Universo Total: Um “organismo” Vivo?
Limitados a curto
conhecimento, somos levados a pensar que vida, ou ser vivo, tem que ser algo
parecido conosco, ou com algum dos representantes vivos dos reinos da natureza
que conhecemos.
Na verdade não existe uma definição
completa para definir a vida, e certamente não conhecemos ainda todos os tipos
de vida que existem no universo. Mas, mesmo incompleta, e comum a todos os
seres vivos, podemos dizer que vida é a capacidade de um “objeto” nascer,
efetuar atividades e reproduzir-se. Acrescentaria que deve ter pelo menos um
byte de inteligência, mas, se efetua atividades, já está implícito que tem pelo
menos esse byte de inteligência para desenvolvê-las, ainda que essa
inteligência resida numa espécie de cérebro ou apenas no seu ADN. Há um fator
em particular que merece uma atenção maior. O ser vivo deve morrer por uma
razão muito simples: como se reproduz, se não morrer ocupará o espaço disponível
de forma muito rápida inviabilizando a continuação da vida, e isto porque no
Universo e em todos eles, os espaços são limitados, como é o caso dos planetas.
Aqui mesmo na Terra, temos
seres vivos que não se locomovem, outros que não respiram, outros não têm
visão, e alguns vegetais que julgamos ser apenas uma planta, estão ligados
pelas raízes a outras idênticas ocupando grandes áreas, o que leva a supor que
o ser “inteiro” não é aquela planta especifica e unitária, mas o conjunto
dessas plantas idênticas.
A teoria mais aceita em
relação ao nosso universo é o do Universo inflacionário proposto pela primeira
vez por Alan H. Guth, a partir do que se pensava ser uma “teoria de brinquedo”,
um artifício matemático, e se revelou existir de fato: os campos de Higgs,
“inventados” pelo próprio Higgs, um físico inglês que recentemente ganhou o
prêmio Nobel de Física por essa descoberta confirmada.
Os campos de Higgs são
aplicados ao “falso vácuo”, uma particularidade deste que pode gerar energia, o
mesmo que matéria porque uma se transforma na outra e vice-versa. A forma como
o Universo se processou a partir dos campos de Higgs atuando no falso vácuo
levam a crer que não se formou um Universo apenas, este em que vivemos, mas uma
infinidade deles, cada um aparecendo logo após como bolhas de vapor em água em
ebulição, porém com uma característica muito particular: As bolhas são cada uma
um universo (deixaram de ser falso vácuo pela interação dos campos de Higgs)
que tanto pode se expandir indefinidamente, como colapsar pela força da
gravidade, como até estacionar a partir de certo momento, tudo dependendo,
também, da densidade critica de cada bolha. Porém o espaço de falso vácuo,
entre cada bolha (entenda-se agora cada bolha como um universo), se expande
inflacionaria e indefinidamente, surgindo novos universos a cada instante que
se imagine. E isso já vem de um tempo infinito no passado e continuará
indefinidamente no futuro do tempo.
Para nós, em nossa bolha, isto é, em nosso universo, o tempo começou há cerca de 14,5 bilhões de anos, quando ela apareceu surgida do falso vácuo, mas para o conjunto infinito de universos surgiu há um tempo tão grande que o podemos julgar como infinito no passado, perdendo completamente o sentido tentarmos saber o que existia antes dele.
Não será então o Universo
uma forma de vida que se auto-reproduz indefinidamente?
Tal como acontece com a vida
que conhecemos, onde alguns descendentes nascem com defeitos ou nem nascem,
também o falso vácuo produz universos com defeito. O “código genético” do
Universo Total, a soma de todos os universos gerados, são as leis da Física e
da matemática, que os reproduz e mantém segundo essas mesmas leis.
Que forma teria esse ser, o
Universo Total?
Não podemos saber, jamais
saberemos, mas as leis da física e em particular a quântica, permitem-nos ter
uma idéia: Deve ser ligeira e imperfeitamente esférico visto no detalhe, mas se
alguém o pudesse ver do “lado de fora”, a uma distância bem grande, lhe
pareceria um enorme buraco branco[1],
perfeitamente esférico. Visto de perto, seria absolutamente plano.
Temos que inventar uma
matemática que nos permita fazer cálculos com as várias graduações de infinito,
porque existem infinitos que são mais infinitos do que outros.
Para melhor entendimento,
favor consultar Alan G. Guth, “O Universo Inflacionário”.
Rui Rodrigues
Obs. – Este texto com todos
os seus defeitos é meu, e o Alan G. Guth não tem a mínima culpa do que escrevi.
[1] Buracos
negros são singularidades dos quais nada pode sair, embora os buracos negros
evaporem, como demonstrou Stephen Hawking. Buracos brancos são o oposto. Nada
pode impedir que continuem jorrando matéria no espaço. Um buraco branco é o
filme passado do fim para o começo de um buraco negro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato por seus comentários.