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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Angustia de um peixe



Dizem que os humanos constroem a sua moral de acordo com os seus interesses. É por isso que as religiões, cada uma tem a sua moral, os políticos cada um a sua, cada nação é diferente das outras por causa de seus costumes que se constroem com base nas tradições morais e éticas. Como peixe, não posso pensar de forma diferente. Os humanos construíram a moral de que peixe não tem sentimentos. Isso não é verdade. Chegam a dizer, quando algum humano é limitado no pensamento, ou pensa diferente dos outros, que tem “cabeça de peixe”. Nem olham para os cuidados que temos, quando procriamos e guardamos os pequenos peixes, nossos filhos, na própria boca para preservar-lhes a vida. Tanto carinho que os humanos não vêm... E são os peixes machos que cuidam da prole, não as fêmeas. E os humanos nem fazem isto. Deixam os cuidados da prole com as mães. E o nosso sangue? Acaso os humanos reparam que temos sangue como eles? Que temos veias, coração, fígado, baço, miolos... Respiramos... Digna de nossa admiração foi a baleia que já foi peixe e se adaptou à terra firme. Então vendo tudo o que os continentais faziam, voltou para o mar e hoje é uma mamífera. Com todo o respeito, as baleias não nos comem, só comem plâncton, que é uma aglomeração de criaturas que também não sabem ler nem escrever, tão pequenas que só com uma lupa se conseguem enxergar. 

Nós, peixes, namoramos, transamos, temos filhotes, ensinamos os filhotes, cuidamos deles, e envelhecíamos, mas agora nem chegamos à idade de morrer e já nos matam. A cada ano somos menores em tamanho. Não nos deixam crescer.

Há entre eles, os humanos, há um grupo que se diz vegetariano, mas muitos também nos comem, e galinhas, e matam embriões comendo ovos e ovas de peixe, mas o que mais me angustia são as perseguições e o pouco valor que nos dão.  Caçam-nos por todos os mares, rios e lagoas. Um dia acabam conosco. Há um povo no oriente da Terra que chega a nos comer vivos, com a carne ainda pulsante, e matam baleias dizendo que é para pesquisar. Essa forma de pensar seria muito boa para extraterrestres que também quisessem pesquisar e matassem esses para pesquisa. Claro que isto que eu disse é uma idiotice de um peixe, mas serve para pensar como que o que é bom para nós pode ser horrível para os outros. Pensem no que sente um tubarão pescado, com as barbatanas cortadas e lançado vivo de volta ao mar. É angustiante porque morre de fome e de falta de ar, vendo seu próprio sangue colorindo de vermelho a água ao seu redor. 

Certa vez me livrei de uma morte quase certa, conseguindo saltar de um barco de pesca, borda afora, com tantos saltos que dei, sufocado, com falta de ar, mas o que vi, quase me vez vomitar. Nós estávamos lá embaixo d’água, passeando em cardume, brincado com nossos filhotes, ensinando-os a comer. A temperatura estava agradável, o fundo do mar colorido porque era primavera, e de repente correu o pânico entre nós, como nos velhos filmes de Hollywood, quando a cavalaria americana arremetia em carga sobre as aldeias índias dos Sioux, Pés pretos, Oglalas, Cheyenes. Era um morticínio geral, crianças não sendo poupadas.   Assim também aconteceu conosco. Uns nos pescavam com anzóis, e lá vinham meus irmãos, presos pelos anzóis, sentindo falta de ar, as guelras ardendo, olhos esbugalhados, língua de fora. Outros vinham nas redes, amontoados, alguns morrendo pelo peso dos       que estavam em cima. Todos sofrendo de falta de ar, como quem tem asma e não pode respirar. Vocês humanos não imaginam o sofrimento de nossa gente. E o desperdício? isso que nos dói. Uma boa parte de nossa gente, já morta, foi devolvida ao mar porque há uma lei que proíbe pescar tamanhos pequenos e os pescadores pescaram até os nossos netinhos. Tanto trabalho na vida para vê-los morrer assim, desperdiçados, mortes em vão. Não me admira nada, porque os humanos se matam uns aos outros por qualquer bobagem, como diferença de cor de pele, diferença de religião... Qualquer diferença é sempre motivo para fazer guerra e sair pelos campos e cidades matando-se entre si. Se fizéssemos guerra aqui na água como fazem os humanos em terra, já não haveria mais peixes.

Na semana santa, por causa de uma religião, não temos para onde fugir. Matam-nos implacavelmente.

Digam lá na peixaria do Barbosa que se não conseguiu vender todo o peixe, que baixe o preço. Assim pelo menos a nossa morte não terá sido totalmente em vão, e digam aos japoneses que baleias não se matam. Que façam pesquisa com a mãe deles. O Crivela é pastor e agora ministro da pesca. Será que vai aliviar a nossa condição?

Rui Rodrigues


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Florbela e o milharal


Florbela e o milharal.
(Na foto, quadro de Henrique Pinto –Entre o milharal)

Numa aldeia do Norte de Portugal o povo, contado pelos dedos em centenas não ocupariam todos os dedos de uma só mão. Viviam em paz na sua terra. Aquela terra era a “sua” terra, de mais ninguém, e mesmo assim, apesar da união, entre eles se cobiçavam terras, mulheres, fontes de água, casas, e em certos olhares ou comentários menos discretos, era evidente que se cobiçavam até as roupas, os móveis. Principalmente a sua proximidade com o Senhor Vigário, que tinha na aldeia a sua casa, alimentado fartamente com gordas esmolas das beatas, sempre na esperança de que, amigas do Senhor Vigário, ele que perdoava pecados poderia interceder ao senhor, por elas, para lhes arranjar um casamento, livrá-las ou a familiares e amigos de um mal, fazer com que os namorados ou maridos voltassem a interessar-se por elas, ou deixassem de deitar olhinhos para as outras moças da aldeia, que lá ninguém era parvo ou idiota e esses olhares sempre davam nas vistas, por maior precaução que os maridos ou namorados tivessem.

Florbela não era daquelas que lavavam e passavam as roupas do Senhor Vigário, que os tempos obrigaram a chamar de Senhor Padre, e as toalhas dos altares e da sacristia. Florbela era ainda muito nova para isso, e só tinha 17 anos. Dezessete belos anos, ainda dependente dos pais para tudo menos para perceber os olhares que os rapazes da aldeia lhe lançavam aos seios fartos, às coxas fortes e arredondadas, às pernas com leves e discretos cabelos louros, o rosto corado de saúde e do sol. Sobre sexo os pais não lhe tinham ensinado nada. Diziam que ainda era muito nova para entender dessas coisas e quando chegasse a altura, ela mesma iria descobrir. No entanto sempre lhe tolhiam os passos para ir a algum lugar onde a convivência com os rapazes da aldeia fosse até mais tarde, os passeios acompanhada por eles, e de festas só acompanhada dos pais, que lhe guardavam a virgindade como quem guarda o dinheiro que deve ser amealhado.

Florbela gostava de ir ao rio acompanhar as mulheres que ainda lavavam roupa por lá, entre sons de canções cantadas em coro e sons de água correndo em cascata entre as pedras. Algumas diziam que jamais teriam uma máquina de lavar porque no rio a roupa corava melhor com a luz do sol.  Além disso, gastavam menos água encanada que era cara, menos energia elétrica, e sempre aproveitavam a ida ao rio para espairecer. Florbela ouviu muito dessas explicações que faziam todo o sentido.  Na aldeia todos reclamavam do custo da água e da energia elétrica. De vez em quando, enquanto  lavavm as roupas alguma se afastava e caminhava para longe por entre o milho alto que lhes passava em muito a altura. Quando voltavam traziam um olhar entre radiante e comprometido, por mais que tentassem disfarçar. Quando entendeu o que algumas das mulheres iam fazer entre o milho, já Rodrigo lhe andava fazendo uns convites para saírem durante a sesta, pelo calor do sol, para passearem, mas por causa das más línguas, melhor seria que ela fosse passear a sua cabrinha, como desculpa, e ele a encontraria na estrada combinada.

Florbela foi surpreendida a meio do caminho. Era a voz de Rodrigo:

- Florbela, continua andando naturalmente e depois volta para casa. Estão te seguindo... Não olhes para cá... Depois de amanhã no mesmo horário.

Florbela entendeu. Era assim naquela terra. Quando menos se esperava havia sempre alguém que entre as parreiras ou pela mata aparecia de repente sem ser notado. Terra de gente desconfiada, cuja maior diversão era “saber o que se passava”. Isso vinha do tempo em que os senhores abades usavam a confissão para intimar pessoas da terra para fazer declarações no santo ofício. Pela confissão, as alcoviteiras e os alcoviteiros denunciavam quem escolhiam para ser julgado como herege e perder as terras para a igreja ou o estado que depois as “doava” a quem batia com a mão no peito, fazia o sinal da cruz, comparecia às missas de domingo e doava gordas verbas para o senhor abade, dono daquelas terras. Coisas da inquisição a que chamavam de santo ofício, ou santa inquisição. Ficara-lhes o costume de “espreitar” os outros, seguir os outros, tentando desvendar-lhes a vida particular, coisas que contavam ao senhor prior, ao senhor vigário, e agora, por força de perda de poder pela igreja, ao senhor padre. Progrediram muito quando começaram a perceber que alguns padres gostavam mais de crianças do que deviam gostar e até os expulsaram, mas os afazeres das beatas, a confissão, a alcovitice, essas estavam impregnadas nas tradições da aldeia. Havia famílias, cujas terras tinham sido doadas pelo Santo Ofício que nunca quiseram saber das verdades históricas. Para essas, a história era a Igreja, exceto pelos feitos de valentia dos cruzados quando invadiram a Terra a que chamavam de Santa. 

Quando Rodrigo e Florbela se encontraram pela segunda vez, ninguém a seguiu. Passaram mais de hora descobrindo-se os sexos, afagando-se, beijando-se desesperadamente, como se naquele dia se acabasse o mundo, os dedos percorrendo todo o corpo. Quando Florbela lhe viu o prepúcio, admirou-se e gemeu dizendo que lhe iria doer. Rodrigo tranqüilizou-a. Juraram-se juras de amor eterno, fidelidade eterna, e quando Rodrigo a penetrou, já lhe corriam, pelas pernas de Florbela, aqueles líquidos a que se habituara quando em isolamento tranqüilo em seu quarto pensava em Rodrigo e se tocava, e antes dele num outro que esqueceu fácilmente quando pela primeira viu esse que agora se apoderava de seu corpo e a fazia sentir-se feliz como jamais se sentira. Não doera mais do que um beliscão, mas o prazer compensava tudo. Queria mais, e mais e mais. E Rodrigo deu-lhe mais e mais.

- E se engravido? Perguntou-lhe.
- Eu caso contigo. Não te preocupes. Amo-te muito, muito, muito. Jamais nos separaremos.

Quando chegou em casa, esbaforida – correra muito para disfarçar a ansiedade – desculpou-se pelo atraso: A cabra tinha fugido e ela tivera que correr. Jantou pensando no próximo encontro e sentiu-se feliz por ninguém ter percebido que agora já não era a menina Florbela, mas uma mulher satisfeita que acabara de descobrir o que era o verdadeiro amor. Seu coração ainda batia descompassado. Seu peito ainda arfava, mas não era de ter corrido atrás da cabra.
No domingo foi à missa. Aprenda a disfarçar o que sentia desde o primeiro dia em que lhe vieram as regras, os fluxos, aos treze anos, e desde então se divertia toda a vez que aprontava algo que só ela sabia e os outros não percebiam. Quando se ajoelhou para receber a hóstia, depois de mais uma confissão sem pecados, olhou os olhos do padre que como sempre, lhe serviu a hóstia. Nem o padre sabia de nada. Ninguém na aldeia sabia ou iria saber. Não contaria para ninguém para não correr o risco de a denunciarem, ainda que “sem querer”, desculpas a que já estava habituada a ouvir de gente que realmente “queria”. E, além disso, a religião era uma espécie de faz de conta, para dar uma impressão de santidade e de compartilhar sentimentos com os demais da aldeia, que assim se julgavam mais unidos, exceto quando as desavenças grassavam pela vila, as famílias divididas e era preciso o senhor cura, vigário, abade, e agora padre agir como se fosse um intermediário da justiça para por ordem na aldeia. A aldeia nem tinha policiamento ostensivo. Quando mesmo o padre não resolvia as questões, lá iam as famílias para a sede do concelho a resolver as suas dissidências com o meirinho.

Aos poucos os encontros foram ficando mais escassos. Rodrigo a procurava quando precisava e ela também. O amor dos dois estava latente, adormecido, e a necessidade do prazer se sobrepôs á vontade de se amarem. E foi assim que num dia melancólico para os dois, Florbela começou a namorar um rapaz trabalhador, daqueles que se sabe que um dia ficará bem de vida. Um sujeito firme de princípios, honesto, como corria voz pelo povo. Seu namoro foi muito bem visto e logo ficaram noivos e casaram, ela de véu e grinalda. Não era que Rodrigo não fosse honesto e trabalhador, mas não tinha a constância de Alfredo, o marido. Na noite de núpcias, Florbela ficou em expectativa: Como seria essa noite? Como seria o marido na cama, fazendo sexo, penetrando-a? Depois que a noite passou, Florbela tirou as suas conclusões. A primeira vez com Rodrigo tinha sido fantástica. Naquela oportunidade havia o desejo de experimentar o que lhe era desconhecido e tão bem escondido pela família: o sexo, de que as mulheres tanto falavam de forma velada em sua presença. Mas seu marido a tratava como esposa e a desposou como esposa. Rodrigo a desposara como mulher. Era diferente. E enquanto o marido a penetrava, pensava em Rodrigo. Ele não percebera que quando fechara os olhos o fizera para a sua intimidade: Para avaliar como o marido a tratava e a penetrava, e para comparar com Rodrigo.

A vida na aldeia, depois do casamento de Florbela continuou como era antes. Os homens saiam para trabalhar, as mulheres ficavam em casa. Algumas também trabalhavam em hortas e terras fora da aldeia. Outras ainda lavavam suas roupas no rio.

Um dia Florbela disse ao marido que ia lavar roupa no rio.

- Mas mulher... Não te comprei uma máquina de lavar roupa, novinha em folha?
-É... Temos uma máquina de lavar roupa, mas hoje apetece-me espairecer e vou até o rio lavar roupa. Fica mais corada, passa melhor e fica mais branca. O sol aviva as cores. Além disso economizamos na água e na luz. Não chegues tarde...

E Florbela passou a lavar roupa, apenas de vez em quando, no rio.  Um dia afastou-se das outras mulheres por algum tempo.

Quando voltou, estava sorridente, alegre, mas não viu nos olhares das outras mulheres nenhum sinal de reprovação. Cada uma tinha a sua vida.

Do final do milharal, Rodrigo saiu sacudindo ainda um pó imaginário. Ajeitou o chapéu, e sorriu. O primeiro a chegar tem sempre uma grande vantagem se souber tratar uma mulher, e não havia no mundo uma mulher melhor que Florbela.

Rui Rodrigues

domingo, 2 de setembro de 2012

Curiosidades de Angola[1]



Curiosidades de Angola[1]

Angola é um país lindo, forte, animado, grande, potente, rico. Tem diamantes, ouro, petróleo, riquezas minerais, uma costa rica em peixes, bons terrenos para cultivo e pastoreio. Nenhum angolano deveria passar fome.

Mas os dados apresentados no panorama mundial são tristes e preocupantes, levando a crer que, se este panorama não se alterar sensivelmente, a história de Angola a manterá na cauda da lista dos países do mundo, em termos de desenvolvimento efetivo e social, embora dirigentes [2]emanados do socialismo e do comunismo possam ficar cada vez mais ricos.

Com um analfabetismo beirando os 60%, e um IDH de 0,4 fica evidente que não pode ser compreendido o papel do Estado, e os votos dados em eleições não refletem uma preferência convicta com base no conhecimento, mas numa fé ou numa necessidade de votar em determinado candidato. Em suma, o voto não pode ser consciente com conhecimento de causa.

Com um PIB beirando os 115 bilhões de dólares, e uma população de cerca de 13 milhões, é como se cada angolano produzisse 8.846 dólares / ano, mas a maioria dos  angolanos vive com pouco mais de dois dólares por dia ou 700 dólares por ano. É o problema da distribuição de renda, que pode ser melhorado através da educação e da elevação dos salários, mas nem as empresas nem os senhores do governo estão interessados nisso. José Eduardo dos Santos, que tal como Putin se perpetua no governo, é dono de uma bela fortuna de bem mais de 100 milhões de dólares, fortuna que construiu não com sua inteligência ou aplicação em negócios, porque quem governa não tem tempo para fazer negócios legais. Negócios ilegais podem fazê-los os que governam e até enriquecerem, mas não deveriam. Os milhões desviados por corrupção, matam angolanos por falta de saúde pública, segurança, instrução de como viver em condições saudáveis.  Angola é conhecida internacionalmente como um dos países mais corruptos do mundo com um índice de percepção de corrupção[3] de 1,7.





Fruto destas políticas em que governo e povo são duas entidades separadas, Angola apresenta um índice alarmante de pobreza: cerca de 40% da população, aquela que produz 8.846 dólares por ano, mas em média só tem 500 dólares de renda per capita, é pobre. Vive na pobreza. É um claro sintoma do desinteresse do governo em corrigir a corrupção de forma a que não faltem recursos ao povo. O governo de Angola não é um governo credível, assim como também o não é a maioria dos governos do mundo, mas entre uns e outros, vai um abismo que se reflete nos índices aqui expostos. Parece que o maior problema dos governos a nível mundial não é exatamente a corrupção, mas “quanto” roubam em relação ao que o país produz. Há corrupção nos EUA, mas é tão baixa em relação ao que faturam, que praticamente não se nota e o povo recebe os benefícios, quase integralmente, do que produz. Se o exemplo americano não for do agrado para os leitores deste artigo, que vejam os países nórdicos, e até países onde se sabe que há corrupção endêmica como Itália, Espanha, Rússia... Lá também há corrupção mas proporcionalmente menor.

Talvez os movimentos internacionais que têm deposto corruptos como na Itália, na Grécia, em Portugal, dentre outros, e a primavera árabe, possam despertar movimentos em Angola para dar oportunidade a governos mais justos. Um em particular chama a atenção: O Resistência Autóctone Angolana para a Mudança (RAAM)[4] , mas sabe-se pouco a respeito permanecendo como uma grande incógnita.

José Eduardo dos Santos não quer o poder para “cuidar” do povo. Se fosse, Angola não seria o desastre que é como nação. Afinal ele governa Angola desde os primórdios de sua independência.

Angola precisa mudar, e a mudança não pode vir de um povo com índices de analfabetismo da ordem dos 60%. Tem que vir de uma classe intermediária que tenha instrução e saiba do potencial que Angola tem de ser tornar numa das maiores potências de África.

E José Eduardo dos Santos nunca foi comunista ou socialista. É um capitalista disfarçado.

Rui Rodrigues

   




[1] Dados coletados na NET..
Índice de analfabetismo = 59%
Área aprox= 1,3 milhões de km2
População = 13 milhões
PIB= $115.9 bilhões em dólares – 2011
Índice de percepção de Corrupção= 1,7= fim da lista (168º lugar) dos mais corruptos
Índice de pobreza= 40,3 %
IDH aprox= 0,4
Expectativa de vida – 48 anos
Renda per capita aprox= 500 dólares

[3] Quanto mais baixo o índice, maior a corrupção. Angola está na posição 168, final da lista. O Brasil, com menos corrupção, com índice 4,0 em 69ª posição.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Como será uma civilização extraterrestre



Como será uma civilização extraterrestre
(Na foto, corpo de extraterrestre atribuído aos arquivos de Roswell)

Já vimos bastantes filmes de extraterrestres que teriam chegado por aqui, ou que teríamos encontrado lá longe, no meio das estrelas longínquas. Particularmente sou dos que acreditam que a vida, tal como a conhecemos, existe também em outros planetas onde seja possível e garantido que possa surgir, reproduzir-se, alimentar-se, viver e morrer. Como os planetas têm dimensões limitadas, é necessário que a vida morra e não prolifere muito, sob pena de não ter com que se alimentar. Algo que nos chama a atenção é o fato de os filmes os mostrarem, sem muito detalhe, sem jamais nos deixarem ver o que imaginam que possa ser a sua vida em seus planetas. Mas veremos que não é tão difícil imaginar...

Para construírem uma civilização, precisam descobrir a agricultura (afinal eles comem, não?) fixar-se em cidades. Podemos duvidar disto, mas até as formigas e os cupins sabem disto quando constroem seus lares onde armazenam alimentos e procriam. Pássaros têm um lar a que chamamos ninho, elefantes vivem em manadas porque ainda não descobriram a agricultura e isso lhes pode custar a existência. Além do mais suas patas não são nada aptas a manejar qualquer coisa, por mais simpáticos e inteligentes que possam ser. Mas se temos duvidas sobre isto, o que é certo, absolutamente certo, é que a primeira coisa que aprenderão nas escolas, em matemática, é que um mais um é igual a dois. Isto é fundamental, básico e uma verdade universal no sentido de que pertence a todo o universo. Lugar onde um mais um não seja considerado igual a dois, não tem civilização porque não poderão construir sequer uma casa, medir, calcular. E para ir á escola, precisarão de estradas e veículos para que possam ser transportados. A língua deles poderá ser semelhante a alguma das nossas conhecidas, ou já mortas, como o latim, e a forma de escrever também, mas falarão e escreverão para se comunicarem e colocarem avisos onde necessitem.   Em suma, farão tudo o que costumamos fazer, com um aspecto diferente, língua diferente, mas terão olhos para ver, caso contrário não saberão onde estão, o que os cerca, e não verão estrelas para que possam um dia se perguntar o que são e como chegar nelas.

Na geometria, os triângulos deles serão calculados da mesma forma que os nossos, e não haverá triângulos diferentes, exceto os que se desenham sobre superfícies curvas, mas estes já conhecemos: quando desenhados pela superfície externa de um globo, de vidro, por exemplo, a soma de seus ângulos internos é maior que 180 graus. Desenhados pela parte interna, têm menos de 180 graus. Aprenderão a extrair a raiz quadrada e como se locomovem, porque sem locomoção não se pode pensar numa civilização, têm membros e um corpo, não importa quantos dedos tenham nas suas extremidades, mas terão que ter a capacidade preênsil, para poder manejar instrumentos com que construirão suas casas, suas estradas, seus prédios, seus navios se tiverem um mar, seus aviões se tiverem uma atmosfera, não importa que química contenha essa atmosfera, esses mares.

E procriarão entre si, porque sem procriação não há crescimento populacional, e certamente, eu aposto nisso, uns mandarão e outros serão mandados, porque sempre haverá entre eles os que vão para a esquerda quando lhes dizemos que vão para a direita ou não trabalhem quando deveriam fazê-lo. E haverá machos e fêmeas entre eles.  Umas serão mais agradáveis ao tato, á vista, ou aos ouvidos, ou até a todos os sentidos e serão mais disputadas. Quem sabe, serão as fêmeas que disputarão os machos, mas que a disputa existirá, disso não tenho dúvidas. E haverá prisões para afastar os mais violentos.

Disseram alguns teóricos da extraterrenidade, que no caso de existirem outras civilizações extraterrestres, seriam muito mais ou muito menos desenvolvidas do que nós, jamais com o mesmo nível de evolução. Disto eu discordo. Eles têm as suas razões, eu tenho a minha: O universo tem a mesma idade, cerca de 14,5 bilhões de anos, e é razoavelmente uniforme e simétrico constituído de galáxias como a nossa via-láctea, contadas aos bilhões, e a probabilidade de uma similaridade de evolução não pode ser descartada assim tão facilmente.

Não temos como saber se terão religiosidade, mas ao olhar o mundo em que vivem é altamente possível que o sejam, na crença de que haja um criador para tamanha obra, mas certamente não crerão em Buda, em Jesus Cristo, em Maomé, porque estes três não passaram por lá, e se passaram, Buda não seria necessariamente gordo, Jesus cristo não seria necessariamente crucificado e Maomé não teria fugido de Meca, porque Meca fica aqui no nosso planetinho. No entanto, a haver um criador, Esse não desampararia nossos amigos extraterrestres, assim como não desprotege a quem não acredita em Buda, Jesus Cristo ou Maomé. A não ser que o Criador não fosse um sujeito bom, mas para imaginar um deus ruim, melhor seria não o imaginarem porque já terão muitos problemas para resolver. No entanto, é possível que algum dos sacerdotes mais desmiolados de lá tenham mandado alguns “infiéis” para serem queimados em fogueiras, ou perseguidos religiosamente, ou ainda detonados por bombas que carregam presas ao corpo, dizendo que no paraíso há sete virgens que os esperam... E se as virgens não gostarem de sexo ou forem lésbicas? E se pelo contrário, forem as mulheres que detenham o poder? Neste caso encontrariam elas sete virgens mancebos esperando-as no paraíso? Isso não o sabemos. Teríamos que encontrá-los para termos uma conversinha sobre o assunto, mas já vou adiantando que para o surgimento de uma civilização é necessário um longo caminho de aprendizagem, passando o conhecimento de geração em geração. Para termos uma idéia do que isso representa, apesar de o universo ter 14,5 bilhões de anos, somente há cerca de 4,5 milhões de anos apareceram os primeiros hominídeos, e só há doze mil anos apareceu a primeira civilização no Egito, na Turquia ou na suméria (algo que os cientistas ainda  não ousaram afirmar).

O que isto quer dizer?

Quer dizer que ou somos muito burros ou muito inteligentes em relação à média da inteligência do universo.  Tudo depende do grau de inteligência que conseguirmos detectar nos extraterrestres, mas por mais desenvolvidos que eles sejam, e mesmo com naves que possam viajar em velocidade de dobra, não teriam tempo de chegar aqui, nem nós de chegarmos “lá” onde quer que o “lá” se situe, porque o tempo da viagem, além dos inconvenientes do tempo em executá-la, são de fazer desanimar o mais santo dos seres vivos e inteligentes. Planetas com possibilidade de vida tal como a conhecemos, estão, os que ficam mais perto, a mais de 4 milhões de anos luz, ou seja... Se nossa civilização já tivesse um grau de desenvolvimento há 4 milhões de anos atrás (quando apareceram os primeiros hominídeos), e viajando á velocidade da luz, o que é impossível, talvez já tivéssemos chegado lá, mas outro tempo igual decorreria para que pudéssemos  voltar. Certamente que a nave teria que ser imensa, porque ninguém vive esse tempo todo e seriam necessárias gerações e gerações para completarem a viagem (sem essa de criogenia, que arrebenta com todas as nossas células que estouram como aquelas bolinhas de plástico para acomodar peças frágeis).

E sem essa de viajar no tempo. Já sabemos que teríamos de controlar “buracos de verme” ou “túneis de minhoca” e construir uma máquina do tempo, mas na volta, sofreríamos uma descarga elétrica fatal, mesmo que protegidos com trajes á prova de choque elétrico, ou dentro de uma gaiola de Faraday.

Com medo de extraterrestres? Relaxe... Talvez eles estejam com mais medo ainda de nós e nem nos próximos “trocentos” milhões de anos chegarão aqui. Nem nós lá...

Por enquanto estamos sós no nosso espaço, tentando resolver os nossos problemas para não nos extinguirmos em guerras estúpidas que grassam pelo mundo, chefiados que somos por uns sujeitos e sujeitas que só pensam naquilo: na grana com que desfilam pelas ruas deste planeta, e não nos pedem opinião para nada. Serão nossos governantes os extraterrestres que tanto tememos?

Rui Rodrigues

Universo Total: Um “organismo” Vivo?




Universo Total: Um “organismo” Vivo?

Limitados a curto conhecimento, somos levados a pensar que vida, ou ser vivo, tem que ser algo parecido conosco, ou com algum dos representantes vivos dos reinos da natureza que conhecemos.

Na verdade não existe uma definição completa para definir a vida, e certamente não conhecemos ainda todos os tipos de vida que existem no universo. Mas, mesmo incompleta, e comum a todos os seres vivos, podemos dizer que vida é a capacidade de um “objeto” nascer, efetuar atividades e reproduzir-se. Acrescentaria que deve ter pelo menos um byte de inteligência, mas, se efetua atividades, já está implícito que tem pelo menos esse byte de inteligência para desenvolvê-las, ainda que essa inteligência resida numa espécie de cérebro ou apenas no seu ADN. Há um fator em particular que merece uma atenção maior. O ser vivo deve morrer por uma razão muito simples: como se reproduz, se não morrer ocupará o espaço disponível de forma muito rápida inviabilizando a continuação da vida, e isto porque no Universo e em todos eles, os espaços são limitados, como é o caso dos planetas.

Aqui mesmo na Terra, temos seres vivos que não se locomovem, outros que não respiram, outros não têm visão, e alguns vegetais que julgamos ser apenas uma planta, estão ligados pelas raízes a outras idênticas ocupando grandes áreas, o que leva a supor que o ser “inteiro” não é aquela planta especifica e unitária, mas o conjunto dessas plantas idênticas.

A teoria mais aceita em relação ao nosso universo é o do Universo inflacionário proposto pela primeira vez por Alan H. Guth, a partir do que se pensava ser uma “teoria de brinquedo”, um artifício matemático, e se revelou existir de fato: os campos de Higgs, “inventados” pelo próprio Higgs, um físico inglês que recentemente ganhou o prêmio Nobel de Física por essa descoberta confirmada.

Os campos de Higgs são aplicados ao “falso vácuo”, uma particularidade deste que pode gerar energia, o mesmo que matéria porque uma se transforma na outra e vice-versa. A forma como o Universo se processou a partir dos campos de Higgs atuando no falso vácuo levam a crer que não se formou um Universo apenas, este em que vivemos, mas uma infinidade deles, cada um aparecendo logo após como bolhas de vapor em água em ebulição, porém com uma característica muito particular: As bolhas são cada uma um universo (deixaram de ser falso vácuo pela interação dos campos de Higgs) que tanto pode se expandir indefinidamente, como colapsar pela força da gravidade, como até estacionar a partir de certo momento, tudo dependendo, também, da densidade critica de cada bolha. Porém o espaço de falso vácuo, entre cada bolha (entenda-se agora cada bolha como um universo), se expande inflacionaria e indefinidamente, surgindo novos universos a cada instante que se imagine. E isso já vem de um tempo infinito no passado e continuará indefinidamente no futuro do tempo.

Para nós, em nossa bolha, isto é, em nosso universo, o tempo começou há cerca de 14,5 bilhões de anos, quando ela apareceu surgida do falso vácuo, mas para o conjunto infinito de universos surgiu há um tempo tão grande que o podemos julgar como infinito no passado, perdendo completamente o sentido tentarmos saber o que existia antes dele.

Não será então o Universo uma forma de vida que se auto-reproduz indefinidamente?

Tal como acontece com a vida que conhecemos, onde alguns descendentes nascem com defeitos ou nem nascem, também o falso vácuo produz universos com defeito. O “código genético” do Universo Total, a soma de todos os universos gerados, são as leis da Física e da matemática, que os reproduz e mantém segundo essas mesmas leis.

Que forma teria esse ser, o Universo Total?

Não podemos saber, jamais saberemos, mas as leis da física e em particular a quântica, permitem-nos ter uma idéia: Deve ser ligeira e imperfeitamente esférico visto no detalhe, mas se alguém o pudesse ver do “lado de fora”, a uma distância bem grande, lhe pareceria um enorme buraco branco[1], perfeitamente esférico. Visto de perto, seria absolutamente plano.

Temos que inventar uma matemática que nos permita fazer cálculos com as várias graduações de infinito, porque existem infinitos que são mais infinitos do que outros.

Para melhor entendimento, favor consultar Alan G. Guth, “O Universo Inflacionário”.


Rui Rodrigues

Obs. – Este texto com todos os seus defeitos é meu, e o Alan G. Guth não tem a mínima culpa do que escrevi.




[1] Buracos negros são singularidades dos quais nada pode sair, embora os buracos negros evaporem, como demonstrou Stephen Hawking. Buracos brancos são o oposto. Nada pode impedir que continuem jorrando matéria no espaço. Um buraco branco é o filme passado do fim para o começo de um buraco negro. 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Tudo bem, senhores do governo[1], roubem à vontade! Mas...


Tudo bem, senhores do governo[1], roubem à vontade! Mas...

Políticos eleitos, em grande parte, senão maioria ou totalidade – como saber? -  tiram vantagens dos cargos que ocupam. Isso não é justo, porque nós[2] não temos como vos roubar, há visto que as forças armadas e de segurança estão sujeitas às vossas ordens, não às nossas. Ah.“Nós”, somos os 200.000.000 de cidadãos deste Brasil varonil, cansados de tanto edil[3].

Mas em compensação - porque tudo tem que ter compensação - dêem-nos educação decente e não impeçam nenhum de nós de estudar por falta de dinheiro, porque afinal vocês nos roubam.

E, sobretudo, não nos deixem viver em meio a esgotos a céu aberto transmitindo doenças, matando as nossas crianças. Não nos deixe, sem água potável, disponível com fartura neste país, e que mesmo assim temos que a comprar em galões caros com água ainda mais cara, e quem de nós não tem dinheiro para comprá-la, bebe água suja.

Sabemos que pelos corredores de Brasília vos pedem que construam estradas rodoviárias porque querem vender gasolina, cobrar pedágios, vender caminhões e automóveis, mas precisamos mesmo é de estradas de ferro para os alimentos ficarem mais baratos, de educação, segurança, saúde pública decente e eficiente. Estais gastando mal o nosso dinheiro dos impostos e depois direis que a culpa foi do governo anterior.

Não nos deixeis cair mortos pelos corredores dos hospitais porque os médicos têm suas clínicas particulares e só batem o ponto nos hospitais públicos para faturar uma grana extra, nem deixeis faltar remédios, equipamentos hospitalares. Há crianças brasileiras, índias, negras, brancas, orientais, de todas as raças, morrendo por falta de atendimento. Não acreditamos que  não vejam isso. Acreditamos mais que não vos interessais em resolver estes problemas devido a vossos afazeres diários, mas saibam que com vos elegemos, a intenção era de que nos representásseis. Se não podeis com o cargo, declinai do convite e caí fora da política, que assim pode parecer tratar-se de um negócio.

Iluminai as ruas públicas. Os ladrões, como sabeis, gostam muito de ruas escuras e sem policiamento. Sabemos já, de antemão, que depois da Copa do Mundo e das Olimpíadas que se realizarão de 2014 em diante, tudo voltará à normalidade, isto é, salve-se quem puder, porque a bandidagem voltará para o morro do alemão – e achamos até que nunca saiu de lá – e de onde foi tirada de outros lugares. Até nos arcos da Lapa do Rio de Janeiro se vende droga nas barbas da polícia que diz ser muita gente para fiscalizar. Ficamos na dúvida até, se já existem traficantes eleitos como vereadores, deputados ou senadores, ministros ou de cargos de confiança, e se não, por representantes deles, o que nos parece, porque a nação parece a casa da “mãe Joana” ou a antiga zona do canal do Mangue.

Baixem os juros bancários, as taxas de serviços, os impostos, porque pagamos muito por serviços que não temos. Há tanto dinheiro que serve para financiar as empresas que vos pagam as eleições, mas nós, que vos damos os votos, não somos financiados, e pelo contrário, somos explorados. Não é justo isso, e vos elegemos porque pensamos que éreis justos.

As ruas estão esburacadas, e mães com carrinhos de criança não podem transitar por lá. Cadeirantes nem pensar em sair à rua, porque estas atentam contra a sua saúde e seu direito de ir e vir. Há imenso número de ruas sem pavimentação, os correios só entregam correspondência onde lhes dá lucro – porque foram terceirizados – e os vereadores não dão um passo para dar um CEP a quem precisa, embora as prefeituras aceitem os projetos, os aprovem, cobrem impostos e dêem o habite-se.

E se não acabam com as drogas porque lhes parece impossível, que as legalizem para que se lhe cobre impostos que podem reverter para o tratamento, ou teremos alguns falsos representantes no governo que estejam interessados em manter o tráfico porque assim cobram mais caro?

Roubem, senhores do governo, roubem. Não me incomodo com isso, mas roubem menos, um pouquinho menos,  porque já está dando muito nas vistas e nos dêem a contrapartida de nossos impostos. E sobretudo, sobretudo, acabem com essa vergonha de aumentar os próprios salários.. Isso é demais para a nossa boa vontade e a nossa inteligência. Somos cidadãos pobres, mas não somos burros.  

Rui Rodrigues




[1] Governo é o conjunto dos que governam, não importa de que partido político.
[2] Nós, somos os 200.000.000 de brasileiros que se viram como podem nesta linda e amada nação.

[3]  Significado de Edil - s.m. Título concedido aos membros de uma junta de magistrados eleitos anualmente na antiga Roma. A junta era responsável pela manutenção da ordem pública. Além disso, supervisionava o comércio, o mercado e as provisões de água e alimentos, ocupando-se também de vários encargos públicos. Até 367 a.C., a junta era formada por dois plebeus. Depois, a ela foram acrescentados dois patrícios. Vereador municipal.


Visões modernas do socialismo no Brasil.




Visões modernas do socialismo no Brasil.


Comunismo e socialismo são duas filosofias políticas completamente diferentes, mas um fator as une: ambas eram políticas de “esquerda” pelo menos até o final do século XX, tornadas populares por sua defesa dos interesses dos cidadãos mais fracos ou desprotegidos da “sorte”.  

Luis Carlos Prestes fez uma marcha pelo Brasil sem levar a nada. Impressionou bastante a sociedade, mas sempre ficou a dúvida: Porque razão fez a marcha pelo Brasil? Estaria fugindo das forças armadas legais, ou tentando abrir caminho para a “grande marcha” de Mão Tse Tung?  E o hino “internacional socialista” cantado por comunistas? Não podemos negar que há e sempre houve uma certa ‘identidade “entre comunistas e socialistas porque simplesmente representavam a oposição aos governos de direita e de extrema direita, além, é claro, da oposição ao demente Adolf Hitler, nazista, e Salazar e Francisco Franco, fascistas. Muitos ”heróis “apareceram na história do século XIX e XX, cercados de quadros bucólicos, músicas e bandeiras de exaltação ao comunismo e ao socialismo. O mundo inteiro chegou a acreditar que talvez a melhor opção para um mundo mais justo fosse ou o comunismo ou o socialismo. Eu era um desses.

Devo provocar risos se disser que um dos melhores socialistas que o Brasil já conheceu foi Getúlio Vargas, um ditador, mas Stalin foi muito mais ditador, e não podemos deixar de considerar os benefícios que este homem levou aos lares menos beneficiados do povo brasileiro, ao instituir as regras para o trabalho e a implantação da “carteira de trabalho”, além de outros benefícios como o estabelecimento do salário mínimo. Na verdade, há sempre uma vertente social na política por pior que seja um “governante”.

No inicio dos anos 60, a esquerda brasileira era eminentemente comunista, embora alguns se dissessem socialistas. A grande verdade é que queriam fazer uma revolução generalizada que acabasse de uma vez por todas com a inércia de manter no topo da pirâmide econômica e do poder, as mesmas famílias tradicionais, e sempre as mesmas dos políticos, a mesma forma colonial de governar o povo. Lembro que o que se discutia era como politizar o povo que não tinha instrução. Ora, na revolução de 1917 na Rússia o povo não era mais instruído do que em 1960 no Brasil. Nem na china quando se fez a revolução comunista. De meus tempos de Lisboa, ficou-me a constatação de alguns “comunistas” que eram loucos por dinheiro, tinham quintas e propriedades. Pensei que essa era a tendência: Ascender ao poder usando a filosofia política em moda, num rasgo de oportunismo. O mundo receoso pelas notícias de privação das liberdades não queria mudar, mas deliciava-se com as bandeiras, os hinos, as notícias do “ballet de bolshoi” e da cultura da URSS e da China... De repente, a China e a URSS tinham resolvido todos os seus problemas e agora eram cultos, todos tinham acesso à cultura e à instrução. Eu não podia acreditar nesse milagre. Havia decorrido muito pouco tempo para todo esse milagre, que muitos dizem ter-se repetido em Cuba.

Uma das mais fortes convicções socialistas e comunistas - há no Brasil uma ligeira confusão popular entre estes dois sistemas políticos que os unem num só – é a de que os fins justificam os meios, o que explicaria toda a prepotência de Stalin e de Mão tse Tung, o julgamento sumário por fantoches do governo que mandavam inocentes para o “paredão” tal como a igreja católica já os tinha mandando par a fogueira. Na verdade, apenas delírios do poder de quem manda. Uma embriaguês solitária, cavernosa e vampírica.

Sabe-se hoje que os grupos revolucionários no Brasil foram financiados pela China e pela Rússia, com pequena participação de dinheiro cubano porque Cuba era por sua vez ajudada pela URSS. Essas duas grandes nações sabiam perfeitamente que a revolução se faz junto às populações, com políticas de convencimento para engrossar as colunas dos insatisfeitos de forma a incluí-los na causa. Mas não se pode fazer isso com um povo satisfeito ou ignorante a ponto de não perceber as diferenças.

As notícias correm mais rapidamente entre grandes populações do que em populações isoladas campesinas, do interior do Brasil. A “operação Araguaia” era um centro de treinamento de guerrilha. Nas grandes cidades, guerrilheiros  faziam assaltos a Bancos e raptavam pessoas “importantes” do cenário nacional e internacional. A impressão que se tinha na época, mesmo entre os simpatizantes do comunismo e do socialismo, era que os envolvidos eram “sonhadores”, com cabeça de vento, coisa da juventude e de “estudantes”. As barricadas de Paris eram ainda recentes e os franceses tinham mudado algumas coisas no ensino da França, o mais relevante deles o acesso a ambos os sexos às mesmas escolas e universidades. Até essa época até em Portugal havia escolas para meninos separadas das escolas para meninas. Era realmente um absurdo, coisas da falsa moral que queria preservar o hímen das mocinhas longe dos pretendentes ocasionais e “não qualificados” na assembléia familiar... Época em que os pais se julgavam “donos” dos filhos. O resultado disso foi exatamente o contrário. Um hímen hoje não vale nada no mercado nacional nem no mercado internacional, nem no mercado da prostituição.

Então, num trabalho de longos anos, Lula assumiu o poder no Brasil. Até alguns anos antes de sua posse, havia cerca de 50 nações assumidamente comunistas no mundo, mas criou-se um vácuo político depois da queda do muro de Berlim e da virada da URSS para a nova Rússia. Esta virada russa deu-se por falta de capital para financiar os seus “programs”. Um país comunista que deixa de o ser por falta de capital parece piada.   O enorme vácuo do fim do comunismo na URSS e na China, e nesses 50 países, foi preenchido por Lula no Brasil: Por falta de um comunismo e de um socialismo que representasse o interesse dos trabalhadores, lá estava o papai Lula para defendê-los. Mas Lula não os defendia, porque negociava com o poder a tal ponto que os sindicatos perderam a força. A ascensão de Lula ao poder não é um mérito de Lula: É uma conseqüência do vácuo deixado pelos países comunistas que se foram voltando para o capitalismo. O mundo concluíra que era melhor sofrer falando num país capitalista onde haveria sempre oportunidades para mudar de vida e melhorar o salário, do que viver calado, preso na Sibéria ou fuzilado em paredes esburacadas por balas, trocando eternamente os seus cupons de racionamento para alimentação.

Mas então, ao ver as atitudes de Lula ao fim de quatro anos de governo, e as de sua sucessora Dilma, por ele indicada, comecei a lembrar-me daqueles comunistas que eu tinha conhecido em Portugal e que tinham quintas e propriedades. Lula hoje está rico, aliou-se ao Maluf, que já esteve preso por corrupção, e as CPIs transformam-se em mesas de pizzarias.

Realmente Lula chegou lá, como gritavam nas ruas os seus simpatizantes (Lula Lá) – eu era um deles e ajudava a abrir portas de lojas em Cubatão, à noite, com a aquiescência dos comerciantes, para que Lula efetuasse seus mini-comícios voltados para a sua eleição, em 1980 – Mas transformou-se no meu vilão.

Lula é um ser humano como outro qualquer, que não tem instrução, mas se cercou de antigos guerrilheiros, advogados, cientistas políticos, professores universitários, e que, com o seu dom de líder sindical, sabia falar ao “coração” dos seus ouvintes. Falar, chegando ao cérebro de seus ouvintes, foi impossível. Quem tem um mínimo de conhecimento sabe perfeitamente que Lula não trouxe nada de novo. O Brasil continua com os mesmos problemas ligeiramente aliviados com bolsas família doadas pelo governo.

Os governos de Lula e Dilma dão peixe, mas não ensinam a pescar. Eles são agora donos das frotas de”pesca”. O socialismo é hoje uma balela, e o capitalismo está mais selvagem do que nunca, duas enormes desgraças para esta linda nação.


Rui Rodrigues

domingo, 26 de agosto de 2012

África - Passado e futuro



África – Passado e futuro


Amo a África. Não é um sentimento piegas, ou qualquer coisa do gênero. Minha admiração deve estar relacionada com os meus genes que habitam meu corpo branco, mas cuja origem dos primeiros genes vieram da fossa de Olduvai, onde surgiram os primeiros hominídeos que dariam origem ao Homo Sapiens do qual fazemos parte todos os seres humanos deste planeta.

Mas minha admiração por África, meu amor por África, ainda tem outra componente que reforça a primeira. A origem das primeiras civilizações humanas, que surgiram no Médio Oriente e no Norte de África. Refiro-me em particular ao Egito dos Faraós, onde entre 780.000 e 120.000 anos atrás se fixaram as primeiras aglomerações humanas, no final da era do paleolítico mais precisamente no Pleistoceno Médio.  Sua concentração ao longo do Nilo, deveu-se ao aumento da temperatura na região que secou pastagens e derrubou florestas para sempre, dando origem ao deserto do Saara. Entre 8.800 AC e 6.800 AC, dizem-nos os paleontólogos, já se domesticavam animais na base do pastoreio, coletando-lhes leite e sangue, mas sem evidências de aproveitamento da carne. Por volta de 5.500 AC, há evidências de comércio em Faium e a certeza de que dominavam a agricultura. Começa aqui, no norte de África, a Civilização africana. Há divergências quanto à civilização mais antiga do planeta, mas isso não importa realmente para os fins deste artigo. A antiguidade da civilização egípcia já é suficiente para explicar meu respeito e admiração por África.

Mas ainda há mais!

Quando a Europa já estava desmatada, sem florestas expressivas, e já se plantava em qualquer lugar disponível, como beiras de estradas, e já não havia animais selvagens, África guardava campos imensos, florestas, manadas de animais selvagens que fizeram a minha delícia de infância e apreciar a natureza. Mas, embora fosse normal – se assim podemos dizer - que desde a antiguidade de milhares de anos atrás, se fizessem escravos, o preço que África pagou por este costume foi muito alto e deveu-se ao seu amor pela natureza. África resolveu, com a ajuda de seus líderes, que poderiam entender o progresso como fator não tão importante como a preservação da natureza e o seu convívio. Por essa oportunidade, os egípcios já faziam escravos entre os núbios, que depois ascenderam ao poder como faraós, como se fosse uma compensação histórica tardia. Com o desenvolvimento da navegação em busca de riqueza e comodismo, seguiram-se os árabes a fazer dos negros escravos, e as potências ocidentais.

As primeiras formas de governo conhecidas foram as teocráticas, isto é, baseadas na descendência direta dos reis do deus em que acreditavam, e mais tarde,  com o desenvolvimento do conhecimento por parte do povo, baseado na sua “representatividade”. Desta forma, os reis já não eram filhos desses deuses, mas os “escolhidos” por eles para que promovessem a “ordem”, combatessem o “caos”. Eram escolhidos através de um sacerdote ou profeta que “interpretava” as vontades divinas. Sempre aparece na história quem ache que fala com deus. Naquela época davam-lhes ouvidos porque os sacerdotes mandavam no mundo. Hoje quem disser uma coisa dessas é sério candidato a uma clínica de repouso.  Somos levados a pensar que nos (a nós povo) nos enganaram por muito tempo e ainda continuam enganando de outras formas.

Por aquela época os deuses eram eminentemente guerreiros. Cada civilização achava que seus deuses eram os mais poderosos, como hoje cremos em times de futebol. Na França, o último rei absolutista foi Luis XIV, o rei sol, e décadas depois surgiu a revolução francesa com a tão sonhada liberdade, igualdade, fraternidade que nunca se viu em lugar nenhum, nem hoje. O poder está completamente dissociado da vontade popular, e com o governo estão as forças policiais e as demais e ainda mais poderosas forças armadas. Jogam-nos gás de pimenta, balas de borracha, soltam cacetadas e gás lacrimogêneo se falamos um pouco mais alto pelas ruas, proíbem passeatas, as greves agora podem ser legais ou ilegais, os sindicatos não têm a força do passado, e quem nos defendem na justiça, aos que não têm dinheiro para pagar bons advogados, são funcionários do Estado. Visto assim, não difere muito dos governos da cortina de ferro stalinista que mataram russos aos milhões e os encarceraram em gulags. Democracias mesmo, verdadeiras, participativas, nem atrás nem na frente da cortina de ferro. Os governos, através dos partidos que impõem as linhas dos políticos fazem tudo “em nosso” nome e nem nos perguntam o que queremos, o que coloca a democracia, tal como a conhecemos, a representativa, num picadeiro de circo.

É sob este aspecto que, devido à diferença de índices de alfabetização entre o ocidente europeu e África, os governos são mais prepotentes em África, porque não encontram oposição e os partidos, normalmente, governam em “conjunto”, quando não se trata de ditadores que vitalícios ou não, se perpetuam no poder através de figuras políticas que cuidam de seus interesses – e não dos interesses do povo.

Para saber como funciona uma Democracia participativa, verdadeira, real, o site a seguir indicado contém uma minuta de uma nova constituição que pode ser adaptada para qualquer país, e um resumo com cinco (5) itens com as características principais que diferenciam a falsa democracia (representativa) da verdadeira (participativa). A tecnologia moderna garante a sua aplicação.

África não pode ficar eternamente no passado. Algum dia tem que retomar o que deixou passar: o futuro e o progresso. Por mais que o futuro pareça longe e distante, podemos acreditar que não: Está logo ali, alguns passos à frente do primeiro passo.

A Princesa Maya no Reino dos Bongos




Os Bongos são um povo muito alegre que vive para lá das dunas de areia, junto ao mar, e se diverte muito. São muito alegres, trabalham, vão à escola, têm tempo para fazer tudo. Usam roupas de todas as cores, verdes, amarelas, azuis, brancas, vermelhas. Moram em casas como se fossem casas de bonecas, todas cercadas de muitas árvores, plantas e flores. Têm cavalinhos pôneis, tiram o leite das vaquinhas para fazer bolos e leite de chocolate. Mas tem um monstro que os anda sempre incomodando e que não os deixa dormir. É o monstro dos sonhos e chamam-lhe de Bigudo. O Bigudo é muito feio, cara de cabeça, e só faz malandrices. Puxa os dedos dos pés de quem está dormindo, esconde as bonecas das meninas, e todos os brinquedos. Quando os meninos ou as meninas estão fazendo um desenho, costuma empurrar-lhes o braço e os desenhos saem todos rabiscados. Quando acordam as crianças  nunca encontram os tênis. O Bigudo amarra os cadarços e jogam-nos pela janela. Na escola e nas creches, roubam o lanche de todo mundo.

Ninguém gosta do Bigudo, mas ele fica invisível e ninguém o vê.

Um dia os Bongos leram uma história da princesa Maya e em sonhos chamaram por ela, para que viesse ajudá-los a livrar-se do Bigudo. Só ela poderia salvá-los. Tinham que expulsar o Bigudo porque ele incomodava muito. Uma noite, entraram nos sonhos da princesa Maya e chamaram-na.

- Princesa Maya... Precisamos muito de sua ajuda. Por favor, venha nos ajudar. O Bigudo está impossível. Ontem ele pintou todas as bonecas de branco. Ficaram horríveis porque todas as bonecas só são bonitas quando são coloridas. Pegou todos os ovos das galinhas e pintou de preto. Ficaram horríveis.

- Vocês estão brincando. É verdade mesmo?- Perguntou a princesa Maya.

- È verdade, disseram as meninas Bongas.  

- Mas eu estou de pijama – Disse a princesa Maya – Ainda não escovei os dentes, nem me vesti, nem tomei banho.

- Não precisa, disseram as meninas. Use a sua varinha mágica e fica logo pronta!

A princesa Maya usou a sua varinha de condão, mágica, que por vezes até falhava, mas dessa vez funcionou. Num piscar de olhos, a princesa Maya estava pronta e voou com as meninas Bongas até o reino dos Bongos. O povo estava todo na praça, e recebeu a princesa com festas. Contaram a última coisa feia que o Bigudo tinha feito: Tinha colocado pimenta branca no açúcar de todas as casas e estavam todos bebendo muita água porque estavam com a boca ardendo. A princesa Maya ficou indignada com isto. Coisas dessas não se faziam. Era uma maldade.

Então, reuniu o povo e falando bem baixinho, disse:

- O Bigudo é invisível, não é? (Todo o povo disse que sim). E a princesa continuou: - Então tragam toda a farinha que tiverem, e comecem a jogar a farinha do alto das casas para as ruas. O Bigudo vai ficar cheio de farinha e podemos vê-lo. Então vamos ter uma boa conversa com ele.

O povo trouxe toda a farinha que estava disponível e começou a jogá-la pelos ares. Usaram ventiladores para melhor espalhar a farinha. Logo viram o Bigudo. Era enorme, e estava rindo de todos, encostado num poste da rua. Ele não percebera que estava cheio de farinha e que todos agora o podiam ver. Então o povo todo se dirigiu para ele com a princesa Maya á frente com sua varinha de condão e o Bigudo ficou muito assustado. Agora percebera que estava todo visível e que não tinha escapatória... O povo unido era muito forte. E pior ainda, tinha à frente a princesa Maya que tinha fama de resolver todas as coisas de uma forma muito inteligente, sempre conversando.

A princesa Maya falou em nome de todos, dirigindo-se ao Bigudo.

- Bigudo!... Sabes o que é isto? – e mostrou-lhe a varinha mágica vermelha que ela tinha. – Isto é uma varinha mágica que pode transformar você num sapo coxo, num jacaré sem dentes, ou num mosquito sem asas. Ouviste?

-Bigudo estava assustado. Sabia que as mágicas da princesa, quando funcionavam, era batata! Tinham um efeito irreversível que só a princesa Maya podia consertar. Então ele disse:

- Vai me transformar em quê, princesa Maya?

- Se consertar tudo o que estragou, e passar a ajudar o povo dos Bongos, não vou transformar você. Mas se não fizer, transformo você num grãozinho de pó vermelho.  

Bigudo começou logo a arrumar tudo o que tinha estragado. O povo dos Bongos  fez uma grande festa para a princesa Maya e as meninas levaram-na de volta para a sua cama, em sua casa, onde vivia com a mamãe Maibi e a avó Maíra.

Quando acordou, a primeira coisa que fez foi contar a sua história para o vovô Rui por telefone...

Rui Rodrigues