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quinta-feira, 6 de março de 2014

Faça seu vinho em casa... Receitas simples!

Faça seu vinho em casa... Receitas simples!



Viver bem, feliz, com tranquilidade, tem os seus segredos. Muitas coisas boas da vida aprendi com meu tio Miguel, irmão de meu pai. Minha tia, irmã de meu pai sempre foi muito estressada, meu pai muito ocupado com o trabalho, e embora meu tio sempre tenha sido preocupado com o trabalho, tal como meu pai, sempre tinha um tempo para ser feliz, viver com tranquilidade. Minha tia “postiça” Nilde, casada com o Miguel, faz-lhe companhia na vida como esposa, amante, companheira, um exemplo de casal que não consegui acompanhar. Um dia fui visita-los no Algarve lá pelo mês de setembro ou outubro. Tinham regressado de um passeio muito especial.



Nas épocas de colheita da azeitona e da uva, os cultivadores fazem a cata ou a vindima. No entanto sempre ficam restos de azeitonas e de uvas que amadureceram mais tarde e não compensa contratar gente para colher esses restos. Então, pessoas interessadas como meu tio, visitam essas quintas, essas propriedades, e se são amigos ou conhecidos dos proprietários, podem fazer a colheita do que seria desperdiçado. Era isso que tinham feito naquele dia. Ao jantar bebemos vinho caseiro “do meu tio”, excelente, encorpado, com sabor frutado, seco, taninos latentes, um grau alcoólico um pouco acima dos 11 graus, mas que me ficou na memória; Vinho saboroso e honesto!



Azeitonas no supermercado já vêm processadas e não servem para fazer azeite, como meu tio fez com as azeitonas que colheu e mandou esmagar em lagar de aluguel, mas podemos comprar uvas e fazer um bom vinho sem aditivos de sabor e adição de corantes feitos a martelo à venda em supermercados. Fazer vinho caseiro pode ser, além de uma boa diversão, um excelente prazer de acompanhar seus pratos feitos em casa para receber amigos. E garanto que não fica mais caro do que alguns dos vinhos que se encontram em prateleiras carregados de impostos que vão não se sabe para onde nem quem, talvez para Cuba, para a Venezuela... Mas certamente não para melhorar a vida dos brasileiros nestes últimos doze anos. Quanto aos pastores das igrejas que dizem que o vinho de Jesus não continha álcool sempre sobra o argumento que o vinho que se fazia naquela época era o mesmo do de Lot que viu suas partes pudendas desvendadas pelas filhas depois de ter bebido... O mesmo vinho de Salomão, de David, de Anás e de Caifás. Beba com moderação, mas aprecie cada gole. É dádiva de Deus, o Pai de Jesus, aquele que transformou água em vinho e não vinho em água!

Mãos à obra? Então vamos lá. É simples, um pouco trabalhoso, mas gratificante se tiver boa companhia. Experimente a receita simples. Se gostar, invista um pouco em equipamentos como os mostrados nos vídeos e poderá fazer vinhos muito e muito melhores. Porém lembre-se do seguinte:

·        Para fazer um litro de vinho precisará aproximadamente entre 1,3 e 1, 5 kg de uvas (depende do teor de suco das uvas). Para controlar a doçura do vinho, uvas muito maduras têm mais açúcar, uvas mais verdes, são mais ácidas. Para fazer cerca de 5 litros de vinho precisará entre 6,5 a 7,5 kg de uva.
·        Separe o engace dos bagos de uva antes de amassar. O engace estraga o vinho. O esmagamento da uva não deve ser um processo enérgico que triture a película, mas o suficiente para facilitar a extração do mosto.
·        A elaboração do vinho tinto requer obrigatoriamente a participação da película da uva (casca). A cor tinta do vinho é derivada da extração de tanino da casca. No caso do vinho branco, ao contrário, ele se distingue pela fermentação exclusiva do mosto, sem a película. 
·        Mantenha todos os recipientes esterilizados para que o vinho não se transforme em vinagre. Pode lavar os recipientes cuidadosamente e depois passar uma esponja absolutamente limpa (nova) embebida em álcool-gel.
·        Use preferencialmente levedura para fermentar o mosto (pode utilizar o fermento de pão sem maiores problemas na proporção de 20 gramas para cada 100 litros, ou nem use fermento. O mosto fermenta por si só). Só adicione açúcar se desejar que o vinho fique adocicado ou “suave”, já que nem todo o açúcar se transforma em álcool no processo.
·        Para dar sabor frutado ao vinho, adicione frutas secas a seu gosto, e até tabaco. O tabaco lhe dá um sabor muito especial.
·        Os recipientes fundamentais podem vê-los nos vídeos [i] aqui indicados.
·        NÃO LAVE AS UVAS.. Elas têm uma película esbranquiçada que é um fermento natural. No entanto retire manualmente teias de aranha, folhas, bagos verdes e material estranho contido nos cachos e bagos podres.   
  




1.     Receita simples (vinho à lavrador- Portugal)
Selecione as melhores uvas (as melhores castas e as mais maduras), separe os engaces, esmague-as com a ajuda de um esmagador manual ou com as próprias mãos e deixe fermentar por 8 dias em vasilhame limpo e adequado. Passados os 8 dias e o vinho ter fervido (fermentado) está pronto para se tirar para os tonéis feitos de madeira (carvalho ou castanho) ficando aí até perder o doce (acabar a fermentação). Por fim, quando deixar de fermentar – cerca de três a quatro meses depois -  retira-se o líquido filtrado e  muda-se para outro recipiente (pode ser um tonel ou um ‘Pipo”  ficando aí até ao consumo final.

2.     Outra forma de fazer vinho caseiro

Bom lembrar que nenhum vinho fica “exatamente” igual ao outro... Se gostar e fizer apenas um litro, não haverá mais “desse” e ficará apenas na lembrança. Para saber como processar de forma diferente, assista aos vídeos indicados no rodapé, mas lembre-se de NÃO ADICIONAR o açúcar – ou tanto açúcar - se deseja um vinho seco, que são sempre os melhores - mas lembre-se também de adicionar frutas secas e tabaco para lhe dar um sabor especial.

A meus tios Miguel e Nilde devo muito mais do que pensam, e os amo muito mais do que podem imaginar... São um exemplo de vida!. 

® Rui Rodrigues

quarta-feira, 5 de março de 2014

Não foi nada fácil, mas Jesus ressuscitou [i]...

Não foi nada fácil, mas Jesus ressuscitou [i]...



Parece que os Evangelhos atribuídos a Marcos, Mateus e Lucas foram escritos pelos mesmos “monges copistas” que se escondiam nas catacumbas de Roma, porque os três começam por: “Logo após o nascer do sol no dia seguinte ao Sabbath...” e logo em seguida parecem “complementar-se” na informação de como aconteceu o ressuscitar de Jesus, o Cristo. João não começa assim, mas complementa a história e conta mais ou menos o mesmo. Depois, incrivelmente, Jesus não dá muita importância a quem aparecer primeiro, e só depois de aparecer a dois caminhantes da estrada de Emaús, se apresenta para dar um susto nos apóstolos.
João diz que na mesma tarde Jesus se apresentou aos apóstolos, mas Marcos, Mateus e Lucas afirmam que só mais tarde Jesus apareceu para os apóstolos, não nesse dia. Parece tudo muito confuso, e é mesmo, mas há explicações que só agora foram possíveis desvendar. E isso aconteceu na segunda ressuscitagem ou no segundo ressuscitamento [ii], quando Jesus passou lá pelo bar em 03 de março de 2014, durante o Carnaval no Rio de Janeiro... A história passou-se assim, segundo conta o Barman [iii].



Quando vi um camelo na Saara (contava o Barman) no Rio de Janeiro, pensei logo em propaganda dos comerciantes árabes ou judeus do centro da cidade, mas aquele árabe que saltou elegantemente e todo serelepe do camelo, era “diferente”. Para começar, usava uma estrela de David de lápis lazúli pendurada no peito, pendente de um cordão de couro trançado. Vestia uma túnica imaculadamente branca e usava uma kipá [iv] sobre os cabelos em tranças [v]. De sandálias de couro, o rosto de olhos azuis, era emoldurado por uma barba comprida. Amarrou o camelo num poste onde estava afixado o resultado do jogo do bicho da manhã, e entrou no bar. Dirigiu-se ao balcão e pediu em meio a olhares de admiração dos clientes:

- Um pedaço de pão e um copo de vinho.

Depois se dirigiu a uma mesa vazia a pedido do atendente do bar. Um cliente não se conteve, olhou para ele bem nos olhos e disse:
- Desculpe, mas você é muito parecido com Jesus!...
- Olhe em verdade em verdade vos digo não sei quem é esse tal de Jesus [vi], mas meu nome é Yeshua [vii], estou com uma fome danada e acabo de ressuscitar.
Primeiro fez-se um silêncio sepulcral no bar. Depois começou uma vozearia, os garçons começaram a serem chamados para servir bebidas, as cabeças voltavam-se para o tal de Jesus e para o camelo amarrado no poste lá fora na calçada.
O cliente que perguntara achou que Yeshua lhe tinha dado permissão para continuar a conversa e voltou a perguntar.
- Mas se é Yeshua onde estão as marcas dos cravos nas mãos, e os arranhões na cabeça da coroa de espinhos?
- Ah... Essas feridas já curaram logo na primeira vez que ressuscitei. Esta é a segunda. Eu disse para meu pai: Não adianta me mandar de novo para o planeta Terra porque vão me matar outra vez só para ver se sou deus ou não. Eles acham que se eu ressuscitar é porque sou deus, mas se eu continuar morto então sou uma fraude. Assim não há humanidade que eu possa convencer. Mas meu pai insistiu tanto que eu voltei.
Já não havia ninguém sentado nas mesas do bar. Todos os clientes estavam de copo na mão formando uma roda em volta da mesa de Yeshua que agora saboreava seu pão e seu vinho, um Cabernet Sauvignon chileno muito bom [viii].
- Mas agora ninguém mata ninguém por causa da religião. Só lá no Oriente Médio – disse o cliente – Aqui é a Saara, uma zona comercial do Rio de Janeiro, e estamos na América do Sul... Fica tranquilo, Yeshua.
- E vens me dizer – a mim – onde estou celerado? Respondeu Yeshua visivelmente contrariado, mas condescendente. Querias que me ressuscitassem onde? Na China, onde quase ninguém me conhece? Na Índia? No Oriente Médio, para que Israel e os árabes se matassem uns aos outros em meia dúzia de dias só porque eu voltei e aqui é o meu lugar? Eu sei onde estou.
Yeshua voltou-se então para a multidão que já se aglomerava na calçada tamponando a entrada do Bar, e disse:


- Sentai-vos!... Hoje não é dia de milagres porque ninguém aqui está casando, por isso não multiplicarei nem pão nem vinho nem peixes. Mas pago a conta e mostrarei como não um, mas uma cáfila [ix] inteira passa pelo buraco de uma agulha. E dito isto, retirou uma agulha grossa presa à sua imaculada roupa branca, e colocou-a na horizontal. Então chamou um por um para que vissem como uma cáfila que passava pela rua também passava pelo buraco da agulha, como na foto. E depois disse:
- Comei e bebei que este é o meu bar. Eu pago a conta. E como não deve haver tanto vinho nem tanto pão por aqui que dê para todos, uma mordida no pão e um gole para cada um que é para não faltar... Que assim se faça como quem come hóstia. Só engulam quando derreter na boca, que é para saciar a todos.

Uma senhora aproximou-se de Yeshua e disse em prantos:
- Senhor... Eu vejo!... Eu vejo!... (E ajoelhou-se aos pés de Yeshua, tentando beijá-los). Yeshua a afastou docemente dizendo-lhe.
- Não, mulher... Não... Meus pés estão sujos de tanta poeira desse Rio de Janeiro, de pisar tanto lixo... Peçam a César o que é vosso e não dai a César enquanto não vos devolver em serviços o que lhe dais. Mas vês o quê? Não vias antes?
- Não senhor... Não via. Tenho aqui até os documentos dos médicos cubanos que me examinaram. Eu estava irremediavelmente cega, mas ao ouvir-te passei a ver.
- Mulher, que tu és muito apressada nos milagres. Porque não esperas-te por mim, porque não me pediste o milagre para que eu te o fizesse?
- Senhor... Lá no meu bairro a gente já sabe que não precisa pedir. É só chegar ao templo, mostrar papéis e dar o testemunho, chorar bastante de alegria, que depois os homens do pastor acertam conosco fora das vistas alheias...
- Yeshua olhou a mulher e disse-lhe: Pois em verdade te digo, mulher de muita fé, que tens toda a fé nos vendilhões do templo, mas que quando realmente precisares rezarás a todos os deuses deste planeta e dos outros, e nenhum te ouvirá, porque se não morreres de uma coisa, morrerás de outra, que este é o destino de todos os mortais.   




A Rua da Alfândega e algumas outras das adjacências estavam sendo fechadas pela polícia, porque era tanta gente que o trânsito parara. Repórteres tentavam chegar ao Bar do Chopp Grátis. Helicópteros de reportagem pairavam com pás adejantes pelo céu. A cidade estava virada do avesso. As imagens do acontecimento estavam em todas as redes de emissoras de televisão do mundo inteiro. Só a Globo dera um leve “tararan-tararan” interrompendo a transmissão de uma novela por breves segundos, informando que no Jornal da Noite dariam mais detalhes.



- Pois bem (disse Yeshua indo já no terceiro copo de vinho e no terceiro de pão, agora acompanhado com rojões de peixe molhados em molho rosa) – Vim para vos dizer algumas coisas mais, e di-las-ei, mas não aqui e agora. Mas para que não digais vós que não vos dei notícia de fé, direi que há filhos neste mundo que não são de Noé, pois que enquanto Noé construía sua arca de muitos côvados, outros que ouviram dizer do dilúvio, construíam uma enorme bexiga redonda e transparente, feita com bexigas de gado vacum, que flutuou nas águas do dilúvio por quarenta dias e quarenta noites até que as águas se evaporaram para a Amazônia. Eles ficaram no fundo da bexiga, sempre estável por causa de seu peso concentrado no fundo, mesmo quando girava ao sabor do impacto das ondas. A bexiga girava, mas eles, lá no fundo, não. E foram muitos os que enganaram Noé. Esses ainda hoje enganam a humanidade, aproveitando-se dos crentes, da crença e da fé. Vigilai, pois, para que não fiqueis curtos no vestuário, na educação, na saúde, nos transportes, no pão e no vinho, para encherdes os alforjes dos que vos pedem em meu nome, porque sempre dei a césar o que é de césar e a Deus o que é de Deus... Moedas são dos césares, não dos templos, não minhas...  



E ao dizer isto, Yeshua desapareceu como que por encanto. O camelo foi seguido, mas quanto mais corriam, mais depressa o camelo andava desembestado pelas ruas do Rio de Janeiro em meio a lixo, assaltantes, traficantes, rapinantes, quadrilheiros, entorpecidos e entorpecentes, camisinhas de vénus, seringas, pastores milagreiros, políticos embonecados, carros alegóricos, fogos de artifício, balas de borracha, cacetadas e prisões que são autênticos palácios onde se preserva o crime da violência das ruas.



O camelo desapareceu misteriosamente, mas há quem diga que o viu cavalgando sobre as águas da Baía de Guanabara, desviando-se convenientemente das manchas de lixo espumoso...

Era carnaval nesse dia.

® Rui Rodrigues    









[i] Nota do Barman: (Aqui pelo bar do Chopp Grátis passa boi, passa boiada, é um grande movimento, e de vez em quando passam umas “avis raras” que nos contam umas historietas para distrair enquanto pegamos algumas, tomamos umas e largamos outras).
[ii] Não há dicionário que aceite estes dois termos, ressuscitagem e ressuscitamento e nos querem obrigar a usar um monte de palavras para transmitir a ideia fundamental: Ressuscitar... Nossa língua por vezes não ajuda: Atrapalha!
[iii] O barman naquele dia por acaso era eu. Quem sou eu? Eu sou o barman em certos dias. Noutros sou só eu.
[iv] Aquele gorro que os homens judeus usam para cobrir a cabeça e que chegou a ser usado por homens e mulheres. Ver em http://www.igrejadedeusemsaopaulo.org.br/averdadeiraorigemdokipa.htm
[v] Peot em hebraico.
[vi] Em hebraico, Jesus se escreve Yeshua.
[vii] Nome hebraico de Jesus como já devem ter percebido da nota anterior.
[viii] Se a Adega chilena me pagar adequadamente, informo qual a marca do vinho que Yeshua bebeu.
[ix]   Cáfila é um agrupamento de camelos. Vara é de porcos, bando e quadrilha são de políticos que roubam pondo-se de acordo entre si.  

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A Ordem é uma estrada e por ela vai um Bando...

A Ordem é uma estrada e por ela vai um Bando...




... Entre uma praia maravilhosa que se abre para mar bravio e indomável, e uma pradaria suave e florida que se abre para densa floresta hostil. Não é muito larga. Pelo contrário, só nos permite uma limitada liberdade, e por vezes é tão estreita que se transforma numa linha onde somente passa a moral e a justiça.

Durante doze mil anos religiosos se revezaram no comando da gerência da moralidade, da justiça, da ordem, no sentido de tornar este mundo melhor a cada dia. Milhões, bilhões, trilhões de famílias educaram seus filhos ensinando-lhes os bons caminhos: Os do progresso, da Ordem, da fé, da bondade, do amor... Mas em algum momento entre o nascer e o tomar ciência plena do mundo em que vivemos, muitos de nós tomam um rumo de contestação como parte fundamental e necessária da evolução, porém, se uns exageram em impor uma ordem modificada em tempo que não é compreensível para a humanidade, outros contestam a própria ordem e desandam para aquilo a que chamamos crime, perversão, os males do mundo. Porém, há que ter em conta que a ordem, que inclui a moral, é independente do olhar do observador. A moral não depende da visão de um contestador do lado do crime, nem da visão de um contestador do lado do progresso. Ela é a estrada perfeitamente identificada quer por quem venha do lado do mar, quer por quem venha do lado da floresta. Mesmo até por quem venha dos céus, ou aflore dos subterrâneos do mundo. Há uma consciência latente na humanidade e em cada uma de suas células: O homem e a mulher. Homens e mulheres somente são diferentes pela genitália. De resto, fígado não tem sexo, coração não tem sexo, rins não têm sexo, cérebro e neurônios não tem sexo. Por isso não se pode atribuir os males do mundo, ou os bens do mundo aos homens ou ás mulheres exclusivamente. Nem aos que exibem uma cor de pele, uma bandeira de nacionalidade, uma opção sexual. Parece que ainda não compreendemos que somos partes de um todo que deve continuar vivo, ocupando um lugar perfeitamente definido neste mundo aparentemente sem grandes demonstrações de inteligência. Para continuarmos vivos, temos que ser muito e muito mais inteligentes do que temos demonstrado ser até aqui, após esse longo caminho de 12.000 anos como civilização.




Assim, para andarmos sempre na estrada, ou como diziam antigamente nossos ancestrais, no caminho da retidão, os costumes podem e devem ser alterados para dar liberdade à evolução, mas não devem subverter a ordem, como por exemplo, dar o crime como legal e encarcerar a legalidade. Um assassino tem seus próprios motivos pára assassinar, mas ver um destes no governo de uma nação seria um caminho aberto para a desordem, um abandono da estrada para cairmos na floresta ou nos afogarmos no mar. Estrada é estrada, não é nem floresta nem mar bravio. Um assassino ou um ladrão no governo que usasse o convencimento popular através de “diálogos” sendo o povo ignorante por relapso de outros governantes, pode usar tanto as verdades quanto as mentiras, alegando que os meios servem aos fins. No entanto, se um individuo dessa laia faz o diabo para se eleger, podemos imaginar com quantos diabos fará um inferno para não largar o poder. E foi assim que em terra de papagaios, de Santa Cruz, alguns indivíduos falando entre si, resolveram oferecer verbas públicas a terceiros que não por acaso também eram políticos para que votassem de acordo com suas diretrizes em certos assuntos a serem votados no Senado e nas câmaras federais. Denunciados por um deles, foram denunciados ao Ministério Público, investigados, julgados. Já na época do julgamento se verificou que os ministros tinham sido indicados por alguém muito poderoso que fazia parte de um dos partidos a que pertenciam alguns dos julgados. Um deles tinha sido até presidente desse partido. Parece a qualquer mortal, mesmo dos mais idiotas, que se trata de uma formação de quadrilha. Eles foram presos mas com penas suaves, ou pelo menos apropriadas pelo Supremo tribunal, mas já se notou que havia política misturada com justiça. Alguns dos ministros disseram que não tinha havido formação de quadrilha. Apareceu então uma nova figura na jurisdição: Os embargos infringentes: Uma forma de questionar o julgamento dos ministros. E neste interim novos ministros são adicionados ao Supremo, indicados pelo mesmo partido do poderoso da nação, aproveitando que outros tinham atingido a idade de aposentadoria. E ao julgar os embargos infringentes, foi aprovada moção segundo a qual os réus já presos e condenados com penas definidas – e suaves – o Supremo tribunal federal resolveu que não houve formação de quadrilha. Definitivamente a justiça brasileira saiu da estrada da Ordem, e avançou para mar aberto. Se fosse para a floresta, seria comida pelas feras. Prefere afogar-se no mar bravio que não é de água. Este mar é de lama. Porque a partir de agora, e com todo o “direito”, quadrilhas de bandidos não serão quadrilhas mesmo atuando em conjunto e de forma mancomunada.




Que lei e em qual país, a justiça é realmente justa, se os ministros são indicados por governos e cada governo tem os seus ministros? Que justiça é realmente ilibada neste mundo, se nem os governos são justos? É claro que esta característica não tira os governos nem os seus ministros nem sua justiça da estrada da Ordem, porque no geral, costumam percorrer a estrada da Ordem que dá estabilidade à nação, confiança aos cidadãos. Andam nesses casos pelo acostamento da estrada da Ordem e embora abalada a população segue seu caminho verso ao futuro com Ordem e Progresso. Porém, quando quadrilhas deixam de serem quadrilhas numa canetada com assinatura de um poderoso e seus ministros, fazendo o diabo, então não há retorno para esta situação, porque até o mais imbecil deste Brasil consegue entender que não se fez justiça, mas sim política. Política suja. E certamente para proteger o chefe do bando.




Quadrilha, bando, é tudo a mesma coisa e posto que não seja quadrilha, que seja bando então... Eles foram condenados por “formação de bando”, se o assunto é o “politicamente correto”. O perfil do senhor Barroso é avesso ao uso da palavra “quadrilha” e certamente ele não é veado. Mãe só há uma e muitas vezes ela se engana e engana o pai por amor ao filho. E decididamente, quando a política se intromete na lei e na economia, a estrada desaparece, transforma-se numa trilha onde os transeuntes são assaltados por meliantes provindos da floresta, imprensados que ficam entre o mal e a lama: Ou se unem aos meliantes ou chafurdam na lama, mas já sabemos pelo resultado que temos agora duas quadrilhas, ou como prefere o ministro, dois bandos. Ele pertence a um deles e já conhecia o outro de longa data. 



® Rui Rodrigues 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Não são apenas “coisas” que mudaram...

Não são apenas “coisas” que mudaram...


Este mundo é feito de objetos, pensamentos, memórias, e o “eu”. Sem o “eu”, não há mundo, nem objetos, nem pensamentos e muito menos memórias. Basta perguntar a um morto se se lembra de alguma coisa, e para quem pensa que só “coisas” vivas morrem, relógios ficam doentes e também morrem, pensamentos morrem, memórias morrem. Este planeta que é da vida é também da morte. Elas se confundem.

Algumas coisas que morreram não nos fazem a menor falta. Outras fazem uma falta tremenda, porque parte de nós também morreu com elas. Não somos nem piores nem melhores do que os outros semelhantes. Nada disso. Temos tanto em comum, que dizermos que somos diferentes seria um completo absurdo. Saudades, por exemplo, todos nós temos, e muitas são saudades comuns.




Quantas vezes já olhamos para uma cena de carnaval, por exemplo, todos se divertindo no meio da rua ou de um salão de um clube, demonstrando alegra, despreocupação, e os “interpretamos” como “objetos” animados como perfeitas marionetes, comandadas por exímios artistas que nem lhes notamos as articulações?
No entanto, no conjunto da turma animada do salão ou das ruas, uns estão ali mesmo para se divertirem, outros foram convidados e gostando ou não se sentem na obrigação de ir, outros ainda nem tinham alegria para se divertirem, e muitos estão trabalhando. Muitos dos que promoveram a festa nem estão lá. Apenas um negócio comercial. Eles trabalharam muito e estão descansando em suas casas. Artistas normalmente estão lá por um bom “cachê”.




Mas apesar de sermos todos iguais há sempre pequenas e sutis diferenças às quais damos muito valor e que usamos como rótulos para identificar pessoas ou grupos: Os latinos, os anglo-saxões, os brancos, os negros, os comunistas, os capitalistas, os artistas, os militares, os políticos... Como se um artista não pudesse ser um militar, negro, capitalista, político, anglo-saxão, mesmo tendo nascido em meio a latinidades, e não possa ter um pensamento tão brilhante ou tão limitado, ser um numero significativo à direita, ou um zero à esquerda... O que nos faz diferentes é a nossa necessidade de “rotular” para identificar.




Algum de nós, nascido em meio a latinidades, sejamos de origem latina ou não, se transferido para o Reino Unido ou para a Noruega, por exemplo, sentiremos diferenças de grande amplitude que nos podem deixar temporariamente desconfortáveis. Depois nos habituamos. O mesmo acontece com anglo-saxões e nórdicos que se desloquem a países latinos. Mas isto é uma mudança perfeitamente definida no tempo, porque é “aqui e agora”, e não uma mudança no tempo. Este artigo destina-se a “coisas” que mudam no tempo, e que nos dão um sentido mais dissolvido do que é evoluir. Embora todos os seres humanos evoluam, uns o fazem mais devagar, outros muito de repente, outros ainda são capazes de fazer a proeza de regredir. Julguem como quiserem.

Não era até interessante, nos tempos em que reis e presidentes faziam visitas a países amigos e desfilavam pelas ruas com papel picado caindo das janelas, colchas estendidas para dar as boas vindas? Pois é...Embora não façam falta nenhuma, acabou este tipo de desfile que ainda se vê, muito raramente, quando um príncipe inglês visita ex-colônias em África, por puro exemplo. Parece que política não é o forte da diversão ou admiração nos dias atuais.

E as corridas de cavalos em Ascot, em hipódromos espalhados pelo mundo? O turfe, com direito até a lojas espalhadas pela cidade para recolha de apostas parece ter falecido de morte natural. Nem houve propaganda contra o turfe dizendo: “Seu cirurgião adverte: Turfe faz mal à saúde”. E nem propaganda dizendo que faz mal à moral ou ao bolso. Mas os poucos hipódromos que ainda existem parecem fadados ao encerramento.




Antigamente, quando havia segurança nas ruas, o povo saía no carnaval de ponta a ponta das cidades latinas, anglo-saxônicas, nórdicas. Aos poucos se foi reduzindo a festa a países de origem latina, e certamente o Brasil será dos últimos a apagar as luzes do ultimo barracão onde se constroem carros, se costuram fantasias. Mas cada vez menos nas ruas. Sair fantasiado de palhaço, por exemplo, pode ser entendido como uma fantasia contra o regime duro da posição no governo. Se usar máscara de zorro, pode ser retido para averiguações, ser identificado, registrado, e se resistir e sofrer abusos, poderá ser alvo de uma investigação futura por uma “Comissão da Verdade”. É a falsa noção de justiça que só se aplica depois que o sujeito morreu, por grupos revanchistas que ocupam o poder, nele se instalam e com mais ou menos violência exercem a sua própria ditadura. Na Alemanha trabalha-se, eles nem são muito de sair para passear, sua alegria está no dia a dia, porque podem ser alegres todos os dias e não apenas em alguns míseros dias comerciais de carnaval. A economia da Alemanha vai muito bem. Para eles, nazismo, comunismo, socialismo, nunca mais, e socialismo, só no nome: Trabalham para ganhar dinheiro, para poderem gastar de forma reservada, economizar, progredir socialmente dando trabalho a toda a população para que possam pagar seu consumo.




E os artistas? Até que ponto são artistas? Artistas são pessoas que sabem fingir muito bem. Choram com vontade de rir, riem com vontade de chorar. É a arte do fingimento. Muitos artistas, por exemplo, fazem propaganda de coisas que nunca consumiram, não consomem nem nunca consumirão, e o fazem por puro dinheiro, muitas vezes induzindo os fãs ao consumo desses artigos. Por exemplo, Ana Maria Braga que usa o programa para vender produtos, Roberto Carlos que era vegetariano e que para vender carne de certa marca, aparece dizendo que deixou de ser vegetariano. É propaganda enganosa.  Antigamente peças de teatro ficavam em cartaz por anos a fio. Agora o mundo prefere divertir-se com jogos na Internet, ou com jogos controlados em casa, como jogos de futebol da FIFA, Civilization, Piratas do Caribe, ou tendo acesso a todo tipo de leitura, informação, conversas pelas redes sociais. O teatro no Brasil vai perdendo seu lugar, tal como o turfe. As salas de cinema foram compradas por igrejas, algumas salas coletivas ainda existentes em shoppings estão com os dias contados.



Na praça do coreto já não há bandas, conjuntos, crianças ocuparam o lugar durante alguns minutos do dia sempre antes dos bandidos e ladrões aparecerem. Ninguém sai à noite para passear a não ser em zonas ainda protegidas pela polícia, como em zonas “nobres” da cidade, ainda que em tais zonas não more um nobre sequer: A nobreza no mundo se resume a uma meia dúzia de nações. O rei que mais destoa de todos é o rei de Espanha, que gosta de caçar animais selvagens em África, e cuja filha responde a processo por malversação de verbas pelo marido. Ela declarou que não sabia das atividades do marido, nem que as verbas eram ilícitas. O rei foi destituído de suas funções de representante da WWF para a Espanha. Ainda se matam touros em corridas na Espanha, nas arenas. Arenas agora são a identificação dos “estádios” de futebol, como os da Copa do Mundo de 2014. Deu no mesmo. Lá se matam outras coisas, como por exemplo, o sonho de melhores serviços de saúde, de ensino, de segurança, de transportes, de redes de esgoto, de água potável, sem apagões de energia elétrica. Isto num país que se identifica com Cuba e o Bolivarianismo de Chávez soam a mentira, a falcatrua, a distorção de verdades, de cultura.




De um mundo que causava inveja pelo gaudio provocado por nobres que desfilavam, de desfile de modas no turfe, de garbosas fardas de militares em desfile, de concursos de Miss Universo com belas mulheres sem silicone, sem lipoaspirações, os olhos e cabelos naturais de cor natural. Não precisamos realmente de “nobres”, embora a nobreza de intenções nos faça muita falta. Parece estar em falta.

Os festivais da canção acabaram. E se voltarem não terá o mesmo brilho... Fazer festival de “rap” não parece ser uma boa ideia, porque a “voz” está separada da canção. Qualquer voz pode cantar “rap”.
Há sim, o direito de ir e vir, mas também o direito a assaltar quem vai e vem, quer por abrandamento das leis, quer por ineficiência da polícia, quer pela falta de verbas para se poder ser eficiente. Quando a corrupção vem de cima para baixo, a resposta ao mundo que não sabemos gerir vem de baixo para cima, e é neste fluxo e refluxo de marés de mudanças que esperamos um grande tsunami e um dilúvio que inundem a terra. Podemos construir uma arca com vários estádios ou côvados de comprimento, e até lhe podemos dar um nome: Democracia Participativa. Nela cabem todas as sociedades de todas as nações. Nos palácios atuais só cabe quem tem influências ou dinheiro para pagar os votos dos que representam essas sociedades, e o sistema é tão falho, que é a própria sociedade que elege os seus algozes em meio de cidades poluídas pelo trânsito, sufocadas pela insegurança, atulhadas de vendedores e consumidores de drogas, em meio a um céu pleno de aviões onde viajam os políticos para cima e para baixo, para além e para acolá, com gordos cartões de crédito com fundos garantidos de verbas públicas. Ângela Merkel viaja tão pouco... Obama quase não sai dos EUA face à sua reponsabilidade, presidentes europeus nem se houve falar que saia de avião a passear, a rainha de Inglaterra quase nem sai do próprio palácio.




Seja bonzinho (a), aliene-se, deixe o mundo rolar... Assim, pensam os que querem fazer opinião, para que você possa ser considerada (o) boa cidadã (o).  Antigamente, se os netos e netas nos cobrassem por nossa passividade, poderíamos dizer: - É assim porque é assim e pronto! Mas os netos e as netas estão ficando cada vez mais espertos. E teremos que lhes explicar porque somos tão comodistas e passivos.

Mesmo morto, meu estado de passividade será lido por minha neta.  




® Rui Rodrigues

domingo, 23 de fevereiro de 2014

REARRANJO NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL?

 REARRANJO NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL?

(Política é como a ciência e a ficção: Na ciência, quando nos chega um novo produto eletrônico, é por que nos “bastidores”, já anos se passaram de pesquisa e estudos; na ficção, os ovos são chocados e só mais tarde se sabe que são de dragão e já é tarde porque dragões crescem muito depressa; na política só sabemos que o mal está instalado quando tudo o que não presta se instalou a pouco e pouco, e a força das armas se impõe sobre as multidões, ou uma base como a de Pearl Harbor é atacada de forma inesperada e aparentemente sem motivo).  


O silêncio era total, e ficamos sabendo de repente, no decorrer de janeiro de 2014. O Brasil financiara a construção de um porto em Cuba, o porto de Mariel, e a presidente foi à sua inauguração. Parece incrível que nos dias de hoje, com tanta abertura política os cidadãos do Brasil não soubessem desse investimento do BNDES. A primeira impressão que é também a última, é que se o negócio fosse bom para a nação brasileira, uma aplicação financeira, teria havido divulgação desde o início. Como tudo decorreu em silêncio, não pode ter sido bom negócio, até porque há projetos importantíssimos no Brasil parados por falta de financiamento, de capital, de dinheiro.


Por estes dias, talvez em 21 de fevereiro, fiquei sabendo de um novo porto agora em construção na Venezuela, em Puerto La Cruz na província de Anzoátegui, financiado pela Rússia. Em 22 deste mesmo mês, o Congresso da Ucrânia demitiu o presidente, a pedido da população, porque teimava em afastar a nação da União Europeia e aproximá-la novamente da Rússia, como nos tempos da URSS. Sabemos que Putín já foi o chefe da antiga polícia secreta russa KGB, que nas ultimas eleições foi denunciado por ter sido eleito através de fraudes na votação ou na apuração de votos, e que distribuiu verbas publicas com amigos que fundaram as maiores empresas hoje ativas em seu território. A Rússia tem um porto na Síria, em conflito interno, entre duas forças: As do Rei Bashar Al Assad e os rebeldes, estes uma miscelânea de grupos não simpáticos a Israel e ao Ocidente. A Ucrânia deixou claro que não quer mais nada nem com a Rússia nem com o comunismo ao derrubar, também, a última estátua de Stálin.



Sabemos também que, nas duas últimas décadas, na América do Sul, o poder caiu em mãos de antigos guerrilheiros, como no caso do Uruguai e do Brasil, que na Bolívia o presidente é um antigo cocaleiro, na Argentina a viúva de Kirchner que era socialista, e que na Venezuela está no poder um motorista de caminhão indicado por um militar populista. Em particular, Cuba, que nunca se preparou para um sistema produtivo, vive da “compreensão” de países “amigos” que aplicam verbas em seu território. Exporta principalmente açúcar porque o consumo de charutos no mundo está diminuindo consideravelmente e há cerca de um ano atrás, tentava enviar para a Coréia do Sul, o único país no mundo que tem um regime realmente comunista, velhas cápsulas de mísseis. Não se sabe se para serem recarregados e voltarem a Cuba, se como sucata para o ditador Kim II que fuzilou a esposa, o tio e a família do tio por traição à pátria. Recentemente Chile, Peru, México e Colômbia formaram o Bloco Comercial do Pacífico, praticamente esquecendo o Mercosul que se transformou num bloco político [i].

No Brasil, a presidente doou milhões de dólares para presidentes reconhecidamente ditadores em África. Há um acordo de cooperação militar entre Brasil e China que ela também promoveu. O povo do Brasil não está gostando disso porque é um país em desenvolvimento (emergente) cuja economia vai muito mal, pleno de carências internas. O que levaria uma presidente a “velar” as distribuições de verbas até serem descobertas, providenciar este tipo de ajuda acima das necessidades de seus cidadãos? Só se for por um motivo muito maior.
Os serviços americanos de inteligência costumam estar sempre atentos, ainda mais a partir do 11 de setembro[ii] quando as torres gêmeas foram destruídas por ataques terroristas. Portanto, não seria de estranhar que em 2013 o mundo tivesse amanhecido com a maior história de espionagem – uma tática tradicional da humanidade desde que levantou dois membros do chão e os usou para produzir artefatos : Os EUA vinham espionando as redes sociais e até presidentes como Ângela Merkel da Alemanha. Os EUA espionaram amigos, inimigos e indiferentes. Coisa antiga do tempo do avião U-2 abatido quando em missão sobre a URSS na época da guerra fria. De lá para cá, o mundo tem toda a razão para desconfiar da nova Rússia. Um ex-comunista poderoso está no poder e está atento ao redor do globo terrestre. Quando os EUA invadiram o Iraque, acabaram com um promissor acordo entre a Rússia e Sadam Hussein para fornecimento e exploração de petróleo, infringindo um acordo internacional segundo o qual o petróleo produzido no Iraque serviria para fins comunitários.

O que está acontecendo no mundo? Como se dividem as forças? O que estão aprontando os “chefes de governo” sem que saibamos?
A voo de águia, sem muitas considerações, e face à conjuntura política mundial, parece-me o seguinte:

1 – A Rússia e a China têm interesses comerciais – puramente comerciais – ao redor do globo. Sua capacidade negocial de argumentação vai desde o estudo e propostas financeiras a “aproximações” de filosofia política: Na Síria a pretexto de defender os interesses do rei Assad; na Venezuela para cooperar como o Bolivarismo Chavista; no Brasil, Uruguai, Argentina e Bolívia, para acabar com a miséria, unir estes países num grupo denominado UNASUL com interesses em outros grupos com outras denominações. Digamos que há núcleos de nações sob influência destes dois países agindo em separado, de forma não mancomunada.

2- Os países da UNASUL aos quais Cuba se alia, têm pelo menos dois fatores em comum: Alto grau de pobreza e analfabetismo político endêmico; incapacidade de lidar com a economia altamente competitiva internacional, por sua ojeriza histórica ao capital e às ciências necessárias para lidar com ele. Dilma Rousseff se diz economista, mas há sérias dúvidas de como conseguiu se formar. Não parece ter sido por mérito. É assessorada por um ministro, Mantega, que por mais que possa entender de economia, se vê entre a espada e a parede: Ou atende os devaneios da presidente e do partido a que pertence - o PT e seus outros aliados - ou toma conta da economia da nação. Digamos que neste bloco se propaga a igualdade social para conseguir votos usando mesmo verbas públicas, mas que a situação de pobreza, de falta de educação, de segurança, de saúde pública, portos e transportes, só pioraram. O resto da América latina, com exceção do Bloco do Pacífico, continuará da mesma forma de antes: Sem expressão, com os mesmos problemas de sempre.

3- A União Europeia continua dividida: A Inglaterra e a Noruega não adotaram o Euro como moeda, a Alemanha e a França têm mais interesses comuns do que o resto da Europa do mercado, a parte latina de nações enfrenta sérios problemas por corrupção, os países nórdicos e a Alemanha têm o melhor padrão de vida dentre todos eles.

4 – África continua sendo África e nada mudou a não ser a África do Sul despontando como país emergente. Sempre foi o país mais desenvolvido desde os tempos coloniais. A primavera árabe ainda não viu flores que possam dar frutos

5- O Oriente Médio, embora aparentemente mais calmo, está sempre em guerra latente. Uma paz fria, agora assombrada pela possibilidade nuclear do Irã.

6- O restante da Ásia, dominado por China, Rússia e Japão, tem a Índia como país emergente com características inusitadas que a tornam sui generis: A divisão social em castas, as disputas religiosas, o antagonismo com o Paquistão. Ambas as potências dominam a energia nuclear e possuem mísseis nucleares de longo alcance.

7- EUA e Canadá têm um pé na Europa com três aliados tradicionais: O Reino Unido, Turquia e Portugal. O presidente Obama parece ter dado uma ligeira guinada à esquerda através do programa social de saúde conhecido como “Obamacare”, e uma revolução nos costumes ao apoiar a ideia de desarmar a população. Obama não invadiu a Síria do rei ditador, e se aproximou do Irã sem contudo abandonar seu aliado Israel.

Apesar do mundo agora dividido em “Blocos comerciais” há sempre nações em suas fronteiras que estão desprotegidas de acordos. Nas próprias fronteiras se travam lutas de influências, como no caso do Paraguai que estava na zona de influencia da UNASUL e dela saiu, e a Ucrânia que esteve a ponto de voltar para a influência da neo-URSS. A Turquia ainda não faz parte da União Europeia, pede para entrar com o apoio e a recomendação dos EUA. A China enfrenta o Japão pela posse de um pequeno arquipélago no mar da China. Com presidentes populistas e a corrupção nos países da América Latina, principalmente nos da UNASUL, com políticas sociais baseadas numa economia política, tendem a atrasar-se cada vez mais, a convulsões sociais, a desperdícios de energia no sentido de as tornar nações sustentáveis política e economicamente. 

Se perguntassem se há risco de uma terceira guerra mundial, diríamos que é tão pequeno que podemos desprezar essa hipótese, mas recomendaria que pequenos grupos de inteligência apartados e secretos, cuidassem desse assunto. Guerras isoladas continuarão mundo afora, quer bélicas quer comerciais.

E se perguntassem o que mudou em relação aos tempos em que romanos, gregos, assírios e egípcios dividiam o mundo entre si, diríamos que temos agora muito mais conhecimento científico, mas que nada de essencial mudou. Somente somos mais medrosos pela existência de bombas atômicas e nucleares, de armas químicas que podem destruir nações inteiras. As diferenças sociais continuarão eternamente.

Se finalmente perguntassem que sistema político melhor representaria os cidadãos e poderia garantir a paz no mundo, diminuindo as diferenças sociais, então teremos que recomendar a Democracia Total, Completa, Verdadeira [iii]


® Rui Rodrigues 











[i] Um tremendo erro geocomercial, certamente induzido pelo Brasil de Lula, Dilma e Mantega.
[ii] A partir daí, em 2002, o mundo começou a virar do avesso e em 2008 veio a crise econômica mundial e ainda estamos nela. Certamente todos os países do mundo remanejaram o uso de suas verbas, de seu capital de giro.