dessa década, e como muito tempo já decorreu sem que nada de sensível mudasse neste país – vivemos nas ruas e pelas ruas reclamando - nossos políticos e nossa política são hoje da “guarda medieval”. Ficaram muito atrasados, usando uma constituição que pode ser alterada como  querem sem pelo menos consultar o povo para uma nova constituinte, como daquela vez em que se chamou o Ulysses Guimarães. Com tantas alterações através de PAC, transformou-se numa colcha de retalhos, um trapo que qualquer político pode alterar como no humilhante caso da PEC-37, um autentico AI-5, ato institucional do tempo da ditadura.  
Não há mostras do governo de voltar atrás neste assunto, e evidentemente que o povo já demonstra nas ruas a sua insatisfação. Para um governo e um congresso que deveriam representar o povo, se estão tão certos de que estejam certos, façam um plebiscito. A constituição ainda os permite. Digo ainda, porque, quem sabe, vem aí mais uma PEC impedindo ou limitando plebiscitos. Este é um temor dos manifestantes, que representam toda a sociedade mentalmente saudável desta grande nação, tão grande, que fiquem certos, é muito maior do que o seu governo.
O povo está nas ruas contra a corrupção... Mas há condenados que estão soltos, e pior ainda, mandando no Congresso, votando no Congresso, dando opinião. Ora, não seria o caso de tantos corruptos se demitirem de seus cargos? Claro que não. O sistema lhes assegura que continuarão impunes, e é isto que o povo não quer. A burocracia para tirar um voto de confiança dado é tão grande, e o tempo de quem trabalha tão curto para outras atividades que não sejam o trabalho, esmorece vontades, faz desanimar. Então o povo vai para as ruas numa demonstração só, que engloba os altos custos inexplicáveis das passagens de transporte público, o desmazelo e desinteresse das empresas de telecomunicações em melhorar o serviço e deixarem de cobrar pelo que não propiciam, gente morrendo em filas de hospitais porque além de faltarem médicos falta de tudo e nada funciona, ensino péssimo, horrível, morre gente pelas ruas em assaltos diariamente por que falta segurança pública. Mas é tão alto o valor dos impostos cobrados aos cidadãos e o valor arrecadado tão alto, que somente a corrupção nos preços unitários, nos valores globais, nos salários de governantes e nos desperdícios por péssima administração podem explicar porque razão somos tão ricos financeiramente como uma sexta economia do mundo, e tão pobres como nação de pessoas que trabalham durante toda a sua vida sem ter nada de decente nem no que respeita ao essencial. Nem são necessários números nem olhar as avaliações mundiais para sabermos que se rouba muito e se desperdiça muito no nosso setor governamental. Mas mesmo depois do pronunciamento da presidente da nação não  há sinalizadores de que algo irá mudar. O discurso de Dilma Rousseff foi de força, de que tudo continuará como sempre esteve. Como o povo já conhece bem, muito bem, nossos políticos, já não se engana nem se pode enganar.
Não há um único ministério que funcione a contento, porque os cargos são de confiança e não de capacidade. Qualquer um pode convencer ou enganar um ministro e sua assessoria, a começar por esta mesma. O sistema é todo ele falho, voltado para a corrupção, sob lindas leis que não se cumprem, a começar pela primordial de que o governo deve representar o povo, e o faz através de propaganda. As propagandas são sempre muito lindas como no regime de Stalin ou de Mao tse Tung, ou mesmo dos Ayatolás, mas não resolve o nosso problema nem resolveu o deles, nem em Cuba, nem na Venezuela, nem na Argentina. E perdemos o trem do México, do Chile e da Colômbia que criaram um Mercosul separado, porque nesta organização comercial se misturou política com negócios. As obras da Copa bradam aos céus de todos os engenheiros e economistas desta nação, que não só no planalto existem engenheiros e economistas. Aliás, de valor, de gente que entenda da profissão, não há nenhum porque todos são, no governo, “de confiança”. Não da nossa, senhores e senhoras, da vossa confiança.
Sentimo-nos numa jangada de pedra, navegando cada vez mais para fora do mar da confiabilidade internacional, do comércio internacional, da educação, da saúde, da segurança, dos transportes, das nações. Estamos a ponto de nos reduzirmos a um bando que tem uma bandeira com crack e outras drogas espalhadas por todos os lados.
O que fizeram com o nosso Brasil, o nosso querido Brasil? Porque sois tão insensíveis, gente tão ruim, da pior espécie que mata mais em seus desvios e desperdícios do que os vândalos dos movimentos de rua?
Não votaremos nas próximas eleições, até que por iniciativa própria tomem as medidas para sanar o setor político. Esperamos que agora não restem duvidas do que se quer, mas se ainda restar alguma, como sabem perfeitamente o que é certo e o que é errado, consertem vossos erros de imediato, antes que este país caia numa revolução civil que ninguém quer, mas da qual nada se teme. Este pobre povo não teme a morte.
O que queremos é participar das decisões de governo... Queremos uma Democracia Participativa. Não queremos uma nação vandalizada pela política. 

©  Rui Rodrigues

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O que significa ser político para o povo brasileiro?





Tema: O que significa ser político para o povo brasileiro?


Aula de política para ser ministrada no Palácio do Planalto, no Senado, nas Câmaras de "debochados", de "insaneadores" e de "verdeadores".


Antigamente, ser político era aquele sujeito, normal e exclusivamente do gênero masculino porque proibiam a entrada na política às mulheres, aos negros e aos índios, que todos chamávamos de “senhor doutor” com todo o respeito, porque estava num alto cargo da nação que deveria proteger os cidadãos contra guerras, e dar-lhes assistência básica. O Brasil sempre foi um rico país rico, e esperava-se a moralização das instituições e o desenvolvimento industrial e econômico para que pudéssemos vir a ser o “País do futuro”...

Bem, senhores, políticos... Já passamos pelo desenvolvimento industrial, pelo boom econômico, e já somos um país no futuro... Mas ainda sonhamos ser “O” país do futuro. Já perdemos o boom econômico e estamos agora a braços, a pernas a cabeça e a troncos com a inflação. Poderia ser isto uma causa natural dos ventos da historia, mas não é... A inflação desta vez não tem a mínima explicação técnica... Com isso, e não só por causa disso, estamos perdendo nosso parque industrial... E até já sofremos a vergonha de cancelarem a importação de nossas imensas safras de soja porque nossos portos estão mais lentos que lesmas coxas. Os aeroportos estão ineficientes, do tempo dos teço-tecos, aqueles aviõezinhos ao ar livre com um piloto de capacete de couro, desembarcando na lama... Nossos doentes morrem em filas de hospitais porque não têm nada...A única coisa que têm são referências de que foram destinadas verbas fenomenais, mas nem o ineficiente mas competente Tribunal de Contas da União consegue destrinchar a contabilidade das verbas, das quais, aliás, querem os políticos, sigilo absoluto para ninguém descobrir para onde foram... É como se o Brasil fosse uma manada de zebras, de burros, de camelos, de ovelhas, sem raciocínio, sem vontade própria, sendo tocados no pasto por pastores espertos que comem queijo de zebras, de burras, de camêlas, de ovelhas...

Em um país que se orgulha do Impostômetro, nome dado ao contador de impostos recebidos pelo governo, na casa dos trilhões, o povo se pergunta que diabos fazem com tantos impostos que não se vê nada, num país que é a sexta ou a sétima economia do mundo e vive com índices de pobreza, de falta de segurança, falta de educação, falta de infra-estruturas, como qualquer país medíocre e miserável do sexto ou sétimo mundo...

A política nacional transformou-se numa indecência, numa imundície, que revolta já os rebanhos de zebras, de ovelhas, de camelos, de burros, que, pelo contrário, não têm nada de zebras, nem de ovelhas, nem de camelos, nem de burros... Tanto que não têm, que saíram às ruas, para ficar...

O povo vai ficar nas ruas... E porquê?

Porque acordou. Demorou mas acordou.

Já se vai o tempo do “senhor doutor” deputado, do “senhor doutor” senador, de “sua excelência” o presidentO da república, se for hetero renitente, presidente se for mais ou menos hetero, ou presidentA se for do gênero feminino mesmo que seja homo... Para vermos o nível de preocupação dos problemas em decretar que nossa infeliz e incapaz presidentA tem vivenciado.. É isso que importa à presidência.. (Se fosse um presidentO, seria “ao presidencio”).

Não é à toa que político é considerado como ladrão, corrupto, filho da puta, dejeto social, incompetente, burro, camelo, estúpido, ignorante, cafajeste, e todo o tipo de palavras que seriam consideradas como maldizentes, mas que definem perfeitamente o tipo de políticos que temos tido.

Esta aula destina-se aos safados do senado, do Congresso, das Câmaras de vereadores e deputados, para que aprendam que têm de mudar...

Quem manda é o povo... O governo obedece... para isso ele existe.

© by Rui Rodrigues

Os movimentos de rua no Brasil, de junho de 2013.


Os movimentos de rua no Brasil, de junho de 2013.
(aos que se movimentaram em paz, com ética, e toda a moral do mundo)

Em 1997 editei, eu mesmo, o livro “Ré-Pública”, ISBN 85-900308-1-4, sob o grande título de “Civilização”, com capa de Adriano Mota e edição de texto de Ângela Portocarrero. Pseudônimo de Rui Nogueira como homenagem a minha mãe de quem, erroneamente não herdei o sobrenome. Meu pai não gostou, mas com todo o carinho e admiração que tenho por ele, eu gostei. Aliás, a mãe dele, minha avó, tinha também o sobrenome de Nogueira, de quem meu pai também não herdou o sobrenome. Coisas de uma aldeia onde grupos buscam sua influência para tecerem suas teias conforme crêem ser mais justos ou injustos. Admirador do povo judeu, de quem sou descendente, não gostei que, à revelia, me tivessem capado o nome de minha mãe, fosse ela o que fosse, quem fosse, onde fosse. Pai é pai e mãe é mãe. Amamos sempre as mães.
Livro Ré-Pública ... Propõe a Democracia Participativa
Surgiu daí a minha primeira grande indignação: Como ousaram, quando eu tinha sete anos de idade, me escamotear o sobrenome de minha mãe, sem me consultarem, e ainda me trocarem os sobrenomes de tal forma que nem parece, a quem analise, que sou filho do meu pai? Espero que se entenda o que representa para uma criança a perda de sua identidade pelo prazer de um grupo que poderia identificar como qualquer coisa, que, por ser à revelia, nos permite pensar em qualquer coisa: Limpeza étnica de nomes judaicos, rivalidades infantis entre famílias dos Rodrigues e dos Monteiros, ações tomadas depois de uma bebedeira com o excelente vinho de Fornelos que já não tomo há exatos 29 anos... Saudades... Saudades do meu velho e bom pai, dos amigos e amigas de Fornelos, desse Portugal que abandonei por três vezes para voltar, sempre, para o meu amado Brasil. Brasil é tão maravilhoso que se torna um vício. Sou adicto ao Brasil.

No livro “Ré-Pública” reduzo ao pó do tempo as ditaduras, os reinados, os impérios, os sistemas políticos normalmente conhecidos como Comunismo, socialismo ou capitalismo, todos disfarçados de repúblicas representativas: Os cidadãos votam nuns sujeitos que são custosamente promovidos a cada quatro ou cinco canos, e isso é tudo. Já eleitos nunca mais nos consultam e fazem o que querem. Quando alguns deles são descobertos enfiando a mão no saco do dinheiro, são postos no olho da rua e substituídos por outros que continuarão agindo da mesma forma, sem repetir os mesmos erros. Cometem outros diferentes, mais sutis e que demoram mais a serem descobertos. Isto não é política, é comércio. Comércio por dinheiro ou comércio por favores. 

Desde 1997 que venho disseminando a idéia da primeira noção de Democracia, a mais pura, nascida na Grécia, quando os cidadãos se reuniam em praça pública e levantavam o braço se votavam a favor ou deixando-o pendente, se não concordavam com alguma lei ou algum projeto. Isto chamou a atenção de um grupo que seguia idéias diferentes: os sofistas. Estes queriam uma representatividade, para “facilitar” e agilizar os processos. Para aquele tempo poderíamos até entender a necessidade: Não tinham celulares, computadores, Internet... E a votação obrigava a conclamar o povo, muitas vezes de emergência. Era realmente uma zona, esse tipo de votação. Mas agora temos à nossa disposição todos os meios para tornar instantânea qualquer votação para qualquer coisa que necessitemos. E não precisamos de ninguém nem para sugeri-las: Os próprios cidadãos propõem projetos, leis e projetos de lei, e eles mesmos votam. Os poderes no governo, que também indicamos, fazem o trabalho de fazer valer o que aprovamos pelo voto. Ponto final, muito simples.

Tive o bom senso de enviar exemplares para Universidades e Escolas quer no Brasil, que em Portugal, Inglaterra, EUA, por correio, à atenção das respectivas bibliotecas. Isto desde 1997.  Uso a NET desde que foi criada, e sempre expus estas idéias. Yes, we can... Sim.. Nós podemos votar em tudo o que quisermos. E foi com agrado que passados pouco mais de dez anos, vi novas constituições serem votadas nos países nórdicos, na Islândia e na Suíça, através de votos populares, usando a rede da NET. Foi o primeiro grande passo para a expressão da vontade cidadã sem intermediários que sempre levams a sua parte financeira dos meios disponíveis, e que sempre fará falta para a educação, a segurança, a saúde, os transportes, a vida pública saudável, tal como os cidadãos desejam. Com a crise de 2008, provocada por banqueiros, tal como em 1929, o mundo entrou em parafuso, porque a ambição desmedida fez os cidadãos entrarem num mundo novo de escravidão para pagar juros de incompetência e mancomunação entre capital e política. A política transformou-se num mercado capitalista com um grande sócio: Os governos do mundo, doando verbas públicas que, naturalmente, por sua falta, provocaram o caos nos serviços públicos, nos níveis de desemprego, e acarretam perdas de bens, como se a culpa fosse dos cidadãos.

Esta crise ficará na história como a crise que fez mudar a forma de enfocar a política. Nos governos atuais, com os partidos políticos fazendo eleger seus próprios membros para postos de governo, mancomunados com as empresas, num entorno de ambição desmedida, nada se mudará. É necessário que o sistema mude para abraçar a participação cidadã, pública. Pública, isto é de República.. A coisa pública, e não a coisa particular, que foi no que os governos se transformam desde a nascença, por opção forçada.   
 Povo em paz sai para as ruas, sem bandeira de partidos
Que visão política pode ter um torneiro mecânico, um militar, um motorista de caminhão, uma viúva de político que fez plástica, sem instrução e sem nunca terem trabalhado ou participado em cargos de governo? Que visão política interna ou externa poderão ter?

Nenhuma...

Mas se, pelo contrário, colocarmos nossas vidas na mão de sujeitos com diploma e instrução que fizeram carreira política, que podem fazer o que quiserem ao abrigo de leis que eles mesmo votam, qual a diferença?

Nenhuma...

Ambos têm em comum a ambição, a vaidade.

Nós somos cidadãos. Não podemos depender da vaidade nem da ambição de terceiros que não nos representam.

Parabéns Brasil pelos movimentos em todo o País que levou centenas de milhares de jovens, novos e velhos na idade, em junho de 2013, para as ruas desta nação maravilhosa querendo mudar o que tem – necessariamente - de ser mudado.
 O que o povo realmente quer
Mas não esqueçam que, discutir o sistema dentro do próprio sistema, é como tomar aspirina para um ataque de AVC... Morre-se com um pouco menos de dor de cabeça. E nunca é demais lembrar que os políticos não nos dão nada. Nossos impostos pagam tudo. O problema é que pagamos muito e não recebemos quase nada. Perguntem pelas ruas, casas, shoppings, armazéns, campos, praças, mares, ares, aeroportos, prisões, lares, transportes públicos, hospitais, postos de polícia, forças armadas, se estou mentindo...


Rui Rodrigues

PS- Para saber mais sobre a extensão da Democracia Participativa, favor consultar o linkhttp://conscienciademocrata.no.comunidades.net/


ESCLARECIMENTO:
O que os políticos contumazes – porque não é profissão nem deveria ser – Ainda não entendem


O povo foi definitivamente para as ruas. Não têm partido. Têm necessidades que nenhum partido político tem conseguido prover com o dinheiro dos impostos que pagam, há séculos... O mundo está farto de ver políticos contumazes, eventuais, se embrulharem em custosos ternos, se enlatarem em carros caros, desprezando as necessidades cidadãs.

Os impostos não são estabelecidos anualmente em função de um orçamento, mas são fixos, sem dar folga aos cidadãos. É tanto dinheiro arrecadado, à disposição desses políticos contumazes, sem responsabilidade financeira sobre seus atos, que não há como resistirem à tentação de morder uma parte.

O povo que foi para as ruas não tem partido político, nem precisa que nenhum político contumaz, eventual, oportunista, lhe venha dizer o que necessita nem o que quer, nem como “deveria ser”. O povo sabe. Sempre soube.

O povo quer participar dos atos de governo. O povo quer ser ouvido. O povo quer governar-se, longe desses políticos oportunistas e contumazes, os quais, em vez de atender o povo, exige por leis que o povo os atenda.

É tão simples, que os gordos e ambiciosos olhos mentirosos dos políticos não conseguem enxergar. São politicamente vesgos, estrábicos, estronchos e não pressentem sequer os ventos da história.

Então, face aos justos movimentos em toda a sociedade e em todas as cidades brasileiras, somos obrigados a pagar as propagandas de partidos oportunistas que agora aparecem em massa na mídia querendo encampar o movimento a seu favor. É mentira... O movimento das ruas não partiu de qualquer partido político, de qualquer político...

Entendam isto, senhores políticos que fizeram da política seu modo de vida, seu ganha pão, seu ganha carro, seu ganha tudo... Exageraram na dose na Espanha, nos EUA, na Grécia, na Inglaterra, na França, em Portugal, e em outros países incluindo o nosso Brasil, porque confundiram política com economia, política com interesses pessoais e de apoiantes.

Não fizeram o seu trabalho de casa, que é saber, dia a dia, e atender, às necessidades do povo, não como façanha, ou benemerência de partidos ou políticos, mas como OBRIGAÇÃO.

Obriguem-se, senhores políticos. O movimento que corre mundo não tem bandeiras vermelhas, não se fala em filosofias nem cores ou símbolos políticos. Para o movimento, os políticos têm a obrigação de atender a coisa pública, a velha “res pública”, e é para isso, somente para isso que lhes pagamos, de forma tão exagerada, com retorno tão infimamente desproporcional, que o movimento ganhou as ruas. E delas não sairá tão cedo. A simples redução das passagens é um grão de areia num deserto de atendimento à nação. 



Rui Rodrigues

segunda-feira, 17 de junho de 2013

História Infantil – Maya em Londres

História Infantil – Maya em Londres

Maya já sabe fazer uma porção de coisas. Ela sabe cozinhar, dançar, e já aprendeu a escrever o nome dela. Fala algumas palavras em inglês. Adora brincar e gota muito de seus amiguinhos e amiguinhas da creche. Uma das coisas que gosta muito é de visitar o avô Rui, e também já andou de avião. Gosta de aprender e de aventuras. Um dia foi com a mãe e o vôvô Rui ao jardim zoológico do Rio de Janeiro. Era um lugar muito bonito, cheio de animais todos diferentes.  Sentiu pena que alguns deles estivessem numa jaula, sem poderem sair, sempre presos, o dia inteiro. A melhor coisa do mundo era a liberdade de poder fazer alguma coisa sem ficar preso dentro de gaiolas com grades. Ela gostaria de viajar um dia para o lugar de onde aqueles animais vieram e ver como eles viviam. Os únicos animais que conhecia mesmo eram umas vacas, uns cavalos, algumas ovelhas e porcos lá do Rio Grande do Sul, e uma gata do vôvô e dois galos e duas galinhas que o vôvô tinha lá no galinheiro e que punham ovos gostosos. Pássaros sempre via. Mas os outros animais do zoológico, não via nenhum pelas ruas. Um dia chegou cansada da escola. Ainda pegou seu patinete, colocou o capacete e as joelheiras pensando que iria descer um pouco para brincar, mas não agüentou e foi para a cama. Antes de dormir sempre conversa com a mãe. Então perguntou:
- Mãe... Podemos sonhar com o que queremos?
- Algumas pessoas podem. Mas tem que treinar, porque durante o sono a nossa cabeça arruma todas as informações que recolhemos durante o dia, e nessa arrumação as informações se misturam de maneira maluca que não entendemos e isso é que faz o tal do sonho. Sonhamos com coisas absurdas ou não.
- Hoje eu queria sonhar com Londres.
A mãe sorriu e perguntou:
- Você conhece Londres?
-É uma cidade muito grande, mãe. Tem uns guardas com uns capacetes pretos e uma farda vermelha cheia de botões dourados tem uma ponte, um rio e um enorme relógio que chamam de Big-Ben. Há... E ônibus de dois andares. Vi no filme da Mary Poppins aqui em casa.
- Então já sabes muito sobre Londres. Mas agora tem também uma enorme roda gigante de onde se vê toda a cidade. Quem sabe podes sonhar com Londres... Tenta pensar na cidade. Quem sabe...

E Maya adormeceu depois que desistiu de pensar em sonhar com Londres.

Quando acordou, estava no aeroporto de Heathrow na Inglaterra, na cidade de Londres. Estava com uma roupa de frio, mas estava sozinha. Não gostou disso. Gostava de estar com a sua mãe que sempre cuidava dela. Mas também aprendera a resolver os problemas quando estava sozinha. Um sujeito simpático, com farda de policial perguntou em inglês, a língua que ela já conhecia, para onde ela ia. A primeira coisa que lhe ocorreu foi ver os animais de Londres. Disse ao sujeito que ia ao Zoológico, depois que ia comer doces e que depois ia a uma festa de aniversário no palácio de Buckingham porque ela também era uma princesa.
O guarda sorriu...
- Minha querida princesa... – disse o guarda - Não vou duvidar que consiga, mas a Rainha está no palácio de Buckingham e não vai receber ninguém porque está com uma grande dor de cabeça.
Maya parou para pensar. Será que queria tanto sonhar com Londres e aquilo era apenas um sonho?... Se fosse um sonho, não estava bom, porque estava sozinha em Londres. Então pensou: Se eu olhar para os lados e vir meus amiguinhos da creche, eu não estarei sonhando. Acho... E olhou... Ficou surpresa. Lá estavam suas amigas Gigi e Maria, e seus amigos João Faraco e João Pedro. Como poderiam estar ali? Então não estava sonhando? Ou estaria... E que importava se estava ou não? Estava era muito bom o sonho.
-Olha... Disse Maya para o guarda. Estou com meus amigos. Pode nos levar ao palácio... Duvido que a rainha não nos receba.
O guarda assentiu. Iria levar o grupo ao palácio só para eles verem que não podiam entrar. A rainha era simpática, mas estava sempre indisponível para visitas.

A Rainha soube que havia um grupo de crianças do Brasil que queria visitá-la. Como gostava muito do Brasil e das crianças brasileiras, agradeceu ao guarda e disse:
- Muito obrigado senhor guarda. Parece que adivinhou que hoje o melhor que eu poderia fazer era conversar com crianças do Brasil. Olhe... Tome lá um algodão doce do palácio, e um chupa-chupa para alegrar o seu dia.
E lá foi o guarda comendo o algodão doce. O chupa-chupa ele guardou para quando chegasse em casa, para os seus filhos.

- Senhora Rainha...- Disse Maya. Eu e meus amigos estamos aqui para conhecer Londres. Como a senhora é a rainha, pode nos ajudar? O que podemos ver?
- Bem... Eu não mando nada na Inglaterra nem em Londres. Quem manda são uns senhores que o povo elege e que se chama de Parlamento. Eu sou uma figura decorativa que o povo ama e adora. Mas posso colocar a minha carruagem à vossa disposição para que conheçam a cidade. Esperem um pouco.
A rainha então olhou para um senhor de casaca que esperava muito calado, em pé, com o nariz empinado para cima, olhando para o teto. Maya não sabe como, mas o senhor, o mordomo, não olhava só o teto, e saiu da sala. Ele já sabia o que fazer, e em cinco minutos em que Maya, seus amigos e a rainha tomaram um chá com biscoitos, saíram todos para uma carruagem linda que estava esperando na porta do palácio. A rainha disse:

- O que preferem? Visitar a cidade na minha carruagem, ou irem de guarda chuva junto com a Mary Poppins? – As crianças gritaram todas ao mesmo tempo.
- Com a Mary Poppins... E de guarda-chuva!
- Então eu levo vocês até a roda gigante e lá vocês se encontram com a Mary Poppins.
Chegaram à Roda Gigante, despediram-se da agradável rainha, entraram nas cadeirinhas, amarraram os cintos de segurança e a roda começou a rodar. Cada vez subia mais. Parecia um helicóptero subindo muito lentamente, os prédios ficando cada vez menores. Quando chegaram lá no topo, a roda parou com um tranco. As crianças se assustaram com o tranco. Todo mundo lá embaixo olhou para cima, quem estava lá em cima olhou para baixo. Então se ouviu um OH... Enorme, de uma multidão lá embaixo. Maya e seus amigos pensaram que a roda ia cair. Agora Maya pensou que era melhor que fosse só um sonho. Mas logo se arrependeu quando ouviu uma voz cantando que dizia:

- Olá crianças, vamos passear, ioreléri, ioreléri, ioreleritiiiiiiii...

Era a Mary Poppins em pessoa, com uma mala na mão e um guarda-chuva. E lá foram todos, puxados pela Mary Poppins, voando sobre Londres.

- Mary Poppins... Disse Gigi... O que tem na mala?
- São docinhos chamados Petit-Maibi. Tem uma porção deles. São os mais gostosos da cidade, fofinhos... Doces... Quentes ou frios. Estes estão frios. Vou levar vocês até a ponte. Lá vão se encontrar com um grande amigo meu: Peter Pan e Sininho. Vamos passear no barco pirata do capitão Gancho e de seu imediato o Barrica num passeio pelo rio Thames.
Deram um lindo passeio por Londres. Depois entraram numa estação de Metrô, e viajaram mais uma meia hora, comendo os docinhos Petit-Maibi com leite de chocolate. Chegaram ao cais da cidade e lá estavam Peter Pan, o capitão Gancho, Sininho e o capitão Barrica. Então apareceu um enorme tubarão que queria engolir o barco pirata. O Capitão Gancho com medo de perder outro braço – já tinha perdido um com um tubarão enorme no passado – fugiu para o seu quarto. Sininho voou e ficou tremendo, batendo as asas lá em cima, perto do mastro maior do barco. O capitão barrica encolheu-se no convés do barco, junto à amurada. Peter Pan não sabia o que fazer, voando de um lado para o outro do barco. As crianças pareciam estar perdidas. Então Maya falou...

- Bobinhos todos... Isto é um sonho. Agora sei que é um sonho, porque o rio Thames não tem tubarões... Tubarões não nadam em rios.

E acordou rindo, às seis horas da manhã, para se aprontar para ir para a creche. Era segunda feira e o domingo tinha sido muito bom. Sonhar era muito bom. Ia pensar em que sonhar nos próximos dias, mas tinha que aprender muitas coisas, para não ficar com medo como A Mary Poppins que tinha desaparecido quando viu o tubarão, todos os outros ficando cheios de medo, porque não sabiam que em rios não há tubarões...



© By Rui Rodrigues. 

O Brasil é uma enorme jangada de pedra.



O Brasil é uma enorme jangada de pedra.

Nos supermercados, nos pontos de ônibus, nas feiras livres, pelas ruas se vê os estragos da inflação e as bênçãos da inflação.

O povo menos bafejado pela sorte, onde se incluem os pobres e miseráveis deste país, cada vez têm menos capacidade de comprar alimentos, de se vestirem, de pagarem aluguel de suas casas. A inflação veio da administração do PT que, como governo, não investiu no setor produtivo da nação, dedicando-se a fazer alianças com outros partidos que levaram à proteção mútua e à distribuição de “vantagens”, nomeando ministros incompetentes, indicados por esses partidos não por competência, mas porque são de “confiança”. De confiança dos partidos, não do povo.

O Bolsa-família cada vez compra menos, os custos estão mais caros porque as estradas ficaram esburacadas, os portos estão ineficientes provocando desistências de compras de produtos nacionais, a insegurança deu lugar à segurança, morrem necessitados nas filas da saúde pública, a polícia bate em professores que reclamam nas ruas, em usuários de ônibus que reclamam nas ruas, em estudantes que reclamam nas ruas.

Os  governos Lula e Dilma que tinham arrecadado fundos para pagar toda a dívida externa, agora devem mais do que antes, e os pobres que tiraram da miséria foram apenas substituídos por outros que agora estão na miséria.

Não se pode reclamar, porque unilateralmente o governo diz que todos os que reclamam são arruaceiros. Vivemos numa ditadura. E nos transformamos no país que mais consome crack, num dos últimos países em educação. As empresas de serviços públicos cobram o que querem e não há medidas do governo para sanar a roubalheira. Somos obrigados a entrar com reclamações na justiça que nos consomem tempo e paciência por falta de ação do Estado.

E como nunca arrecadamos tantos impostos como agora, a pergunta que temos que fazer é: O que fazem realmente com o dinheiro de nossos impostos? Vai todo para quem governa, isto é os políticos e suas empresas coadjuvantes?

Temos que estender uma certa lei imposta de forma ignorante, que rasgou a gramática da língua portuguesa estabelecendo o termo “presidenta” por decreto e não por acordo gramatical da língua por quem a entende, não só á presidência como à competência para que se possa dizer com toda a propriedade, dentro da gramática, que A PresidentA é IncompetentA e IgnorantA.

Já foi vaiada em Brasília e tal como jangada, empurra a América do Sul para o meio do oceano onde pode afundar. Ela e a América do Sul. Chile, Colômbia e México, já não dão a mínima importância ao Mercosul, porque Dilma mostrou, no caso do Paraguay e da Venezuela que Dilma age sem critério justo ou técnico, movida apenas por ranços de revanche guerrilheira.  Dilma precisa ir para o analista com urgência: Recomendo o analista de Bagé, que costuma dar joelhaços.


Rui Rodrigues. 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Da nobre arte de varrer até o “socialismo” entre nações.

Da nobre arte de varrer até o “socialismo” entre nações.


Varrer é uma coisa. Juntar lixo e pó é outra. A boa varredura obriga muitas vezes a umedecer primeiro o piso e só depois varrer para não levantar poeira. Este método deve ser usado por quem tem alergia a poeira. Um alérgico a poeira tem que estar sempre varrendo, senão pode ter um ataque asmático. Existem vassouras de todos os tipos e esfregões para limpar um piso, mas nem todos nesta vida os conhecem. O ato de varrer não é um ato comumente conhecido como um ato social. Deveria, sim, mas não é. Nos tempos modernos, se uma vassoura tivesse vida, diria que a humanidade é vassourofóbica e que ela não teria culpa de ser piaçaba-descendente, pelo simples fato de o ato de varrer ser associado a um servilismo atávico, machista, discriminatório, quase um ato de castigo. Mas há como enfrentar este ato, normalmente solitário, num hino de guerra ou de esperança, numa obra de arte, e dar-lhe a importância que merece.


Albina Maria - Albina Maria é uma diarista que trabalha na zona sul do Rio de Janeiro. Sempre que passa por garis no meio da rua sente arrepios. Ela sempre compara as montanhas de lixo juntado pelos garis nos meio-fios das ruas com o que recolhe numa simples pazada no apartamento da madame do “Quintas”, onde trabalha. Lixo que cabe numa pá, quase não tem pó nem poeira. Mesmo assim, sempre que varre, atividade que acha indecente e até deveria ser paga à parte por ter características de trabalho com periculosidade, ela canta canções para distrair e pensa sempre no salário mensal. Quando a madame lhe pediu suave e gentilmente num grito que bradou aos céus para parar de cantar, Albina Maria passou a cantar para dentro, para si mesma, em surdina. O que não poderia era perder o emprego e para mantê-lo teria que cantar durante a varredura para suportar o incômodo.  Enquanto varria, sonhava.

Se um dia fosse presidente da República colocaria nos principais postos de comando da nação todas as suas amigas empregadas. Elas sim, é que sabiam o que era a vida. Seu primeiro ato de governo seria aumentar os salários de todas as empregadas domésticas e selvagens. Sim, porque havia empregadas domesticas, e as selvagens. As primeiras eram como ela, as selvagens roubavam sempre um copo de arroz, um punhado de massa, um ovo, e tal como formigas se somassem todos os desvios no final do mês, dariam uma compra de supermercado daquelas que se fazem para uma família, para o mês inteiro. Albina Maria entendia o problema. Também a essas chamaria para o seu governo porque precisaria de alguém com opinião. As selvagens sempre davam desculpas para faltar ao trabalho, ganhavam mais roupas das patroas, e só saíam da casa com ação na justiça contra os patrões. Precisaria de alguém que tivesse opinião e soubesse “fazer acontecer”.

Sousa Nunes – Sousa Nunes Loivo é um executivo que tem uma empregada maravilhosa chamada Albina Maria. Ele trabalha numa empresa de telefonia móvel num posto de fiscalização do governo, indicado pelo governo. Ele não entende nada de economia, direito, relações humanas, ou se do que for e muito menos de telefonia móvel. O negócio dele é dar dicas para o governo no sentido de saber quanto a empresa fatura e se ela deposita a porcentagem de praxe onde deve depositar. Não é pouca coisa: São vinte por cento do faturamento. A empresa tem que enrolar muito os clientes para reaver os 20% que distribui entre os marmanjos e entre as marmanjas. A espécie dos “homo marmanjus” tanto tem machos como fêmeas como dissidentes e divergentes. Os primeiros são de outros partidos, os divergentes não procriam. Só em tubo de ensaio depois de umas masturbações sem calendário de porta de loja mecânica, onde se consertam os automóveis. Mas ele não dá importância a isso. Acha que todos têm direito a fazer sexo com quem ou o que quiserem, até com uma melancia, um mamão, ou um pé de bananeira. Separou-se da mulher porque a mulher era “bimbo” – e ainda que o dicionário não tenha ainda sido atualizado com a lei Dilma, tanto há bimbas entre os homens como bimbos entre mulheres. E detestava varrer quando a Albina Maria não aparecia para trabalhar por ser a folga dela. Até que a Albina Maria era bem apanhada de corpo. Já pensara em varrer a perereca dela com seu pau de vassoura, bigodudo, mas sempre temia que ela o delatasse por assédio sexual. Como eram as coisas... Se ele fosse bimba, ela espalharia a notícia e podia até perder o emprego ou a moral e perder a importância que tinha na empresa. Já se ele fosse uma mulher bimbo, sua voz seria ampliada pela situação sexual.
Se um dia fosse presidento, porque agora já há também presidentas, chamaria para ajudá-lo a governar todos os seus amigos. Pena que não tinha quase nenhum. Ninguém gostava dele porque era um dedo duro do faturamento da empresa, e lá fora bastava falar que trabalhava numa empresa de telefonia para que só faltasse lhe jogarem tomates, agora que já estavam a preço de banana. Pena que o preço da banana também subiu para que o preço dos tomates não ficasse parecendo ser tão alto.  Se ele fosse bimba, teria o nome de presidente, que é o termo neutro para presidento e presidenta.

Delma Roscoff – Delma tinha sido guerrilheira em sua juventude. Sustentava-se com o dinheiro que recebia de Cuba e da ex União Soviética, agora mais desunida do que nunca. Nunca precisou varrer nada, embora nunca tivesse sido intelectual da guerrilha. Também não articulava nada politicamente. Ela entrara pelo ideal de querer morrer por uma causa, sair de casa, abandonar aquele mundinho desgraçado da casa de seus pais. Ela não era comunista. Seus pais é que apreciavam o capitalismo e até tinham emigrado da Europa comunista por uns tempos. Quando o comunismo acabou, voltaram para sua terra. Viram a filha na hora do parto, conversaram com ela muito raramente porque passava os dias na rua, uma desgarrada que não tinha família realmente porque não queria. Ela passou a odiar tudo que se mexesse com mais de vinte reais no bolso, mas também aprendeu que, sem o dinheiro da ex União Soviética e de Cuba, teria que se virar para conseguir um bom emprego e, sobretudo, se aliar aos que tinham muito mais do que dois milhões de reais no bolso. Vinte reais nem dava mais para odiar. A inflação subia o valor de tudo, muito mais do que o dos tomates. Arranjou um diploma e os amigos lhe arranjaram um emprego. Para varrer, tinha uma empregada cujo nome não se lembra mais, mas que tinha uma filha chamada Albina Maria e que até indicara para seu amigo Sousa Nunes.

Se um dia viesse a ser presidenta da republica, não saberia o que fazer. Teria que pedir conselhos a alguém que soubesse: O tesoureiro de seus tempos de guerrilha, o capitão do mato que corria atrás de dissidentes da guerrilha, e mais uns bostas que só queriam sair de casa, ter um ideal, odiar qualquer coisa que se mexesse e tivesse mais de vinte reais no bolso. Aliás, agora s juntavam também a quem tinha mais de vinte milhões de reais. Além das verbas públicas, que até já eram muito poucas, a grana maior estava no bolso dos banqueiros, das empresas de telefonia e das construtoras. E se fosse eleita, vestiria aqueles vestidos que nunca tinha vestido, gastaria horrores que nunca tinha podido gastar porque o tesoureiro da guerrilha lhe dizia que um dia ele seria tesoureiro com muito mais grana disponível, mas esse dia nunca chegara. Ele agora era tesoureiro de um cara desconhecido, um borra-botas que fundara um partido, um ignorante, mas que caíra no agrado da plebe ignota. Ele que mandava, e ela, que aprendera a obedecer a guerrilheiros e não a seus próprios pais, tinha que alinhar com ele se quisesse dar asas à sua ambição de ser gente grande. Pena que não tivesse o carisma, o conhecimento, mas quem se importa quando a plebe é ignota? E mais, pagaria a dívida aos países que a ajudaram, emprestando e perdoando dívidas, emprestando e perdoando dívidas. Alguma parte teria que lhe cair no bolso. Seria o socialismo se expandindo não só entre os povos, como entre as nações. Imporia uma lei para que o governo, ou seja, ela mesma, pudesse gastar sem ter que dar satisfações, uma outra para que não lhe vasculhassem as contas, e uma outra impedindo o Supremo de investigar.


Apanágio da Silva - Apanágio da Silva é aposentado e tem uma filha que trabalha como empregada na casa de um doutor chamado Sousa Nunes. Odeia multiplicadores, que em sua opinião, modesta por sinal, deveriam ser chamados de inibidores. Ele se refere a isso sempre que pensa em seus dois salários mínimos que, por causa dos multiplicadores e da inflação desmedida, a cada dia lhe permitem mais curtir a fome, ausentar-se da vida social, porque dois salários mínimos multiplicados por inibidores, lhe permitem a cada dia entrar para o grupo enorme dos pobres, dos necessitados, dos miseráveis. Diz o governo que tira uns da pobreza, mas não diz que põe outros na pobreza. Tira da pobreza os que ainda se movimentam para votar e lhe dão os votos. Põe na pobreza e na miséria os aposentados que já perderam o tesão de votar. Varre a casa todos os dias, sempre cheia de pó, e não tem empregada. Quem dera. Embora sofra de asma não precisa gastar água, muito cara, para umedecer o piso. As lágrimas já o molham bastante. Se um dia fosse presidento, encostava todos os políticos num paredão e não os mataria. Ficariam lá, acorrentados ao muro, de bunda à mostra para o povo que passasse, com um cartaz dizendo: “Roubei pra caralho”. Mas já está muito velho para isso.

Pedro Loivo, o “Oi” - A vida para Oi era uma beleza, digna de ser vivida. Tivera um pai filho da puta, um tal de Sousa Nunes, que nem sabia onde andava. Era filho de uma transa entre ele e uma empregada lá do escritório onde o pai trabalhava. Sua falecida mãe lhe dissera o nome do pai e até o mostrara para que ele soubesse de quem era filho. Para o pai, que abusara sexualmente da filha, irmã de Oi, o que importava na via era conseguir o que se queria. O “como” não importava, porque os fins justificavam os meios.  Seu pai era mesmo um grande filho da puta, mas reconhecia que ele tinha razão em alguns aspectos. Fora ele que nos tempos difíceis da guerrilha, quando Cuba e a ex-União Soviética pararam de mandar divisas, pôs em contato alguns guerrilheiros com o tráfico de drogas. Não sabe no que isso deu, porque não acompanhou. Juntou-se ele próprio a um chefe de morro, um traficante que agora até está preso mas continua a comandar a vida fora do presídio por celular. Para ele não interessa quanto tempo durará sua vida. Depois de morto não se pensa, e o eu ficou para trás também morreu. Assim, que importância tem se morrer com vinte, trinta ou cem anos? Não importa nada.  O que importa é que as drogas que vende estão livres do controle da saúde pública e pode até misturar bosta seca de vaca à maconha para ter mais lucro, ou farinha ao crack. Mas o mais maravilhoso é que não paga impostos. Move milhões de reais por semana, de vez em quando chama uma de suas mulheres para lhe fazer um boquete e varrer o barraco, muito bem montado, aliás. Com seu passaporte falso e uns amigos que tem no aeroporto, viaja por semanas para o exterior. Um dia, se for presidento, chamará para governar todos os seus amigos do tráfico. Comprarão todos os políticos e continuarão expandindo os seus negócios.



Ó Pátria Amada...Ó céus... Ó mar, tudo de anil, que pode não ser, mas que parece ser, parece... os nomes evidentemente são fictícios. 

© by Rui Rodrigues

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O mendigo ilustrado


 Papo particular com Drummond
O mendigo [1] ilustrado


Não sabem o que é o inferno de passar todas as semanas três dias seguidos sem dormir, trabalhando numa REVAMP. Revamp é a reforma contínua de uma fábrica sem que ela pare de produzir: Os trabalhos se realizam nas interrupções para manutenção e aquela era enorme, lá em Cubatão numa época em que era o esgoto do mundo, de tão poluída. Por vezes, se os trabalhos de reforma demorassem até um dia mais, podia negociar-se com a produção da fábrica esse dia a mais para trocar outros equipamentos até então não previstos, mas planejados como alternativas. Trabalhar sem cochilar, sem tomar qualquer remédio ou droga exige força de vontade, determinação, e a atenção têm que ser redobrada para que não nos aconteça nada de grave subindo e descendo escadas de marinheiro, passando por debaixo de equipamentos, aspirando gases letais ou tocando num cabo energizado desencapado. O alívio vinha quando ia para casa descansar, completamente arrebentado. Havia, a meu nível, quem fosse para casa dormir, e voltasse de madrugada. Passava a mão numa estrutura suja de fuligem e graxa e passava no rosto. Mas os olhos não estavam fundos, havia 450 operários que nem os viam pelo empreendimento, testemunhas caladas porque em nada lhes atrapalhava a vida. Um dia foram contar que o sujeito roubava rolos de fios de cobre e cabos além de outros utensílios. Descobriram até a loja onde eles vendiam esses artigos em Minas Gerais. A Revamp era em Santos, mas eu já não estava mais na REVAMP... Saí quando faltava apenas 30 dias para terminar. Meu saco havia torrado. O salário não era condizente. Mandei a empresa e os filhos da puta tomarem no cu e desapareci na noite a bordo de um ônibus com minha mulher e meus dois filhos. O que mais me marcou em Santos não foi a obra nem o inferno que era. Foi uma notícia de radio que ouvi sobre uma reportagem de uma emissora santista, sobre a população de mendigos na cidade. Em alguns fins de semana que tive que passar por lá, num apartamento alugado pela empresam de frente para a praia, e que quase não usava, aproveitei para bater um papo com uns mendigos. Nesses dias receberam uma gorda ajuda. Há algo que me identificava com eles: A dúvida do que vale ou não a pena, mas só eles tinham certezas. Desses, conto a história de um.

A barra na gata[2] era pesada e eu dividia o apartamento de Santos com um boliviano. O boliviano não entendia nada de montagem metalo-mecânica, não sabia como dimensionar uma solda nem como calcular uma treliça. A maioria dos engenheiros comia na mão dos encarregados e mestres. Naqueles tempos já de final de ditadura, as admissões se faziam ora por indicação, ora por imposição “comercial” de mandados de soldados de patente, mesmo que o diploma de engenheiro fosse comprado, falsificado. Eu me garantia com as cadeiras de Estruturas Metálicas e de Mecânica, do meu curso de engenheiro civil da Fluminense. O boliviano que dava suas saídas para descansar mesmo durante o dia, só tinha duas coisas boas: Não me roubava nada e se preocupava comigo, aconselhando-me a não trabalhar tanto. Eu entendia o seu ponto de vista. Um dia, desabafei com ele quando saí da Usina, numa sexta feira em que tinha que fazer plantão no sábado e no domingo. Estes plantões exigiam apenas olhos atentos e percorrer todas as instalações para verificar se tudo estava em ordem, porque somente havia pessoal da limpeza e algum pessoal de escritório colocando seu trabalho em dia. Disse ao boliviano:

- Bolívar... Estou de saco cheio e vou sair desta merda...
- Não faça isso... Disse-me sorrindo. Tem família, não tem?
- Claro que tenho.
- Então pensa na tua família. Eu tenho a minha em Santa Cruz de la Sierra que já não vejo há três meses. É duro, mas o sustento está garantido. E vou te dizer uma coisa... Se você sair essa obra pára. Nunca vi ninguém como você ter moral para ir ao puteiro de Kombi, tirar o encarregado de cima da garota no motel, e trazer o cara para trabalhar às duas da manhã... O que você deveria fazer era pedir aumento de salário. Agora era a hora.
Não me lembro do que lhe respondi, mas lembro-me do que me disse em seguida.

- Vem comigo... Vou te apresentar a um amigo que fiz aqui em Santos.

E me levou duas quadras abaixo, em plena avenida até chegarmos perto de um bar cheio de gente. Pela calçada, havia mendigos. Poucos, mas havia. Um deles abriu um sorriso quando viu o boliviano e olhou depois para mim, como quem diz: Quem é este? A barba estava crescida, maltratada, seu cabelo era gorduroso e poeirento, a pele dava sinais de crostas escuras de sujeira. Trazia um pulôver que já deveria ter sido moda e agora já era apenas quente. Os pés descalços, a bainha da calça lustrosa cheia de fiapos. Ele mesmo era um fiapo de uma coisa muito grande chamada humanidade. Seu cenho se franziu imediatamente, adotando o olhar de cachorro pidão, e pediu:

- Bolívar... Tem um trocadinho[3] hoje para o amigo? Tem?

Bolívar olhou para mim, enfiou a mão no bolso e tirou uma nota que já tinha preparada. Estendeu-lha dizendo para ter cuidado e não ir gastar em cachaça. O mendigo sorriu. Difícil não beber com uma vida daquelas. Bolívar tirou do bolso um sanduíche embrulhado em papel celofane e deu-lho também.
Não lembro dos detalhes iniciais a seguir, mas a conversa se estendeu. Fomos parar num banco de calçada da avenida, de frente para a praia. O mendigo nos contou a sua historia.
Tinha sido casado. Tinha filhos, não sabia onde a família estava nem queria saber. Por vezes sentia saudades das crianças que já eram adultos, e suas lembranças eram sempre de quando eram pequenas. Nem queria imaginá-las adultas. Trabalhara feito um filho da puta como médico até os quarenta e cinco anos. Agora vivia de esmolas há 12 anos, desde então. 
- E o que o fez largar a profissão? – Perguntei.
- Olha... Uma série de coisas... Nada que acontece na vida se deve a uma causa só. É como desastre de automóvel. Só estar bêbado não produz desastre. É preciso que venha outro distraído perto de você, ou um poste ou gente no caminho e os freios façam o carro parar no tempo certo. Foram muitas coisas que se sucederam. Casei e não consegui entrar em sintonia com minha mulher. Pelas minhas contas o dinheiro deveria sobrar, mas ela, que cuidava da casa, sempre dizia que não dava. Quanto menos dava a grana, mais plantões eu fazia, e quantos mais plantões fazia, mais tempo ficava longe de casa. Volta e meia ela me dizia que eu não ia para casa porque tinha que ter algum caso no trabalho ou fora dele. Não era verdade. Eu chegava cansado, e ao ouvir críticas injustas, eu perdia a vontade de transar. Ela se aproveitava disso para me criticar e me fazer perder ainda mais a vontade. Ela estava jogando na relação e eu não. Depois vim a saber que ela tinha não só um amante, como também já tivera vários. Mas quando eu soube disso, já tinha perdido a vontade de continuar trabalhando para fazer mais patrimônio que teria que dividir com ela, os filhos já estavam com a cabeça feita pela mãe que sempre dizia que eu estava errado, ou que o que eu dizia não tinha importância. Suas palavras eram sempre como facas. Agindo dessa forma ela tinha sempre a sua “consciência” tranqüila, de que o cafajeste era eu. As crianças também achavam embora não me dissessem nada, mas quando eu lhes pedia para fazerem alguma coisa, notava-lhes uma inconformidade ou um questionamento nos olhares dispersivos. Todos pensavam que me enganavam. Claro que quando a clínica em que eu trabalhava me pôs na rua, eu já estava preparado. Lutar para quê? Só para mim? Ora... Só para mim, a rua era o bastante...
Ficamos todos em silêncio por uns momentos, questionando-nos a nós próprios sobre o que era a vida e a motivação para vivê-la ou torná-la muito extensa.  Sobretudo, e depois conferimos, tanto Bolívar quanto eu pensávamos não na mulher e filhos porque tudo estava bem conosco, assim esperávamos e tínhamos confiança nisso. O que nos preocupava era o tal do “pontapé na bunda” da clínica, no caso do médico mendigo, ou da gata onde trabalhávamos. Isso poderia acontecer a qualquer instante. Certamente que nos relatórios escritos ou verbais diários, o mérito do trabalho deveria ir para os caras que passavam a noite em casa, e pela madrugada passavam fuligem no rosto. Esses caras falam muito e trabalham pouco. São espertos. Detectam uma falha mesmo sem importância e a relatam aos superiores. Inquirido, o cara que trabalha duro e eficientemente, mas não sabe disso, pode ser apanhado sem choro nem vela. Eu não tinha falha e os 450 homens e algumas poucas mulheres que trabalhavam sob minhas ordens poderiam atestar o meu trabalho, e o atestariam se inquiridos, mas esse dia poderia chegar assim mesmo. Quando cheguei a Cubatão, os salários estavam atrasados assim como as horas extras. Foi um trabalho duro conseguir que os pagassem, mas consegui. Sempre se lembravam disso. Companhias que trabalham para o governo têm sempre as costas quentes com a justiça do trabalho. Quando as obras com o governo terminam, têm que enfrentar o mercado privado, e então se deparam com um enorme problema: Não estão preparadas para enfrentar a concorrência, para trabalhar de forma mais honesta.

Não sei o que foi feito do bom Bolívar, do bom mendigo que ainda vi mais um par de vezes tentando convencê-lo a voltar para a ativa, e só muito mais tarde soube que a gata tinha encerrado suas atividades logo que o mercado mudou do estado para a iniciativa privada.

Mas eu já tinha saído há muito tempo e já estava na Colômbia. Quando a gata investiu numa empresa de Gerenciamento de Construção, também não estava preparada e também encerrou as portas mais um par de anos depois.

A vida constrói-se com atitudes do dia a dia, em torno do pilar de vida que somos nós próprios. Nada pode cair. Nem nós nem a família, embora sempre haja um “pobre” dentro de cada um de nós, até dos mais ricos. E, se viver com a família, for de todo impossível, então que se abandone o ninho quando todos estiverem aptos para voar.

© by Rui Rodrigues















[1] Os nomes são fictícios para evitar constrangimentos.
[2] “Gata” era o nome dado às empresas que nos contratavam... Trabalhava-se na gata. Minha gata era a Montreal Engenharia, na REVAMP da Cosipa.
[3] Trocadinho, notas pequenas, moedas, de pouco valor como se fossem um “troco” de alguma compra. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Sociedades em transformação e o Mundo Gay


Sociedades em transformação e o Mundo Gay

 Vista do Espaço não se adivinha o que vai pela Terra
A humanidade tal como pensamos que a conhecemos, parece tão complicada quanto o ser humano em si, e se já é tão difícil entender todo o perfil de um ser humano e suas características, podemos imaginar como será ainda muito mais difícil entender a humanidade, um enorme ser composto de pequenas células a que chamamos de “seres humanos”, nem com tanta propriedade, ou pelo menos com propriedade duvidosa. Somente por volta de 1915 com o aparecimento de Sigmund Freud a complicada mente humana começou a ser desvendada. Hoje já sabemos onde se encontram os centros de memória, que a metade esquerda do cérebro comanda o sistema nervoso do lado direito de nosso corpo, que as enzimas têm papel fundamental nas sinapses - que são as comunicações entre neurônios - que existem substâncias que se produzem no cérebro que nos dão alegria ou tristeza conforme a nossa percepção pessoal. E um infinito de coisas que ainda são muito poucas para que tenhamos a descrição completa de como funcionamos. Só recentemente os EUA empreenderam uma pesquisa para mapear todo o cérebro humano a exemplo do projeto Genoma.
 Votos para as mulheres - Londres
Acreditava-se antigamente que ser homossexual era uma doença, tal como a síndrome de Down, que também não é doença. Também se acreditava que com eletro-choques se poderia curar uma “doença” a que chamavam de “histeria” e toda a “anormalidade”, acreditava-se, poderia ser curada com eletro-choques. O escritor Paulo Coelho foi mandando para um hospital, o Pinel, porque tinha “desvio” de comportamento. Acreditava-se em muitas coisas que nem vale a pena enumerar porque somente iria provar que as verdades de ontem já não são necessariamente as de hoje porque a humanidade evolui onde não existam governos que tolham o pensar, solapem a iniciativa privada, restrinjam a educação, matem a esperança de evoluir. Aparentemente estivemos andando à deriva durante milênios e só agora entramos no futuro, e sabemos quase tudo. Ledo engano. Nossos ancestrais pensavam exatamente como nós pensamos hoje. Pensavam que sabiam tudo e que pouco haveria para descobrir. Voar era um sonho impossível só reservado às aves, golfinhos eram peixes como os outros, mulheres tinham que usar cintos de castidade e homossexuais eram a vergonha da tribo, do bairro, da nação, eram apedrejados, condenados à morte. Há sociedades que evoluem mais rapidamente do que outras, porque neles há mais das liberdades a que me referi acima.  E a humanidade muda devagar, mas sempre cada vez mais rapidamente. Chegaremos a um estágio de progresso que não poderemos acompanhar. Depois de sairmos das Universidades como os mais brilhantes e atualizados cientistas, podemos ficar fora do mercado dez anos depois, porque as pesquisas técnicas evoluirão de tal forma que nesse espaço de tempo nos teremos transformado em analfabetos técnicos, completamente defasados das ultimas inovações tecnológicas.
Stephen Jay Gould - PaleontólogoComecei a gostar das obras de Freud ao ouvir falar dele quando tinha aproximadamente meus doze anos, mas só pude lê-lo aos dezoito através de uma obra de Emílio Mira Y López, um discípulo seu. Passei meus anos seguintes cavoucando em livros de biologia, astrofísica, paleontologia, lendo tudo o que podia e que achasse que iria complementar o que já aprendera. Quando passei os olhos pela obra de Darwin, o mundo ficou menor ainda do que depois de ler sobre Freud. O mesmo aconteceu quando li Jay Gould. E o mundo se encurtou ainda mais ao ler Stephen Hawking sobre a sua mecânica do universo.  Quando consegui entender melhor – mas jamais definitivamente - o mundo que me cercava, vi que tudo estava entrelaçado e a teoria do Caos estava no contexto do tudo. Quando vi que as mulheres estavam indo para as guerras como parte de corpos de exército, o ventre materno tinha perdido definitivamente a consideração que tinha antes e já nem tinha a mesma importância: Podiam ser abatidos em combate como qualquer pênis. O aparecimento da pílula não foi o grande passo ou o pretexto para a independência feminina, mas uma boa alavanca, seguindo um trabalho feito anteriormente pelas sufragettes na França e na Inglaterra, quando saíram às ruas exigindo o direito de votar. Hoje as mulheres israelenses saem às ruas pelo direito de orar a D’Us no muro das lamentações, coisa que por oito mil anos foi apenas privilégio dos homens. Não há nenhuma religião que não seja machista, e já podemos adivinhar que, não por falta de fé, mas por lógica divina, as religiões deverão ser abertas ao público feminino. Não se pode imaginar uma guerra real entre sexos, que possa fazer parecer uma brincadeira a “guerra fria dos sexos” a que estamos já habituados desde que Mary Quant subiu a bainha das saias de quase um metro.
Charles DarwinMas a humanidade não muda por “moda” ou modismos, seguindo as mulheres do Afeganistão o comportamento das americanas nem as malinesas as de Israel ou da França. A humanidade não muda porque aparece um “líder” com novas idéias filosóficas e todo mundo corre atrás. O futebol é o esporte preferido dos homens, mas não em todo o mundo. É que este evolui mesmo, para valer, e a lógica do “caiu a ficha” acaba por bater à porta de todos nós. O que faz sentido e aparenta ter lógica, seguimos e fica conosco para quase sempre, acarinhado, cultivado como filho, até que a evolução nos permita dar mais um passo. Mas há algo muito importante e que não é visível: O Subconsciente coletivo. O Subconsciente coletivo é um conjunto de premissas fundamentais que não percebemos de forma consciente, mas que reside no mais profundo de nossa mente. É por isso que uma guerra nuclear total jamais acontecerá. Por mais que se ameace, se finja que haverá guerra total, há no subconsciente coletivo o “espírito de sobrevivência”. A humanidade não se quer extinta a si mesma. Em todas as guerras que já houve no mundo, o fim da guerra apareceu no ultimo segundo em que uma nação iria desaparecer – Nação como perfil psicossomático, a identidade de um grupamento social, uma nação sob uma bandeira de pano ou uma bandeira genética. Por mais terríveis que possam ter parecido, e foram, as guerras até nossos dias, nada nem ninguém se extinguiu. Da mesma forma, por mais que devastemos as florestas, a vida na Terra não acabará por causa disso, nem que a humanidade seja varrida do mapa. Há um equilíbrio na natureza, leis na natureza que a preservam, não importa quem ou o que sobreviva, desde que algo sobreviva. A vida neste planeta já foi praticamente extinta por três vezes, com 98 por cento da vida extinta realmente. Os dois por cento que sobraram deram origem a toda a diversidade que conhecemos hoje.
A humanidade sabe que a superpopulação na Terra traz problemas como os que foram verificados em testes com ratos por Pavlov. Manipuladas as áreas de vida, a alimentação e a superpopulação, criando situações de extremo estresse, os ratos se comeram uns aos outros em lutas ferozes nem sempre por alimento. A humanidade não quer de forma subconsciente que se chegue a uma situação dessas vendo familiares tombarem e serem comidos em nome da sobrevivência. Precisamos provar que somos humanos e não apenas animais. Tudo no universo está interligado e tem uma explicação.
Stephen HawkingOnde estão os homossexuais que controlam de forma subconsciente a natalidade em qualquer lugar do mundo, nos países de religião muçulmana? Estão lá. Escondidos, calados, dissimulados para não sofrerem punição.  No entanto, os respectivos governos dizem que isso é proibido pela religião. Pelo contrário, no mundo livre ocidental grande parte da população está preocupada com o numero crescente de homossexuais e transexuais, dividindo o mundo em homossexuais e homofóbicos sem considerar quem aceita a homossexualidade como eu, mas não é homofóbico. O mundo não tem que se preocupar com isso. Ninguém tira o lugar de ninguém e o equilíbrio necessário à humanidade será encontrado e estabelecido sem perigo de extinção da espécie. Mulher é um ser muito gostoso se usada com carinho, atenção, amor, e sempre haverá algumas disponíveis que gostam de homens ou preferem homens.

Parece haver algo ainda mais profundo que advém dos princípios de Darwin, de Freud, da Mecânica Quântica, da Astrologia e da Teoria do Caos quando analisadas em conjunto: O universo é assim, porque desde o principio foi regido por leis que o tornaram assim, permitindo o surgimento deste planeta com a vida que nele vemos, tal como. No fundo, ao olharmos para uma floresta, seu aspecto nos parece caótico, tudo desalinhado. A natureza do mundo vivo é assim, mas há lugares de vida onde não nos parece tão desorganizada, tão desalinhada. È o mundo dos seres humanos com suas fileiras organizadas de exércitos, criando leis para a vida, a exemplo das leis do universo. Porém, no mundo inerte das rochas, vemos cristais com seus átomos tão alinhados e organizados, que chegam a ser transparentes, brilhantes, diamantes. E nós apreciamos tudo isso. A desordem, a ordem, a anarquia e as leis. Em algum lugar, em qualquer instante um pouco disto e daquilo são sempre necessários, ora como num vulcão que nunca se sabe – ainda - quando vai entrar em erupção, ora como as águas calmas de um lago. Ou ainda como a seriedade britânica de seu parlamento ou a bandoleiragem do senado em Brasília, na Grécia, em Portugal, na Espanha e em muitos outros países do mundo, onde até tramitam condenados da justiça, mas isto de condenados da justiça só em Brasília. Porém o mundo evolui e haverá mudanças.   
Parada gay 
Tenho orgulho de não ser homossexual, nem senador neste país, mas tenho orgulho de quem é homossexual. Sou democrata, parece-me que entendo o mundo em que vivo e creio na humanidade porque não há alternativa para ela. As leis da natureza a impedem do suicídio. A Terra não tem o nome de Gaia à toa. Os livros - sagrados ou não - devem ser revistos para não criar divergências ignorantes entre fiéis que não têm condições de entender o mundo que os cerca.

Um brinde à vida, um brinde a todos os seres hetero, homo, ou o que quer que sejam, até abstêmios sexuais. Mas como em tudo, é necessário perceber o entorno e o contorno da “moda”. Mudar de apetite sexual na senilidade pode significar que se trata apenas de uma desilusão, uma falta de opção com o sexo oposto, um modismo para ficar na onda, um desejo de experimentar e depois se defrontar com a realidade de não encontrar saída a menos que se mude de bairro, cidade ou nação.

© by Rui Rodrigues