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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Universo Total: Um “organismo” Vivo?




Universo Total: Um “organismo” Vivo?

Limitados a curto conhecimento, somos levados a pensar que vida, ou ser vivo, tem que ser algo parecido conosco, ou com algum dos representantes vivos dos reinos da natureza que conhecemos.

Na verdade não existe uma definição completa para definir a vida, e certamente não conhecemos ainda todos os tipos de vida que existem no universo. Mas, mesmo incompleta, e comum a todos os seres vivos, podemos dizer que vida é a capacidade de um “objeto” nascer, efetuar atividades e reproduzir-se. Acrescentaria que deve ter pelo menos um byte de inteligência, mas, se efetua atividades, já está implícito que tem pelo menos esse byte de inteligência para desenvolvê-las, ainda que essa inteligência resida numa espécie de cérebro ou apenas no seu ADN. Há um fator em particular que merece uma atenção maior. O ser vivo deve morrer por uma razão muito simples: como se reproduz, se não morrer ocupará o espaço disponível de forma muito rápida inviabilizando a continuação da vida, e isto porque no Universo e em todos eles, os espaços são limitados, como é o caso dos planetas.

Aqui mesmo na Terra, temos seres vivos que não se locomovem, outros que não respiram, outros não têm visão, e alguns vegetais que julgamos ser apenas uma planta, estão ligados pelas raízes a outras idênticas ocupando grandes áreas, o que leva a supor que o ser “inteiro” não é aquela planta especifica e unitária, mas o conjunto dessas plantas idênticas.

A teoria mais aceita em relação ao nosso universo é o do Universo inflacionário proposto pela primeira vez por Alan H. Guth, a partir do que se pensava ser uma “teoria de brinquedo”, um artifício matemático, e se revelou existir de fato: os campos de Higgs, “inventados” pelo próprio Higgs, um físico inglês que recentemente ganhou o prêmio Nobel de Física por essa descoberta confirmada.

Os campos de Higgs são aplicados ao “falso vácuo”, uma particularidade deste que pode gerar energia, o mesmo que matéria porque uma se transforma na outra e vice-versa. A forma como o Universo se processou a partir dos campos de Higgs atuando no falso vácuo levam a crer que não se formou um Universo apenas, este em que vivemos, mas uma infinidade deles, cada um aparecendo logo após como bolhas de vapor em água em ebulição, porém com uma característica muito particular: As bolhas são cada uma um universo (deixaram de ser falso vácuo pela interação dos campos de Higgs) que tanto pode se expandir indefinidamente, como colapsar pela força da gravidade, como até estacionar a partir de certo momento, tudo dependendo, também, da densidade critica de cada bolha. Porém o espaço de falso vácuo, entre cada bolha (entenda-se agora cada bolha como um universo), se expande inflacionaria e indefinidamente, surgindo novos universos a cada instante que se imagine. E isso já vem de um tempo infinito no passado e continuará indefinidamente no futuro do tempo.

Para nós, em nossa bolha, isto é, em nosso universo, o tempo começou há cerca de 14,5 bilhões de anos, quando ela apareceu surgida do falso vácuo, mas para o conjunto infinito de universos surgiu há um tempo tão grande que o podemos julgar como infinito no passado, perdendo completamente o sentido tentarmos saber o que existia antes dele.

Não será então o Universo uma forma de vida que se auto-reproduz indefinidamente?

Tal como acontece com a vida que conhecemos, onde alguns descendentes nascem com defeitos ou nem nascem, também o falso vácuo produz universos com defeito. O “código genético” do Universo Total, a soma de todos os universos gerados, são as leis da Física e da matemática, que os reproduz e mantém segundo essas mesmas leis.

Que forma teria esse ser, o Universo Total?

Não podemos saber, jamais saberemos, mas as leis da física e em particular a quântica, permitem-nos ter uma idéia: Deve ser ligeira e imperfeitamente esférico visto no detalhe, mas se alguém o pudesse ver do “lado de fora”, a uma distância bem grande, lhe pareceria um enorme buraco branco[1], perfeitamente esférico. Visto de perto, seria absolutamente plano.

Temos que inventar uma matemática que nos permita fazer cálculos com as várias graduações de infinito, porque existem infinitos que são mais infinitos do que outros.

Para melhor entendimento, favor consultar Alan G. Guth, “O Universo Inflacionário”.


Rui Rodrigues

Obs. – Este texto com todos os seus defeitos é meu, e o Alan G. Guth não tem a mínima culpa do que escrevi.




[1] Buracos negros são singularidades dos quais nada pode sair, embora os buracos negros evaporem, como demonstrou Stephen Hawking. Buracos brancos são o oposto. Nada pode impedir que continuem jorrando matéria no espaço. Um buraco branco é o filme passado do fim para o começo de um buraco negro. 

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